Para podermos decidir de maneira ótima, precisamos determinar, corretamente, o ativo do negócio, os investidores que irão financiar esse ativo e o ambiente onde esse ativo vai operar
A correta identificação do ativo é o primeiro passo para a tomada de decisões financeiras ótimas. O ativo é o seu negócio, a sua empresa, sua máquina, sua linha de montagem, seu restaurante. Ativo é o nome “genérico” que usamos, por exemplo, para nos referir a um investimento, a uma empresa, a um projeto, a uma aplicação, a um equipamento.
Os ativos proporcionam fluxos de caixa para os investidores. Investidores somente investem quando têm a expectativa de receber fluxos de caixa, como retorno dos seus investimentos. Se você tem um caminhão e aluga este caminhão recebendo aluguéis, este é o seu ativo. Se você tem uma empresa com 220 caminhões e recebe lucros e dividendos por ser acionista desta empresa, esta empresa é o ativo.
O ativo intelectual da empresa pode ser representado, por exemplo, por uma empresa que possui um grupo de jornalistas, artistas, engenheiros, todos competentes e profissionais de gabarito que trabalham para a empresa. Daí, identificar corretamente o ativo significa identificar qual é o seu core business.
Isto é, saber por que você ou sua empresa ganha o que ganha. Em outras palavras, saber de verdade qual é o seu negócio em que você gera resultados. Onde e com o que você ganha dinheiro. Por exemplo: Você sabe por que razão o seu cliente compra seus produtos?
Por causa da escassez? (Não tem outra opção no mercado);
Por causa do preço? (É o mais baratinho);
Por causa da beleza? (É o mais bonito e/ou serve como enfeite);
Por que é eficiente? (Funciona e é econômico);
Por força de lei (A lei obriga a ter; placa de carro, extintor de incêndio);
Por causa da moda (Força da mídia, está no cinema, na TV, nas revistas).
Temos de identificar corretamente o ativo sob análise para que possamos representá-lo adequadamente. Representamos os ativos como a sequência de fluxos de caixa que esse ativo proporciona aos seus investidores ao longo do tempo. Uma das dificuldades da representação dos ativos em um fluxo de caixa é a existência de ativos tangíveis e ativos intangíveis. Entretanto, tanto os ativos tangíveis quanto os intangíveis proporcionam fluxos de caixa a seus investidores. Por isso, é necessário determinar esses fluxos de caixa.
Categorias de ativos
Os ativos podem ser divididos em dois tipos:
Ativos tangíveis: Prédios, máquinas, fábricas, barras de ouro – tudo o que pode ser tocado.
Ativos intangíveis: Nomes, percepção de qualidade, expertise, direitos, por exemplo, o que não pode ser tocado.
A identificação de qualquer ativo, tangível ou intangível, implica a identificação dos fluxos de caixa que esse ativo possa gerar para seus investidores. O fluxo de caixa necessário à tomada de decisão administrativa é o fluxo de caixa incremental, livre após o pagamento de todas as taxas e de todos os impostos para os bolsos dos investidores – sócios e credores.
Dependendo do contexto profissional, podemos representar ativos de diferentes maneiras. Em finanças, representamos os ativos por meio de seus fluxos de caixa futuros projetados. Para entender melhor, veremos exemplos de como outros profissionais representam os mesmos ativos. Tomando como exemplo um imóvel, veremos como diferentes profissionais representam este mesmo imóvel cada qual a sua maneira. E todos estão certos!
Exemplo 1 – representação de um ativo na visão de um arquiteto
Ao representar uma casa – ativo –, um arquiteto a desenha da melhor forma possível, conforme ele a vê em uma folha de papel. Por quê? Porque o desenho é a linguagem que os arquitetos usam no exercício de sua profissão.
Essa é a linguagem que eles utilizam para representar suas ideias, seus projetos e seus ativos.
Exemplo 2 – representação de um ativo na visão de um corretor de imóveis
Ao representar a mesma casa – utilizada no exemplo anterior –, um corretor de imóveis descreveria em forma de anúncios de classificados essa casa. Por quê?
Porque os classificados são a linguagem que os corretores de imóveis usam, no exercício de sua profissão, para se comunicarem e descreverem os imóveis para seus pares e clientes. Essa é a linguagem que eles utilizam para representar os ativos.
Exemplo 3 – representação de um ativo na visão de um administrador
Ao representar a mesma casa – utilizada nos exemplos anteriores –, um administrador financeiro a vê como um investimento, uma aplicação financeira de recurso do investidor e que por isto mesmo espera obter retorno adequado a esta aplicação. Quanto ela custa? Quanto custa sua administração? Quanto vale o aluguel? Quanto é o IR sobre o aluguel? Quanto vai ‘sobrar’ liquido para o bolso do investidor?
Analisar os investimentos e identificar os ativos é parte da linguagem que os administradores financeiros usam no exercício de sua profissão. Então, representar ativos como uma sequência de fluxos de caixa – entradas e saídas – é a linguagem que os gestores utilizam para representar os ativos.
Fluxo de caixa incremental
De uma maneira genérica e bastante simplificada, o fluxo de caixa incremental livre, após taxas e impostos, que vai para os investidores, é obtido da seguinte forma:
Faturamento das Vendas no Período (-) Custos Operacionais Variáveis no Período (-) Custos Operacionais Fixos no Período (=) Lucro Bruto Operacional (-) Impostos e Taxas Sobre as Operações no Período (=) Fluxo de Caixa Operacional Líquido do Período
Por que devemos saber os fluxos de caixa de um ativo, uma empresa ou um projeto? Podemos considerar um ativo como um instrumento que proporciona a seus detentores – proprietários – o direito a um possivelmente incerto fluxo futuro de pagamentos – ou recebimentos. Precisamos conhecer os fluxos de caixa do ativo para que possamos determinar o valor do ativo. Precisamos saber avaliar ativos para que possamos tomar decisões ótimas.
Avaliação do ativo
Um ativo deve valer hoje o valor presente de tudo aquilo que ele poderá pagar aos seus investidores no futuro – nem precisa ser mais, nem deve ser menos. Em outras palavras, um ativo deve valer o somatório do valor presente de seus fluxos de caixa futuros projetados, descontados a valor presente pela taxa de retorno adequada ao risco do negócio. Vejamos as características do fluxo futuro de recebimentos que são relevantes para a avaliação. Um ativo vale mais nas seguintes ocasiões:
Se tem maiores fluxos de caixa a receber – entradas – e menores fluxos de caixa a pagar – saídas – do que outros ativos que tenham menores fluxos a receber;
Se os fluxos de caixa entram mais rapidamente e mais cedo do que outro ativo que gere fluxos de caixa que demorem mais a se concretizar;
Se proporciona fluxos de caixa mais certos ou mais garantidos do que outro ativo, cujos fluxos não sejam garantidos
Pontos relevantes do fluxo de caixa
Valor (tamanho ou volume) do investimento e dos FCs em R$;
Timing dos pagamentos ou recebimentos;
Risco e incerteza do fluxo de pagamentos;
Sinal do fluxo de caixa – isto quer dizer se é entrada ou saída de caixa.
Fluxos de caixa futuros
Os fluxos de caixa futuros obtidos de diferentes ativos podem vir tanto sob a forma de rendimentos periódicos – mensais ou anuais –, quanto sob a forma de ganhos de capital pela valorização do valor de venda futura.
Ações: Rendimentos Futuros (Dividendos) / Valor Terminal (Preço de venda)
Debêntures: Rendimentos Futuros (Juros) / Valor Terminal (Principal)
Patentes: Rendimentos Futuros (Royalties) / Valor Terminal (Cessão de Direitos)
Imóveis: Rendimentos Futuros (Aluguéis Líquido) / Valor Terminal (Preço de venda)
Ambiente
O ambiente é a legislação, o mercado, o clima, a geografia, a sociedade onde o ativo está inserido. O ambiente exerce uma pressão exógena (externa) sobre a empresa (ativo) pois, impõe taxa de juros, alíquotas de impostos, volatilidade de demanda, logística, insegurança (ou segurança), taxa de inflação e volatilidade da economia, enfim, o ambiente apresenta uma série de cenários e situações, externas à empresa e fora do controle da empresa, com as quais a empresa terá que interagir.
A correta identificação do ambiente e dos cenários econômicos, culturais e políticos que possam influenciar, positiva ou negativamente, a geração dos fluxos de caixa pela empresa deve ser objeto de levantamento e estudos minuciosos. Na análise do ambiente devem ser considerados, entre outros, os seguintes aspectos:
Taxas de juros da economia local;
Alíquotas dos impostos e taxas;
Demanda do mercado pelos produtos;
Eficiência da justiça;
Burocracia da máquina governamental;
Taxas de inflação;
Frequentes alterações nas regras previamente estabelecidas;
Histórico de concorrência desleal ou predatória;
Fraqueza ou força dos fornecedores.
Esses, entre outros fatores, podem inibir resultados e transformar receitas de sucesso em pesadelos. Vamos imaginar uma cadeia de churrascarias bem-sucedida em sistema de rodízio, com franquias implantadas na Europa e nas Américas. Qual seria o desempenho de uma nova franquia dessa churrascaria em Bombaim, em Nova Deli ou em Calcutá?
Ora, as diferenças culturais são uma barreira impeditiva à entrada de churrascarias nesses mercados.
Comportamento do investidor
Investidor é quem investe! O investidor (seja sócio ou credor) é aquele que deixou de usufruir, renunciou aos benefícios de utilizar ou gastar o capital que tem hoje e preferiu investir em uma empresa. Como compensação, este investidor espera receber de volta o principal do capital que investiu e, além deste, como prêmio pelo aluguel destes recursos, espera receber juros ou dividendos proporcionais ao risco que está correndo com este investimento.
O investidor típico tem um comportamento de aversão ao risco. Por uma questão de sobrevivência, o investidor não gosta do risco. Para correr mais risco, o investidor tem de ser atraído como, por exemplo, por retornos maiores ou maiores benefícios de alguma outra forma.
O investidor tem aversão ao risco. Se dois investimentos pagarem o mesmo retorno mas tiverem riscos diferentes, o investidor típico sempre vai preferir ganhar o mesmo com um risco menor. Se o investidor gostar do risco, ele pagaria para correr risco. O investidor demanda taxas de retorno maiores para assumir riscos maiores.
Investidor frente ao risco
A regra é: taxas de retorno maiores para assumir riscos maiores. Por exemplo, os juros que os bancos cobram para financiar diferentes tipos de empréstimos são diferentes dependendo do risco de cada empréstimo.
Imóveis casa própria: 1,5% a 2% ao mês
Imóveis comerciais: 1,5% a 2,5% ao mês
Automóveis: 2% a 5% ao mês
Cartão de Crédito: 4% ou muito mais ao mês.
Bancos financiam imóveis com taxas de juros mais baixas do que as taxas de juros com as quais financiam automóveis. Por quê? Porque o risco de financiar um automóvel é maior do que o risco de financiar um imóvel. Em uma situação de aperto, uma pessoa normal preferiria ter o cartão de crédito cancelado por falta de pagamento a perder a casa onde mora por falta de pagamento.
Investidores
Só existem duas fontes de recursos para financiar projetos e empresas:
O capital próprio – que é o capital dos sócios;
O capital de terceiros – que é o capital dos credores.
Então, para podermos tomar uma decisão ótima, precisamos saber determinar os seguintes itens:
Os investimentos necessários;
Os fluxos de caixa a serem obtidos com esses investimentos;
As taxas de retorno adequadas aos investidores.
Só assim podemos verificar se os investimentos serão capazes de atender aos resultados esperados, tanto pela empresa quanto pelos investidores.
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