Que Transformações Econômicas Provocaram o Domínio da Economia Europeia? Quais Eram as Condições Políticas da Espanha e da Inglaterra Nessa Época? E o Quadro Social na América Espanhola?
O antigo sistema colonial havia sido o instrumento de expansão da economia mercantil europeia e, na segunda metade do século XVIII, ele entrou em declínio contribuindo para a crise do antigo sistema colonial espanhol.
Essa crise ligou-se a uma profunda
transformação – a transferência da supremacia do capital comercial para o
capital industrial. Isso significa que apareceu um capital industrial autônomo
e independente do capital comercial – que era exclusivamente dedicado à
produção industrial – e, a partir da Revolução Industrial, a indústria
capitalista assumiu o domínio da economia europeia.
Sendo assim, a preocupação inglesa
passou a ser a de conseguir mercados para seus produtos industrializados e
a obter matérias-primas para suas fábricas. Os ingleses viam as áreas
coloniais com grande interesse, pois as oportunidades de ampliar suas trocas
eram muitas. No entanto, as colônias ainda se mantinham em regime de monopólio
comercial, que era uma das práticas mercantilistas.
Mas, a situação mudaria, pois na
segunda metade do século XVIII a ideia do laissez-faire conflitava com
a do monopólio do comércio colonial. Em fins desse século, a Espanha dominava a
maior parte do continente americano, pois na América Central ela possuía todas
as terras continentais e a maior parte das Antilhas e, na América do Sul,
somente o Brasil e as Guianas não lhe pertenciam.
Nesse imenso império colonial as condições
políticas pouco haviam evoluído, a administração permanecia complexa,
pouco eficiente e, exercida pelos espanhóis vindos da metrópole, permanecia
lenta e não favorecia o desenvolvimento das colônias.
As condições econômicas
continuavam subordinadas ao Pacto Colonial, que obrigava as colônias a
comerciar diretamente com a metrópole e a não produzir mercadorias que
concorressem com a produção metropolitana – com exceção ao artesanato.
A economia era voltada para a
produção agrícola (tabaco e cana-de-açúcar) ou mineradora
(ouro, prata, mercúrio e ferro) que era exportada. O rígido monopólio comercial
foi lentamente abolido no século XVIII: Felipe V suprimiu o sistema de frotas e
Carlos III autorizou o comércio direto de todos os portos espanhóis com a
América. Em princípio, manteve-se a proibição do comércio com o estrangeiro –
com exceção dos ingleses.
Fazendo concessões à Inglaterra a
estupidez da Espanha acabava afastando suas colônias da metrópole, aumentando
cada vez mais o interesse inglês. E, se no terreno econômico as colônias
já podiam dispensar a subordinação à metrópole espanhola, isso – por si só – não
era suficiente para que se efetivassem mudanças na condição colonial. Para
tanto, era necessário que as forças sociais se mobilizassem organizadamente na
luta para realizar as transformações.
Na América Espanhola o quadro
social apresentava contradições entre os proprietários coloniais e a
metrópole, além das contradições entre proprietários coloniais e os
trabalhadores indígenas e negros. Nas colônias, a supremacia social cabia aos
espanhóis nascidos na metrópole que monopolizassem os cargos dirigentes na
Igreja, no Exército, na Justiça e na Administração. Nem todos eram ricos, porém
se consideravam superiores aos demais.
Abaixo, a poderosa classe dos
proprietários rurais e mineradores (criollos – descendentes dos
espanhóis nascidos na América), os quais eram excluídos do comércio exterior.
Seguia-se a classe dos mestiços (branco / índio) que aspirava
ascender na escala social, artesãos, criados domésticos, etc. A massa indígena
era a maioria da população, explorada nos trabalhos agrícolas e minas. Finalmente,
a população escrava negra, empregada nas plantações das
Antilhas, utilizada nas minas e como domésticos.
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