sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

A Primazia Holandesa na Idade Moderna

Qual Era a Religião Predominante na Europa Durante a Idade Moderna? Qual a Contribuição do Calvinismo Para a Economia Holandesa? Qual a Relação Existente Entre a Burguesia e a Monarquia da Época? Como Ocorreu a Concentração de Poderes nas Mãos dos Reis?


                                                                   


 

Muito antes de se tornar independente, a Holanda já se constituía numa das regiões mais prósperas da Europa, pois sua agricultura progredia e suas indústrias se desenvolviam na produção de linho, lã, tapeçarias e construção naval.

O comércio – beneficiado pelos progressos da marinha – se expandia rapidamente, aproveitando-se das rotas fluviais e marítimas. Com as rápidas transformações econômicas do século XVI, a sociedade assistiu ao fortalecimento da rica e ativa burguesia dos centros urbanos dos Países Baixos, onde o calvinismo se converteu na principal religião.

Mas, a ascensão de Felipe II ao trono espanhol mudou as relações com os Países Baixos, ocorrendo choques contra a intolerância religiosa, opressão fiscal e criação de impostos.

Isso propiciou a divisão dos Países Baixos, onde o Sul permaneceu unido à Espanha e os burgueses calvinistas do Norte formaram uma união com a Inglaterra de Elisabete I. E, apesar de a Espanha só haver reconhecido a independência das Províncias Unidas em 1648, estas já haviam organizado uma república federal, burguesa e calvinista.

Nas Américas, os holandeses se apoderaram da Guiana, da Ilha de Curaçao, diversos pontos da América do Norte e do litoral norte e nordeste do Brasil, durante algum tempo. Na África, se estabeleceram na cidade do Cabo, em Angola e São Tomé. No Oriente, criaram feitorias na Índia. Dominaram Java, Ceilão, Malaca, Nova Guiné e Timor.

Para processar todas essas atividades, eles construíram muitas embarcações e formaram a primeira frota naval do mundo. E, graças a tudo isso, Amsterdã se converteu no principal centro comercial e financeiro da Europa durante a primeira metade do século XVII.

Mas, embora a ascensão holandesa fosse rápida o declínio se precipitou na 2ª metade do mesmo século, pois as desastrosas guerras contra a Inglaterra e França arruinaram o país e reduziram sua participação no comércio mundial.

Na verdade, os holandeses foram incapazes de passar do capital comercial para o industrial, pois as excelentes possibilidades de lucro das transações mercantis desviaram capitais de outras atividades como a indústria, por exemplo.

A burguesia foi a principal financiadora das Grandes Navegações e, os reis, seus patrocinadores. Daí pode-se afirmar que havia uma grande aliança entre a monarquia e a burguesia, visto que seus interesses eram o mesmo – o dinheiro.

Mas, quais são as origens dessa aliança? Na Idade Média, a ampliação do comércio levou a recém-formada burguesia a se sentir tolhida em suas ambições. A economia não atendia à demanda e era necessária a formação de um mercado nacional sem entraves feudais e, em consequência disso, a burguesia passou a apoiar a realeza em suas pretensões centralizadoras contra a poderosa nobreza feudal – que possuía privilégios seculares.

A crescente riqueza da burguesia enfraquecia progressivamente a nobreza feudal, cuja riqueza era basicamente fundiária. Tudo isso acelerou a concentração de poderes nas mãos dos reis que, além do apoio político e material da burguesia, contou com a justificação dos legistas burgueses baseados no Direito Romano, o qual possibilitava a constituição legal do Estado Nacional Moderno.


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