Qual é a Tarefa Básica da Administração? Quais Eram os
Sistemas Dominantes Nos Ciclos Evolutivos da Organização dos Grupos Sociais?
Como se Caracterizou a Teoria Burocrática?
A Administração de Empresas é uma das áreas do conhecimento humano completamente impregnadas de complexidades e de desafios e, ao tratar desse tema, Chiavenato (1986) afirma que a tarefa básica da Administração é fazer as coisas através das pessoas e que a tecnologia e o conhecimento por si só não produzem efeitos. Drucker (2002) diz que não existem países desenvolvidos ou subdesenvolvidos, mas sim, bem administrados ou mal administrados. O objetivo do estudo da administração sempre se concentra na organização das empresas, em tratar das variáveis complexas dos problemas das organizações e realizar a concepção de um sistema. A velocidade das mudanças é a mais espantosa característica de nossa época. No início da história das empresas, mal se percebiam as mudanças ocorridas, tal sua lentidão. O ritmo da evolução dessas mudanças foi se elevando à medida que passamos pelos diversos ciclos evolutivos da organização dos grupos sociais, definidos por cinco (5) sistemas dominantes:
·
Catar e caçar alimentos (grupos e tribos);
·
Plantar e domesticar (vilas e lugarejos);
·
Comércio e escrita (cidades e impérios);
·
Estágio da ciência (governos seculares,
exploração geográfica, histórica, religiosa e científica);
·
Surgimento de grandes organizações;
·
Visibilidade das organizações.
A rápida evolução produzida pelo
conhecimento da Administração trouxe alterações fundamentais na maneira de
administrar empresas, sendo que as principais alterações foram:
·
Mudanças rápidas e inesperadas;
·
Crescimento em tamanho das organizações,
tornando-se complexas e internacionais;
·
Atividades que exigem pessoas com diversidade de
competências e alta especialização;
·
Crescimento das organizações;
·
Acirramento da concorrência;
·
Sofisticação e tecnologia;
·
Taxas de inflação;
·
Internacionalização dos negócios.
Teorias de Administração
O estudo das diversas maneiras em
que se basearam as organizações para administrar sua gestão possibilita uma
maior compreensão do processo administrativo e do funcionamento de uma empresa,
permitindo entrar em contato com diferentes e complexas teorias, suas
características, possibilidades de aplicação, aspectos positivos e negativos e
seus principais pensadores. A chamada Teoria Geral da Administração começou com
o que se denominou “ênfase nas tarefas” evoluindo através de teorias que buscavam
privilegiar outras variáveis, como: estrutura, pessoas, ambiente e tecnologia.
Ênfase Nas Tarefas: Abordagem
típica da Escola da Administração Científica, cujo nome deriva da tentativa de
aplicar métodos científicos aos problemas da administração, a fim de alcançar
elevada eficiência. Os principais métodos científicos utilizados são a
observação e a mensuração. Criada no começo do século XX, pelo engenheiro
Frederick W. Taylor, a abordagem provocou uma revolução no pensamento
administrativo e no mundo industrial da época ao focar suas preocupações
iniciais na eliminação do desperdício e das perdas sofridas pela indústria e na
elevação dos níveis de produtividade por meio de métodos e técnicas de
engenharia. A Administração Científica preocupou-se inicialmente com o trabalho
individual de cada operário tomado individualmente, pois até aquele momento o
operário decidia, por sua própria experiência, como deveria realizar o
trabalho, tendo como resultado uma profunda disparidade entre métodos de trabalho
e uma dificuldade de supervisão, controle e padronização dos utensílios e
ferramentas de trabalho. Para a solução destes problemas foram desenvolvidas
ações como a retirada do trabalhador do direito de escolha da maneira de
realizar a tarefa e a imposição de um método planejado e estudado previamente. A
Escola da Administração Científica baseou-se em quatro (4) princípios:
·
Princípio do Planejamento: Que visa
substituir no trabalho o critério individual do operário, a improvisação e a
atuação empírico-prática, pelos métodos baseados em procedimentos científicos
(planejamento do método);
·
Princípio do Preparo: através da seleção
científica dos trabalhadores de acordo com suas aptidões, preparação e
treinamento para produzirem mais e melhor, de acordo com método estabelecido;
·
Princípio do Controle: Pelo controle do
trabalho para se certificar de que o mesmo está sendo executado de acordo com
as normas estabelecidas e segundo o plano previsto, com a gerência devendo
cooperar para que a execução seja a melhor possível;
·
Princípio da Execução: Com a preparação
das máquinas e equipamentos de produção, bem como o arranjo físico e a
disposição racional das ferramentas e dos materiais.
A técnica para se chegar ao
método racional era o Estudo de Tempos e Movimentos, onde as atividades mais
complexas eram subdivididas em atividades mais simples e estas em movimentos
elementares, para facilitar racionalização e padronização. Os principais
objetivos do Estudo de Tempos e Movimentos visam a reelaboração da tarefa, para
fazer com que os movimentos sejam mais simples e rápidos; o desenvolvimento de
padrões mais eficientes de movimento para os trabalhadores, para que possam
fazer o trabalho mais rapidamente e com menor fadiga; o estabelecimento de
padrões, para que certas tarefas sejam usadas como base para determinação de
escalas de pagamento e como critérios de avaliação; o desenvolvimento de uma
descrição completa de tarefas, para ajudar no processo de recrutamento e
seleção de novos trabalhadores, orientação e treinamento. O próximo passo é
estabelecer os tempos e padrões de produção por meio de cronometragem para
definir o tempo médio necessário para a realização da tarefa e estabelecendo
maneiras de garantir eficiência, pela seleção dos operários mais aptos e do
treinamento na execução do método escolhido; pelo estabelecimento de condições
ambientais de trabalho agradáveis para reduzir fadiga e de planos de incentivo
salariais e prêmios por produtividade.
A Escola da Administração
Científica permitiu a construção dos princípios da produção em massa:
·
Padronização;
·
Racionalização do trabalho;
·
Movimento ordenado do produto através de uma
linha de montagem, numa série de operações planejadas em postos de trabalho
específicos.
Ênfase na Estrutura Organizacional
Administrar significa planejar e
organizar a estrutura dos órgãos e dos cargos que compõe a empresa, sendo que a
eficiência da empresa é muito maior do que a soma da eficiência dos seus
trabalhadores, devendo ser alcançada pela racionalidade, pela adequação dos
meios (órgãos e cargos) aos fins que se deseja atingir. Representa uma enorme
ampliação do objeto da Teoria da Administração, pois amplia a micro abordagem
no nível individual de cada operário em relação à tarefa para o nível da
empresa como uma totalidade organizacional. A abordagem relacionada com a
estrutura organizacional foi estudada por três teorias: a Teoria Clássica, de
Henri Fayol, a Teoria da Burocracia, de Max Weber e a Teoria Estruturalista,
que se baseou na estrutura burocrática. A Teoria Clássica de Henri Fayol
inaugurou uma abordagem anatômica e estrutural da empresa pela síntese dos
diferentes órgãos que compõe a estrutura organizacional, suas relações e suas
funções dentro do todo, substituindo a abordagem analítica e concreta de
Frederick Taylor por uma abordagem sintética, global e universal. Fayol
definiu seis funções básicas desempenhadas na empresa:
·
Funções técnicas – relacionadas com a
produção de bens ou de serviços da empresa;
·
Funções comerciais – relacionadas com a
compra, venda e permutação;
·
Funções financeiras – relacionadas com a
procura e gerência de capitais;
·
Funções de segurança – relacionadas com a
proteção dos bens da empresa;
·
Funções contábeis – relacionadas com
inventários, registros, balanços e estatísticas;
·
Funções administrativas – relacionadas com
a integração da cúpula com as cinco funções.
A Teoria da Burocracia
identificou na organização formal certas características voltadas
exclusivamente para a racionalidade e para a eficiência, tendo um enfoque
eminentemente normativo e prescritivo, com uma grande preocupação com as regras
do jogo. O tipo ideal de burocracia apresenta sete (7) dimensões:
·
Formalização – onde todas as atividades da
organização são definidas por escrito (rotinas e procedimentos) e a organização
opera de acordo com um conjunto de leis;
·
Divisão do trabalho – onde todos
participantes têm cargos ou posição definidos com esfera específica de
competência delimitada;
·
Princípio da hierarquia – a hierarquia bem
definida de autoridade e os funcionários são submetidos a ordens impessoais;
·
Impessoalidade – o desempenho enfatizado no
cargo e não nas pessoas que os ocupam;
·
Competência técnica – com a seleção e
escolha baseada na competência técnica e qualificação profissional;
·
Separação entre propriedade e
administração – os recursos utilizados pela organização burocrática para
execução das tarefas não são propriedade dos burocratas;
·
Profissionalização do funcionário – os
funcionários da burocracia são profissionais, especialistas em face da divisão do
trabalho; assalariados de acordo com suas funções ou posição hierárquica; seu
cargo é sua principal atividade na organização; são nomeados por seu superior
imediato; seus mandatos são por tempo indeterminado; seguem carreiras dentro da
instituição e não possuem a propriedade dos meios de produção da organização.
Em contrapartida ao estado ideal
da burocracia encontramos fatores que representam as suas disfunções:
·
Despersonalização do relacionamento – pelo
relacionamento com os ocupantes de cargos, e não com pessoas;
·
Internalização das diretrizes – quando as
normas e regulamentos adquirem valor próprio;
·
Uso da categorização no processo decisório
– com a tomada de decisão pelo funcionário de maior hierarquia;
·
Excesso de formalismo e de papelório – com
a tendência a documentar e formalizar todas as comunicações, prejudicando o
funcionamento;
·
Exibição de sinais de autoridade – pela
necessidade de símbolos ou sinais que destaquem a autoridade e o poder;
·
Resistência a mudanças – por representarem
ameaças à estabilidade;
·
Superconformidade quanto às regras e
regulamentos – com as normas adquirindo importância fundamental para o
funcionário;
·
Propensão a defesa de pressões externas –
as pressões externas quanto à mudança, são percebidas como ameaça a organização
e segurança pessoal.
Ênfase Nas Pessoas: Com
esta abordagem a administração sofre uma verdadeira revolução, pois antes a
ênfase era nas tarefas e na estrutura e agora o enfoque é nas pessoas. A
máquina, o método de trabalho e a organização formal dão lugar aos aspectos
sociológicos. É a chamada Abordagem Humanística, que pode ser desdobrada em
duas escolas: a Escola das Relações Humanas, de Elton Mayo e a Teoria
Comportamental, de Herbert A. Simon. A Escola das Relações Humanas de Elton
Mayo fez a primeira colocação da abordagem humanística na empresa, substituindo
tanto a abordagem analítica e concreta de Frederick Taylor como a abordagem
sintética, global e universal de Henri Fayol. Desenvolvida a partir dos anos da
década de 1930, com o desenvolvimento das ciências sociais, principalmente a
psicologia, que passou a abordar dois (2) assuntos básicos:
·
Análise do trabalho e a adaptação do trabalhador
ao trabalho;
·
Adaptação do trabalho ao trabalhador.
Surgiu para democratizar e
humanizar a administração das empresas e para fortalecer e reforçar seus pontos
de vista renegou ou omitiu todos os conceitos da Teoria Clássica e da
Burocracia, substituindo aqueles conceitos por outros desenvolvidos a partir da
Psicologia e Sociologia Industrial, tais como a organização informal; a
motivação; os incentivos sociais; a dinâmica de grupo; a comunicação e a
liderança. O administrador da Teoria Clássica, técnico e voltado para os
aspectos lógicos da organização, cede lugar para o administrador típico da
Escola Humanística, voltado para os aspectos psicológicos e sociológicos da
organização, onde as recompensas sociais e simbólicas são mais importantes que
a necessidade de ganhar dinheiro, pois as necessidades psicológicas são mais
motivantes no ser humano. A segunda abordagem humanística a abordagem
comportamental deriva diretamente da Escola das Relações Humanas e também
deixam de lado, num segundo plano, aspectos estruturais, dedicando-se somente
aos aspectos comportamentais, procurando desenvolver e comparar estilos de
administração capazes de potencializar as motivações dos participantes das
organizações e reduzir os conflitos entre os objetivos organizacionais e
individuais dos participantes.
Ênfase No Ambiente: A
Teoria Geral dos Sistemas define que administrar é lidar com as demandas do
ambiente e obter o máximo de eficácia da empresa, ao verificar que apenas o
estudo das variáveis internas (endógenas), não proporcionava uma compreensão
mais ampla da estrutura e dos comportamentos organizacionais. O estudo das
variáveis externas (exógenas) situadas fora dos limites da empresa é necessário
para uma correta verificação de sua influência na estrutura e funcionamento da
organização. O Imperativo Ambiental procura explicar o determinismo das
influências ambientais sobre as empresas. As características ambientais que
circundam as empresas determinam a estrutura da empresa.
Ênfase Na Tecnologia: Para
a Teoria da Contingência administrar é lidar com a tecnologia, visando extrair
o máximo de eficiência. Com o advento da mecanização, da automação, da
computação, da cibernética e mais recentemente da robótica, a tecnologia passou
a moldar a estrutura e condicionar o funcionamento das organizações. A
Administração Científica, em sua época, se preocupou com a tecnologia num nível
restrito da tarefa individual. Hoje a preocupação com a tecnologia é o seu
papel na determinação e no funcionamento das empresas. Imperativo
Tecnológico, onde a tecnologia é prevalecente à estrutura organizacional da
empresa.
REFERÊNCIAS
CHIAVENATTO, I. Introdução à Administração. São Paulo: Editora Atlas, 1986.
DRUCKER, P. F. Prática da Administração de Empresas. São
Paulo: Editora Thomson/ Pioneira, 2002.
KATZ, D. KHAN.
L. Psicologia Social das Organizações. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1987.
ROTH, Claudio Weissheimer. Gestão de Recursos. Santa
Maria: CTI Universidade Federal de Santa Maria/Rede é-te, 2011.

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