segunda-feira, 21 de julho de 2025

OLHO CLÍNICO

A tecnologia chegou ao Brasil para revolucionar a mecanização agrícola, onde as máquinas substituíram os homens e a digitalização integrou-se às máquinas




Porém, algumas áreas demandam o olhar clínico de um profissional treinado para desempenhar funções específicas e, algumas dessas profissões, são até desconhecidas da maioria das pessoas. São trabalhadores com conhecimentos técnicos tão apurados que tecnologia nenhuma poderá substituir. Entre essas profissões estão a de degustadores, encantadores de cavalos, inseminadores de material genético em bovinos e até sexadores de pintinhos – conforme o IPEA, esses profissionais podem ter salários de até R$ 20 mil / mês.

Ser degustador exige muito estudo e experiência, pois café, vinho, cachaça e cerveja passam por etapas que vão da avaliação do grão (ou da fruta) a testes sensoriais que indicam a qualidade do produto. Felipe Alípio – classificador e degustador de cafés na Cooperativa de Cafeicultores de Guaxupé – afirma que todo o processo demanda muita experiência uma vez que ele degusta 20 xícaras da bebida a cada prova. Ernesto aprendeu a profissão no Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) e quem entra nesse ramo pode ter rendimentos variando de R2.500 até R$ 6 mil.

Vinho, cachaça e cerveja também exigem profissionais altamente treinados e os sommeliers são responsáveis pelas bebidas em restaurantes, bares e lojas especializadas. Conforme a Associação Brasileira de Sommeliers trata-se de uma profissão em franca expansão em metrópoles, cidades turísticas e litoral, onde esses profissionais podem se adequar ao regime CLT ou se tornarem autônomos e os salários variando entre R$ 2 mil até R$ 6 mil, embora existam sommeliers altamente graduados cujos rendimentos alcançam até R$ 25 mil.

A tecnologia genética avançada é a responsável pelo melhoramento genético bovino e, nesse cenário, encontram-se especialistas que, para o grande público, podem parecer estranhas, como coletores de óvulos, produtores de embriões e inseminadores. O trabalho na fazenda começa com um veterinário especializado em reprodução coletando o material genético. Essa função exige especialização que varia de 2 a 3 anos de estudos e, no laboratório, outros profissionais realizam a fertilização “in vitro” que produz embriões com o material de machos selecionados. Eles avaliam a qualidade dos espermatozoides dos óvulos e do embrião e alimentam esses embriões.

Na Inglaterra, este já foi chamado de “o trabalho mais difícil do mundo” e, por isso, uma granja chegou a oferecer um salário de 40 mil libras / ano. A vaga era para “sexador” de pintinhos de 1 dia, uma profissão que, no Brasil, oferece rendimentos iniciais a partir de R$ 6 mil, podendo chegar até R$ 20 mil. Trata-se de um profissional que usa sua visão, tato e coordenação motora para separar fêmeas de macho, analisando suas cloacas porque os machos têm saliências na cloaca, e as fêmeas não as possuem. E, para conseguir uma taxa acima de 98%, os sexadores de aves precisam de treinamento mínimo de 3 anos, onde a rotina é puxada por 12 horas por dia para dar conta da demanda.    

 

Viviane Taguchi (Revista Globo Rural – maio 2021)

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