Quais Eram as Sete Artes Liberais
na Idade Média? Como a Terra Era Descrita Nessa Época? Por Que os Desenhos da
Terra Eram Menos Mapas de Conhecimentos do Que Dogmas Bíblicos?
A Europa cristã não deu continuidade
ao trabalho
geográficos de Ptolomeu e, em vez disso, a cristandade ortodoxa ergueu muitas
barreiras contra o progresso sobre o conhecimento da Terra.
Os geógrafos cristãos da Idade Média
consumiram suas energias elaborando um quadro teologicamente atraente do que já
era conhecido – ou supostamente conhecido.
A Geografia não tinha lugar dentre as
sete (7) artes liberais, pois ela não se ajustava nas disciplinas matemáticas
(aritmética, música, geometria e astronomia) nem nas disciplinas lógicas (gramática,
dialética e retórica).
Durante os mil anos da Idade Média a
palavra “Geografia” não teve sinônimo e ela só começou a ser usada na língua inglesa,
em meados do século XVI.
É mais fácil contar o que aconteceu
do que tentar explicar como aconteceu, ou o porquê. Depois da morte de
Ptolomeu, o cristianismo conquistou todo o Império Romano – e a maior parte da
Europa – e instalou-se uma “amnésia erudita” que atormentou o continente do ano
300 a. C. até o ano 1300.
Durante esses séculos a fé e o dogma
cristãos suprimiram a útil imagem do Mundo que tinha sido tão lentamente
traçada pelos antigos geógrafos.
Não faltam provas de que os geógrafos
medievais pensavam, pois mais de 600 Mapas do Mundo da Idade Média chegaram até
nossos dias e, nos tempos anteriores à prensa de imprimir, cada um deles deve
ter-se perdido. E, o mais extraordinário é que quando tais mapas eram apenas
imaginários, houvesse tão pouca variação nas plantas da Terra.
A forma comum dessas caricaturas
resultou nos “mapas de roda” (ou mapas T.O.) Toda a Terra era descrita como um
prato circular (um “O”) dividido por uma corrente de água em forma de “T”. O
Oriente ficava no cimo, significando que “orientava” o mapa.
Por cima do “T” ficava a Ásia, por
baixo e à esquerda da vertical ficava a Europa e à direita a África. Já a barra
que separava a Europa e a África da Ásia era o Mediterrâneo; a barra horizontal
que separava a Europa e a África da Ásia eram os rios Danúbio e Nilo. O “mar
oceano” cercava tudo.
Concebidos para exprimir o que se
esperava que os cristãos acreditassem, eles eram menos mapas de conhecimentos
do que dogmas bíblicos, pois no centro de cada um deles ficava Jerusalém.
Não havia nada de novo em colocar o
lugar “mais sagrado” no centro e, por isso mesmo, também aí que os hindus
colocaram a sua montanha Meru, “o centro da Terra”.
A crença de uma montanha sagrada com
variantes no Egito e na Babilônia era uma maneira de dizer que o lugar mais
proeminente do planeta
tinha sido o umbigo do Mundo.
As cidades orientais também se
colocavam no centro, pois a Babilônia, por exemplo, era o lugar onde os deuses
desciam à Terra. Na tradição muçulmana, a Caaba era o ponto mais alto da Terra
e a Estrela Polar mostrava que Meca ficava num ponto oposto ao centro do céu.
Todos os povos têm querido acreditar
que estão no centro, mas depois dos progressos acumulados da Geografia, era
necessário um grande esforço para se ignorar a crescente massa de conhecimentos
e recolher-se num mundo de fé e caricatura.
O dogma cristão e a tradição bíblica
impuseram outras ficções da imaginação teológica ao mapa do Mundo. Os próprios
mapas se tornaram guias dos antigos da Fé. Cada lugar mencionado nas escrituras
exigia uma localização e se tornava um prélio tentador para os geógrafos
cristãos.
A crença do Éden se tornou um prazer,
assim como um dever. Em hebraico Éden significa “um lugar de delícias”. Deus
colocou o Éden num monte tocando no círculo da órbita da Lua, para que o
Paraíso ficasse em segurança e seco acima das águas do Dilúvio.
A ficção ligada ao Paraíso tornou-se
um gênero da literatura sagrada, do mesmo modo que a aventura espacial viria a
ser uma forma de ficção científica.
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