Como Era Composta a Maioria da População Chinesa Antes da 2ª Guerra? Qual Era a Relação da China Com o Japão Nesse Período? O Que Significou o “Grande Salto Para Frente”?
Mesmo após a proclamação da República, a China não se livrou da anarquia interna e da pressão do imperialismo, crescendo as rivalidades entre americanos e japoneses. Contudo, ocorreram mudanças favorecidas pela disponibilidade de mão de obra barata e, na medida em que o proletariado urbano aumentava, as constantes greves se evidenciavam e crescia o descontentamento.
Camponeses pobres
compunham a maioria da população e suas dificuldades eram agravadas com o
fracionamento da terra, a elevada taxa de arrecadamento do solo, as frequentes
guerras e com as inundações dos rios. O governo de Chiang Kai-shek empreendeu
violenta repressão contra os comunistas, embora tenha visto crescer a presença
japonesa com a ocupação da Manchúria (1931), culminando com a guerra aberta
visando a apoderar-se de todo país.
À medida que a
guerra contra os japoneses se processava, modificou-se a relação de forças
entre os comunistas e a direção do governo. Embora fosse feita uma frente
antinipônica, a resistência era conduzida pelos comunistas. Chiang Kai-shek
procurava preservar suas forças a fim de lutar contra os comunistas.
Nas regiões
comunistas organizaram-se governos democráticos, confiscando-se as terras dos
grandes proprietários que foram distribuídas aos camponeses. Em contrapartida,
o governo mostrava-se fraco, corrupto, apático, não realizava reformas e
oferecia pouca resistência aos japoneses.
Com o fim da
Segunda Guerra os japoneses se retiraram do país, abandonando os territórios e
equipamentos bélicos aos comunistas. A luta recomeçou: _ na Segunda Guerra
Civil (1946/49) – apesar da ajuda econômica americana – a desintegração do
governo chinês foi rápida. Enquanto Chiang Kai-shek fugia para Formosa, Mao
Tsé-tung proclamava a República Popular da China.
Após uma etapa
inicial começaram as reformas estruturais para a socialização integral. Na fase
de transição (1949/53) o regime foi misto, permanecendo formas capitalistas
(pequenos comércios, propriedades rurais privadas, permissão do “preço justo”)
paralelamente à socialização dos meios de produção (nacionalização dos bancos e
das empresas chaves da indústria).
Ao se envolver na Guerra da Coreia (1950/53), a China desviou recursos da reconstrução interna e, seguindo o modelo soviético, procurou estimular a industrialização (dando prioridade à produção de equipamentos) e acelerar a coletivização da agricultura mediante a multiplicação de cooperativas agrícolas.
Após o 1º
Plano, Mao Tsé-tung pregou o “Grande Salto Para Frente” visando acelerar a
marcha para o comunismo. As taxas de crescimento eram ambiciosas, pois a
produção agrícola aumentaria 75% e a renda nacional cresceria 50%. Para atingir
os objetivos criaram-se “Comunas Populares”, suprimindo-se os últimos vestígios
da propriedade individual.
A Comuna era
uma unidade social, agrícola, industrial, administrativa, cultural, médica e
militar cujo comitê central controlava a produção, organizava as Brigadas de
Trabalho e reunia entre 20 a 30 mil pessoas. Estas possuíam e cultivavam a
terra coletivamente e as indústrias em que trabalhavam.
O Grande Salto
Para Frente não deu os resultados previstos, contribuindo para tal as secas e
inundações que reduziram a produção de alimentos e matérias primas para as
indústrias. Com o tempo, as máquinas se desgastaram – pelo uso excessivo e
inexperiência técnica – e a insuficiência de transportes ferroviários,
estrangulava o desenvolvimento industrial.
Além disso,
o desvio de mão de obra da agricultura para a indústria criava desequilíbrios
de produção e o corte da ajuda soviética acabou afetando a indústria. Tudo isso
contribuiu para o reajustamento do planejamento, pois deu-se prioridade à
agricultura e, no setor industrial, elevou-se a prioridade da produção de bens
de consumo em detrimento dos bens de equipamentos.
Desde 1960 a China
desenvolveu intensa atividade diplomática, tentando quebrar seu isolamento e
aumentar suas ligações internacionais – principalmente com países do Terceiro
Mundo. Na Europa, a Albânia dependeu muito da China para o seu desenvolvimento
econômico e, em 1971, foi admitida na ONU. Mas, a morte de Mao Tsé-tung (1976)
abriu a luta pelo poder, opondo moderados e radicais de esquerda.
A vitória dos
moderados marcou a ruptura com o radicalismo político-ideológico do Maoismo.
Adotaram-se diretrizes visando à modernização na agricultura, na indústria,
defesa, educação e cultura. Daí, o governo chinês procedeu uma série de
expurgos sobressaindo a condenação à morte dos líderes radicais, que foram
transformadas em prisão perpétua enquanto antigos dirigentes eram reabilitados.
Novas metas na
economia mostraram o abandono dos princípios maoístas, houve maior autonomia na
produção agrícola e industrial e nas empresas, permitindo-se o funcionamento de
empresas familiares e de economia mista. O grande objetivo tornou-se a
modernização e o aumento da produção, a abertura de mais empregos e a elevação
do nível de vida da população, sem abandonar o sistema socialista.
No plano externo,
os ataques da Albânia à política interna e externa da China prenunciavam nova
ruptura no Mundo Socialista e, condenando os métodos da política chinesa, a
Albânia criticou o apoio chinês à corrida armamentista da OTAN. As relações
diplomáticas com os EUA foram restabelecidas em 1979.
A economia chinesa
continuou a crescer sob o impacto das reformas econômicas iniciadas por Deng
Xiao-ping, embora essas reformas liberalizantes tenham enriquecido apenas uma
parte da população, agravando as desigualdades sociais, ao mesmo tempo em que
crescia a corrupção. As relações comerciais com os EUA foram seriamente
abaladas em virtude da pirataria dos programas de computadores, causando
prejuízos de bilhões de dólares aos americanos.
Outro problema que
abalou as relações da China com o resto do mundo foi a questão dos direitos
humanos e, países como a Alemanha e organizações governamentais, criticaram
duramente o governo chinês pela intensa repressão política, prisões, torturas e
execuções de dissidentes do regime.
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