Qual era a Base da Economia
Latino-Americana no Início do Século 20? Qual Era o Papel das Oligarquias
Rurais? O Que Representava a Aliança Para o Progresso?
O século XX foi para a América Latina
um período de prodigioso crescimento demográfico, pois a população aumentou de
63 milhões no início do século para 460 milhões em 1985.
Essa explosão
demográfica foi – em parte – favorecida pela imigração europeia, canalizada
para a Argentina, Uruguai, Chile e Brasil onde reforçou as classes médias e o
proletariado urbano.
Na maioria dos países
latino-americanos a economia ainda era de base agrícola, sendo a produção
orientada para o mercado internacional. O que chama a atenção na estrutura
agrária da América Latina é a grande concentração da propriedade em
relativamente poucas unidades de grande tamanho e, de outro lado, o grande
número de unidades extremamente pequenas.
É bastante significativo o fato de
90% das terras agrícolas pertencerem a 10% dos proprietários e de que somente
1/5 das terras cultiváveis serem aproveitadas, resultando no fato de que uma
grande maioria da população rural não possuir terras.
A produtividade agrícola é reduzida,
em parte por causa do primarismo das técnicas e métodos de exploração das
terras. Lá existe uma tendência à monocultura.
Reformas agrárias foram realizadas no
México, na Bolívia, em Cuba (1959) e, mais recentemente, no Chile e no Peru. O
desenvolvimento industrial tem sido mais acelerado por fatores externos.
Foram as duas guerras mundiais e a
Grande Depressão que determinaram o impulso de uma produção nacional, em
substituição aos produtos industriais que os EUA e a Europa não podiam
momentaneamente fornecer.
Uma vez que a industrialização
se fizesse sentir na produção de bens de consumo, a diversificação econômica
conduziu a modificações na estrutura social, onde novas classes dissociadas das
oligarquias rurais tentaram conquistar o poder e empreender reformas.
Daí o surgiu o Populismo, cujas
primeiras manifestações se encontram na década de 30. Apesar das controversas
existentes, o Populismo constituiu um fenômeno ligado a tentativas de ruptura
com a subordinação ao capital estrangeiro.
Sob a direção de setores da burguesia
nacional urbana, organizaram-se movimentos e governos populistas empenhados em
transformar o Estado oligárquico agroexportador (tradicional, arcaico e rural)
em um Estado industrial (moderno, urbano e industrial).
Essa transformação manteria o
capitalismo como sistema econômico, embora as lideranças populistas usassem uma
fraseologia revolucionária.
Os Estados Unidos exerceram enorme
influência sobre os países da América Latina, criando verdadeira dependência
política, cultural, técnica, econômica e militar.
Com a Primeira Guerra Mundial, os
EUA, aproveitando-se do enfraquecimento da Europa, converteram-se em clientes,
banqueiros e vendedores de produtos industrializados à América Latina. Tal
fato, provocou reações das mais variadas possíveis.
A Segunda Guerra e a Guerra Fria
levaram os EUA a reforçar os laços com os Estados Latino-Americanos, tanto mais
que a Revolução Cubana acabou conduzindo à organização de um Estado Socialista,
desvinculado dos EUA e ligado à URSS; daí a Aliança Para o Progresso –
idealizada por Kennedy – que estabelecia a cooperação
técnica e financeira às nações latino-americanas, a fim de promoverem reformas
estruturais que eram necessárias ao desenvolvimento socioeconômico.
Essas reformas visavam aumentar o
consumo da América Latina a fim de melhor atender ao comércio exportador
americano e também impedir a ocorrência de revoluções que pudessem levar ao
Comunismo.
O presidente Nixon impôs a diretriz
de “mais comércio e menos ajuda”. Contudo, havia disparidade entre os preços de
exportação e de importação, pois os primeiros tendiam a baixar, ao passo que
continuavam a subir os preços dos produtos industrializados que a América
Latina necessitava importar.
O protecionismo americano, as
barreiras criadas pelo Mercado Comum Europeu (atual União Europeia), as
discriminações levantadas pela Comunidade Britânica e as reduzidas demandas do
antigo Mundo Socialista criaram problemas para o comércio exportador
latino-americano e acentuaram o desequilíbrio do valor da balança comercial.
Constatou-se então uma retração dos
mercados consumidores de produtos latino-americanos, simultaneamente a uma
deterioração na capacidade de compra da América Latina, dado que as transações
com o exterior provocaram o escoamento de divisas.
Nessas circunstâncias, o
desenvolvimento econômico se tornou extremamente difícil e evidenciou a
necessidade de integração econômica, a fim de que os países latino-americanos
promovessem um esforço para lutar contra o subdesenvolvimento, conquistando a
independência econômica, diversificando a economia e alterando seu papel na
divisão internacional do trabalho.
A desintegração da URSS e do Mundo
Socialista, pondo fim ao confronto capitalismo versus socialismo, somada à
formação de megablocos comandados pela Alemanha, Japão e EUA levaram a novo
projeto de integração econômica latino-americana: _ o Mercado Comum do Sul
(MERCOSUL).
O MERCOSUL reuniu Brasil, Argentina,
Paraguai e Uruguai, estabelecendo que após dezembro de 1994 haveria a redução
das tarifas
alfandegárias, a fixação de uma tarifa comum e a adoção de uma política
comercial comum em relação a outros Estados. Decidiu-se ainda a livre
circulação de bens de capitais e de pessoas entre os quatro associados.
Porém, entre os propósitos desse
acordo e a realidade existem inúmeras contradições, principalmente entre as
economias desiguais de alguns Estados associados – onde o Brasil e a Argentina
apresentam maior desenvolvimento industrial – sem a elaboração de uma política
agrícola, monetária, industrial e fiscal comum.
Em 1996 os quatro países decidiram
admitir o Chile e a Bolívia no seu bloco econômico. Mas, o principal obstáculo
à entrada do Chile no MERCOSUL provinha dos grandes fazendeiros chilenos,
preocupados com os baixos preços dos produtos agrícolas importados. Por seu
lado, os EUA pressionavam para a criação de uma zona de livre comércio na
América – a Área de Livre Comércio das Américas, a ALCA – a fim de
contrabalançar a influência do MERCOSUL e obter a hegemonia comercial no
continente.
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