O Que Foi o “New Deal”? Quais as
Soluções Americanas à Crise Econômica? Como Reagiram os Italianos e Alemães?
Quais as Soluções Encontradas Pela Inglaterra e França?
A crise econômica foi o drama mais doloroso da
História americana desde a Guerra de Secessão e, quando se deu a Quebra da
Bolsa em 1929, o poder estava com os republicanos que mantinham um
predomínio político sobre os democratas, desde a década de 20.
As primeiras medidas do governo Hoover foram
clássicas, o que não impediu o desenvolvimento da Crise e da Depressão. Em 1932
o candidato democrata (Roosevelt) apresentou um plano de intervenção dos
poderes públicos na economia e, reunindo uma equipe de tecnocratas, tomou
medidas severas como o fechamento temporário dos bancos e a requisição dos
estoques de ouro. Ele desenvolveu uma política de inflação moderada: a
desvalorização do dólar permitiu o pagamento das dívidas.
O New Deal – termo retirado de um discurso de
Roosevelt – foi o conjunto de medidas novas adotadas para combater a Crise.
Para os tecnocratas que cercavam a presidência, influenciados pelas ideias de
John M. Keynes, a Crise resultara de um excedente de produção e de uma
insuficiência do consumo.
Tornava-se necessária uma melhor distribuição da renda
de modo a diminuir a capacidade de produção e aumentar o poder de consumo. Na
aparência, o New Deal assemelhava-se ao socialismo e, aliás, essa foi
a acusação dos opositores de Roosevelt.
O Estado passou a investir na construção de grandes
obras públicas, tornando-se o principal agente do reativamento econômico. As
construções valorizaram algumas áreas problemáticas e aumentaram a taxa de
emprego e, nesse cenário, o governo federal passou a conceder crédito aos
Estados para a distribuição de seguros aos desempregados.
A intervenção na agricultura ocorreu através da Lei de
Ajustamento Agrícola que propôs aos agricultores reduzirem a produção em troca
de indenizações, ao mesmo tempo em que o governo fornecia crédito abundante.
Isso aumentava o poder aquisitivo dos setores rurais e elevava os preços dos
produtos agrícolas. A intervenção na indústria visou dar à indústria a certeza
de lucros razoáveis e aos trabalhadores a certeza de um salário suficiente.
O ritmo de crescimento econômico foi retomado, embora
o setor agrícola não acompanhasse o industrial e, em 1937 / 38, houve um
ligeiro declínio (recessão) na produção industrial. Entretanto, o aumento da
demanda de produtos industrializados e de armamentos por parte dos países
europeus estimulou a maior produção. A aproximação da guerra – provocando
corrida armamentista e depois o próprio esforço militar americano – eliminaram
definitivamente a ameaça de nova crise.
A “Solução” da Inglaterra e da França
A Inglaterra foi duramente atingida e, no plano
político, a Crise favoreceu o fortalecimento dos conservadores, embora os
trabalhistas ainda mantivessem o poder. A intervenção do Estado na economia
encontrou resistências, não só entre os conservadores, mas também na opinião
pública que se agarrava à estabilidade da libra e à manutenção do padrão-ouro.
Entretanto, a Crise levou o governo a tomar medidas
drásticas e em setembro de 1931 o padrão ouro foi abandonado, a libra esterlina
desvalorizada e a conversão do papel moeda em ouro suspensa. Depois de mais de
um século de livre-cambismo, a Inglaterra abandonou-o em favor de um
protecionismo alfandegário – o que era uma medida retardada, pois há muito que
o país perdera a condição de “oficina do mundo”.
A comunidade Britânica das nações formou um bloco
econômico no qual os produtos ingleses gozariam de tarifas preferenciais e,
apenas um país fora do império inglês, teve seus interesses salvaguardados: _ a
Argentina, tradicional exportadora de trigo e carne para a Grã-Bretanha e, essa
medida, acabou permitindo a economia inglesa recuperar-se. O padrão de vida da
população equilibrou-se, embora continuassem existindo 500 mil desempregados.
Somente em 1931 a França foi atingida pela Crise, pois
os preços franceses para os produtos de exportação superavam os preços
estrangeiros: o principal escoadouro ainda aberto era o império colonial, mas a
renda nacional diminuiu. Contudo, os gabinetes direitistas se recusavam a tomar
novas medidas, limitando-se a uma política deflacionária.
O fracasso da política deflacionária e a insatisfação
social levaram ao poder a Frente Popular – aliança de comunistas, socialistas e
radicais – e o novo governo elevou os salários dos operários, mas sucumbiu às
pressões da direita. A partir de 1938 os elementos da direita retornaram ao
poder, abandonando as tímidas reformas sociais da Frente Popular, e a França
conheceu – durante todo o período de Crise – uma estagnação que contrastava com
o dinamismo dos demais países.
Os Fascismos do Entre Guerras
Até a Primeira Guerra o otimismo da Belle
Époque imperava na Europa, sendo reflexo do pensamento econômico liberal.
Acreditavam no desenvolvimento ilimitado do capitalismo e somente os
socialistas se opunham a esse “otimismo liberal”.
Segundo eles, as crises do sistema capitalista eram
inevitáveis, vendo como única solução a implantação de uma sociedade onde todos
seriam donos dos meios de produção. Mas, isso seria conseguido apenas através
de uma revolução. A Europa do entre guerras era um campo aberto para essas
ideias revolucionárias, uma vez que a crise provocara o aumento dos conflitos
sociais.
A situação era de convulsão geral e as classes sociais
dirigentes – assim como as classes médias – se julgavam ameaçadas. Os valores
liberais começavam a ser contestados. Isto ocorreu particularmente na Alemanha
e na Itália, onde o liberalismo não se consolidara.
Os setores sociais predominantes se defrontavam com
grupos revolucionários que lhes ameaçavam o poder e, na medida em que a crise
acentuava os conflitos sociais, os capitalistas sentiram a necessidade de uma
autoridade central forte que agisse de acordo com seus interesses. Foi então
que os capitalistas recorreram ao fascismo. O sucesso do Partido Fascista de
Mussolini na Itália e o crescimento do Partido Nacional Socialista de Hitler,
na Alemanha, explica-se a partir dessas questões.
O surgimento de grupos de extrema direita, compostos
por ex-militares, estudantes e profissionais liberais decorria do
empobrecimento com o desenvolvimento da concentração industrial e financeira.
Esta concentração tornava precária a existência dos pequenos comerciantes e
industriais – integrantes da classe média.
A persistência da crise, podendo levar a uma Revolução
Bolchevista, estimulou os setores ligados à grande indústria, aos bancos e às
finanças em geral a sustentar os movimentos fascistas: estes assumiriam o
poder, financiados pelos empresários e manteriam a ordem. Daí os partidos
fascistas terem chegado ao poder por via legal: _ Mussolini em 1922 e Hitler,
em 1933.
Embora o fascismo na Itália e o nazismo na Alemanha
tenham sido movimentos contrarrevolucionários – pois garantiram a ordem
capitalista – algo significativo aconteceu, tanto ao capital como ao trabalho.
Em ambos os países uma forte autoridade estatal se impôs aos capitalistas e, em
consequência disso, a livre iniciativa por eles defendida ruiu por terra.
Quanto aos trabalhadores, tiveram seus sindicatos
dissolvidos, seus salários reduzidos e seu direito de greve abolido. Embora os
capitalistas tenham se sentido um pouco limitados, a restrição à mobilidade foi
um prêmio para eles, pois estavam dispostos a pagar por uma total proteção
contra as exigências do trabalho.
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