Quais Foram as
Principais Razões Que Provocaram a “Grande Depressão”? Qual a Influência do
Sistema Capitalista Nessa Crise Mundial? Quem Controlava a Economia Mundial
Antes da 1ª Guerra?
Antes do século XVIII as crises
afetavam o setor agrícola mundial, caracterizando-se pela escassez de alimentos
e outros artigos cujos preços se elevavam. Com o início do capitalismo houve
uma mudança no caráter dessas crises e, nelas, não existiam mais a escassez e
sim a abundância, onde os preços caíam.
Mas, por que isto acontecia? A
produção capitalista tem por finalidade o lucro. E tais crises estão
relacionadas com o próprio sistema, na medida em que existe uma tendência de
redução na taxa de lucro. Com o desenvolvimento do capitalismo, uma parte cada
vez maior do lucro foi empregada em novas máquinas.
Essas máquinas eliminavam o
trabalho de muitos homens, reduzindo o custo de produção e possibilitando
maiores lucros. Todavia, provocando o desemprego e a baixa dos salários,
contribuía para diminuir a capacidade de consumo das mercadorias.
Apesar de a capacidade de
produção ter aumentado, a taxa de lucro reduziu-se porque o poder de compra dos
trabalhadores limitou-se drasticamente, tonando-se o “impasse” do sistema
capitalista. Daí, como solucionar essa situação? Para os capitalistas, quanto
mais pagar aos operários, tanto menor será seu lucro.
Dessa forma, reduziram-se os
salários a fim de permitir maior acumulação de capitais que foram usados para o
aumento da produção. No entanto, o baixo poder aquisitivo não permitia que a
produção fosse absorvida. Como resolver tal contradição?
O subconsumo levava à estocagem
de mercadorias, à baixa dos preços e à diminuição da capacidade produtiva cujo
efeito era o desemprego. À crise, seguiu-se um período de depressão, estagnação
dos negócios e desemprego e, a seguir, novo período de “prosperidade” no qual a
atividade econômica recomeçava com novo ímpeto. Daí o caráter cíclico das
crises.
Tais crises eram basicamente
industriais, de superprodução e cíclicas, pois não era uma crise em apenas um
país, mas no conjunto dos países capitalistas. Isso porque a necessidade de
mercados para os excedentes de capitais e produtos levava à concorrência entre
os países capitalistas. Deve-se lembrar de que este foi o fator mais importante
para provocar a Primeira Guerra, em 1914.
Mas, ao chegarmos à Primeira
Guerra observamos uma não correspondência do pensamento econômico com a
realidade da época. A era da multiplicidade de pequenas empresas, concorrentes
entre si, passara: a economia era controlada pelos grandes monopólios e no
plano comercial firmavam-se as tarifas protecionistas, sendo o papel do Estado
mais vasto do que aquele de guardião da propriedade privada imaginado pelos
liberais do século XVIII.
O Estado liberal exercia seu
papel de mantenedor da ordem, deixando no plano econômico as iniciativas a
cargo da livre iniciativa. A Primeira Guerra mudou tal situação: _ o não
intervencionismo dos liberais foi impotente para coordenar uma economia de
guerra, tarefa que o Estado assumiu.
Com ou sem intervenção do Estado
na economia, a contradição permanecia e as crises de superprodução eram
constantes. Daí, como resolver o problema? Nos países capitalistas tentava-se
resolver o problema “consertando” o próprio capitalismo; isto é, o plano era
abolir a abundância reduzindo a produção.
A Crise do Pós-Guerra, a Difícil
Reconversão.
As consequências da guerra foram
pesadas para os países europeus, principalmente para os envolvidos no conflito e
cujo território serviu de campo de batalha – como a França e a Alemanha. No
geral, o capitalismo europeu declinou no pós-guerra, contrastando com a
ascensão americana e japonesa. A Inglaterra entrou em um processo crônico de
crise, o mesmo ocorrendo com a França.
Essa Pequena Crise atingiu os
países capitalistas europeus que perderam seus mercados tradicionais, atingindo
também os EUA e o Japão provocando o desemprego e falências e deixando no seu
caminho a insatisfação social.
A retração das exportações europeias
e a necessidade de matérias-primas e produtos alimentícios levaram os países da
periferia – especialmente da América Latina – a desenvolverem as suas
indústrias e aumentarem suas exportações de produtos primários. Daí, os EUA e o
Japão (grande aproveitador da guerra) aceleraram sua industrialização.
O período seguinte à Pequena
Crise de Reconversão caracterizou-se por uma retomada da expansão,
inaugurando-se um novo ciclo de prosperidade na economia ocidental. Entretanto,
o fenômeno foi muito desigual nos quatro principais países capitalistas
(França, EUA, Inglaterra e Alemanha).
A “prosperidade” foi mais um
fenômeno americano do que europeu, pois a expansão inglesa foi bloqueada até
1925 quando praticou rígida política deflacionária e de retorno ao padrão ouro
na paridade anterior à guerra: _ a libra ficou mais valorizada e os preços dos
produtos ingleses não eram competitivos.
A França conseguiu dobrar sua
produção até 1927, enquanto a Alemanha se beneficiou do grande afluxo de
capitais americanos. Estes também se dirigiram para a Europa Central,
beneficiando países como a Tchecoslováquia e Polônia. O Japão continuou em
ritmo crescente, mesmo com o fechamento dos mercados europeus.
Ao lado da racionalização
progrediu a concentração industrial, ocorrendo a formação de grandes holdings, cartéis e trustes internacionais.
A agricultura jamais conseguiu se recuperar no pós-guerra, principalmente a
americana, o que levava a uma baixa no poder aquisitivo dos setores rurais.
O subemprego era a causa do baixo
poder aquisitivo global e o número de desempregados permanecia constante.
Apesar do aumento da produção, a maioria das indústrias trabalhava com
capacidade ociosa. Entretanto, a especulação financeira era intensa: _ na Bolsa
de Nova Iorque uma enorme especulação não cessava seu curso.
A Crise de 1929 e Seus Efeitos
Culminando com um rápido
declínio das atividades econômicas e sendo um reflexo desse problema
estrutural, em 24 de outubro de 1929 ocorreu a quebra da Bolsa de Nova Iorque.
Nesse dia foram lançados mais de 16 milhões de títulos, os quais não
encontraram compradores, acelerando-se a queda do seu valor.
No início de novembro a
totalidade das ações industriais tinha perdido mais de 1/3 do seu valor. A
crise americana arrastou consigo países ligados à economia dos EUA: uma das
características da Crise de 1929 foi a sua ampliação, sua universalização e,
outra característica, é que ela foi produto de uma crise agrária, financeira e
industrial ao mesmo tempo. E a sua duração foi anormal, pois se o ciclo
infernal durou até 1933, seus efeitos se fizeram sentir até as vésperas da
Segunda Guerra.
De imediato a Crise levou à
falência as instituições bancárias americanas e europeias, uma vez que os
bancos americanos repatriaram os capitais investidos e cessaram de abrir
crédito aos países estrangeiros. As falências dos bancos repercutiram em toda
Europa – especialmente a Alemanha – e, para impedir o agravamento do desastre,
o governo alemão bloqueou os capitais estrangeiros. A Crise propagou-se pela
Inglaterra – credora da Alemanha – e finalmente atingiu todos os países.
Em 21 de outubro de 1931 o
governo britânico abandonou o padrão ouro, ocorrendo uma desvalorização de mais
de 40 % da libra e, em consequência disso, foram para o abismo as moedas
satélites (mais de 30 países). De 1929 a 1933 a produção industrial retrocedeu,
tendo o ponto mais baixo ocorrido em 1932 (38 % a menos que em 1929).
A Alemanha foi o país mais
atingido e os prejuízos se repartiram entre os EUA, a Alemanha, Inglaterra,
França, Bélgica, Holanda, Áustria e Canadá. Os estoques aumentavam e não havia
compradores; tal situação era agravada pelo fechamento dos mercados externos,
através de altas tarifas protecionistas e pelo desemprego em massa, reduzindo o
poder aquisitivo dos consumidores.
A agricultura foi atingida
violentamente observando-se uma enorme queda e uma diminuição do poder de
consumo, levando países tradicionalmente exportadores de produtos agrícolas –
Brasil, Argentina, Nova Zelândia e outros – a enfrentar o problema da superprodução
e da bancarrota.
A Crise não só quebrou a euforia
ilimitada dos anos 20 como acentuou os conflitos sociais, especialmente nas
sociedades muito diferenciadas. Em 1932, o número de desempregados do Mundo
Ocidental atingiu cerca de 30 milhões, não se contando as populações da Ásia,
África e América Latina, onde o desemprego é um problema constante.
Os países mais afetados pelo
desemprego foram os altamente industrializados como os EUA (17 milhões), a
Alemanha (6 milhões), a Inglaterra (3 milhões) e o Japão (2,5 milhões). Daí,
amplos setores da alta burguesia passaram a apoiar regimes políticos
autoritários que garantissem a ordem – explicando-se aí, o apoio ao fascismo na
Itália e ao nazismo na Alemanha.
O empobrecimento da burguesia e o
aumento do movimento operário – levando à ameaça de uma revolução comunista –
canalizaram os setores mais atingidos a engajar-se em formações
político-partidárias pregadoras de soluções autoritárias (como o fascismo, por
exemplo).
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