segunda-feira, 15 de agosto de 2022

A AMÉRICA LATINA no SÉCULO XX

 

Qual era a Base da Economia Latino-Americana no Início do Século 20? Qual Era o Papel das Oligarquias Rurais? O Que Representava a Aliança Para o Progresso?

 



O século XX foi para a América Latina um período de prodigioso crescimento demográfico, pois a população aumentou de 63 milhões no início do século para 460 milhões em 1985.

Essa explosão demográfica foi – em parte – favorecida pela imigração europeia, canalizada para a Argentina, Uruguai, Chile e Brasil onde reforçou as classes médias e o proletariado urbano.

Na maioria dos países latino-americanos a economia ainda era de base agrícola, sendo a produção orientada para o mercado internacional. O que chama a atenção na estrutura agrária da América Latina é a grande concentração da propriedade em relativamente poucas unidades de grande tamanho e, de outro lado, o grande número de unidades extremamente pequenas.

É bastante significativo o fato de 90% das terras agrícolas pertencerem a 10% dos proprietários e de que somente 1/5 das terras cultiváveis serem aproveitadas, resultando no fato de que uma grande maioria da população rural não possuir terras.

A produtividade agrícola é reduzida, em parte por causa do primarismo das técnicas e métodos de exploração das terras. Lá existe uma tendência à monocultura.

Reformas agrárias foram realizadas no México, na Bolívia, em Cuba (1959) e, mais recentemente, no Chile e no Peru. O desenvolvimento industrial tem sido mais acelerado por fatores externos.

Foram as duas guerras mundiais e a Grande Depressão que determinaram o impulso de uma produção nacional, em substituição aos produtos industriais que os EUA e a Europa não podiam momentaneamente fornecer.

Uma vez que a industrialização se fizesse sentir na produção de bens de consumo, a diversificação econômica conduziu a modificações na estrutura social, onde novas classes dissociadas das oligarquias rurais tentaram conquistar o poder e empreender reformas.

Daí o surgiu o Populismo, cujas primeiras manifestações se encontram na década de 30. Apesar das controversas existentes, o Populismo constituiu um fenômeno ligado a tentativas de ruptura com a subordinação ao capital estrangeiro.

Sob a direção de setores da burguesia nacional urbana, organizaram-se movimentos e governos populistas empenhados em transformar o Estado oligárquico agroexportador (tradicional, arcaico e rural) em um Estado industrial (moderno, urbano e industrial).

Essa transformação manteria o capitalismo como sistema econômico, embora as lideranças populistas usassem uma fraseologia revolucionária.

Os Estados Unidos exerceram enorme influência sobre os países da América Latina, criando verdadeira dependência política, cultural, técnica, econômica e militar.

Com a Primeira Guerra Mundial, os EUA, aproveitando-se do enfraquecimento da Europa, converteram-se em clientes, banqueiros e vendedores de produtos industrializados à América Latina. Tal fato, provocou reações das mais variadas possíveis.

A Segunda Guerra e a Guerra Fria levaram os EUA a reforçar os laços com os Estados Latino-Americanos, tanto mais que a Revolução Cubana acabou conduzindo à organização de um Estado Socialista, desvinculado dos EUA e ligado à URSS; daí a Aliança Para o Progresso – idealizada por Kennedy – que estabelecia a cooperação técnica e financeira às nações latino-americanas, a fim de promoverem reformas estruturais que eram necessárias ao desenvolvimento socioeconômico.

Essas reformas visavam aumentar o consumo da América Latina a fim de melhor atender ao comércio exportador americano e também impedir a ocorrência de revoluções que pudessem levar ao Comunismo.

O presidente Nixon impôs a diretriz de “mais comércio e menos ajuda”. Contudo, havia disparidade entre os preços de exportação e de importação, pois os primeiros tendiam a baixar, ao passo que continuavam a subir os preços dos produtos industrializados que a América Latina necessitava importar.

O protecionismo americano, as barreiras criadas pelo Mercado Comum Europeu (atual União Europeia), as discriminações levantadas pela Comunidade Britânica e as reduzidas demandas do antigo Mundo Socialista criaram problemas para o comércio exportador latino-americano e acentuaram o desequilíbrio do valor da balança comercial.

Constatou-se então uma retração dos mercados consumidores de produtos latino-americanos, simultaneamente a uma deterioração na capacidade de compra da América Latina, dado que as transações com o exterior provocaram o escoamento de divisas.

Nessas circunstâncias, o desenvolvimento econômico se tornou extremamente difícil e evidenciou a necessidade de integração econômica, a fim de que os países latino-americanos promovessem um esforço para lutar contra o subdesenvolvimento, conquistando a independência econômica, diversificando a economia e alterando seu papel na divisão internacional do trabalho.

A desintegração da URSS e do Mundo Socialista, pondo fim ao confronto capitalismo versus socialismo, somada à formação de megablocos comandados pela Alemanha, Japão e EUA levaram a novo projeto de integração econômica latino-americana: _ o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL).

O MERCOSUL reuniu Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, estabelecendo que após dezembro de 1994 haveria a redução das tarifas alfandegárias, a fixação de uma tarifa comum e a adoção de uma política comercial comum em relação a outros Estados. Decidiu-se ainda a livre circulação de bens de capitais e de pessoas entre os quatro associados.

Porém, entre os propósitos desse acordo e a realidade existem inúmeras contradições, principalmente entre as economias desiguais de alguns Estados associados – onde o Brasil e a Argentina apresentam maior desenvolvimento industrial – sem a elaboração de uma política agrícola, monetária, industrial e fiscal comum.

Em 1996 os quatro países decidiram admitir o Chile e a Bolívia no seu bloco econômico. Mas, o principal obstáculo à entrada do Chile no MERCOSUL provinha dos grandes fazendeiros chilenos, preocupados com os baixos preços dos produtos agrícolas importados. Por seu lado, os EUA pressionavam para a criação de uma zona de livre comércio na América – a Área de Livre Comércio das Américas, a ALCA – a fim de contrabalançar a influência do MERCOSUL e obter a hegemonia comercial no continente.

  

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