segunda-feira, 24 de novembro de 2025

ADMINISTRAÇÃO: Princípios e Teorias Administrativas

 

Qual é a Tarefa Básica da Administração? Quais Eram os Sistemas Dominantes Nos Ciclos Evolutivos da Organização dos Grupos Sociais? Como se Caracterizou a Teoria Burocrática? 

 


A Administração de Empresas é uma das áreas do conhecimento humano completamente impregnadas de complexidades e de desafios e, ao tratar desse tema, Chiavenato (1986) afirma que a tarefa básica da Administração é fazer as coisas através das pessoas e que a tecnologia e o conhecimento por si só não produzem efeitos. Drucker (2002) diz que não existem países desenvolvidos ou subdesenvolvidos, mas sim, bem administrados ou mal administrados. O objetivo do estudo da administração sempre se concentra na organização das empresas, em tratar das variáveis complexas dos problemas das organizações e realizar a concepção de um sistema. A velocidade das mudanças é a mais espantosa característica de nossa época. No início da história das empresas, mal se percebiam as mudanças ocorridas, tal sua lentidão. O ritmo da evolução dessas mudanças foi se elevando à medida que passamos pelos diversos ciclos evolutivos da organização dos grupos sociais, definidos por cinco (5) sistemas dominantes:

 

·        Catar e caçar alimentos (grupos e tribos);

·        Plantar e domesticar (vilas e lugarejos);

·        Comércio e escrita (cidades e impérios);

·        Estágio da ciência (governos seculares, exploração geográfica, histórica, religiosa e científica);

·        Surgimento de grandes organizações;

·        Visibilidade das organizações.

 

A rápida evolução produzida pelo conhecimento da Administração trouxe alterações fundamentais na maneira de administrar empresas, sendo que as principais alterações foram:

 

·        Mudanças rápidas e inesperadas;

·        Crescimento em tamanho das organizações, tornando-se complexas e internacionais;

·        Atividades que exigem pessoas com diversidade de competências e alta especialização;

·        Crescimento das organizações;

·        Acirramento da concorrência;

·        Sofisticação e tecnologia;

·        Taxas de inflação;

·        Internacionalização dos negócios.

 

Teorias de Administração

 

O estudo das diversas maneiras em que se basearam as organizações para administrar sua gestão possibilita uma maior compreensão do processo administrativo e do funcionamento de uma empresa, permitindo entrar em contato com diferentes e complexas teorias, suas características, possibilidades de aplicação, aspectos positivos e negativos e seus principais pensadores. A chamada Teoria Geral da Administração começou com o que se denominou “ênfase nas tarefas” evoluindo através de teorias que buscavam privilegiar outras variáveis, como: estrutura, pessoas, ambiente e tecnologia.

 

Ênfase Nas Tarefas: Abordagem típica da Escola da Administração Científica, cujo nome deriva da tentativa de aplicar métodos científicos aos problemas da administração, a fim de alcançar elevada eficiência. Os principais métodos científicos utilizados são a observação e a mensuração. Criada no começo do século XX, pelo engenheiro Frederick W. Taylor, a abordagem provocou uma revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial da época ao focar suas preocupações iniciais na eliminação do desperdício e das perdas sofridas pela indústria e na elevação dos níveis de produtividade por meio de métodos e técnicas de engenharia. A Administração Científica preocupou-se inicialmente com o trabalho individual de cada operário tomado individualmente, pois até aquele momento o operário decidia, por sua própria experiência, como deveria realizar o trabalho, tendo como resultado uma profunda disparidade entre métodos de trabalho e uma dificuldade de supervisão, controle e padronização dos utensílios e ferramentas de trabalho. Para a solução destes problemas foram desenvolvidas ações como a retirada do trabalhador do direito de escolha da maneira de realizar a tarefa e a imposição de um método planejado e estudado previamente. A Escola da Administração Científica baseou-se em quatro (4) princípios:

 

·        Princípio do Planejamento: Que visa substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e a atuação empírico-prática, pelos métodos baseados em procedimentos científicos (planejamento do método);

·        Princípio do Preparo: através da seleção científica dos trabalhadores de acordo com suas aptidões, preparação e treinamento para produzirem mais e melhor, de acordo com método estabelecido;

·        Princípio do Controle: Pelo controle do trabalho para se certificar de que o mesmo está sendo executado de acordo com as normas estabelecidas e segundo o plano previsto, com a gerência devendo cooperar para que a execução seja a melhor possível;

·        Princípio da Execução: Com a preparação das máquinas e equipamentos de produção, bem como o arranjo físico e a disposição racional das ferramentas e dos materiais.

 

A técnica para se chegar ao método racional era o Estudo de Tempos e Movimentos, onde as atividades mais complexas eram subdivididas em atividades mais simples e estas em movimentos elementares, para facilitar racionalização e padronização. Os principais objetivos do Estudo de Tempos e Movimentos visam a reelaboração da tarefa, para fazer com que os movimentos sejam mais simples e rápidos; o desenvolvimento de padrões mais eficientes de movimento para os trabalhadores, para que possam fazer o trabalho mais rapidamente e com menor fadiga; o estabelecimento de padrões, para que certas tarefas sejam usadas como base para determinação de escalas de pagamento e como critérios de avaliação; o desenvolvimento de uma descrição completa de tarefas, para ajudar no processo de recrutamento e seleção de novos trabalhadores, orientação e treinamento. O próximo passo é estabelecer os tempos e padrões de produção por meio de cronometragem para definir o tempo médio necessário para a realização da tarefa e estabelecendo maneiras de garantir eficiência, pela seleção dos operários mais aptos e do treinamento na execução do método escolhido; pelo estabelecimento de condições ambientais de trabalho agradáveis para reduzir fadiga e de planos de incentivo salariais e prêmios por produtividade.

A Escola da Administração Científica permitiu a construção dos princípios da produção em massa:

 

·        Padronização;

·        Racionalização do trabalho;

·        Movimento ordenado do produto através de uma linha de montagem, numa série de operações planejadas em postos de trabalho específicos.

 

Ênfase na Estrutura Organizacional

 

Administrar significa planejar e organizar a estrutura dos órgãos e dos cargos que compõe a empresa, sendo que a eficiência da empresa é muito maior do que a soma da eficiência dos seus trabalhadores, devendo ser alcançada pela racionalidade, pela adequação dos meios (órgãos e cargos) aos fins que se deseja atingir. Representa uma enorme ampliação do objeto da Teoria da Administração, pois amplia a micro abordagem no nível individual de cada operário em relação à tarefa para o nível da empresa como uma totalidade organizacional. A abordagem relacionada com a estrutura organizacional foi estudada por três teorias: a Teoria Clássica, de Henri Fayol, a Teoria da Burocracia, de Max Weber e a Teoria Estruturalista, que se baseou na estrutura burocrática. A Teoria Clássica de Henri Fayol inaugurou uma abordagem anatômica e estrutural da empresa pela síntese dos diferentes órgãos que compõe a estrutura organizacional, suas relações e suas funções dentro do todo, substituindo a abordagem analítica e concreta de Frederick Taylor por uma abordagem sintética, global e universal. Fayol definiu seis funções básicas desempenhadas na empresa:

 

·        Funções técnicas – relacionadas com a produção de bens ou de serviços da empresa;

·        Funções comerciais – relacionadas com a compra, venda e permutação;

·        Funções financeiras – relacionadas com a procura e gerência de capitais;

·        Funções de segurança – relacionadas com a proteção dos bens da empresa;

·        Funções contábeis – relacionadas com inventários, registros, balanços e estatísticas;

·        Funções administrativas – relacionadas com a integração da cúpula com as cinco funções.

 

A Teoria da Burocracia identificou na organização formal certas características voltadas exclusivamente para a racionalidade e para a eficiência, tendo um enfoque eminentemente normativo e prescritivo, com uma grande preocupação com as regras do jogo. O tipo ideal de burocracia apresenta sete (7) dimensões:

 

·        Formalização – onde todas as atividades da organização são definidas por escrito (rotinas e procedimentos) e a organização opera de acordo com um conjunto de leis;

·        Divisão do trabalho – onde todos participantes têm cargos ou posição definidos com esfera específica de competência delimitada;

·        Princípio da hierarquia – a hierarquia bem definida de autoridade e os funcionários são submetidos a ordens impessoais;

·        Impessoalidade – o desempenho enfatizado no cargo e não nas pessoas que os ocupam;

·        Competência técnica – com a seleção e escolha baseada na competência técnica e qualificação profissional;

·        Separação entre propriedade e administração – os recursos utilizados pela organização burocrática para execução das tarefas não são propriedade dos burocratas;

·        Profissionalização do funcionário – os funcionários da burocracia são profissionais, especialistas em face da divisão do trabalho; assalariados de acordo com suas funções ou posição hierárquica; seu cargo é sua principal atividade na organização; são nomeados por seu superior imediato; seus mandatos são por tempo indeterminado; seguem carreiras dentro da instituição e não possuem a propriedade dos meios de produção da organização.

 

Em contrapartida ao estado ideal da burocracia encontramos fatores que representam as suas disfunções:

 

·        Despersonalização do relacionamento – pelo relacionamento com os ocupantes de cargos, e não com pessoas;

·        Internalização das diretrizes – quando as normas e regulamentos adquirem valor próprio;

·        Uso da categorização no processo decisório – com a tomada de decisão pelo funcionário de maior hierarquia;

·        Excesso de formalismo e de papelório – com a tendência a documentar e formalizar todas as comunicações, prejudicando o funcionamento;

·        Exibição de sinais de autoridade – pela necessidade de símbolos ou sinais que destaquem a autoridade e o poder;

·        Resistência a mudanças – por representarem ameaças à estabilidade;

·        Superconformidade quanto às regras e regulamentos – com as normas adquirindo importância fundamental para o funcionário;

·        Propensão a defesa de pressões externas – as pressões externas quanto à mudança, são percebidas como ameaça a organização e segurança pessoal.

 

Ênfase Nas Pessoas: Com esta abordagem a administração sofre uma verdadeira revolução, pois antes a ênfase era nas tarefas e na estrutura e agora o enfoque é nas pessoas. A máquina, o método de trabalho e a organização formal dão lugar aos aspectos sociológicos. É a chamada Abordagem Humanística, que pode ser desdobrada em duas escolas: a Escola das Relações Humanas, de Elton Mayo e a Teoria Comportamental, de Herbert A. Simon. A Escola das Relações Humanas de Elton Mayo fez a primeira colocação da abordagem humanística na empresa, substituindo tanto a abordagem analítica e concreta de Frederick Taylor como a abordagem sintética, global e universal de Henri Fayol. Desenvolvida a partir dos anos da década de 1930, com o desenvolvimento das ciências sociais, principalmente a psicologia, que passou a abordar dois (2) assuntos básicos: 

 

·        Análise do trabalho e a adaptação do trabalhador ao trabalho;

·        Adaptação do trabalho ao trabalhador.

 

Surgiu para democratizar e humanizar a administração das empresas e para fortalecer e reforçar seus pontos de vista renegou ou omitiu todos os conceitos da Teoria Clássica e da Burocracia, substituindo aqueles conceitos por outros desenvolvidos a partir da Psicologia e Sociologia Industrial, tais como a organização informal; a motivação; os incentivos sociais; a dinâmica de grupo; a comunicação e a liderança. O administrador da Teoria Clássica, técnico e voltado para os aspectos lógicos da organização, cede lugar para o administrador típico da Escola Humanística, voltado para os aspectos psicológicos e sociológicos da organização, onde as recompensas sociais e simbólicas são mais importantes que a necessidade de ganhar dinheiro, pois as necessidades psicológicas são mais motivantes no ser humano. A segunda abordagem humanística a abordagem comportamental deriva diretamente da Escola das Relações Humanas e também deixam de lado, num segundo plano, aspectos estruturais, dedicando-se somente aos aspectos comportamentais, procurando desenvolver e comparar estilos de administração capazes de potencializar as motivações dos participantes das organizações e reduzir os conflitos entre os objetivos organizacionais e individuais dos participantes.

 

Ênfase No Ambiente: A Teoria Geral dos Sistemas define que administrar é lidar com as demandas do ambiente e obter o máximo de eficácia da empresa, ao verificar que apenas o estudo das variáveis internas (endógenas), não proporcionava uma compreensão mais ampla da estrutura e dos comportamentos organizacionais. O estudo das variáveis externas (exógenas) situadas fora dos limites da empresa é necessário para uma correta verificação de sua influência na estrutura e funcionamento da organização. O Imperativo Ambiental procura explicar o determinismo das influências ambientais sobre as empresas. As características ambientais que circundam as empresas determinam a estrutura da empresa.

 

Ênfase Na Tecnologia: Para a Teoria da Contingência administrar é lidar com a tecnologia, visando extrair o máximo de eficiência. Com o advento da mecanização, da automação, da computação, da cibernética e mais recentemente da robótica, a tecnologia passou a moldar a estrutura e condicionar o funcionamento das organizações. A Administração Científica, em sua época, se preocupou com a tecnologia num nível restrito da tarefa individual. Hoje a preocupação com a tecnologia é o seu papel na determinação e no funcionamento das empresas. Imperativo Tecnológico, onde a tecnologia é prevalecente à estrutura organizacional da empresa.

 

REFERÊNCIAS

 

 

CHIAVENATTO, I. Introdução à Administração. São Paulo: Editora Atlas, 1986.

DRUCKER, P. F. Prática da Administração de Empresas. São Paulo: Editora Thomson/ Pioneira, 2002.

KATZ, D. KHAN. L. Psicologia Social das Organizações. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1987.

ROTH, Claudio Weissheimer. Gestão de Recursos. Santa Maria: CTI Universidade Federal de Santa Maria/Rede é-te, 2011.

 

 

https://www.facebook.com/juliocesar.s.santos

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