Como Ocorreu a Expansão Colonialista Portuguesa na Índia? Que Tipos de Colônias se Espalharam Pela China? Qual o Papel do Japão na Expansão Colonialista Europeia?
A Índia era uma sociedade tradicionalista
e estruturada em castas hereditárias, implicando uma função social e um gênero
de vida que era regulamentado rigorosamente. A economia era essencialmente
agrícola e a continuidade das instituições era reforçada pelo hinduísmo, cujas
normas impunham o conformismo. O islamismo – dominante nas regiões
setentrionais – igualmente não comportava estímulos a transformações.
A Índia se dividia politicamente em
vários Estados cujos governantes subordinavam-se ao imperador mongol de Nova
Deli. Mas, desde o século XVI os portugueses estabeleceram feitorias e, a ação
inglesa, só se fez presente a partir do século XVII através da Companhia das
Índias Orientais – que, obtendo o monopólio do comércio indiano, fundou
entrepostos comerciais.
Até inícios do século XIX o
desenvolvimento do capitalismo inglês importou novas diretrizes de
consequências desastrosas para a Índia. Interessados em ampliar a produção de
matérias primas, os ingleses confiscaram propriedades rurais, suprimiram a
servidão camponesa e estimularam a produção de algodão, cânhamo e juta.
Foi estabelecido o pagamento de um
imposto individual, o que forçava os nativos a buscar um trabalho assalariado,
assim ampliando a oferta de mão de obra e o mercado consumidor da produção
fabril inglesa. A reação indiana foi a Revolta dos Sipaios (1859) empreendida
pelas tropas nativas e, apesar do sentido anti-inglês, o movimento nacionalista
não teve caráter nacional e foi duramente combatido pelos britânicos.
Após a submissão a administração foi
reorganizada, suprimiu-se a Companhia das Índias Orientais, confiou-se a
autoridade a um vice-rei nomeado pelo Parlamento, admitiu-se a participação de
indianos na administração, permitiu-se o funcionamento de partidos políticos e
se estabeleceu eleições para escolha de membros do Parlamento indiano.
A consolidação do domínio inglês na
Índia deu à Inglaterra importante ponto de apoio para a sua luta política
imperialista no Extremo Oriente, possibilitando ainda o controle de uma
sociedade que viria a fornecer excelentes soldados para os exércitos ingleses
em suas campanhas de conquista.
A Abertura da China
O Império Chinês era o mais vasto e o
mais povoado dos Estados asiáticos, compreendendo, além da China, a Mongólia, a
Manchúria, o Tibete e partes da Coréia e Anã. Sua economia era baseada na
agricultura, exigindo-se o cultivo coletivo dos campos e o pagamento de
tributos ao Estado.
O Estado empreendia as obras
hidráulicas necessárias às atividades agrícolas, o artesanato era bem ativo e
nas oficinas produziam-se sedas, lacas, objetos de porcelana e outros produtos
de luxo.
Desde o século XVIII, comerciantes
ingleses procuravam ampliar suas atividades na China (restritas ao porto de
Cantão), através do qual adquiriam produtos chineses e vendiam – principalmente
– ópio. O fracasso das negociações levou o governo inglês a buscar um pretexto
para intervir na China e, após a destruição de um carregamento inglês de ópio,
uma expedição naval bombardeou Nanquim e impôs o primeiro “Tratado dos
Desiguais”.
Através dele, a Inglaterra obteve a
Ilha de Hong-kong, a abertura de cinco portos, uma indenização de guerra e o
fim do monopólio do Co-Hong e, desse modo, o capitalismo inglês garantia a
venda de seus produtos fabris.
Pouco depois, a França e os EUA
obtiveram vantagens semelhantes em novos tratados desiguais, os quais
resultaram no Tratado de Pequim (1860) que abriu ao Ocidente outros onze
portos, obrigando a pesada indenização, concedendo a extraterritorialidade (os
estrangeiros não se submetiam às leis chinesas) e a livre circulação de
missionários e comerciantes em território chinês.
As concessões aos ocidentais
acarretaram crescente dependência governamental e, paralelamente, havia
intensificação da xenofobia popular – cada vez mais violenta – embora condenada
ao fracasso, porque os chineses se apegavam às suas tradições e se recusavam a
assimilar as técnicas ocidentais, o que implicaria um desrespeito aos seus
ancestrais.
Nas últimas décadas do século XIX os
ocidentais lançaram uma política de investimentos de capitais (aplicados em
ferrovias, serviços urbanos, minas, etc.) e de conquista de Estados (a França
ocupou o Anã, a Inglaterra apoderou-se do Tibete) e, tudo isso, culminou com a
Guerra Sino-Japonesa que conduziu à partilha do país em áreas de influência
submetidas ao controle de potências estrangeiras, mediante arrendamento de
longo prazo.
A Guerra Sino-Japonesa além de
evidenciar a modernização do Japão (que ambicionava a Coreia) enfraqueceu a
dinastia Tsing e, através de um tratado, a China reconheceu a independência da
Coreia e cedeu ao Japão a Ilha de Formosa, a Ilha dos Pescadores e a península
de Liao-Tung. Novo tratado desigual arrendou à Inglaterra (por 99 anos)
Hong-kong e os “Novos Territórios”.
A impotência da dinastia diante dos estrangeiros provocou nova manifestação do nacionalismo xenófobo chinês: _ a Revolução dos Boxers (1901) que se expressou através da destruição de ferrovias, missões religiosas e legações diplomáticas. Atemorizadas, as potências imperialistas se limitaram a mandar um exército internacional que submeteu os revoltosos.
Porém, um movimento revolucionário
mais bem organizado começou a crescer e organizou-se a Liga Revolucionária da
China, a qual uniu várias sociedades secretas em torno dos “Três Princípios do
Povo”: independência, soberania popular e bem-estar. Esse movimento ganhou
apoio da burguesia, de intelectuais e das massas populares e a sua vitória
marcou - em 1911 – a proclamação da República.
A Abertura do Japão
Assim como a China, o Japão
apresentava-se fechado a contatos com o exterior e possuía estruturas arcaicas,
no século XIX. O regime feudal fazia do imperador uma figura decorativa em face
do poderio dos daimios (aristocracia senhorial, cujos feudos eram
trabalhados por camponeses em condições servis). Esses tinham a seu serviço os
samurais que, em troca de sustento, deviam obrigações militares.
Os Tokugawa – poderosa família de daimios
– ocupavam o cargo de xogum (generalíssimo) e, contra essa situação cresciam
forças de oposição, expressadas em diversas subelevações camponesas,
descontentamento dos pobres samurais, nas ambições dos comerciantes e no desejo
do imperador em recuperar sua autoridade. Essas forças foram liberadas com a
penetração ocidental.
A abertura do Japão ao imperialismo
ocidental foi realizada pelos EUA, pois uma esquadra americana obrigou o xogum
a conceder aos americanos o direito de comerciar. Tratados desiguais foram
impostos pela França, Inglaterra e Rússia ao xogum – incapaz de resistir ao
poderio dos estrangeiros.
Tais concessões alimentaram a xenofobia
japonesa. A reação ao impacto da penetração ocidental foi diferente da chinesa:
_ o Japão se modernizou adotando técnicas ocidentais, sem abdicar de seus
costumes orientais. O regime feudal foi abolido (provocando, em poucos anos,
enorme revolução social), a distinção das castas foi suprimida, os daimios
perderam seus privilégios e suas terras foram distribuídas aos camponeses.
Deixando de receber pensões dos daimios
os samurais forneceram quadros aos exércitos, à administração e à polícia. O
Estado impulsionou as transformações econômicas, subvencionando a criação de
usinas e, uma rede ferroviária e telegráfica, também foram construídas.
A Revolução Industrial processou-se –
inicialmente – no setor têxtil e, apesar da falta de ferro, desenvolveu-se a construção
naval e inúmeras indústrias de transformação. Concentrada em imensos trustes,
a indústria japonesa atendia às necessidades do país e começou a exportar
tecidos.
Organizou-se poderoso e disciplinado
exército, construiu-se moderna e eficiente esquadra de guerra, convertendo o
Japão em uma potência cujo poderio logo se evidenciou ao se lançar à corrida
imperialista.
As transformações se processaram com
o apoio da Inglaterra e tal apoio se explica pela rivalidade anglo-russa, no
século XIX. A expansão russa constituía uma ameaça aos interesses ingleses na
China, no Tibete em outras regiões asiáticas. Daí o auxílio inglês ao Japão,
visando a transformá-lo em um aliado capaz de conter o poderio russo na Ásia
Oriental.
A entrada do Japão na corrida imperialista
foi espetacular, pois após vencer a China o Japão esmagou os russos em rápidas
vitórias. A Guerra Russo-Japonesa (1904 / 1905) decorreu das ambições russas e
japonesas sobre a Coreia e a Manchúria. Inquietos com os progressos nipônicos
os americanos ofereceram sua mediação para a conclusão de um tratado,
entregando ao Japão a Ilha Sacalina, o Porto Artur e concessões ferroviárias na
Manchúria, além de reconhecer o protetorado sobre a Coreia – pouco depois
anexada pelos japoneses.
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