Mostrando postagens com marcador #profigestao. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #profigestao. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 26 de abril de 2023

Os Anos Que Antecederam a Segunda Guerra Mundial

 Quais Foram os Países Mais Afetados Pela Crise Econômica? Qual a Relação Entre a Grande Depressão (1929) e a Segunda Guerra?



 

Os primeiros dez anos que se seguiram ao fim da Primeira Guerra foram anos de ilusão e, com a Crise de 1929 e a Grande depressão, os antagonismos latentes voltaram a se manifestar.

E o sistema de segurança coletiva internacional não foi suficiente para solucioná-los. Daí as pretensões imperialistas das grandes potências de romperem o precário equilíbrio e, de crise em crise, o caminhou para a Segunda Guerra.

A Crise de 1929 foi o principal fator desencadeador da guerra e, as diversas medidas adotadas pelos diversos países para solucioná-las, possibilitaram um crescente nacionalismo econômico.

E, diante da ameaça de uma Revolução Comunista, grupos de extrema direita – ligados à alta burguesia industrial e financeira – estabeleceram-se no poder através de uma ideologia fascista que, apelando para o irracionalismo, o racismo e a violência, prepararam o espírito da guerra.

O empobrecimento da pequena burguesia, a miséria cada vez maior do proletariado e a insegurança dos grupos dominantes ante a ameaça do comunismo tornavam a sociedade vulnerável ao fascismo. Este explorava o desespero das classes com uma propaganda que explicava a situação através de bodes expiatórios, como judeu, desenvolvendo a violência que levaria à guerra.

 

A Grande Depressão e a Guerra

 

A Segunda Guerra Mundial foi o prosseguimento lógico da Primeira, uma vez que o período compreendido entre ambas foi apenas um longo e conturbado interregno, no qual o mundo capitalista passou por inúmeras crises, somente sobrevivendo à custa de profunda transformação.

Se o mundo após a Primeira Guerra sofreu drásticas mudanças com o surgimento de novo eixo político-econômico na América do Norte (EUA) e na Ásia (Japão), as antigas potências coloniais assistiram ao início dos movimentos nacionalistas afro-asiáticos de contestação ao sistema colonial criado a partir de fins do século XIX. Os países perdedores – especialmente Alemanha – viram suas colônias e fontes de matérias primas, bem como áreas de investimentos, serem tomadas.

Na Ásia, o imperialismo japonês fora momentaneamente detido pela Conferência de Washington (1921) e o antagonismo EUA-Japão se acentuava no Pacífico e em torno da China, que, desde 1927, vivia em guerra civil. No cenário internacional a peça nova era a URSS que se promovia à categoria de grande potência, exatamente quando o mundo capitalista entrava na mais grave crise da sua História.

A Crise de 1929 e a Grande Depressão acentuaram tais antagonismos latentes, provocando a necessidade de rearticulação no quadro internacional, o que terminou produzindo a Segunda Guerra Mundial. Mas, a Crise deve ser entendida como o principal fenômeno desencadeador da guerra, pois:

 

·                     As medidas tomadas pelos países no sentido de combater a Crise aumentaram os antagonismos, provocando crescente nacionalismo econômico e o crescimento da indústria bélica (um dos meios para se manter a taxa de acumulação de capital e permitir oferta de empregos).

·                     Os países capitalistas recorreram ao estabelecimento de barreiras alfandegárias, o que aumentou a disputa por mercados, matérias primas e áreas de investimentos.

·                     Criou-se um clima de disputa internacional que afetou mais a Alemanha, Itália e Japão do que os EUA, a Inglaterra e a França.

·                     Nos países mais afetados pela crise econômica, a ameaça de revolução social e a impossibilidade de sair da crise através de pacífica expansão econômica externa levaram ao poder grupos da extrema direita ligados à grande indústria (Japão e Alemanha) ou reforçaram a posição dos setores conservadores já estabelecidos no poder (Itália).

No plano internacional ocorreu uma clara divisão entre os países capitalistas, formando-se dois grupos que, aos poucos, tenderam a solidificar-se na medida em que as rivalidades se acentuavam:

·                     A Alemanha, Itália e Japão unidos, apesar de pequenas divergências de interesses.

·                     Inglaterra, França e EUA, vinculados estreitamente, especialmente ingleses e franceses, temerosos do renascimento do militarismo alemão

  • A URSS congregava contra si a hostilidade geral, daí suas tentativas no intuito de estabelecer uma frente internacional antifascista.

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Os Pioneiros Marítimos Portugueses na Era das Descobertas

 

Qual a Influência Geográfica dos Rios Portugueses nas Suas Descobertas? Por Que o Feito dos Portugueses Foi Mais Revolucionário do Que as Mais Celebradas Proezas de Cristóvão Colombo? Qual a Influência do Infante D. Henrique nas Descobertas Portuguesas?




Os navegadores mais encorajados do mundo foram os portugueses, a quem a Geografia determinou seu papel na história. Na orla ocidental da Península Ibérica, os portugueses estabeleceram suas fronteiras em meados do século XIII e, embora Portugal não tivesse janelas para o Mediterrâneo, ele foi abençoado com extensos rios navegáveis e portos profundos virados para o Atlântico.

Assim, desenvolveram-se as cidades às margens dos rios que corriam para o oceano Atlântico e, dessa forma, o povo português voltou-se para fora, no sentido oposto aos centros clássicos da civilização europeia. Isto é, na direção de um oceano insondável, e para o sul, na direção de um continente que – para os europeus – também era insondável.

Empreendimento organizado de descobrimento, o feito dos portugueses foi mais moderno, mais revolucionário do que as mais celebradas proezas de Colombo. É que Cristóvão Colombo seguiu um rumo sugerido por antigas fontes, a melhor informação do seu tempo e, se tivesse alcançado seu propósito, tê-las-ia confirmado.

Na verdade, não havia nenhuma incerteza a respeito da paisagem na rota para a Ásia ou a direção a seguir. A coragem de Colombo consistiu em se meter por uma passagem marítima direta para terras conhecidas, numa direção conhecida, mas sem saber precisamente qual seria a extensão da passagem.

Ao contrário disso, as viagens dos Portugueses à volta da África e, esperava-se, para a Índia, baseavam-se nas ideias especulativas em boatos e sugestões. Teriam de ser contornadas terras desconhecidas utilizadas para aprovisionar alimentos e água em viagem.

Esta seguiria para lugares onde a geografia cristã ameaçava com perigos mortais, lugares muito abaixo do equador. Daí os descobrimentos portugueses exigiram um programa progressivo e sistemático para ir avançando através do desconhecido.

Os viajantes portugueses se lançaram numa empresa de século e meio, cujo real significado foi imaginado com muita antecedência e cuja realização foi imediatamente conhecida. O maior feito de Colombo foi algo que ele jamais imaginou, um subproduto dos seus propósitos e uma consequência de fatos inesperados. O feito dos Portugueses foi produto de um propósito claro que exigiu forte apoio nacional e, por isso, tratou-se de um grande protótipo da exploração moderna.

Separados da África apenas por um pequeno estreito, os Portugueses eram completamente isentos de preconceito racial ou de provincialismo. Os seus antepassados eram celtas e iberos, casavam-se com africanos e asiáticos. Portugal se tornou uma pequena América, um lugar onde as pessoas se misturavam – cristãos, judeus e muçulmanos – e a ocupação muçulmana deixou sua marca nas instituições.

Os diversos recursos físicos, mentais, tradicionais, estéticos e literários enriqueceram-se mutuamente e forneceram as energias e conhecimentos heterogêneos necessários para penetrar no oceano aberto e regressar em segurança.

Para a maioria dos países da Europa, o século XV – à época da Guerra dos Cem Anos – foi um período de lutas e temores de invasão, pois os Turcos, que conquistaram Constantinopla em 1453, ameaçavam os Bálcãs. A Espanha, único país que compartilhava alguma vantagem peninsular de Portugal, se encontrava dilacerada pela guerra civil e, Portugal, em contraste com todos os outros, foi um reino unido durante todo o século XV e praticamente não sentiu qualquer perturbação civil.

No entanto, para explorar suas vantagens, Portugal precisava de um dirigente que unisse as pessoas, organizasse recursos e apontasse o caminho. O Infante Dom Henrique – o Navegador – era uma combinação curiosa de espírito heroico e ousado de imaginação solta com um temperamento sedentário. Frígido em relação aos indivíduos, apaixonavam-no as grandes ideias. A sua obstinação e a sua capacidade de organizar se revelavam essenciais para a primeira grande empresa de descoberta moderna.

Do ponto de vista da perspectiva histórica, não nos surpreende que o pioneiro da exploração moderna nunca tenha partido pessoalmente numa expedição de descobrimento. A grande aventura medieval da Europa – as Cruzadas – exigia o risco de vida ou mutilação, nas lutas contra os infiéis. A exploração moderna teve de ser uma aventura da mente antes de se tornar uma aventura de viagem marítima.

Nem todos os traços de personalidade que tornaram possível esta aventura solitária, eram atraentes. Dom Henrique – o Navegador – comparava-se a S. Luís, mas era uma pessoa muito menos simpática. Toda a sua vida se sentiu dividido entre fazer cruzada e explorar. Seu pai – o rei D. João I – apoderara-se do trono português em 1385 e, na decisiva batalha de Aljubarrota, com o auxílio dos arqueiros ingleses, Dom João derrotou o rei de Castela e assegurou a independência de Portugal.

A fim celebrar seu tratado de amizade com Castela (em 1411) D. João obedeceu ao costume da época, planejando um torneio que durou 1 ano. Foram convidados cavaleiros de toda Europa e as disputas dariam aos três filhos mais velhos do rei, a oportunidade de se tornarem cavaleiros.

Mas os três príncipes dissuadiram D. João do dispendioso espetáculo e insistiram para que, em vez de disso, lhes desse a oportunidade de praticarem valorosos feitos cristãos, desencadeando uma cruzada contra Ceuta – bastião muçulmano do lado africano oposto a Gibraltar. O jovem príncipe D. Henrique ajudou a planejar a expedição que, de numerosas e inesperadas maneiras, viria a moldar a sua vida.

Com 19 anos o Infante D. Henrique foi encarregado de construir uma frota e, após dois anos de preparação, a cruzada contra Ceuta foi desencadeada. A armada portuguesa atacou a fortaleza em agosto de 1415 numa batalha unilateral, uma vez que bem armados e apoiados por um contingente de arqueiros ingleses, massacraram os Muçulmanos que se defendiam apenas arremessando pedras. Em apenas um dia os portugueses tomaram a fortaleza de Ceuta e proporcionaram a D. Henrique seu momento de glória, pois morreram apenas oito portugueses e as ruas da cidade ficaram apinhadas de muçulmanos dilacerados.

Os Portugueses deixaram pequena guarnição e o restante voltou a Portugal. Mas, quando o Infante voltou a Ceuta para garantir-se contra novo ataque muçulmano, passou vários meses se informando sobre o tráfego africano de caravanas. Sob o domínio dos Muçulmanos, Ceuta possuía 24 mil lojas que vendiam ouro, prata, cobre, latão, sedas e especiarias, tudo trazido pelas caravanas. Mas, agora que se tornara cristã as caravanas já não vinham a cidade e os portugueses tinham apenas uma “cidade morta” que não dava lucros. De duas uma, ou chegavam a um acordo com as tribos infiéis circundantes ou tinham de conquistar o interior.

O Infante reuniu informações sobre as terras interiores, de onde vinham os tesouros de Ceuta. Ouviu histórias de um comércio curioso destinado a povos que não conheciam a língua uns dos outros. As caravanas muçulmanas que seguiam de Marrocos para o sul chegavam ao fim de 20 dias às margens do Rio Senegal. Aí, os mercadores expunham montes de sal, contas de coral de Ceuta, mercadorias manufaturadas baratas e depois se afastavam de vista. Os homens das tribos – mineiros de ouro – vinham à margem, colocavam um montinho de ouro ao lado de cada pilha de mercadorias marroquinas e depois saíam de vista.

Esse processo se repetia constantemente e era por esse sistema de etiqueta comercial que os Marroquinos arranjavam seu ouro. Continuando a ser cruzado, D. Henrique organizou uma esquadra portuguesa e declarou sua intenção de tomar Gibraltar aos infiéis. Mas, D. João proibiu essa expedição e D. Henrique retornou à pátria amuado. Em vez de se juntar à corte em Lisboa foi para o sul e atravessou o Algarves para o cabo de São Vicente, a ponta mais sudoeste da Europa.

Geógrafos antigos deram um significado místico a essa ponta de terra (“fronteira terrestre do desconhecido aquático”, a qual os portugueses traduziram por “Sagres”), onde o Infante fez o seu quartel-general durante 40 anos, organizando e comandando expedições na fronteira do mistério. Em Sagres, ele se tornou o “Navegador” e aplicou o zelo e a energia do cruzado à exploração. A corte do Infante D. Henrique foi um laboratório de investigação e estudos, pois no mundo cruzado o conhecido era dogma e o desconhecido era incognoscível (impossível conhecer). Mas, no mundo do explorador, o desconhecido era simplesmente o “ainda não descoberto”.

Henrique fez de Sagres um centro cartográfico, navegação e construção naval, pois ele sabia que o desconhecido só poderia ser descoberto se assinalassem as fronteiras do conhecido. Isso significava atirar ao lixo as caricaturas desenhadas por geógrafos cristãos e substituí-las por mapas fragmentados, o que exigia uma abordagem progressiva. Ele passou a exigir que os marinheiros fizessem diários de bordo e cartas precisas e anotassem tudo que vissem nas costas, para uso dos seus sucessores.

Até então, os registros dos navegadores eram feitos ao acaso e agora o Infante ordenava que todos os pormenores fossem assinalados com precisão, para que a cartografia pudesse se tornar uma ciência cumulativa. Daí foram para Sagres marinheiros, viajantes e sábios de toda a parte, além de judeus, árabes, muçulmanos, italianos de Gênova, de Veneza, alemães e escandinavos.

Com eles também chegaram os mais modernos instrumentos de mapear e as mais recentes técnicas de navegação. Embora a bússola já fosse muito conhecida, seu uso ainda estava repleto de temores supersticiosos. Em Sagres, as experiências em construção naval deram origem a um novo tipo de barco, sem o qual as expedições de D. Henrique não teriam sido possíveis. A “caravela” foi um barco concebido para trazer os exploradores de regresso.

A familiar barca pesada de velas arredondadas era apropriada para navegar ao vento. Funcionavam bem no Mediterrâneo, onde o tamanho de um barco mercante era a medida do seu lucro e, um navio maior, por certo significava lucro maior, obtido de uma carga maior. Mas, um navio de descoberta tinha seus problemas específicos, pois ele não era de carga e tinha de percorrer longas distâncias em águas desconhecidas e, se necessário, ser capaz de navegar contra o vento.

Ele só teria préstimos se fosse capaz de ir e voltar e a sua carga eram as novidades, as quais podiam ser transportadas em pequenos volumes ou no cérebro de um homem. Embora os navios dos descobrimentos não precisassem ser grandes, deviam ser manobráveis e aptos a regressar.

A caravela de D. Henrique foi concebida para corresponder a essas necessidades dos exploradores. Ele encontrou influências nos barcos árabes, equipados com velas inclinadas e triangulares, os quais chegavam a transportar tripulações árabes de 30 homens e 70 cavalos.

Uma embarcação menor e mais manobrável (Caravela) já era usada no rio Douro pelos próprios portugueses e, dessa forma, D. Henrique construiu uma caravela com as características de transportar cargas dos barcos árabes, com a capacidade de manobras das caravelas do rio Douro.

Os empreendimentos marítimos africanos de D. Henrique demonstraram que a caravela tinha uma capacidade crucial e sem precedentes, para regressar ao lugar de partida. O seu pequeno calado lhe permitia explorar águas próximas ás costas, além de tornar mais fácil seus reparos. Em termos de navegação, a capacidade de regressar significava a faculdade de navegar contra o vento, no que a caravela era ótima.

Sendo assim, os marinheiros que sabiam que iam regressar numa nau concebida para seu regresso rápido e seguro, se sentiam muito mais animados, confiantes e dispostos a correrem riscos de viagens mais longas.

  

http://www.facebook.com/profigestao

http://www.profigestaoblog.wordpress.com

segunda-feira, 27 de março de 2023

REFORMA E CONTRARREFORMA do CATOLICISMO na IDADE MÉDIA

 

Que Estruturas Religiosas Dominavam a Igreja na Idade Média? Qual a Influência do Comércio no Desenvolvimento do Protestantismo? Quem Foram Lutero e Calvino?

 


Ao final da Idade Média ocorreram grandes desgraças como a Peste Negra, a Guerra dos Cem Anos, a fome e, por causa disso, os homens se perguntavam por que tudo aquilo estava acontecendo. “Será que Deus quer nos castigar? ” – questionavam. A solução seria a purificação dos sentidos humanos, pois o homem era feito à semelhança de Deus e dele deveria estar mais próximo.

Era sob esse aspecto que os homens da Igreja viam os problemas e todas as desgraças que se abatiam sobre eles geravam um clima de insegurança e desordem – que no entender da Igreja eram um “desrespeito e um abuso”.

Mas, o que realmente deveria estar acontecendo? Essas explicações – carregadas de religiosidade – satisfaziam os homens da Idade Média, cujas estruturas ideológicas estavam dominadas pela Igreja.

O desenvolvimento do comércio e do artesanato modificou a vida econômica na Europa e, à medida que a ligação cidade-campo fortalecia a economia, as atividades comerciais e artesanais dificultadas pelo feudalismo entravam em choque com esse sistema.

Compreende-se o apoio que a burguesia – ansiosa de privilégios – dava às ideias centralizadoras dos monarcas. Assim, os novos e poderosos comerciantes ousaram encarnar o pecado, frente à moral da Igreja. Como livrar-se desse mal?

A cobiça era condenada pela Igreja – pois ela representava o velho – e agora, nesses novos tempos, a cobiça tinha virado a mola mestre do comércio que se desenvolvia. Quem estava tomado daquele mal tinha possibilidades de ser rico. E os nobres – e burgueses – endinheirados construíam santuários para seus próprios mortos.

Crescia aí o germe de outro sentimento – o individualismo – que contribuiu para a ascensão da burguesia e, consequentemente, do espírito leigo. Nessa atmosfera de confusão de hierarquias e valores, os fiéis já não eram capazes de distinguir claramente entre o sagrado, o profano, o sacerdote e o leigo.

Nesse clima, podia a figura do sacerdote conservar pureza e seriedade, que eram a sua força? Não. E essa confusão entre o sagrado e o profano e a influência entre ambos os domínios – religioso e civil – trazia consigo um clima de dúvida. O que poderia salvá-los das desgraças terrenas e do julgamento divino?

Em meio ao desespero e à confusão de valores, temerosos e ignorantes, os povos do Oriente medieval acreditava que podiam comprar sua salvação através de esmolas e doações à Igreja. Os abusos não tardaram e a venda de indulgências, cargos eclesiásticos e imagens se tornou uma das maiores vergonhas da Igreja.

A insegurança do homem aumentava, passando a crer na sua própria salvação e, embora ainda tivesse algumas dúvidas, no século XVI Lutero veio amenizá-las ao afirmar que “Só a fé salvaria”.

Por isso, pode-se dizer que o movimento reformista começou efetivamente em 1517, quando Lutero combateu duramente a Igreja Católica e deu origem à Reforma Protestante.

Sob o aspecto religioso, os interesses envolvidos no movimento levaram às Guerras de Religião que ensanguentaram a Europa ao final do século XVI. A Reforma se espalhou pelos países escandinavos (luteranismo), pelas cidades suíças (calvinismo) e Inglaterra (anglicanismo, presbiterianismo e puritanismo), chegando até a América do Norte através dos perseguidos na Inglaterra – que esperavam encontrar uma terra de liberdade e tolerância.

A Igreja Católica reagiu ao movimento através da Contra Reforma cuja expressão máxima foi o Concílio de Trento. O Absolutismo saiu reforçado com a Reforma, sendo exceção o imperador do Sacro Império Romano Germânico.


Em última análise, significou um formidável golpe na superestrutura feudal, enfraquecida com a divisão da Igreja Católica. Era o sinal dos novos tempos.


terça-feira, 21 de março de 2023

Revolução Francesa: o Vendaval Que Varreu a Europa

 

Por Que os Grandes Soberanos Europeus Não se Conformavam Coma Queda da Bastilha? Que Reformas Foram Implementadas Por Napoleão Bonaparte? Quando a Maré das Inovações Americana e Europeia Chegaram ao Brasil?

 



 

Dez quilômetros do centro de Paris há um tesouro – geralmente – ignorado pelos turistas que invadem a capital francesa. Trata-se da basílica Saint-Denis, em cujo subsolo existem duas caixas de pedras escondidas e cobertas por lápides de mármore nas quais estão gravadas dezenas de nomes e datas.

Elas guardam os ossos do rei da França e são um testemunho da tempestade política que varreu o mundo nas décadas que precederam a Independência do Brasil.

São Dênis é personagem de uma história insólita, pois ele saiu da Itália no ano de 250 d.C. na companhia de outros seis missionários a fim de evangelizar toda a Gália.

Perseguido pelas autoridades locais acabou decapitado e, mal o carrasco desferiu o golpe mortal, o santo levantou-se, pegou sua própria cabeça e com ela caminhou seis quilômetros até um antigo cemitério, onde tombou e foi sepultado.

Seu túmulo foi transformado em um centro de peregrinação e o rei Dagoberto I mandou erguer uma catedral destinada a ser a necrópole real da França. Ali seriam enterrados – durante mil anos – todos os reis franceses.

Essa prática foi interrompida pela Revolução Francesa, pois em 1793 os revolucionários invadiram a catedral, saquearam os túmulos e jogaram os ossos num terreno baldio nas vizinhanças. Durante ¼ de século, os restos mortais de homens e mulheres mais poderosos da França permaneceriam abandonados em meio à lama.

Em 1817, após a restauração da monarquia, o rei Luís XVIII ordenou que fossem devolvidos à basílica. O problema é que seria impossível saber que osso pertencia a qual rei ou rainha e, a solução, foi lacrá-los todos juntos nas duas caixas de pedra mencionadas acima.

O ossuário de Saint-Denis é um exemplo do embaralhamento da História entre o final do século 18 e o começo do século 19. E foi nesse clima que se deu a Independência do Brasil.

A Revolução Francesa varreu o mundo com o ímpeto de um vendaval. Deflagrada em 1789 com a queda da Bastilha – prisão onde eram confinados criminosos comuns e dissidentes políticos – levou milhares de condenados à guilhotina.

O furor dessa tempestade foi tão grande que, à primeira vista, ninguém conseguiria controla-la, nem mesmo suas próprias lideranças. Transformou-se logo em um movimento que devorava as suas forças internas. Na fase mais aguda do Terror, vários líderes importantes da revolução acabaram mortos na guilhotina.

Mergulhada num caos político, a França se viu ameaçada de invasão pelos seus vizinhos. Eram todos países dominados pelo regime monárquico, cujos soberanos não se conformavam com aquela novidade em pleno coração da Europa.

Nesse momento entrou em cena um jovem oficial chamado Napoleão Bonaparte, o qual se revelaria o maior gênio militar que a humanidade havia conhecido desde o Império Romano.

Numa série de vitórias, coube a ele impor as ideias que a revolução fracassara em colocar em prática nos acalorados debates das assembleias gerais. Imbuído dos ideais revolucionários, mas consciente de que eram necessárias ordem e força para executá-los, Napoleão destronou, prendeu, exilou e humilhou os monarcas do continente europeu. Em 1804, sagrou-se imperador e passou a colocar seus parentes nos tronos dos reinos que havia subjugado.

Napoleão passou a implementar um programa de reformas que redesenharia o mapa político da Europa e criaria novos padrões de organização e governo das sociedades a partir de então.

Outro acontecimento decisivo foi a Independência dos Estados Unidos, que resultou na criação da primeira democracia republicana da história moderna.

Ao se separar da monárquica Inglaterra em 1776, treze anos antes da queda da Bastilha, os americanos criaram o laboratório onde seriam testadas as ideias que os Iluministas haviam desenvolvido décadas anteriores.

Até então, todo o poder emanava do Rei e em seu nome era exercido. O Iluminismo preconizava uma nova era, em que a razão, a liberdade de expressão e de culto e os direitos individuais predominariam sobre os direitos divinos invocados pelos reis e pela nobreza, a fim de manter os seus privilégios. Durante muito tempo isso funcionou como teoria, discutida nos cafés parisienses.

Até então, democracia e república eram conceitos testados por breves períodos na Antiguidade, na Grécia e em Roma. Seria possível aplicar essa teoria ao mudo moderno para governar sociedades maiores e mais complexas?

Coube aos norte-americanos demonstrar que sim. E, a partir dali, todo poder emanaria do povo (através de eleições) e em seu nome seria exercido (representantes no Parlamento). Dessa forma, a figura do rei se tornava desnecessária.

A revolução Francesa e a Independência Americana são as mais conhecidas, mas não são as únicas transformações deflagradas das ideias nas quatro décadas que antecederam a Independência do Brasil. Praticamente todas as áreas de atuação humana foram afetadas por elas, incluindo arte, ciência e tecnologia. Tudo mudou também no saneamento e na medicina.

A criação das primeiras polícias sanitárias na Europa e a descoberta da vacina contra a varíola conseguiram controlar as epidemias que até então dizimavam parte da população.

A redução da mortalidade pelo controle das doenças, combinada com novas técnicas agrícolas, produziu uma revolução demográfica no continente e a população da França dobrou.

Havia ainda mudanças profundas na tecnologia e, no final do século 18, os ingleses reinventaram os meios de produção com as máquinas a vapor. Até então, toda a capacidade de produção estava limitada à força física do corpo humano, de alguns animais de carga ou de precários engenhos mecânicos.

Com o uso da tecnologia do vapor, os ingleses conseguiram multiplicar essa produção em escala exponencial e, em menos de um século, o volume do comércio nos portos londrinos triplicou. Entre 1800 e 1830 o consumo de algodão pelas indústrias têxteis de Liverpol saltou de 5 milhões para 220 milhões de libras.

Por essa razão, os ingleses defendiam o liberalismo econômico, doutrina que prega a liberdade de comércio sem restrições de fronteiras nacionais. Suas fábricas produziam quantidades monumentais de tecidos, ferragens e máquinas. Os novos empresários queriam vende-los onde houvesse consumidores interessados em compra-los.

A revolução tecnológica também teve impactos gigantescos nos transportes e nas comunicações, pois uma viagem entre a Inglaterra e a Austrália que demorava 6 meses com barcos a vela, foi reduzida para 5 semanas nos navios a vapor. Entre Portugal e Brasil, a redução foi de 2 meses para 15 dias.

Com a invenção do telégrafo (1832), a mesma mensagem poderia ser transmitida em uma fração de hora. Máquinas também reduziram o custo dos livros e jornais de forma a transformá-los em produtos acessíveis às camadas mais pobres da população.

A maré das inovações americana e europeia chegaram com algum atraso ao Brasil, mas teria efeito igualmente devastador. Situada do outro lado do mundo, a América portuguesa foi mantida até 1808 como uma colônia analfabeta, isolada e controlada com rigor. A proibição de manufatura incluía a indústria gráfica, a publicação de jornais e a circulação de livros estava submetida à censura.

O direito à reunião era vigiado, a educação limitava-se aos níveis mais básicos e a uma minoria bem restrita da população. De cada cem brasileiros, menos de dez sabia ler e escrever e, as primeiras universidades brasileiras, somente apareceriam no começo do século 20.

A situação dos EUA era bem diferente, onde a cultura protestante havia criado uma colônia alfabetizada, empreendedora, habituada a participar das decisões comunitárias e a se manter bem informada sobre as novidades que chegavam da Europa.

Em 1776 – o ano da Independência – o padrão de vida nos EUA já era superior ao da sua própria metrópole (a Inglaterra) e, como a prática religiosa era ler a Bíblia em casa e nos cultos, até os escravos eram alfabetizados.

O espírito empreendedor fez florescer uma próspera indústria naval e, em 1801, o novo país já tinha uma Marinha de Guerra em condições de bloquear – e bombardear – Trípoli (capital da Líbia), em represália aos ataques dos piratas que seus navios sofriam na costa desse país.

As ideias revolucionárias chegavam ao Brasil de forma clandestina, em publicações contrabandeadas ou reuniões de sociedades secretas, como a maçonaria, por exemplo.

O acesso a essas novidades pelas camadas mais pobres da população era a prova de que a colônia brasileira, sem universidades, sem livros, sem jornais ou comunicações regulares, acompanhava os acontecimentos na Europa com muita atenção.

E isso seria decisivo ao chegar o momento de romper os laços com Portugal. Habituada a três séculos de letargia, a antiga América portuguesa seria sacudida pelo vendaval das novas ideias que varria o mundo e um novo país nascia dessa tempestade.

segunda-feira, 6 de março de 2023

A Descoberta da Pré-História

 O Que Aconteceu Antes dos Tempos Bíblicos na História Humana? O Que o Público dos Museus Desejava Aprender? Como Era Divida a Pré-História?

 



No século XVIII, os devotos cristãos ainda continuavam acreditando a cronologia bíblica – que fixara o Criação no ano 40014 a. C. – demasiado reconfortante para abandoná-la. Para eles, todo o curso da história inicial decorria do Éden, passando por Jerusalém e estava datada na Bíblia.

Os acontecimentos antigos que diziam respeito aos cristãos tinham ocorrido à volta do Mediterrâneo e, a herança humana, era herança da Grécia e de Roma e, quando fez da viagem dos Argonautas a base da sua cronologia, Newton também deu a maior ênfase aos acontecimentos bíblicos.

Mas, o que aconteceu antes dos tempos bíblicos? Hoje poderá surpreender-nos que poucos cristãos fizessem tal pergunta e, no entanto, para eles a história não parecia ter significado. O que aconteceu antes da história? Antes de alguma coisa acontecer, realmente?

Só no século XIX a palavra “pré-história” entrou nos vocabulários europeus. Entretanto, pessoas zelosas tinham arranjado maneira de excluir do seu horizonte a maior parte do passado terrestre.

Juntamente com as plantas, animais e minerais trazidos para a Europa no regresso das suas viagens, por missionários e naturalistas, vieram artefatos os humanos – característica comum das casas dos ricos e poderosos.

Na Idade Média esses curiosos objetos tinham sido expostos em igrejas, mosteiros e universidades e, no Renascimento, coleções reais, presentes de embaixadores e obras de artistas, adornavam os palácios dos Papas. Assim nasceram as grandes coleções do Vaticano, do Louvre em Paris, do Escorial em Madri, as quais se destinavam a deleitar uma minoria privilegiada.

O século XVIII, na Europa, viu nascer um novo gênero de coleção: _ o museu público. O Governo Britânico foi pioneiro, adquirindo as coleções de Sir Hans Sloane em 1753 e expondo-as ao público.

Algumas coleções particulares – como os Museus do Vaticano – foram voluntariamente expostas ao público. Outras como o Louvre, foram apreendidas por revolucionários para uso de todos os cidadãos.

Em toda Europa, um novo público de museus desejava aprender e divertir-se. A palavra “tourist” entrou na língua inglesa de pois de 1800, a fim de significar a comunidade móvel de espectadores transitórios.

Na Ásia, as grandes coleções se mantiveram nas cortes dos príncipes ou foram para as capelas dos templos e, somente as revoluções, colocariam esses tesouros ao alcance dos olhos do público. Das terras conquistadas – Egito, Grécia, Roma e Pérsia – foram transportadas para os grandes museus de Londres, Paris, Amsterdã ou Berlim obras de pintura, escultura e até edifícios inteiros.

À medida que os museus europeus cresciam, começaram a mostrar apenas o tipo de objetos que os aristocráticos tinham colecionado por uma questão de prestígio.

A ênfase era dada aos belos objetos e aqueles que não eram belos ou estranhos despertavam pouco interesse. No entanto, foram esses toscos objetos anônimos que abriram as portas da Pré-História e deram ao público um novo vocabulário para toda a história.

Uma série de coincidência deu o principal papel desta descoberta a Christian Thomsen, um dinamarquês sem erudição que tinha bom senso e era dotado com as virtudes amadoras de um devoto. À sua paixão por objetos curiosos juntava-se um talento para despertar a curiosidade do novo público dos Museus.

Treinado para os negócios, Thomsen travou conhecimento com a família de um cônsul que prestava serviço em Paris durante a Revolução Francesa e levara para a Dinamarca as coleções que adquirira da aristocracia em pânico. Quando o jovem Thomsen ajudou a desencaixotar seus tesouros, o cônsul deu-lhe algumas moedas antigas para começar a sua própria coleção e foi assim que, aos 19 anos, ele já era um respeitado numismata.

A Comissão Real para a Conservação das Antiguidades Dinamarquesas estava inundada por uma miscelânea de objetos antigos enviados por cidadãos dotados de elevado espírito público. O idoso secretário não estava à altura do amontoado de coisas que ia se acumulando e chegara o momento de confiar essa tarefa ao jovem Thomsen – então com 27 anos – conhecido pela sua organizada coleção de moedas.

Como se verificou, a sua falta de estudos acadêmicos deu-lhe a inocência de que a arqueologia necessitava nesse momento. Quando abriu o seu museu em 1819, os visitantes viram os objetos repartidos em três (3) armários, onde o primeiro continha objetos de pedra, o segundo de bronze e o terceiro de ferro.

Esse exercício de administração museológica levou Thomsen a suspeitar de que os objetos feitos de materiais similares poderiam ser relíquias da mesma era. À sua visão de amador pareceu que os objetos de pedra deveriam ser mais antigos do que os objetos de metal, e que os de bronze deveriam ser mais antigos do que os de ferro.

Thomsen demonstrou o que se podia aprender não apenas com as esculturas antigas, mas até com os simples utensílios e as toscas armas dos homens pré-históricos anônimos. Expondo as suas coleções pata todos, proferiu discursos sobre a experiência de pessoas do passado remoto.

Orador hábil, escondia qualquer pequeno objeto interessante atrás das abas da casaca e, de repente, mostrava-o no momento da sua história em que esse tipo de objeto de bronze – ou de ferro – aparecia na história.

Não foi fácil ajustar o esquema das três idades em todo o passado humano na Europa, pois a chamada “Idade da Pedra” do museu de Thomsen era representada por artefatos de pedra polida do gênero que as pessoas se sentiam tentadas a enviar-lhe como curiosidades.

Entretanto, Worsaae ([1]) sugeria que a Idade da Pedra era muito mais extensa e antiga do que indicavam esses instrumentos de pedra habilmente polidos. Nas escavações cada objeto desenterrado podia ser estudado não como uma curiosidade, mas entre todos os restos de uma comunidade da Idade da Pedra e também poderiam proporcionar pistas para outras comunidades da Idade da Pedra em todo o Mundo.

A oportunidade de Worsaae surgiu em 1849, quando um rico holandês (Olsen) – chamado para construir uma estrada – mandou seus trabalhadores em busca de cascalhos para servir de material de superfície.

Encontraram ossos de animais e sua atenção foi atraída para um pequeno objeto de osso no formato de uma mão com quatro dedos, o qual era inequivocamente obra de um trabalho humano feito para servir de pente.

Olsen, que compartilhava o interesse pelas antiguidades que Thomsen estimulara, enviou o tal objeto para o museu de Copenhagen. Worsaae verificou que todas as conchas tinham sido abertas, o que não teria acontecido se tivessem sido levadas para aquele local pelas águas da margem.

Mas, quando outros entendidos discordaram, a Academia de Ciência Dinamarquesa nomeou Worsaae e alguns geólogos para interpretar aqueles jazigos de conchas encontradas. A comissão concluiu que eram realmente “restos de cozinha”, o que significava que, pela primeira vez o historiador podia penetrar na vida quotidiana dos povos antigos.

Thomsen e seus colaboradores do museu tinham feito tão bem o seu trabalho de publicitar a arqueologia, que a questão levantada – se a Idade da Pedra devia realmente ser dividida em 2 estádios claramente definidos – deixou de ser um enigma arcano reservado a professores universitários.

Worsaae se tornou professor de Arqueologia em Copenhagen e depois sucedeu a Thomsen como diretor do museu, sendo chamado de “o 1º arqueólogo profissional do mundo”. Ele enalteceu o sistema das três (3) idades de Thomsen como “o 1º raio claro lançado sobre o negrume pré-histórico universal do Norte e do Mundo, em geral”.

A primeira descoberta da comunidade de toda experiência humana em eras e épocas fez-se quando a “pré-história” foi analisada e dividida (como uma oração gramatical) nas três (3) idades: _ Pedra, Bronze e Ferro.

E à medida que Worsaae explorou as fronteiras entre essas três idades, suscitou algumas questões explosivas para os cristãos fundamentalistas e, uma delas, foi o problema ainda agitado por antropólogos: _ a invenção independente ou a difusão cultural¿

O conceito perturbador – sugerido por pensadores ousados – de que os homens existiam muito antes da dará bíblica da Criação, em 4004 a. C. – começou a ser aceito pela comunidade científica. Mas, a antiguidade remota do homem foi popularizada pela descoberta não pela descoberta de um tema vasto e inegável, a Pré-História.

Mais do que uma teoria, os próprios artefatos pareciam testemunhar a cronologia de pré-história que era um argumento demonstrativo da evolução da cultura humana.

A Pré-História entrou no currículo da instrução pública, juntamente com as ideias associadas de evolução. O discípulo e principal divulgador de Charles Darwin (John Lubbock) conquistou sua reputação na Europa ao ajustar a Pré-História à evolução.

Os seus “Pre Historics Times” que criaram as palavras “Paleolítico” e “Neolítico” para a “Idade da Pedra Polida”, foram muito lidos por leigos, os quais absorveram a pré-história e evolução numa única leitura deleitosa.

As três idades, as fases mundiais da pré-história, tornaram mais fácil imaginar outras épocas que transcendiam a cidade, a região ou a nação. Ao definir latitudes da história, o homem alargou a sua visão do passado e do presente do Mundo.

A invenção das grandes “eras”, “épocas” ou “idades” históricas que ultrapassaram limites políticos proporcionaram receptáculos de tempo suficientemente amplos para incluírem todos os dados das comunidades de cultura do passado, mas ao mesmo tempo suficientemente pequenos para permitirem uma definição persuasiva.

Portanto, poucos outros conceitos fizeram tanto para desprovincializar o pensamento humano e, esses conceitos, foram para o tempo o que as “espécies” eram para a Natureza, um modo de classificar a experiência para a tornar útil. Foram a taxonomia da história.

 

http://www.facebook.com/profigestao

 

_____________________________________________

 

([1]) Jens Jacob Worsaae, aos 15 anos tornou-se ajudante de museu de Thomsen

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Como Descobrir as Necessidades dos Clientes nas Lojas

Qual é a Principal Ferramenta de Um (a) Atendente? Quais São os Seis Tipos de Perguntas Que o (a) Atendente Deve Fazer ao Cliente? Quais São os Três Tipos de Resposta à Uma Pergunta Teste?

 




Um (a) atendente de loja varejista que queira se tornar um profissional de vendas deve tentar descobrir as necessidades do seu cliente por determinado produto (ou serviço), a fim de realizar a venda. Pois, quando o vendedor resolve os problemas de algum cliente, fornecendo-lhes os benefícios do produto (ou serviço), ambos têm vantagens e saem ganhando.

Nesse artigo serão criadas condições para que você desenvolva competências para conhecer a ferramenta básica que facilita o diálogo com o cliente na identificação de suas necessidades. Além disso, tentaremos ensiná-lo a     adotar uma postura focada nas necessidades, nos anseios e nas expectativas do cliente. Também ensinaremos a desenvolver estratégias para apresentação de produtos e serviços que atendam às expectativas dos clientes.

 

As Ferramentas de Cada Profissional

 

Os bons profissionais são aqueles que se preocupam em atender às necessidades dos seus clientes. E, no mercado cada vez mais competitivo de hoje, o profissional de vendas diferencia-se pelo uso consciente das suas ferramentas de trabalho. Estamos acostumados a ver um profissional e associá-lo a uma ferramenta e, quando falamos de um médico, imediatamente vem à nossa mente a figura de um estetoscópio.

Quando pensamos em um dentista, imediatamente nos lembramos da figura de uma broca ou do famoso boticão e, quando falamos de um carpinteiro, nós pensamos em um serrote ou em um martelo. Quando falamos de um fotógrafo, imediatamente imaginamos uma máquina fotográfica. Porém, quando falamos do vendedor, de qual ferramenta nos lembramos e associamos a esse profissional?

A principal ferramenta de trabalho do vendedor é a PERGUNTA. Existem seis (6) tipos de perguntas que estão à disposição do vendedor para utilizar durante todo o processo de venda. Essas perguntas podem auxiliá-lo a conhecer bem as necessidades do cliente:

 

1) Pergunta Fechada: É ruim para estimular o diálogo, porque, em geral, tem como resposta apenas um “SIM” ou um “NÃO”. Entretanto, é ótima para direcionar uma escolha. Exemplos: O senhor já conhece a nossa empresa? – Já viu o novo lançamento? A senhora prefere o verde ou o branco?

OBSERVAÇÃO: A Pergunta Fechada dará ao cliente a opção de escolha e, portanto, auxilia na identificação de suas preferências. É necessário, também, que o vendedor esteja atento às demandas do cliente.

2) Pergunta Aberta: Esse é o tipo de pergunta ideal para estimular o cliente a falar de si mesmo e de suas necessidades. Exemplos: Que critérios o senhor usa para escolher seus ternos? Qual a sua opinião sobre o mercado atual de automóveis? O que é importante para a senhora numa confecção de verão?

Essas perguntas não podem ser respondidas apenas com um “sim” ou um “não”. Elas pedem uma resposta mais completa, uma opinião ou uma forma de ver as coisas

3) Pergunta Eco: Tem a principal finalidade de estimular o cliente a falar mais sobre alguma opinião que ele tenha manifestado. é uma forma de aprofundar uma questão. Exemplo: Cliente: Acho que isto está muito caro. Vendedor: – Muito caro? Cliente: Esse tipo de tecido não dura nada. Vendedor: – Não dura?

Ao fazer uma Pergunta Eco, o cliente provavelmente falará mais sobre o que pensa de um produto ou de um preço. Por isso, esse tipo de pergunta é ideal para trabalhar as objeções dos clientes

4) Pergunta Reflexiva: Como o nome indica, é como se fosse um espelho, só que um espelho verbal: repete os principais pontos de uma conversa ou de algo que o vendedor acabou de ouvir. Exemplos: Se eu entendi bem, o senhor quer um celular com câmera, agenda grande, MP3, mas que seja fácil de operar. é isso? Só para confirmar: a senhora está preocupada em fazer este vestido combinar com outras peças que a senhora já tem, não é? Quer dizer então que o senhor...

A Pergunta Reflexiva tem 2 vantagens: (a) az o cliente notar seu interesse por ele; (b) Dá a você a chance de confirmar se está entendendo o que ele deseja.

5) Pergunta com Benefício: Você pode achar que o seu produto tem um argumento de venda muito interessante, mas não sabe se isso é também importante para o cliente. Então, esse é o momento de usar uma Pergunta com Benefício. Exemplo: Este é um equipamento confiável e tem 3 anos de garantia. A garantia é importante para o senhor? Este é o tipo de blusa que está na moda agora. Para você, é importante coisas da moda ou você gosta de fazer o seu próprio estilo?

Além de falar de uma qualidade do produto que você vende, a intenção é saber se é isso que o cliente busca. Nos dois (2) exemplos, poderíamos ter como resposta: “Três anos de garantia para mim não é tão importante, porque costumo trocar de equipamento uma vez por ano” ou “De fato, a moda para mim não diz nada. Eu uso o que acho que me cai bem. ”

Note que a Pergunta com Benefício transforma argumentos de venda em motivos reais de compra e checa o que é realmente importante para o cliente

Se o benefício que você mencionou é algo valioso para o cliente, você terá transformado, de forma sutil e eficaz, seu argumento de venda em um motivo real de compra.

6) Pergunta Teste: É o mais valioso tipo de pergunta para um profissional de vendas. é um termômetro da conversa. Pode ser usada a qualquer momento do contato com os clientes, sem afetar o andamento da relação ou fase da negociação. Exemplos: – Se o senhor decidisse comprar um computador, o que gostaria que ele tivesse como benefícios? Qual a sua opinião sobre produtos importados de um modo geral? O que a senhora acha deste tipo de poltrona com apoio para os pés?

 

Uma Pergunta Teste Pode Ter 3 Tipos de Resposta:

 




1) FRIA: Exemplos: “Não gostei desse modelo! ” O cliente já descartou o modelo, mas continua no processo de venda. “Acho que isto aqui não atende a minha expectativa.” Você está diante de uma objeção e é o caso de trabalhar nela. Mas, o processo de venda ainda continua

2) INDIFERENTE: Exemplos: “é ... parece bonitinho...” – é o caso de tentar outra alternativa, mostrar outra coisa. “Hummm... não sei não.” – Ainda não é o que o cliente quer, mas pode estar esquentando. Continue

3) QUENTE: Exemplo: “Nossa, que bonito isto! E demora para entregar?” É claro que você está diante de uma situação favorável. Então, feche a venda.

 

Principais Vantagens da Pergunta Teste:

 

É a ferramenta de venda mais valiosa

É segura, pois apenas pede uma opinião

Mede a temperatura do desejo do comprador em comprar

Oferece a energia de reserva para controlar a entrevista

O fato de perguntar como o cliente se sente ou como pensa pode mudar o rumo da conversa

É a única ferramenta de diagnóstico que você pode usar a qualquer momento

Evita objeções não resolvidas

Pode revelar tanto as opiniões quanto as resistências do cliente

Não existem surpresas na Pergunta Teste

 

OBSERVAÇÃO: Sempre tente a Pergunta Teste, assim que notar um sinal de compra do comprador. Sendo assim, use a Pergunta Teste em qualquer hora e lugar e quantas vezes você quiser. Você pode perguntar aos clientes o quanto eles desejam seu produto sem causar problema algum. Não há penalidade em receber uma resposta “fria”. É apenas uma oportunidade para continuar normalmente um contato.  



https://www.facebook.com/profigestao