quinta-feira, 27 de março de 2025

A Queda do Sistema Colonial Inglês e Espanhol na Idade Contemporânea

 Que Transformações Econômicas Provocaram o Domínio da Economia Europeia? Quais Eram as Condições Políticas da Espanha e da Inglaterra Nessa Época? E o Quadro Social na América Espanhola?

 

 



O antigo sistema colonial havia sido o instrumento de expansão da economia mercantil europeia e, na segunda metade do século XVIII, ele entrou em declínio contribuindo para a crise do antigo sistema colonial espanhol.

Essa crise ligou-se a uma profunda transformação – a transferência da supremacia do capital comercial para o capital industrial. Isso significa que apareceu um capital industrial autônomo e independente do capital comercial – que era exclusivamente dedicado à produção industrial – e, a partir da Revolução Industrial, a indústria capitalista assumiu o domínio da economia europeia.

Sendo assim, a preocupação inglesa passou a ser a de conseguir mercados para seus produtos industrializados e a obter matérias-primas para suas fábricas. Os ingleses viam as áreas coloniais com grande interesse, pois as oportunidades de ampliar suas trocas eram muitas. No entanto, as colônias ainda se mantinham em regime de monopólio comercial, que era uma das práticas mercantilistas.

Mas, a situação mudaria, pois na segunda metade do século XVIII a ideia do laissez-faire conflitava com a do monopólio do comércio colonial. Em fins desse século, a Espanha dominava a maior parte do continente americano, pois na América Central ela possuía todas as terras continentais e a maior parte das Antilhas e, na América do Sul, somente o Brasil e as Guianas não lhe pertenciam.

Nesse imenso império colonial as condições políticas pouco haviam evoluído, a administração permanecia complexa, pouco eficiente e, exercida pelos espanhóis vindos da metrópole, permanecia lenta e não favorecia o desenvolvimento das colônias.

As condições econômicas continuavam subordinadas ao Pacto Colonial, que obrigava as colônias a comerciar diretamente com a metrópole e a não produzir mercadorias que concorressem com a produção metropolitana – com exceção ao artesanato.

A economia era voltada para a produção agrícola (tabaco e cana-de-açúcar) ou mineradora (ouro, prata, mercúrio e ferro) que era exportada. O rígido monopólio comercial foi lentamente abolido no século XVIII: Felipe V suprimiu o sistema de frotas e Carlos III autorizou o comércio direto de todos os portos espanhóis com a América. Em princípio, manteve-se a proibição do comércio com o estrangeiro – com exceção dos ingleses.

Fazendo concessões à Inglaterra a estupidez da Espanha acabava afastando suas colônias da metrópole, aumentando cada vez mais o interesse inglês. E, se no  terreno econômico as colônias já podiam dispensar a subordinação à metrópole espanhola, isso – por si só – não era suficiente para que se efetivassem mudanças na condição colonial. Para tanto, era necessário que as forças sociais se mobilizassem organizadamente na luta para realizar as transformações.

Na América Espanhola o quadro social apresentava contradições entre os proprietários coloniais e a metrópole, além das contradições entre proprietários coloniais e os trabalhadores indígenas e negros. Nas colônias, a supremacia social cabia aos espanhóis nascidos na metrópole que monopolizassem os cargos dirigentes na Igreja, no Exército, na Justiça e na Administração. Nem todos eram ricos, porém se consideravam superiores aos demais.

Abaixo, a poderosa classe dos proprietários rurais e mineradores (criollos – descendentes dos espanhóis nascidos na América), os quais eram excluídos do comércio exterior. Seguia-se a classe dos mestiços (branco / índio) que aspirava ascender na escala social, artesãos, criados domésticos, etc. A massa indígena era a maioria da população, explorada nos trabalhos agrícolas e minas. Finalmente, a população escrava negra, empregada nas plantações das Antilhas, utilizada nas minas e como domésticos.

Embora o castelhano fosse a língua comum, os povos hispano-americanos permaneceram separados pelo fato de cada região constituir uma unidade econômica distinta e, como não havia qualquer intercâmbio entre as regiões, o particularismo se agravava pelas enormes distâncias e barreiras geográficas – como a cadeia dos Andes. A luta pela independência tornou evidente esse particularismo regionalista, sendo fatal a quebra de uma unidade ilusória do Império Hispano-Americano.


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