Qual Foi
a Finalidade de Criação do Movimento Nacionalista Revolucionário Cubano? Quem
Organizou a Invasão a Cuba em 1959? Por Que os EUA Impuseram Bloqueio Comercial
a Cuba?
Libertado do domínio espanhol em 1898, Cuba ficou
sob o protetorado norte-americano em função de uma emenda que fixava a cessão
de uma faixa de terra necessária ao estabelecimento de uma base naval
americana.
Além disso, os Estados Unidos ainda teriam direito
à intervenção para a manutenção da ordem, concessões para a exploração de
carvão e a proibição de fazer tratados comerciais sem a permissão dos Estados
Unidos.
Essa tutela reforçava a subordinação econômica aos
americanos que controlavam a produção e a exportação açucareira cubana. As
intervenções americanas provocaram acentuado descontentamento.
Paraíso do turismo norte-americano, Havana era a
capital do jogo e da prostituição, enquanto a maioria da população vivia na
miséria e no analfabetismo.
Na década de 1930, Fulgêncio Batista projetou-se
como homem forte do regime e, sua corrupção e opressão ditatorial, provocaram
forte oposição que também era contrária às maiores concessões aos americanos.
A indústria cubana era incipiente e dificultada
pelas limitações do mercado interno e pela concorrência estrangeira. A
monocultura açucareira favorecia o aumento de camponeses sem terras, obrigados
a trabalhar quatro meses por ano e a ficar desempregados na entressafra.
Em meados de 1950 surgiu o Partido Ortodoxo de
ideias democráticas, liberais e nacionalistas, mas Batista impediu as eleições
e, para muitos oposicionistas – como Fidel Castro, por exemplo –, ficou claro
que o fim do regime só seria concedido através da luta armada.
Por isso, criou-se o Movimento Nacionalista
Revolucionário. O ataque fracassado a cidade de Moncada (em 26 de julho de
1953) se propunha a realizar uma revolução nacionalista anti-imperialista.
Ao sair da prisão Fidel exilou-se no México e
preparou a invasão de Cuba, o que acabou se concretizando em 1956 com a ajuda
de Ernesto Che Guevara, Raul Castro (seu irmão mais novo) e Camilo Cienfuegos.
Daí, em janeiro de 1959 os “barbudos” tomaram o poder e adotaram as seguintes
medidas:
·
Restabelecimento das relações diplomáticas com a
URSS e demais países socialistas.
·
Nacionalização de empresas de serviços públicos:
luz, gás, telefones, ferrovias, instalações portuárias, etc.
·
Reforma urbana proibindo indivíduos (ou empresas)
ser proprietário de mais de um imóvel e estabelecendo que antigos locatários se
tornassem proprietários de imóveis confiscados.
·
Reorganização dos programas de saúde pública e de
educação, destacando-se o combate ao analfabetismo.
·
Criação do Ministério da Seguridade Social.
Para se livrar da pressão dos EUA – que cortaram a importação de açúcar cubano, romperam relações diplomáticas e invadiram a Baía dos Porcos –, os dirigentes cubanos se aproximaram da URSS em busca de ajuda militar, técnica, financeira e diplomática. Apesar dos vínculos com a URSS, Fidel Castro imprimiu diretrizes próprias à política externa cubana.
Para enfraquecer os EUA e o sistema capitalista, o
governo cubano participou com tropas nos movimentos de Descolonização como em
Angola e na Etiópia. Além disso, reuniu em Havana a 1ª Conferência da
Organização Latino-Americana de Solidariedade que visava auxiliar movimentos
revolucionários na América Latina.
A intransigência americana em suspender o bloqueio
econômico a Cuba aumentou quando o governo apoiou a Revolução Sandinista (na
Nicarágua) e as lutas populares em El Salvador e Guatemala – o que
contrabalançava a ajuda americana aos governantes impopulares e ditatoriais da
América Central.
A tensão agravou-se quando o Governo Reagan acolheu
130 mil cubanos que não se adaptavam ao regime de Fidel Castro, mas quatro anos
depois (1984) constatou serem muitos deles criminosos comuns, cujo retorno Cuba
não aceitou.
O fato de Havana ter sido o centro da Conferência
dos Países Não Alinhados (1979) evidenciou a ascensão política de Cuba nas
relações internacionais. Mas, o fim da URSS e a desintegração do Leste Europeu
criaram sérios problemas para o governo cubano, pois o intercâmbio comercial
caiu e a ajuda técnica, financeira e cultural cessou.
A situação se agravou quando os EUA intensificaram
o embargo econômico à Cuba em 1992 e a queda das exportações e a redução da capacidade
de importação (somadas aos gastos com a compra de petróleo) tornaram mais
difíceis as condições de vida.
Daí fixou-se o racionamento de combustíveis e de
alimentos, mas procurou-se preservar as conquistas na educação e na saúde.
Abriu-se a economia ao capital estrangeiro, mediante a organização de joint-ventures
(parcerias de capitais privados e do Estado) na exploração do petróleo,
turismo, cítricos, usinas termoelétricas e o exercício particular do pequeno
comércio.
Acordos com o Canadá, México e países da União
Europeia garantiram bons investimentos, contribuindo para a recuperação da
economia desde 1994. Mas, mesmo assim, centenas de cubanos continuaram a
emigrar para a Flórida e os EUA suspendeu a lei que concedia a condição de
refugiado a qualquer cubano que entrasse em seu território, face à quantidade
de fugitivos – muitos deles marginalizados.
A pressão americana aumentou a partir de uma lei,
estabelecendo que cidadãos (e empresas) que mantivessem negócios com Cuba não
poderiam mais operar nos EUA, ou vender produtos para o seu mercado.
Protestos da União Europeia, do Canadá e do México
se fizeram ouvir contra as diretrizes do presidente Clinton. Buscando romper o
isolamento, Fidel Castro visitou o Vaticano e convidou o Papa João Paulo II
para visitar Cuba em 1997.
E, atendendo ao convite, o Papa condenou o embargo
americano, exortou os jovens a não se deixarem seduzirem pelos valores das
sociedades de consumo e defendeu a necessidade de serem restauradas as raízes
cristãs da sociedade cubana.
https://www.facebook.com/juliocesar.s.santos
Nenhum comentário :
Postar um comentário