Como Podemos Traçar a Evolução do Conhecimento Humano? Onde
Foram Realizadas as Primeiras Cirurgias? E a Acupuntura? Quando Começam a Ser
Organizados o Museu e a Biblioteca de Alexandria?
Palavras-Chave: Conhecimento, Humanidade, Ciência,
Antiguidade, Hipócrates, Babilônia, Grécia, Filosofia, Matemática, Botânica,
Idade Média, Revolução Científica
Acredita-se que todo o conhecimento humano passou por certa
evolução histórica, o qual se tornou um caminho interessante que nos situa no
tempo, no espaço e nos mostra o quanto podemos construir, modificar, aprender e
evoluir através dos tempos.
Podemos traçar a história da ciência de várias maneiras,
seja apresentando os principais nomes que contribuíram para o seu progresso,
destacando os trabalhos e livros mais importantes ou estudando o progresso das
teorias científicas.
Também podemos traçar a história, apontando as principais
invenções, acompanhando o desenvolvimento dos instrumentos utilizados nas
ciências, listando as descobertas científicas importantes ou abordando a
história dos métodos científicos.
Além disso, pode-se mostrar essa evolução histórica centrando
o estudo nas mudanças dos paradigmas científicos, chamando a atenção para a
continuidade ou descontinuidade no desenvolvimento das ciências, ressaltando o
contexto social, econômico ou outro das descobertas da ciência.
Enfim, várias são as maneiras de vislumbrarmos os progressos
da ciência e, dessa forma, tentaremos fazer uma síntese dos principais acontecimentos
ao longo da evolução humana, mas é importante lembrarmos que aconteceu muito
mais do que se apresenta aqui nesse texto.
Na Antiguidade
Para as modernas sociedades a ciência caminha a passos muito
lentos, principalmente se pensarmos que cerca de 2 bilhões de anos atrás, o Australopitecos
fabricou a primeira ferramenta de pedra e que foi necessário mais um bilhão de
anos para que esta fosse aperfeiçoada, transformada em arma de caça e para que
o fogo fosse descoberto.
Somente 10 mil anos atrás o homem abandonou sua condição de
nômade e passou a fazer uso da pecuária e agricultura que marcam o início da
nossa civilização e da ciência, isto porque cada estágio do cultivo de plantas
e domesticação de animais requer invenções, daí surgem as inovações técnicas e
acabam dando fundamento a princípios científicos. ([1])
Na Medicina encontramos na Babilônia as primeiras cirurgias,
os egípcios usando grande variedade de remédios, incluindo o ópio. Os indianos
antigos realizavam cirurgias no nariz e, na China, o uso da acupuntura.
Somente a partir de Hipócrates (460-370 a.C.) – considerado
o pai da medicina – o qual passa a criticar as causas apontadas para as doenças
e mortes, dentre elas as superstições e os aspectos sagrados, é que a medicina
começa a ser vista sob o prisma científico.
Por volta de 180 d.C. Galeno resume e sistematiza o
pensamento médico da Antiguidade. A Botânica, nessa época, também passou a ter
um pensamento mais sistematizado.
No final do século VII e início do século VI, o modo de
explicar o mundo, que passa do mitológico para o racional, é considerado por
muitos autores como um dos mais bonitos e importantes espetáculos da
humanidade. Mitos e religião começam a ser abandonados dando lugar à Filosofia
(MATTAR, 2008).
O pensamento racional surgiu com a escrita, diminuindo a
importância da memória e audição começando a prevalecer a experiência e razão.
Aumenta também a importância da observação da realidade sobre a história dos
deuses.
A Lógica e a Geometria alcançaram desenvolvimento exemplar
na Grécia Antiga e, por volta de 300 a.C., começam a ser organizados
respectivamente, o Museu e a Biblioteca de Alexandria com toda estrutura para o
desenvolvimento da ciência e onde Ptolomeu elaborou sua teoria geocêntrica que
mais tarde na Idade Média irá marcar o Tratado sobre a Óptica.
Apesar de toda evolução, nada na Antiguidade se parecia com
a ciência moderna. Todos os temas ainda estavam no campo da Filosofia. Por
exemplo, não havia muita distinção entre um filósofo natural e um matemático.
Na Idade Média e Renascimento
Em termos de história, geralmente a Idade Média nos é
apresentada como o período das trevas e do atraso, porém, atualmente é debatida
por historiadores que a idade média não concerne no período das trevas.
Cabe salientar que, “[...] os árabes foram os líderes em ciências
tais como a matemática, química, astronomia e medicina. Até hoje empregamos os
algarismos arábicos [...]. Em alguns campos, a cultura árabe era mesmo superior
à cristã” ([2])
E segundo Xavier et al (2017) ([3]) apontam que: (...) Ao contrário, conforme ficou amplamente debatido e demonstrado, as formas sistemáticas de escolas e universidades atuais têm suas raízes exatamente na Idade Média.
Ao contrário de “mil anos de escuridão”, é na Idade Medieval
que temos os mais sólidos espaços educacionais e argamassas culturais de que
somos herdeiros. São também provenientes desse período as várias invenções
tecnológicas utilizáveis tanto no campo como na cidade.
Acrescente-se também que são legados da Idade Média as
várias formas de convívio e funcionamento das instituições atuais,
especialmente as educacionais. Mas precisamos atentar que esse pensamento
volta- se para o campo das ciências em seu sentido mais restrito, entretanto,
as artes e a cultura que antes eram desconsideradas apresentam grandes
progressos.
Há introdução do sistema hindu-arábico e aperfeiçoamento do
nosso sistema decimal. A invasão da Europa pelos árabes é essencial para o
desenvolvimento da álgebra e matemática aplicada.
A alquimia, uma atividade misteriosa praticada na Idade
Média, a qual tinha como objetivo maior transformar quaisquer metais em ouro,
também procurava explicar seus esforços através da ciência. Astrologia e
astronomia assim como alquimia, magia, espiritualismo e química tinham
fronteiras muito tênues.
Por volta do século XIV, desenvolve-se em Oxford e depois em
Paris, uma linha de pensamento denominada teoria impetus, que desafia as
teorias aristotélicas sobre o movimento ainda dominante na Europa.
As definições e os teoremas elaborados por esse grupo de
lógicos e matemáticos serão importantes para a Cinética, desenvolvida
posteriormente por Galileu, representando, assim, o primeiro estágio na
história da revolução científica (MATTAR, 2008).
A invenção da imprensa no final do Renascimento foi
importante para o desenvolvimento da ciência, pois a partir dela, o
conhecimento pode ser reproduzido com mais facilidade e outro inventos como
gravuras colocaram novos instrumentos a disposição dos cientistas permitindo
copiar e multiplicar desenhos e diagramas.
No entendimento de Mattar (2008) o maior mérito da Idade
Média foi organizar o conteúdo da Filosofia grega e islâmica, assim como do
cristianismo e uma das principais conquistas foi a instituição de escolas e
universidades como “lar” para a organização de tais conteúdos.
A Revolução Científica
O desenvolvimento dos instrumentos de viagem como o
astrolábio (dispositivo de observação astronômica que media grosseiramente a
elevação do Sol ou de uma estrela permitindo determinar latitude, as horas do
nascer e pôr-do-sol) funcionando como relógio de bolso e régua de cálculo foi
um dos inventos que marcou esse novo período, sendo batizado de Revolução
Científica.
A medicina também tomou novos rumos: em 1543, Andreas
Vesalius publica De fabrica humani corporis, que corrige erros médicos dos
gregos e revolucionou a disciplina, constituindo os fundamentos da anatomia
moderna. Em 1615, William Harvey, estabelece a mecânica do funcionamento do
coração e da circulação do sangue (MATTAR, 2008).
Não há dúvidas que a Revolução Científica é caracterizada
pelos avanços marcados na Astronomia e, nomes como Copérnico, Kepler, Galileu e
Newton marcaram época na História das Ciências, como veremos abaixo:
Nicolau Copérnico (1473-1543) – contesta teoria de Ptolomeu de que a Terra era o centro do universo, com os planetas e o Sol girando ao seu redor e propõe a teoria heliocêntrica, que inclui a ideia do movimento da Terra.
Johannes Kepler (1571-1628) – conjuga as descobertas de
Copérnico e Brahe, abre caminho para a aceitação definitiva da teoria
heliocêntrica e suas três leis planetárias transformam a descrição geral do Sol
e dos planetas em uma formulação matemática precisa.
Galileu Galilei (1564-1642) – teoriza o método experimental,
dividindo-o em: observação, análise, indução, verificação, generalização e
confirmação.
René Descartes (1596-1650) – de um lado defende a razão como
princípio absoluto do conhecimento e de outro, usa a matemática e a geometria
como modelos de raciocínio.
Francis Bacon (1561-1626) – desenvolve o que é considerada a
primeira teoria moderna do método científico, indicando como etapas essenciais
para o progresso da ciência: a observação e a experimentação dos fenômenos, a
formulação de hipóteses, a repetição dos experimentos, o teste das hipóteses e
a formulação de generalizações e leis.
Evidentemente que muitos outros nomes fizeram história dentro da ciência, pois foram grandes as evoluções na botânica, medicina ou na química.
Mas, ao falar destas invenções, nossa intenção é
exclusivamente mostrar que existe uma evolução no pensamento crítico e ressaltar
a importância de métodos para provar e refutar os fenômenos que sempre nos
assombraram.
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