quarta-feira, 29 de setembro de 2021

A Solução dos Países Para a Crise Econômica de 1929

 

O Que Foi o “New Deal”? Quais as Soluções Americanas à Crise Econômica? Como Reagiram os Italianos e Alemães? Quais as Soluções Encontradas Pela Inglaterra e França?

 


 

A crise econômica foi o drama mais doloroso da História americana desde a Guerra de Secessão e, quando se deu a Quebra da Bolsa em 1929, o poder estava com os republicanos que mantinham um predomínio político sobre os democratas, desde a década de 20.

As primeiras medidas do governo Hoover foram clássicas, o que não impediu o desenvolvimento da Crise e da Depressão. Em 1932 o candidato democrata (Roosevelt) apresentou um plano de intervenção dos poderes públicos na economia e, reunindo uma equipe de tecnocratas, tomou medidas severas como o fechamento temporário dos bancos e a requisição dos estoques de ouro. Ele desenvolveu uma política de inflação moderada: a desvalorização do dólar permitiu o pagamento das dívidas.

O New Deal – termo retirado de um discurso de Roosevelt – foi o conjunto de medidas novas adotadas para combater a Crise. Para os tecnocratas que cercavam a presidência, influenciados pelas ideias de John M. Keynes, a Crise resultara de um excedente de produção e de uma insuficiência do consumo.

Tornava-se necessária uma melhor distribuição da renda de modo a diminuir a capacidade de produção e aumentar o poder de consumo. Na aparência, o New Deal assemelhava-se ao socialismo e, aliás, essa foi a acusação dos opositores de Roosevelt.

O Estado passou a investir na construção de grandes obras públicas, tornando-se o principal agente do reativamento econômico. As construções valorizaram algumas áreas problemáticas e aumentaram a taxa de emprego e, nesse cenário, o governo federal passou a conceder crédito aos Estados para a distribuição de seguros aos desempregados.

A intervenção na agricultura ocorreu através da Lei de Ajustamento Agrícola que propôs aos agricultores reduzirem a produção em troca de indenizações, ao mesmo tempo em que o governo fornecia crédito abundante. Isso aumentava o poder aquisitivo dos setores rurais e elevava os preços dos produtos agrícolas. A intervenção na indústria visou dar à indústria a certeza de lucros razoáveis e aos trabalhadores a certeza de um salário suficiente.

O ritmo de crescimento econômico foi retomado, embora o setor agrícola não acompanhasse o industrial e, em 1937 / 38, houve um ligeiro declínio (recessão) na produção industrial. Entretanto, o aumento da demanda de produtos industrializados e de armamentos por parte dos países europeus estimulou a maior produção. A aproximação da guerra – provocando corrida armamentista e depois o próprio esforço militar americano – eliminaram definitivamente a ameaça de nova crise.

 

A “Solução” da Inglaterra e da França

 

 A Inglaterra foi duramente atingida e, no plano político, a Crise favoreceu o fortalecimento dos conservadores, embora os trabalhistas ainda mantivessem o poder. A intervenção do Estado na economia encontrou resistências, não só entre os conservadores, mas também na opinião pública que se agarrava à estabilidade da libra e à manutenção do padrão-ouro.

Entretanto, a Crise levou o governo a tomar medidas drásticas e em setembro de 1931 o padrão ouro foi abandonado, a libra esterlina desvalorizada e a conversão do papel moeda em ouro suspensa. Depois de mais de um século de livre-cambismo, a Inglaterra abandonou-o em favor de um protecionismo alfandegário – o que era uma medida retardada, pois há muito que o país perdera a condição de “oficina do mundo”.

A comunidade Britânica das nações formou um bloco econômico no qual os produtos ingleses gozariam de tarifas preferenciais e, apenas um país fora do império inglês, teve seus interesses salvaguardados: _ a Argentina, tradicional exportadora de trigo e carne para a Grã-Bretanha e, essa medida, acabou permitindo a economia inglesa recuperar-se. O padrão de vida da população equilibrou-se, embora continuassem existindo 500 mil desempregados.

Somente em 1931 a França foi atingida pela Crise, pois os preços franceses para os produtos de exportação superavam os preços estrangeiros: o principal escoadouro ainda aberto era o império colonial, mas a renda nacional diminuiu. Contudo, os gabinetes direitistas se recusavam a tomar novas medidas, limitando-se a uma política deflacionária.

O fracasso da política deflacionária e a insatisfação social levaram ao poder a Frente Popular – aliança de comunistas, socialistas e radicais – e o novo governo elevou os salários dos operários, mas sucumbiu às pressões da direita. A partir de 1938 os elementos da direita retornaram ao poder, abandonando as tímidas reformas sociais da Frente Popular, e a França conheceu – durante todo o período de Crise – uma estagnação que contrastava com o dinamismo dos demais países.


Os Fascismos do Entre Guerras


Até a Primeira Guerra o otimismo da Belle Époque imperava na Europa, sendo reflexo do pensamento econômico liberal. Acreditavam no desenvolvimento ilimitado do capitalismo e somente os socialistas se opunham a esse “otimismo liberal”.

Segundo eles, as crises do sistema capitalista eram inevitáveis, vendo como única solução a implantação de uma sociedade onde todos seriam donos dos meios de produção. Mas, isso seria conseguido apenas através de uma revolução. A Europa do entre guerras era um campo aberto para essas ideias revolucionárias, uma vez que a crise provocara o aumento dos conflitos sociais.

A situação era de convulsão geral e as classes sociais dirigentes – assim como as classes médias – se julgavam ameaçadas. Os valores liberais começavam a ser contestados. Isto ocorreu particularmente na Alemanha e na Itália, onde o liberalismo não se consolidara.

Os setores sociais predominantes se defrontavam com grupos revolucionários que lhes ameaçavam o poder e, na medida em que a crise acentuava os conflitos sociais, os capitalistas sentiram a necessidade de uma autoridade central forte que agisse de acordo com seus interesses. Foi então que os capitalistas recorreram ao fascismo. O sucesso do Partido Fascista de Mussolini na Itália e o crescimento do Partido Nacional Socialista de Hitler, na Alemanha, explica-se a partir dessas questões.

O surgimento de grupos de extrema direita, compostos por ex-militares, estudantes e profissionais liberais decorria do empobrecimento com o desenvolvimento da concentração industrial e financeira. Esta concentração tornava precária a existência dos pequenos comerciantes e industriais – integrantes da classe média.

A persistência da crise, podendo levar a uma Revolução Bolchevista, estimulou os setores ligados à grande indústria, aos bancos e às finanças em geral a sustentar os movimentos fascistas: estes assumiriam o poder, financiados pelos empresários e manteriam a ordem. Daí os partidos fascistas terem chegado ao poder por via legal: _ Mussolini em 1922 e Hitler, em 1933.

Embora o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha tenham sido movimentos contrarrevolucionários – pois garantiram a ordem capitalista – algo significativo aconteceu, tanto ao capital como ao trabalho. Em ambos os países uma forte autoridade estatal se impôs aos capitalistas e, em consequência disso, a livre iniciativa por eles defendida ruiu por terra.

Quanto aos trabalhadores, tiveram seus sindicatos dissolvidos, seus salários reduzidos e seu direito de greve abolido. Embora os capitalistas tenham se sentido um pouco limitados, a restrição à mobilidade foi um prêmio para eles, pois estavam dispostos a pagar por uma total proteção contra as exigências do trabalho.

 


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