sexta-feira, 26 de novembro de 2021

Keynes e a Evolução do Pensamento Econômico

 

Qual Foi a Importância de John M. Keynes Para a Moderna Economia? Por Que a Sua Obra Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda Foi Revolucionária? De Que Forma a Revolução Keynesiana Deu Vida às Ciências Econômicas? Por Que Keynes Pregava o Intervencionismo Moderado do Estado na Economia?

  


A fim de melhor elucidar a evolução do pensamento econômico é necessário analisar a Revolução Keynesiana, promovida pelo notável economista inglês John Maynard Keynes nos anos da Grande Depressão, quando a doutrina clássica já não se adaptava à realidade econômica da época. A importância de Keynes no cenário da moderna Economia é tão grande que, antes de apresentarmos as coordenadas gerais do seu pensamento, julgamos necessário registrar algumas referências biográficas.

Sem dúvida, John Maynard Keynes foi o mais importante economista da 1ª metade do século XX. Ele nasceu em 1883, exatamente no ano em que morria Karl Marx, o mais importante do século XIX. Sua obra – Teoria Geral do Emprego, Juro e Moeda – foi revolucionária e, após esse primeiro livro, foi convidado a integrar uma comissão real a fim de examinar os problemas monetários. Orientador de grandes estadistas da época, atraiu para si a atenção de todo o mundo com seu 2º livro, onde lançou as sementes do seu pensamento econômico que foi amplamente desenvolvido somente na década de 30.

Após 1930, a Inglaterra mergulhou numa enorme depressão, o desemprego tornou-se uma praga e, nesse período, Keynes se entregou a reflexões sobre os mais graves problemas do sistema capitalista. Descrente do laissez-faire e do automatismo autorregulador das economias de mercado, ele procurou a terapêutica exata que possibilitasse a recuperação dos países abalados pela Grande Depressão. Em 1935, a terapêutica já havia sido encontrada e Keynes manifestou inteira confiança em suas próprias ideias.

 

O Impacto da Teoria Geral

 

O impacto que a obra de Keynes causou no século XX pode ser comparado à influência que as obras de Adam Smith e Karl Marx exerceram sobre o pensamento e a política econômica nos séculos XVIII e XIX, respectivamente. Essas obras provocaram profundas mudanças nas próprias coordenadas da atividade econômica nos últimos séculos. A obra de Smith representou importante vitória sobre o Mercantilismo, a de Marx consubstanciou a crítica ao Capitalismo e, a obra de Keynes, reuniu os mais vibrantes argumentos contra o laissez-faire. A vitória de Keynes sobre os Clássicos traduz o triunfo do intervencionismo moderado sobre o liberalismo radical, além de constituir um desejável meio-termo entre a liberdade econômica absoluta e o total controle do Estado sobre o meio econômico.

A Revolução Keynesiana deu vida às Ciências Econômicas e, após o aparecimento da “Teoria Geral”, as velhas peças da Economia Clássica foram substituídas por uma nova dinâmica de raciocínio, e a Análise Econômica restabeleceu o necessário contato com a realidade. É natural que sua obra revolucionária produzisse os mais fervorosos debates. No mundo dos pensadores econômicos há sempre os que se recusam a aceitar as novas ideias, apegados que estão às análises conservadoras – que lhes parece claras e lógicas. Mas também há os que recebem as novas ideias com o desespero dos que se agarram a uma tábua de salvação.

Hoje, porém, já ultrapassada a fase polêmica da Revolução Keynesiana, são reduzidos os círculos econômicos que se dizem anti-keynesianos. E os que ainda relutam em aceitar a doutrina de Keynes se isolaram das modernas correntes da política econômica ocidental, profundamente transformadas desde a publicação da “Teoria Geral”. À época dessa publicação, a política econômica adotada pelos governos ocidentais seguia as coordenadas da doutrina clássica, radicalmente liberalista. A doutrina marxista não atingiu essas nações e os desenvolvimentos teóricos das outras críticas ao classicismo pouco influenciaram os princípios da política econômica, principalmente nos EUA, Inglaterra, França e outros países liberais. Mas, as seguidas críticas econômicas iam gerando dúvidas quanto ao perfeito automatismo dos sistemas liberais, até que a Grande Depressão de 1930 revelou a insustentabilidade das velhas teorias.

A Grande Depressão abalou as economias ocidentais e, após algumas décadas de euforia econômica, a economia americana se revelava prostrada. A renda nacional nos anos 30 estava altamente concentrada, indicando que os prognósticos de Karl Marx estavam se confirmando. Uma pirâmide das classes sociais mostrava muitas desigualdades, pois as rendas das classes no topo eram 600 vezes superiores às das classes da base. Nessa época, foram decretadas 85 mil falências, a construção civil caiu 95%, milhões de famílias perderam suas reservas e, em três anos, o padrão de vida recuou aos padrões do início do século.

E, como essa depressão também se refletiu nas economias de outras nações, o meio de cultura para uma reestruturação geral da Análise Econômica estava formado, cabendo a Keynes a tarefa de construir os alicerces de uma nova teoria. Dessa forma, ele procurou estudar os determinantes do nível de emprego e da Renda Nacional e verificou que o Estado deveria participar da atividade econômica, procurando compensar o declínio dos investimentos privados nos períodos depressivos das crises econômicas.

 

O Intervencionismo Moderado

 

Deve ficar claro que o intervencionismo proposto por Keynes devia atuar sobre as grandes linhas do sistema, não devendo ser confundido com o dirigismo do tipo soviético. Ele não pregou o dirigismo autoritário do Estado, pois para ele, a política econômica deveria complementar e não substituir por completo a iniciativa privada. Dizia ele que “os regimes autoritários contemporâneos parecem querer resolver o problema do desemprego à custa da eficiência e da liberdade. É certo que o mundo não suportará o estado de desemprego que é uma consequência do Capitalismo individualista do nosso tempo. Mas, talvez a doença possa ser curada pela correta análise do problema, sem sacrifício da eficiência e da liberdade”. A lucidez e a contribuição de Keynes resultaram de uma soma de talentos que poucos economistas de sua época conseguiram reunir. Para lidar com a Economia ele reuniu três (3) raros talentos:

 

·        Dispunha de enorme talento para escrever lúcida e convincentemente.

·        Possuía um sentido muito realista de como as coisas se desenvolviam na prática.

·        Foi um lógico de alta classe, tendo publicado um livro sobre a Teoria das Probabilidades que é um clássico até hoje e, com tal pendor para a Lógica, não é de espantar que se tornasse um grande especialista na teoria pura da Economia.


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