Qual o Principal Objetivo da Contabilidade Gerencial? Quais
as Principais Diferenças Entre a Contabilidade Gerencial e a Financeira? Por
Quais Motivos os Demonstrativos Financeiros Podem se Tornar Enganosos ou
Tendenciosos?
A Contabilidade Gerencial é uma área em que os seus profissionais – principalmente os contadores – atuam de forma colaborativa na gestão da organização, utilizando dados financeiros a fim de produzir relatórios que auxiliem no processo de tomada de decisão gerencial. Um dos principais objetivos da Contabilidade Gerencial é a construção de um banco de dados que permita a sua utilização de forma flexível, pelos diversos tipos de usuários. Para atender às necessidades dos gestores em suas funções de controle e decisão, utiliza-se desse banco de dados para gerar relatórios com informações relativas aos dados econômicos e financeiros, os quais serão úteis no auxílio às análises e às tomadas de decisões.
Essas funções – de controle e
decisão – necessitam de informações precisas e realistas que permitam
comparações e análises dos valores e de suas variações. Assim, alguns princípios
– que geralmente são aceitos na Contabilidade Financeira – poderão sofrer
adaptações na Contabilidade Gerencial, para o atendimento dessas necessidades. É
fundamental, na formação do banco de dados, a apuração dos custos, o controle
de estoques, a departamentalização da entidade, os rateios de custos indiretos,
as horas de produção, o controle efetivo dos gastos e dos investimentos, a formação
dos preços de vendas etc.
O Conceito de
Contabilidade
A Contabilidade é a ciência que,
através de seus princípios e conceitos, registra as transações financeiras de
forma que permite o controle efetivo do patrimônio de uma entidade. Seu
principal objetivo é a construção de um arquivo básico de informação contábil
que deve ser utilizada de forma mais flexível por vários tipos de usuários,
cada um com ênfases diferentes neste ou naquele tipo de informação, neste ou
naquele princípio de avaliação, porém extraídos todos os informes do arquivo
básico ou data base, estabelecida pela Contabilidade. ([1]).
Contabilidade
Financeira ou Geral
Alguns autores afirmam que a
Contabilidade Financeira (ou Geral) é a ciência que estuda, pratica, controla e
interpreta os fatos ocorridos no patrimônio das entidades, mediante o registro,
a demonstração expositiva e a revelação desses fatos, com o fim de oferecer
informações sobre a composição do patrimônio, suas variações e o resultado
econômico decorrente da gestão da riqueza econômica.
Principais Diferenças
entre a Contabilidade Financeira e Gerencial
A Contabilidade Financeira e a Contabilidade Administrativa teriam melhores denominações se fossem chamadas respectivamente de Contabilidade Externa e Contabilidade Interna ([2]). Esse mesmo autor (HORNGREN, p. 18) faz a seguinte distinção entre a Contabilidade Financeira (Geral) e a Gerencial (Administrativa): A Contabilidade Financeira enfatiza o preparo de relatórios de uma organização para externos, como, por exemplo, bancos e o público investidor. Já a Contabilidade Administrativa enfatiza o preparo de relatórios para os usuários internos, como os presidentes, os reitores e os chefes de equipes.
A Contabilidade Financeira (Geral),
por ser uma ciência social, é universal, a qual obedece aos princípios e às
convenções contábeis geralmente aceitos que, em muitos casos, são passíveis de
adaptações em função do próprio ambiente interno (mercado e política econômica
e financeira), de cada um dos países onde é praticada. A forma e a falta de
padronização de apresentação das informações de desempenho pela Contabilidade
Financeira trazem dificuldades para os gestores (usuários internos) em suas
análises e tomadas de decisões.
A Contabilidade Gerencial, por
meio de informações mais precisas e atualizadas, permite a elaboração de
relatórios gerenciais, tornando-os uma ferramenta útil que auxiliará o gestor
em suas funções de análise e controle. São vários os usuários da Contabilidade
Financeira e da Gerencial. Como em muitos casos seus interesses são diferentes,
utilizam-se das informações contábeis geradas para a compreensão e obtenção de
dados que os auxiliem em análises e/ou tomadas de decisões.
Princípios Contábeis
X Princípios Administrativos
Os princípios contábeis geralmente aceitos são um conjunto de regras geralmente aceitas nos meios contábeis que norteiam o profissional contador. Os princípios administrativos são princípios aplicados à Contabilidade Gerencial que permitem aos diversos tipos de gestores a utilização dos demonstrativos contábeis gerenciais em tomada de decisão, por meio de análises, em função do conhecimento dos critérios adotados na elaboração dessas demonstrações.
Deficiências
Gerenciais das Demonstrações Financeiras Legais
A informação contábil é uma ferramenta extremamente importante para o sucesso de qualquer empresa, mas não deve apenas se restringir ao atendimento das determinações legais, pois deve contribuir decisivamente para a tomada de decisão pelos gestores da empresa, bem como por outros usuários interessados nas informações (como acionistas, investidores, empregados etc.). Assim, torna-se necessário proporcionar informações que satisfaçam efetivamente a todos esses usuários.
É preciso haver a conscientização
sobre a importância de fortalecer as divulgações das informações contábeis, tornando
seus relatórios públicos e transparentes com o objetivo de crescimento interno
das empresas e de melhorar o processo de comunicação com os usuários das
informações. Tal fato proporcionará uma maior eficácia na gestão das
instituições e a consequente valorização do profissional contábil. Por diversas
razões, os demonstrativos contábeis podem apresentar erros ou omissões,
tornando-se enganosos, tendenciosos ou dolosos ([3])
por causa de interesses políticos ou pressões de empresários. Em sua obra –
Teoria da Contabilidade – IUDÍCIBUS destaca os motivos pelos quais os
demonstrativos se tornariam enganosos ou tendenciosos, caso não fossem
observados:
·
Uso de procedimentos que afetam
significativamente as apresentações do balanço geral comparados com métodos
alternativos que o leitor poderia supor na falta de evidenciação;
·
Mudança material nos procedimentos de um
exercício para outro;
·
Eventos ou relações significativas, não
derivados de atividades normais;
·
Contratos ou acordos especiais, que afetam as
relações das partes envolvidas;
·
Mudanças significativas ou eventos que afetariam
normalmente as expectativas;
·
Mudanças materiais nas atividades ou operações
que afetariam as decisões relativas à empresa.
Ainda segundo o autor (1977),
deixar de evidenciar qualquer um desses itens sujeitaria o usuário a riscos
como dualidade de interpretação, falta de conteúdo e clareza e perda da
capacidade de predição, impossibilitando-o de tomar decisões baseadas nas
informações. Deve ser exigido cuidado, a fim de assegurar que a informação seja
plena e completa e que todos os fatos materiais não apresentados nos
demonstrativos possam ser evidenciados.
Por não existir uma padronização
das evidenciações nas demonstrações financeiras mundialmente, a quantidade de
informação de caráter obrigatório varia de país para país. E, o que é
considerado obrigatório em determinado país, pode ser voluntário em outro,
dificultando a comparabilidade, que somente será solucionada quando da
uniformidade em diferentes países. Em economias inflacionárias alguns dos
princípios contábeis geralmente aceitos – com destaque ao Custo Como Base de
Valor – fazem com que os dados contábeis se tornem valores históricos,
dificultando o entendimento dos relatórios financeiros para análises e tomadas
de decisões.
·
Registros dos Fatos Ocorridos: Segundo IUDÍCIBUS
(1997), os relatórios contábeis deveriam atender às necessidades informativas
do maior número possível de usuários e às características da previsão: “Os
relatórios contábeis tradicionais deveriam ter poder preditivo e vir
acompanhados de quadros informativos suplementares, demonstrando informações
históricas e preditivas sobre indicadores de interesse para vários usuários. ”
(p. 23).
·
Conceitos e Princípios Administrativos: Uma
das maneiras de atender às necessidades apontadas nos tópicos anteriores é a
adoção de princípios que classificamos como administrativos, transformando os
fatos contábeis ocorridos com valores históricos em informações atualizadas e
preditivas.
·
Relatórios Financeiros (Valores Atualizados):
Eliminação dos efeitos inflacionários. Um cuidado especial deve ser tomado com
relação à comparabilidade dos valores no tempo. Ao utilizarem-se os dados
contábeis para fins gerenciais, deve ser dada atenção especial aos efeitos
inflacionários, os quais devem ser eliminados, tornando os relatórios
financeiros atualizados ferramentas úteis em análises para tomada de decisões.
REFERÊNCIAS
HORNGREN, C. T.; FOSTER, G.;
DATAR, S. M. Contabilidade de custos. Rio de Janeiro: LTC, 2000.
IUDÍCIBUS, S. Teoria da
contabilidade. São Paulo: Atlas, 1981.
______. Contabilidade gerencial.
6. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
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