quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

A Contabilidade Como Instrumento Gerencial

 

Qual o Principal Objetivo da Contabilidade Gerencial? Quais as Principais Diferenças Entre a Contabilidade Gerencial e a Financeira? Por Quais Motivos os Demonstrativos Financeiros Podem se Tornar Enganosos ou Tendenciosos?

 



A Contabilidade Gerencial é uma área em que os seus profissionais – principalmente os contadores – atuam de forma colaborativa na gestão da organização, utilizando dados financeiros a fim de produzir relatórios que auxiliem no processo de tomada de decisão gerencial. Um dos principais objetivos da Contabilidade Gerencial é a construção de um banco de dados que permita a sua utilização de forma flexível, pelos diversos tipos de usuários. Para atender às necessidades dos gestores em suas funções de controle e decisão, utiliza-se desse banco de dados para gerar relatórios com informações relativas aos dados econômicos e financeiros, os quais serão úteis no auxílio às análises e às tomadas de decisões.

Essas funções – de controle e decisão – necessitam de informações precisas e realistas que permitam comparações e análises dos valores e de suas variações. Assim, alguns princípios – que geralmente são aceitos na Contabilidade Financeira – poderão sofrer adaptações na Contabilidade Gerencial, para o atendimento dessas necessidades. É fundamental, na formação do banco de dados, a apuração dos custos, o controle de estoques, a departamentalização da entidade, os rateios de custos indiretos, as horas de produção, o controle efetivo dos gastos e dos investimentos, a formação dos preços de vendas etc.

 

O Conceito de Contabilidade

 

A Contabilidade é a ciência que, através de seus princípios e conceitos, registra as transações financeiras de forma que permite o controle efetivo do patrimônio de uma entidade. Seu principal objetivo é a construção de um arquivo básico de informação contábil que deve ser utilizada de forma mais flexível por vários tipos de usuários, cada um com ênfases diferentes neste ou naquele tipo de informação, neste ou naquele princípio de avaliação, porém extraídos todos os informes do arquivo básico ou data base, estabelecida pela Contabilidade. ([1]).

 

Contabilidade Financeira ou Geral

 

Alguns autores afirmam que a Contabilidade Financeira (ou Geral) é a ciência que estuda, pratica, controla e interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro, a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza econômica.

 

Principais Diferenças entre a Contabilidade Financeira e Gerencial

 

A Contabilidade Financeira e a Contabilidade Administrativa teriam melhores denominações se fossem chamadas respectivamente de Contabilidade Externa e Contabilidade Interna ([2]). Esse mesmo autor (HORNGREN, p. 18) faz a seguinte distinção entre a Contabilidade Financeira (Geral) e a Gerencial (Administrativa): A Contabilidade Financeira enfatiza o preparo de relatórios de uma organização para externos, como, por exemplo, bancos e o público investidor. Já a Contabilidade Administrativa enfatiza o preparo de relatórios para os usuários internos, como os presidentes, os reitores e os chefes de equipes.

A Contabilidade Financeira (Geral), por ser uma ciência social, é universal, a qual obedece aos princípios e às convenções contábeis geralmente aceitos que, em muitos casos, são passíveis de adaptações em função do próprio ambiente interno (mercado e política econômica e financeira), de cada um dos países onde é praticada. A forma e a falta de padronização de apresentação das informações de desempenho pela Contabilidade Financeira trazem dificuldades para os gestores (usuários internos) em suas análises e tomadas de decisões.

A Contabilidade Gerencial, por meio de informações mais precisas e atualizadas, permite a elaboração de relatórios gerenciais, tornando-os uma ferramenta útil que auxiliará o gestor em suas funções de análise e controle. São vários os usuários da Contabilidade Financeira e da Gerencial. Como em muitos casos seus interesses são diferentes, utilizam-se das informações contábeis geradas para a compreensão e obtenção de dados que os auxiliem em análises e/ou tomadas de decisões.

 

Princípios Contábeis X Princípios Administrativos

 

Os princípios contábeis geralmente aceitos são um conjunto de regras geralmente aceitas nos meios contábeis que norteiam o profissional contador. Os princípios administrativos são princípios aplicados à Contabilidade Gerencial que permitem aos diversos tipos de gestores a utilização dos demonstrativos contábeis gerenciais em tomada de decisão, por meio de análises, em função do conhecimento dos critérios adotados na elaboração dessas demonstrações.

 

Deficiências Gerenciais das Demonstrações Financeiras Legais

 

A informação contábil é uma ferramenta extremamente importante para o sucesso de qualquer empresa, mas não deve apenas se restringir ao atendimento das determinações legais, pois deve contribuir decisivamente para a tomada de decisão pelos gestores da empresa, bem como por outros usuários interessados nas informações (como acionistas, investidores, empregados etc.). Assim, torna-se necessário proporcionar informações que satisfaçam efetivamente a todos esses usuários.

É preciso haver a conscientização sobre a importância de fortalecer as divulgações das informações contábeis, tornando seus relatórios públicos e transparentes com o objetivo de crescimento interno das empresas e de melhorar o processo de comunicação com os usuários das informações. Tal fato proporcionará uma maior eficácia na gestão das instituições e a consequente valorização do profissional contábil. Por diversas razões, os demonstrativos contábeis podem apresentar erros ou omissões, tornando-se enganosos, tendenciosos ou dolosos ([3]) por causa de interesses políticos ou pressões de empresários. Em sua obra – Teoria da Contabilidade – IUDÍCIBUS destaca os motivos pelos quais os demonstrativos se tornariam enganosos ou tendenciosos, caso não fossem observados:

 

·        Uso de procedimentos que afetam significativamente as apresentações do balanço geral comparados com métodos alternativos que o leitor poderia supor na falta de evidenciação;

·        Mudança material nos procedimentos de um exercício para outro;

·        Eventos ou relações significativas, não derivados de atividades normais;

·        Contratos ou acordos especiais, que afetam as relações das partes envolvidas;

·        Mudanças significativas ou eventos que afetariam normalmente as expectativas;

·        Mudanças materiais nas atividades ou operações que afetariam as decisões relativas à empresa.

 

Ainda segundo o autor (1977), deixar de evidenciar qualquer um desses itens sujeitaria o usuário a riscos como dualidade de interpretação, falta de conteúdo e clareza e perda da capacidade de predição, impossibilitando-o de tomar decisões baseadas nas informações. Deve ser exigido cuidado, a fim de assegurar que a informação seja plena e completa e que todos os fatos materiais não apresentados nos demonstrativos possam ser evidenciados.

Por não existir uma padronização das evidenciações nas demonstrações financeiras mundialmente, a quantidade de informação de caráter obrigatório varia de país para país. E, o que é considerado obrigatório em determinado país, pode ser voluntário em outro, dificultando a comparabilidade, que somente será solucionada quando da uniformidade em diferentes países. Em economias inflacionárias alguns dos princípios contábeis geralmente aceitos – com destaque ao Custo Como Base de Valor – fazem com que os dados contábeis se tornem valores históricos, dificultando o entendimento dos relatórios financeiros para análises e tomadas de decisões.

 

·        Registros dos Fatos Ocorridos: Segundo IUDÍCIBUS (1997), os relatórios contábeis deveriam atender às necessidades informativas do maior número possível de usuários e às características da previsão: “Os relatórios contábeis tradicionais deveriam ter poder preditivo e vir acompanhados de quadros informativos suplementares, demonstrando informações históricas e preditivas sobre indicadores de interesse para vários usuários. ” (p. 23).

·        Conceitos e Princípios Administrativos: Uma das maneiras de atender às necessidades apontadas nos tópicos anteriores é a adoção de princípios que classificamos como administrativos, transformando os fatos contábeis ocorridos com valores históricos em informações atualizadas e preditivas.

·        Relatórios Financeiros (Valores Atualizados): Eliminação dos efeitos inflacionários. Um cuidado especial deve ser tomado com relação à comparabilidade dos valores no tempo. Ao utilizarem-se os dados contábeis para fins gerenciais, deve ser dada atenção especial aos efeitos inflacionários, os quais devem ser eliminados, tornando os relatórios financeiros atualizados ferramentas úteis em análises para tomada de decisões.

 

 

REFERÊNCIAS

 

HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Contabilidade de custos. Rio de Janeiro: LTC, 2000.

IUDÍCIBUS, S. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1981.

______. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998.



([1])   IUDÍCIBUS, S. Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1981.

 

([2])  HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.; DATAR, S. M. Contabilidade de custos. Rio de Janeiro: LTC, 2000. p. 17

([3])  Em que há dolo; que procede com dolo; que é causado por dolo. Enganador. Sinônimos de Doloso: ardiloso; embusteiro; enganador; falaz; impostor; mentiroso etc.


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