quinta-feira, 28 de novembro de 2024

A Posição de Cuba Após a 2ª Guerra Mundial

 

Qual Foi a Finalidade de Criação do Movimento Nacionalista Revolucionário Cubano? Quem Organizou a Invasão a Cuba em 1959? Por Que os EUA Impuseram Bloqueio Comercial a Cuba?

 



Libertado do domínio espanhol em 1898, Cuba ficou sob o protetorado norte-americano em função de uma emenda que fixava a cessão de uma faixa de terra necessária ao estabelecimento de uma base naval americana.

Além disso, os Estados Unidos ainda teriam direito à intervenção para a manutenção da ordem, concessões para a exploração de carvão e a proibição de fazer tratados comerciais sem a permissão dos Estados Unidos.

Essa tutela reforçava a subordinação econômica aos americanos que controlavam a produção e a exportação açucareira cubana. As intervenções americanas provocaram acentuado descontentamento.

Paraíso do turismo norte-americano, Havana era a capital do jogo e da prostituição, enquanto a maioria da população vivia na miséria e no analfabetismo.

Na década de 1930, Fulgêncio Batista projetou-se como homem forte do regime e, sua corrupção e opressão ditatorial, provocaram forte oposição que também era contrária às maiores concessões aos americanos.

A indústria cubana era incipiente e dificultada pelas limitações do mercado interno e pela concorrência estrangeira. A monocultura açucareira favorecia o aumento de camponeses sem terras, obrigados a trabalhar quatro meses por ano e a ficar desempregados na entressafra.

Em meados de 1950 surgiu o Partido Ortodoxo de ideias democráticas, liberais e nacionalistas, mas Batista impediu as eleições e, para muitos oposicionistas – como Fidel Castro, por exemplo –, ficou claro que o fim do regime só seria concedido através da luta armada.

Por isso, criou-se o Movimento Nacionalista Revolucionário. O ataque fracassado a cidade de Moncada (em 26 de julho de 1953) se propunha a realizar uma revolução nacionalista anti-imperialista.

Ao sair da prisão Fidel exilou-se no México e preparou a invasão de Cuba, o que acabou se concretizando em 1956 com a ajuda de Ernesto Che Guevara, Raul Castro (seu irmão mais novo) e Camilo Cienfuegos. Daí, em janeiro de 1959 os “barbudos” tomaram o poder e adotaram as seguintes medidas:

 

·                     Restabelecimento das relações diplomáticas com a URSS e demais países socialistas.

·                     Nacionalização de empresas de serviços públicos: luz, gás, telefones, ferrovias, instalações portuárias, etc.

·                     Reforma urbana proibindo indivíduos (ou empresas) ser proprietário de mais de um imóvel e estabelecendo que antigos locatários se tornassem proprietários de imóveis confiscados.

·                     Reorganização dos programas de saúde pública e de educação, destacando-se o combate ao analfabetismo.

·                     Criação do Ministério da Seguridade Social.

 




Para se livrar da pressão dos EUA – que cortaram a importação de açúcar cubano, romperam relações diplomáticas e invadiram a Baía dos Porcos –, os dirigentes cubanos se aproximaram da URSS em busca de ajuda militar, técnica, financeira e diplomática. Apesar dos vínculos com a URSS, Fidel Castro imprimiu diretrizes próprias à política externa cubana.

Para enfraquecer os EUA e o sistema capitalista, o governo cubano participou com tropas nos movimentos de Descolonização como em Angola e na Etiópia. Além disso, reuniu em Havana a 1ª Conferência da Organização Latino-Americana de Solidariedade que visava auxiliar movimentos revolucionários na América Latina.

A intransigência americana em suspender o bloqueio econômico a Cuba aumentou quando o governo apoiou a Revolução Sandinista (na Nicarágua) e as lutas populares em El Salvador e Guatemala – o que contrabalançava a ajuda americana aos governantes impopulares e ditatoriais da América Central.

A tensão agravou-se quando o Governo Reagan acolheu 130 mil cubanos que não se adaptavam ao regime de Fidel Castro, mas quatro anos depois (1984) constatou serem muitos deles criminosos comuns, cujo retorno Cuba não aceitou.

O fato de Havana ter sido o centro da Conferência dos Países Não Alinhados (1979) evidenciou a ascensão política de Cuba nas relações internacionais. Mas, o fim da URSS e a desintegração do Leste Europeu criaram sérios problemas para o governo cubano, pois o intercâmbio comercial caiu e a ajuda técnica, financeira e cultural cessou.

A situação se agravou quando os EUA intensificaram o embargo econômico à Cuba em 1992 e a queda das exportações e a redução da capacidade de importação (somadas aos gastos com a compra de petróleo) tornaram mais difíceis as condições de vida.

Daí fixou-se o racionamento de combustíveis e de alimentos, mas procurou-se preservar as conquistas na educação e na saúde. Abriu-se a economia ao capital estrangeiro, mediante a organização de joint-ventures (parcerias de capitais privados e do Estado) na exploração do petróleo, turismo, cítricos, usinas termoelétricas e o exercício particular do pequeno comércio.

Acordos com o Canadá, México e países da União Europeia garantiram bons investimentos, contribuindo para a recuperação da economia desde 1994. Mas, mesmo assim, centenas de cubanos continuaram a emigrar para a Flórida e os EUA suspendeu a lei que concedia a condição de refugiado a qualquer cubano que entrasse em seu território, face à quantidade de fugitivos – muitos deles marginalizados.

A pressão americana aumentou a partir de uma lei, estabelecendo que cidadãos (e empresas) que mantivessem negócios com Cuba não poderiam mais operar nos EUA, ou vender produtos para o seu mercado.

Protestos da União Europeia, do Canadá e do México se fizeram ouvir contra as diretrizes do presidente Clinton. Buscando romper o isolamento, Fidel Castro visitou o Vaticano e convidou o Papa João Paulo II para visitar Cuba em 1997.

E, atendendo ao convite, o Papa condenou o embargo americano, exortou os jovens a não se deixarem seduzirem pelos valores das sociedades de consumo e defendeu a necessidade de serem restauradas as raízes cristãs da sociedade cubana.


https://www.facebook.com/juliocesar.s.santos

 

Nenhum comentário :

Postar um comentário