Qual é o Grau de Importância do Fluxo de Caixa Para as Pequenas Empresas? Qual a Principal Característica do Fluxo de Caixa?
A cada dia, o
mundo dos negócios se torna mais globalizado e um número maior de empresas está
trabalhando com informações compartilhadas e simultâneas, pois isso aumenta os
requisitos dos instrumentos financeiros, os quais cada vez mais são passíveis
de uso em países com legislações diferentes. Espera-se que, com os instrumentos
financeiros e seus controles, seja possível evitar mal-entendidos sobre a
situação de uma pequena empresa, seus lucros (ou prejuízos) a evolução de seu
patrimônio e sua rentabilidade para os sócios.
No dia-a-dia de
uma empresa, é necessário saber sobre a suficiência dos fundos existentes para
pagar empregados, fornecedores, prestadores de serviços e demais
intervenientes. Igualmente importante, é ter a certeza sobre o recebimento dos
serviços prestados e vendidos. E, para atender a tais requisitos, é necessário
implantar os processos nas pequenas empresas e as correspondentes estruturas
organizacionais de modo integrado, para que fluam as informações a fim de gerar
os relatórios e documentos financeiros. Assim fazendo, os mecanismos de
Administração Financeira irão contribuir para apoiar a administração da empresa
a conseguir chegar a seus objetivos.
Fluxo de
Caixa – Conceitos, Finalidades e Características
Trata-se
de um documento que retrata todas as entradas e saídas no caixa da empresa; ou
seja, receitas e despesas classificadas conforme sejam direcionadas a
operações, investimentos ou financiamentos associados ao tempo, permitindo
saber qual o volume de recursos empregados em cada uma dessas atividades em um
intervalo de tempo. Daí, um resultado mostrado no Fluxo de Caixa é o saldo
disponível no caixa da empresa a cada dia, semana ou mês.
Isso significa
que, se forem adequadamente classificadas as receitas e as despesas, o fluxo de
investimentos e sua recuperação e os mecanismos de financiamento do capital de
giro, é possível criar um controle que mostre a forma como essas operações
estão se processando e identificar as insuficiências / excessos de caixa para
cumprir os compromissos da organização.
Uma das
características do Fluxo de Caixa é que ele abriga dados referentes a eventos
que já ocorreram e os que ainda vão acontecer. Por exemplo: _ em um determinado
contrato prestado, a empresa já pode ter recebido algumas parcelas e ter a
receber por outros ainda não prestados. Dessa forma, ela terá lançamentos no
Fluxo de Caixa que se referem a eventos já realizados e lançamentos
relacionados a previsões, os quais têm certo grau de incerteza. Esse assunto se
torna mais complexo na medida em que a empresa tem de fazer previsões sobre o
modo como o recurso será usado, pois na falta de um método razoável é
necessário fazer a correção das previsões, na medida em que as despesas e
receitas vão ocorrendo. Assim, a empresa obtém um Fluxo de Caixa previsto e um
realizado.
Exemplo de Fluxo de Caixa da Padaria Kalleb:
(Não se
Espantem Com os Valores, Pois Esse “Case” é de 2003)
Imagine uma padaria que fabrica pão
árabe e os vende a outras confeitarias, que o revendem. Suponha que o dono do
estabelecimento (Sr. Kalleb) tenha dois (2) padeiros que recebem um salário de
R$ 600 mensais e os encargos trabalhistas representem mais R$ 600 mensais. Além
disso, há uma faxineira com salário de R$ 250 com encargos de mais R$ 250.
Para produzir
pães, o Sr. Kalleb compra trigo de boa qualidade – importado de seu primo
argentino – cujo custo mensal é da ordem de R$ 3.000, mas depende da cotação do
dólar, o qual corresponde a U$ 1.000 por mês. Além disso, a padaria ainda gasta
R$ 500 com fermento, sal e água. O investimento inicial – representado pela
construção de um forno, locais para secagem, esfriamento do pão, além das
instalações sanitárias e escritório – foi de R$ 12.000, os quais saíram dos
próprios recursos do Sr. Kalleb. Mensalmente, o Sr. Kalleb paga a conta de
energia elétrica no valor de R$ 700 e o aluguel da loja de R$ 1.200.
O transporte dos
pães para as padarias-clientes é realizado por um veículo alugado, o qual
trabalha 4 horas diárias e custa R$ 2.000 por mês. A padaria tem dez (10)
clientes, dos quais três (3) deles são seus primos e para os quais vende em
condições especiais. O Sr. Kalleb vende o pão a R$ 0,50 a unidade, sendo o
pagamento contra entrega para os clientes comuns e esses sete (7) clientes
comuns compram 42.000 pães por mês. Já os três (3) primos também compram boa
quantidade mensalmente (18.000 pães), mas só pagam no final do mês seguinte.
Resumindo:
DESPESAS:
- Salários e Encargos
...................................... R$ 1.700
- Material
...................................................... R$ 3.500
- Energia Elétrica
.......................................... R$ 700
- Aluguel
....................................................... R$ 1.200
- Transporte de Pães
......................................R$ 2.000
Total das Despesas .................................................R$
9.100
RECEITAS:
- Venda de Pães
............................................ R$ 30.000
Total das Receitas
................................................. R$ 30.000
RECEITAS – DESPESAS ....................................
R$ 20.900
Entretanto, o Sr.
Kalleb deve pagar outras despesas administrativas – telefone, contador e perdas
por uso indevido – dando um total mensal de R$ 1.000 e, além disso, ele retira
de pró-labore cerca de R$ 2.000. Dessa forma, abatendo do saldo chega-se ao
valor de R$ 17.900. Mas, ele entendeu que o valor inicialmente investido (R$
12.000) deveria ser considerado um empréstimo para a padaria.
Diante disso, ele
resolveu fazer uma retirada adicional a cada mês – à título de recuperação do
capital investido – de R$ 2.000 e, desse modo, o saldo mensal deveria ser de R$
15.900. Entretanto, ao chegar ao fim do mês, não foi esse o valor que o Sr.
Kalleb constatou no caixa da padaria. Por quê? Sem querer entrar na vida
familiar dele é preciso dizer que os seus primos foram os responsáveis por essa
diferença, pois:
- Os três primos brasileiros pagavam o pão somente
um mês depois – isso representava R$ 9.000 de diferença no 1º mês – e o
pagamento de cada Mês está defasado sempre em um mês.
- O primo argentino vendia o trigo da melhor
qualidade, mas exigia o pagamento de lotes para três (3) meses; isto é,
cada compra seria de R$ 9.000 – o que representava o trigo para o mês
corrente e um estoque de dois (2) meses.
Assim sendo, no
final do 1º mês, o Sr. Kalleb, em vez de ter um saldo de R$ 15.900, tinha
apenas R$ 900 porque havia dado um crédito de R$ 9.000 por mês a seus três
primos do Brasil e de R$ 6.000 ao primo argentino, compensado pelo estoque de
trigo para dois (2) meses. Se o Sr. Kalleb não tivesse feito o Fluxo de, ele
não poderia compreender a situação financeira de sua padaria.
Portanto, se o empresário não souber trabalhar adequadamente o Fluxo de Caixa ele poderá ter recursos insuficientes para pagar suas despesas, embora em longo prazo possa obter lucros razoáveis. Isso demandará uma engenharia financeira que poderia ter sido prevista e, dessa forma, poderia ser evitada ou administrada pela busca de soluções alternativas ou de capital de giro para compensar a falta de recursos.
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