Como se Constituía
a Ciência Econômica na Antiguidade? Onde Ocorreram as Primeiras Manifestações
do Pensamento Econômico? Quem Foram os Primeiros Filósofos-Políticos da
História Econômica? Qual Era o Pensamento Econômico da Igreja Após a Queda de
Roma? Por Que o Mercantilismo Foi Considerado um Movimento de Transição?
A fim de se obter uma visão de conjunto sobre a evolução da Economia como ciência é necessário ordenar historicamente a constituição da Ciência Econômica, começando pelos filósofos-políticos da Grécia e de Roma até atingirmos as modernas correntes do pensamento econômico. Nesse longo período, centenas de ideias conflitantes foram desenvolvidas, influenciadas por matrizes ideológicas ou emergentes. Houve economistas radicalmente liberais, ao lado de fervorosos defensores do intervencionismo e, certamente, houve os que propuseram o individualismo econômico ao lado dos que condenaram os sistemas, sob a alegação de que a Economia deveria se preocupar com a constituição de Estados fortes.
Houve também os que julgavam indispensáveis as desigualdades da repartição da riqueza, ao lado dos que condenavam as injustiças, evocando o fato de serem elas socialmente indesejáveis. Mas, apesar desses conflitos os pensadores sempre tiveram pontos em comum e, sua preocupação básica, sempre foi a pesquisa da melhor solução para os problemas econômicos de sua época. Seu objetivo foi o de construir uma ciência que ajudasse a solucionar os problemas da luta do homem pela formação de riqueza.
As Primeiras
Manifestações
As primeiras manifestações do pensamento econômico se encontram ligadas aos esforços dos povos primitivos para melhoria de sua cultura técnica e a solução de suas necessidades econômicas imediatas, além do que as primeiras comunidades teriam sentido o impacto de problemas decorrentes do desenvolvimento numérico da espécie e da complexidade da organização social.
Nas Idades do Bronze e do Ferro – que sucederam à da Pedra – novos problemas de organização teriam sido gerados e, o fato de as tribos se entregarem a conquista de novas terras, é suficiente para evidenciar a eclosão de problemas de organização social e o desencadeamento de novas formas de luta pela sobrevivência individual das tribos. Transcorridos esses períodos, desenvolveram-se civilizações socialmente mais organizadas no Mediterrâneo, as quais exigiram a fixação de princípios menos rudimentares de organização econômica. O mar exerceu no norte do Egito a função de centro convergente de civilizações, que os gregos e os romanos unificariam. Nessa vasta região, três (3) tipos de organizações econômicas são encontrados:
·
O
1º, constituído pelo Egito e Mesopotâmia, caracterizado pela exploração da
terra e por uma organização política centralizada.
·
O
2º, representado pelas cidades fenícias e gregas, as quais fazem da terra um
ponto de apoio, e do comércio marítimo e das trocas internacionais os
principais móveis da atividade econômica.
·
O
3º, centralizado por Roma, a qual é a justaposição e interpenetração das forças
econômicas da terra e do mar.
Durante a constituição desses 3 tipos de
organização surgiram os primeiros filósofos-políticos como Platão, Aristóteles
e Xenofonte (na Grécia); Catão, Varrão e Paládio no Império Romano.
Platão se dedicou à planificação de um Estado ideal, onde seriam evitadas as instituições decadentes e nas injustiças sociais. Aristóteles desenvolveu ideias sobre o estado e discutiu a usura, os salários e a formação da riqueza. Já Xenofonte escreveu ensaios sobre agricultura e o sistema tributário. Já os pensadores de Roma se dedicaram ao Direito e suas contribuições no terreno da Economia, prendendo-se nas observações sobre as atividades agrícolas. Catão condenou as grandes propriedades e propôs sistemas para repartição de terras e, Paládio, se preocupou com o declínio da atividade agrícola e aconselhou a diversificação da produção.
Todavia, nenhum desses filósofos-políticos se preocupou em procurar o laço entre os diversos aspectos da realidade econômica que analisaram, nem imaginado fazer deles o objeto de um conjunto científico. Suas observações no terreno da Economia formaram muito mais um conjunto de regras de moral prática e de conselhos políticos a soberanos do que propriamente um ordenamento científico para investigação das questões econômicas da sua época.
As Manifestações
Escolásticas da Idade Média
Com a queda de Roma iniciou-se a Idade
Média e, a partir do século XI, um claro crescimento demográfico acabou criando
oferta de mão de obra que provocou aumento da produção, o qual desenvolveu o
comércio e as cidades. Surgiu então um comércio internacional que mobilizou
grandes capitais, quando a indústria têxtil ganhou um papel fundamental. Foram
criadas várias formas de associação, nasceu o sistema bancário e generalizou-se
a os instrumentos de crédito. Em suma, muitos elementos da Economia moderna surgiram
como criações medievais.
Procurando desempenhar um papel social, a Igreja formulou uma linha própria de pensamento econômico que objetivava reduzir o alcance da produção e proteger os consumidores. A ética professada pela Igreja não condenava o comércio em si, mas os abusos que poderiam advir dele. Sendo assim, a livre iniciativa e a concorrência eram vistas como perigosas, pois colocariam os mais fracos à mercê dos mais poderosos. Daí aceitava-se o pagamento de juros, desde que o negócio incorresse em certo risco e, caso contrário, ocorria a usura que era considerada imoral pela Igreja.
Formalizando o ponto de vista econômico da Igreja, Tomás de Aquino se destacou como o principal pensador escolástico. Ele deixou dezenas de ensaios e, em seus escritos, várias passagens de natureza econômica revelavam sua preocupação com a correta utilização da propriedade privada, com um justo sistema de preços, com o comércio, com a usura e com os sistemas salariais. Além dele, destacam-se Nicolau Oresmo e Antônio de Florença, embora seus pensamentos econômicos tenham se desenvolvido na mesma linha de Santo Tomás.
Mercantilismo: Um
Momento de Transição
Embora a escolástica medieval tenha desenvolvido muitas ideias sobre o comércio, a usura, os salários e os sistemas de preços, entende-se que os primórdios da Teoria Econômica foram estabelecidos a partir do fim da Idade Média, quando a interferência da Igreja nos assuntos econômicos decaiu. Conforme alguns autores, o que a Idade Média chamava de pecado passou a chamar-se “empreendimento”.
Nessa nova fase, as restrições dos escolásticos ao comércio e ao lucro foram postas à margem e, consequentemente, os mercadores obtiveram o reconhecimento da comunidade e do Estado. O artesanato urbano, os regimes corporativistas e as organizações feudais cederam lugar à supremacia dos Estados, que procuravam acumular metais preciosos – símbolo e base da potência econômica e da riqueza nacional. Alguns deles estenderam seus domínios e nas terras conquistadas foram buscar os metais indispensáveis à sobrevivência e ao fortalecimento da soberania.
Os pensadores econômicos desse período entenderam que os grandes estoques de metais preciosos constituíam a própria expressão de riqueza nacional. Os Estados que dominavam as novas terras conquistadas (Portugal e Espanha) deveriam mobilizar as colônias, no sentido de que essas lhes fornecessem as maiores quantidades de ouro e prata. Essas ideias também constituíam o corpo do pensamento econômico na França, Alemanha, Inglaterra, Áustria e Holanda.
Dessa forma, o comércio internacional se transformou em um dos mais poderosos instrumentos da política econômica. Os estados ambicionavam o poder e quando não possuíam metais preciosos deveriam recorrer ao comércio, como meio para acumulá-los: o excesso das exportações sobre as importações deveria ser recebido não em mercadorias, mas em lingotes de ouro ou prata. Sendo assim, a essas práticas econômicas atribui-se a denominação geral de “Mercantilismo”.
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