sexta-feira, 15 de julho de 2022

A Colonização Europeia na América

 

Quais Foram as Consequências Econômicas da “Conquista” da América? Como Era Dividida a Sociedade Colonial Hispano-Americana? Quais Eram os Órgãos Executores da Política Administrativa Daquela Época?

 


Antecedendo a chagada dos espanhóis, o continente americano era habitado por numerosos povos desigualmente diferenciados entre si por desiguais estágios culturais, havendo desde sociedades de Baixa Cultura (os tapuias brasileiros, por exemplo) até os de Alta Cultura como os maias, astecas e incas.

Concretizada em um período relativamente curto, a Conquista resultou em uma série de empreendimentos interligados e que se sucederam a partir da descoberta e colonização das Antilhas. Movidos pela busca de ouro os conquistadores foram dominando as Antilhas, onde estabeleceram núcleos de ocupação permanente (São Domingos) como bases e novas expedições.

A Conquista foi realizada por particulares em troca de terras, participações nos lucros da empresa, títulos e cargos públicos. As primeiras capitulações foram concluídas com Cristóvão Colombo, quando os Reis Católicos fizeram grandes concessões ao genovês concedendo-lhe títulos vitalícios, além de poderes totais sobre terras descobertas e por descobrir.

A empresa de colonização estruturou-se obedecendo a diretrizes fixadas pela política mercantilista e em função do capital comercial. Daí a preocupação em consolidar o domínio sobre os territórios que possuíssem metais preciosos e estabelecer rígido monopólio do comércio entre a Espanha e suas colônias americanas.

A mineração de metais preciosos exerceu importante função nas atividades econômicas e, as regiões produtoras desses metais, funcionaram como polos de crescimento. Dessa forma, o povoamento do Chile – apoiado inicialmente na produção de ouro – encontrou uma base permanente na agricultura, cujo mercado era o polo peruano. Igualmente, as regiões do norte argentino – onde existia uma população relativamente densa – se transformaram em centros abastecedores de tecidos e animais de tração para o Peru.

Desse modo, várias regiões se desenvolveram em função da agricultura, da pecuária e com uma produção para o consumo local (ou para exportação) como é o caso do Caribe, destacando-se Cuba cuja colonização era baseada na produção de gêneros tropicais para o mercado externo.

Daí pode-se afirmar que a empresa colonial teve como ponto de apoio as minas de ouro e prata do México e Peru e, ao longo do século XVI, a mineração de prata representou a atividade econômica fundamental.

Conforme as concepções da empresa colonial, o comércio era monopólio da Coroa que, em 1503, criou a Casa de Contratação (Sevilha) a fim de controlar as questões relativas ao comércio e navegação entre a metrópole e suas colônias americanas.

No século XVIII, os Bourbon (de Espanha) concederam autorização especial aos ingleses para enviar anualmente uma embarcação à América com direito de comercializar. A política mercantilista espanhola sofreu contínuas brechas, pois a cada derrota na Europa correspondeu uma concessão na América.

A conquista, a colonização e a administração da América pelos espanhóis permitiram a formação de uma sociedade classificada em superiores e inferiores; de senhores e dominados em que a divisão em classes coincidia com a diferenciação étnica. Pode-se dividir a sociedade colonial hispano-americana em dois (2) grupos:

 

·                     Minoria branca, privilegiada.

·                     Maioria indígena, mestiça e negra, sem privilégios e funcionando como mão de obra.

 

No seio da própria minoria branca havia uma clara divisão. De um lado, os brancos nascidos na Espanha (os “chapetones”), aos quais se reservavam o monopólio das altas funções dirigentes na administração, na Igreja, na Justiça e nas forças militares.

De outro lado, os “criollos” – brancos nascidos na América, verdadeira aristocracia econômica, proprietária de terras e minas, porém, excluída do comércio externo e ocupando cargos de nível inferior no aparelho administrativo, eclesiástico, judiciário e militar da colônia.

Além deles, também existiam os mestiços (predominando os do cruzamento de brancos com indígenas) exercendo funções intermediárias entre os dirigentes e a massa trabalhadora; capatazes, artesãos e administradores.

Os negros estavam reduzidos à condição de escravos, empregados nos cultivos e trabalhos domésticos, os quais eram desprovidos de direitos e ocupando os escalões mais baixos da sociedade.

Os indígenas formavam a classe mais numerosa, a qual constituía a base de sustentação da empresa colonial. E, embora sua escravidão fosse proibida eles eram obrigados ao trabalho forçado.

 

A Administração

 

A administração compreendeu duas etapas, a exercida por particulares e a estatal, sendo que a primeira correspondeu ao período da Conquista, onde a Coroa concedia poderes ao particular para governar as terras que conquistassem. Nesse período houve o governo pessoal de Cristóvão Colombo.

Posteriormente a Espanha restringiu as concessões feitas, criando diversos órgãos a fim de submeter a administração colonial à autoridade do rei. Na Espanha criou-se o Conselho de Índias (1524), convertido no supremo órgão dirigente de todos os assuntos coloniais com atribuições legislativas, militares, judiciárias e eclesiásticas.

Na América, dentre os órgãos executores da política administrativa destacaram-se os seguintes:

 

·                     Os Governadores eram funcionários com atribuições administrativas, judiciárias e militares;

·                     Os Vice-Reis eram representantes do rei e pertencentes às famílias mais ilustres, cabendo-lhes presidir audiências, comandar as forças militares, controlar as minas, fiscalizar a cristianização dos indígenas, superintender a Fazenda, supervisionar a Igreja e interferir em todos os assuntos coloniais.

Houve quatro (4) vice-reinos: _ o da Nova Espanha (o qual compreendia o México, territórios das Américas Central e do Norte), o de Nova Granada (englobava Colômbia, Panamá e parte do Equador), o de Nova Castela (reunia Peru e partes do Equador e da Bolívia) e o da Prata (que cobria o Uruguai, a Argentina, o Paraguai e partes da Bolívia).

·                     As Audiências que, em princípio, eram simples tribunais judiciários de 2ª instância (integrados pelos ouvidores e nomeados pelo rei), as quais posteriormente acumularam prerrogativas administrativas e substituíam eventualmente os vice-reis.

·                     As Capitanias Gerais eram situadas em territórios não pacificados (ou importantes estrategicamente) como Cuba, Guatemala, Venezuela, Chile e Flórida.

 

A máquina administrativa espanhola era complexa e asfixiante. A política absolutista e mercantilista da monarquia espanhola (prejudicial ao consumidor e ao produtor colonial, entravando as atividades econômicas) estimulou o espírito de autonomia da aristocracia criolla contra os chapetones.

Assim como Portugal, a Espanha não possuía estrutura socioeconômica adequadas ao amplo e pleno aproveitamento do seu império ultramarino: _ suas manufaturas e atividades agrícolas decaíam e sua burguesia era decadente.

Dessa forma, eles procuraram compensar sua fragilidade através da máxima extração das riquezas de suas colônias: _ produtos para trocas (tabaco, açúcar, cacau, couro, etc.) ou metal para o pagamento (ouro e prata).

Essas riquezas, além de desperdiçadas em obras luxuosas foram canalizadas para a Holanda, França e Inglaterra a fim de pagar a compra de tecidos, trigo e artigos diversos.

Mas, uma parte considerável dessas riquezas caiu em poder dos numerosos piratas e corsários de diversas nacionalidades, os quais atacavam as colônias e as embarcações espanholas.

 


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