quarta-feira, 7 de maio de 2025

A República Popular da China Pós-Guerra

 Como Era Composta a Maioria da População Chinesa Antes da 2ª Guerra? Qual Era a Relação da China Com o Japão Nesse Período? O Que Significou o “Grande Salto Para Frente”?





Mesmo após a proclamação da República, a China não se livrou da anarquia interna e da pressão do imperialismo, crescendo as rivalidades entre americanos e japoneses. Contudo, ocorreram mudanças favorecidas pela disponibilidade de mão de obra barata e, na medida em que o proletariado urbano aumentava, as constantes greves se evidenciavam e crescia o descontentamento.

Camponeses pobres compunham a maioria da população e suas dificuldades eram agravadas com o fracionamento da terra, a elevada taxa de arrecadamento do solo, as frequentes guerras e com as inundações dos rios. O governo de Chiang Kai-shek empreendeu violenta repressão contra os comunistas, embora tenha visto crescer a presença japonesa com a ocupação da Manchúria (1931), culminando com a guerra aberta visando a apoderar-se de todo país.

À medida que a guerra contra os japoneses se processava, modificou-se a relação de forças entre os comunistas e a direção do governo. Embora fosse feita uma frente antinipônica, a resistência era conduzida pelos comunistas. Chiang Kai-shek procurava preservar suas forças a fim de lutar contra os comunistas.

Nas regiões comunistas organizaram-se governos democráticos, confiscando-se as terras dos grandes proprietários que foram distribuídas aos camponeses. Em contrapartida, o governo mostrava-se fraco, corrupto, apático, não realizava reformas e oferecia pouca resistência aos japoneses.

Com o fim da Segunda Guerra os japoneses se retiraram do país, abandonando os territórios e equipamentos bélicos aos comunistas. A luta recomeçou: _ na Segunda Guerra Civil (1946/49) – apesar da ajuda econômica americana – a desintegração do governo chinês foi rápida. Enquanto Chiang Kai-shek fugia para Formosa, Mao Tsé-tung proclamava a República Popular da China.

 

Após uma etapa inicial começaram as reformas estruturais para a socialização integral. Na fase de transição (1949/53) o regime foi misto, permanecendo formas capitalistas (pequenos comércios, propriedades rurais privadas, permissão do “preço justo”) paralelamente à socialização dos meios de produção (nacionalização dos bancos e das empresas chaves da indústria).




Ao se envolver na Guerra da Coreia (1950/53), a China desviou recursos da reconstrução interna e, seguindo o modelo soviético, procurou estimular a industrialização (dando prioridade à produção de equipamentos) e acelerar a coletivização da agricultura mediante a multiplicação de cooperativas agrícolas.

 Após o 1º Plano, Mao Tsé-tung pregou o “Grande Salto Para Frente” visando acelerar a marcha para o comunismo. As taxas de crescimento eram ambiciosas, pois a produção agrícola aumentaria 75% e a renda nacional cresceria 50%. Para atingir os objetivos criaram-se “Comunas Populares”, suprimindo-se os últimos vestígios da propriedade individual.

 A Comuna era uma unidade social, agrícola, industrial, administrativa, cultural, médica e militar cujo comitê central controlava a produção, organizava as Brigadas de Trabalho e reunia entre 20 a 30 mil pessoas. Estas possuíam e cultivavam a terra coletivamente e as indústrias em que trabalhavam.

O Grande Salto Para Frente não deu os resultados previstos, contribuindo para tal as secas e inundações que reduziram a produção de alimentos e matérias primas para as indústrias. Com o tempo, as máquinas se desgastaram – pelo uso excessivo e inexperiência técnica – e a insuficiência de transportes ferroviários, estrangulava o desenvolvimento industrial.

 Além disso, o desvio de mão de obra da agricultura para a indústria criava desequilíbrios de produção e o corte da ajuda soviética acabou afetando a indústria. Tudo isso contribuiu para o reajustamento do planejamento, pois deu-se prioridade à agricultura e, no setor industrial, elevou-se a prioridade da produção de bens de consumo em detrimento dos bens de equipamentos.

Desde 1960 a China desenvolveu intensa atividade diplomática, tentando quebrar seu isolamento e aumentar suas ligações internacionais – principalmente com países do Terceiro Mundo. Na Europa, a Albânia dependeu muito da China para o seu desenvolvimento econômico e, em 1971, foi admitida na ONU. Mas, a morte de Mao Tsé-tung (1976) abriu a luta pelo poder, opondo moderados e radicais de esquerda.

A vitória dos moderados marcou a ruptura com o radicalismo político-ideológico do Maoismo. Adotaram-se diretrizes visando à modernização na agricultura, na indústria, defesa, educação e cultura. Daí, o governo chinês procedeu uma série de expurgos sobressaindo a condenação à morte dos líderes radicais, que foram transformadas em prisão perpétua enquanto antigos dirigentes eram reabilitados.

Novas metas na economia mostraram o abandono dos princípios maoístas, houve maior autonomia na produção agrícola e industrial e nas empresas, permitindo-se o funcionamento de empresas familiares e de economia mista. O grande objetivo tornou-se a modernização e o aumento da produção, a abertura de mais empregos e a elevação do nível de vida da população, sem abandonar o sistema socialista.

No plano externo, os ataques da Albânia à política interna e externa da China prenunciavam nova ruptura no Mundo Socialista e, condenando os métodos da política chinesa, a Albânia criticou o apoio chinês à corrida armamentista da OTAN. As relações diplomáticas com os EUA foram restabelecidas em 1979.

A economia chinesa continuou a crescer sob o impacto das reformas econômicas iniciadas por Deng Xiao-ping, embora essas reformas liberalizantes tenham enriquecido apenas uma parte da população, agravando as desigualdades sociais, ao mesmo tempo em que crescia a corrupção. As relações comerciais com os EUA foram seriamente abaladas em virtude da pirataria dos programas de computadores, causando prejuízos de bilhões de dólares aos americanos.

Outro problema que abalou as relações da China com o resto do mundo foi a questão dos direitos humanos e, países como a Alemanha e organizações governamentais, criticaram duramente o governo chinês pela intensa repressão política, prisões, torturas e execuções de dissidentes  do regime.

No plano político a China enfrentou a questão da reintegração da ilha de Formosa (Taiwan), a fim de que esta ocorra de forma breve e pacífica, mas encontrou oposição daqueles favoráveis à independência da ilha e, em 1998, Li Peng resolveu acelerar a abertura econômica. Seu sucessor foi o cérebro de novas reformas, enfrentando a difícil tarefa de promover a transição da economia quase totalmente estatizada para a economia de mercado.


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