terça-feira, 8 de junho de 2021

A Grande Depressão de 1929 e as Soluções Nacionais

 

Quais Foram as Principais Razões Que Provocaram a “Grande Depressão”? Qual a Influência do Sistema Capitalista Nessa Crise Mundial? Quem Controlava a Economia Mundial Antes da 1ª Guerra?

 

 


 

Antes do século XVIII as crises afetavam o setor agrícola mundial, caracterizando-se pela escassez de alimentos e outros artigos cujos preços se elevavam. Com o início do capitalismo houve uma mudança no caráter dessas crises e, nelas, não existiam mais a escassez e sim a abundância, onde os preços caíam.

Mas, por que isto acontecia? A produção capitalista tem por finalidade o lucro. E tais crises estão relacionadas com o próprio sistema, na medida em que existe uma tendência de redução na taxa de lucro. Com o desenvolvimento do capitalismo, uma parte cada vez maior do lucro foi empregada em novas máquinas.

Essas máquinas eliminavam o trabalho de muitos homens, reduzindo o custo de produção e possibilitando maiores lucros. Todavia, provocando o desemprego e a baixa dos salários, contribuía para diminuir a capacidade de consumo das mercadorias.

Apesar de a capacidade de produção ter aumentado, a taxa de lucro reduziu-se porque o poder de compra dos trabalhadores limitou-se drasticamente, tonando-se o “impasse” do sistema capitalista. Daí, como solucionar essa situação? Para os capitalistas, quanto mais pagar aos operários, tanto menor será seu lucro.

Dessa forma, reduziram-se os salários a fim de permitir maior acumulação de capitais que foram usados para o aumento da produção. No entanto, o baixo poder aquisitivo não permitia que a produção fosse absorvida. Como resolver tal contradição?

O subconsumo levava à estocagem de mercadorias, à baixa dos preços e à diminuição da capacidade produtiva cujo efeito era o desemprego. À crise, seguiu-se um período de depressão, estagnação dos negócios e desemprego e, a seguir, novo período de “prosperidade” no qual a atividade econômica recomeçava com novo ímpeto. Daí o caráter cíclico das crises.

Tais crises eram basicamente industriais, de superprodução e cíclicas, pois não era uma crise em apenas um país, mas no conjunto dos países capitalistas. Isso porque a necessidade de mercados para os excedentes de capitais e produtos levava à concorrência entre os países capitalistas. Deve-se lembrar de que este foi o fator mais importante para provocar a Primeira Guerra, em 1914.

Mas, ao chegarmos à Primeira Guerra observamos uma não correspondência do pensamento econômico com a realidade da época. A era da multiplicidade de pequenas empresas, concorrentes entre si, passara: a economia era controlada pelos grandes monopólios e no plano comercial firmavam-se as tarifas protecionistas, sendo o papel do Estado mais vasto do que aquele de guardião da propriedade privada imaginado pelos liberais do século XVIII.

O Estado liberal exercia seu papel de mantenedor da ordem, deixando no plano econômico as iniciativas a cargo da livre iniciativa. A Primeira Guerra mudou tal situação: _ o não intervencionismo dos liberais foi impotente para coordenar uma economia de guerra, tarefa que o Estado assumiu.

Com ou sem intervenção do Estado na economia, a contradição permanecia e as crises de superprodução eram constantes. Daí, como resolver o problema? Nos países capitalistas tentava-se resolver o problema “consertando” o próprio capitalismo; isto é, o plano era abolir a abundância reduzindo a produção.

 

A Crise do Pós-Guerra, a Difícil Reconversão.

 

As consequências da guerra foram pesadas para os países europeus, principalmente para os envolvidos no conflito e cujo território serviu de campo de batalha – como a França e a Alemanha. No geral, o capitalismo europeu declinou no pós-guerra, contrastando com a ascensão americana e japonesa. A Inglaterra entrou em um processo crônico de crise, o mesmo ocorrendo com a França.

Essa Pequena Crise atingiu os países capitalistas europeus que perderam seus mercados tradicionais, atingindo também os EUA e o Japão provocando o desemprego e falências e deixando no seu caminho a insatisfação social.

A retração das exportações europeias e a necessidade de matérias-primas e produtos alimentícios levaram os países da periferia – especialmente da América Latina – a desenvolverem as suas indústrias e aumentarem suas exportações de produtos primários. Daí, os EUA e o Japão (grande aproveitador da guerra) aceleraram sua industrialização.

O período seguinte à Pequena Crise de Reconversão caracterizou-se por uma retomada da expansão, inaugurando-se um novo ciclo de prosperidade na economia ocidental. Entretanto, o fenômeno foi muito desigual nos quatro principais países capitalistas (França, EUA, Inglaterra e Alemanha).

A “prosperidade” foi mais um fenômeno americano do que europeu, pois a expansão inglesa foi bloqueada até 1925 quando praticou rígida política deflacionária e de retorno ao padrão ouro na paridade anterior à guerra: _ a libra ficou mais valorizada e os preços dos produtos ingleses não eram competitivos.

A França conseguiu dobrar sua produção até 1927, enquanto a Alemanha se beneficiou do grande afluxo de capitais americanos. Estes também se dirigiram para a Europa Central, beneficiando países como a Tchecoslováquia e Polônia. O Japão continuou em ritmo crescente, mesmo com o fechamento dos mercados europeus.

Ao lado da racionalização progrediu a concentração industrial, ocorrendo a formação de grandes holdingscartéis e trustes internacionais. A agricultura jamais conseguiu se recuperar no pós-guerra, principalmente a americana, o que levava a uma baixa no poder aquisitivo dos setores rurais.

O subemprego era a causa do baixo poder aquisitivo global e o número de desempregados permanecia constante. Apesar do aumento da produção, a maioria das indústrias trabalhava com capacidade ociosa. Entretanto, a especulação financeira era intensa: _ na Bolsa de Nova Iorque uma enorme especulação não cessava seu curso.

 

A Crise de 1929 e Seus Efeitos

 

 Culminando com um rápido declínio das atividades econômicas e sendo um reflexo desse problema estrutural, em 24 de outubro de 1929 ocorreu a quebra da Bolsa de Nova Iorque. Nesse dia foram lançados mais de 16 milhões de títulos, os quais não encontraram compradores, acelerando-se a queda do seu valor.

No início de novembro a totalidade das ações industriais tinha perdido mais de 1/3 do seu valor. A crise americana arrastou consigo países ligados à economia dos EUA: uma das características da Crise de 1929 foi a sua ampliação, sua universalização e, outra característica, é que ela foi produto de uma crise agrária, financeira e industrial ao mesmo tempo. E a sua duração foi anormal, pois se o ciclo infernal durou até 1933, seus efeitos se fizeram sentir até as vésperas da Segunda Guerra.

De imediato a Crise levou à falência as instituições bancárias americanas e europeias, uma vez que os bancos americanos repatriaram os capitais investidos e cessaram de abrir crédito aos países estrangeiros. As falências dos bancos repercutiram em toda Europa – especialmente a Alemanha – e, para impedir o agravamento do desastre, o governo alemão bloqueou os capitais estrangeiros. A Crise propagou-se pela Inglaterra – credora da Alemanha – e finalmente atingiu todos os países.

Em 21 de outubro de 1931 o governo britânico abandonou o padrão ouro, ocorrendo uma desvalorização de mais de 40 % da libra e, em consequência disso, foram para o abismo as moedas satélites (mais de 30 países). De 1929 a 1933 a produção industrial retrocedeu, tendo o ponto mais baixo ocorrido em 1932 (38 % a menos que em 1929).

A Alemanha foi o país mais atingido e os prejuízos se repartiram entre os EUA, a Alemanha, Inglaterra, França, Bélgica, Holanda, Áustria e Canadá. Os estoques aumentavam e não havia compradores; tal situação era agravada pelo fechamento dos mercados externos, através de altas tarifas protecionistas e pelo desemprego em massa, reduzindo o poder aquisitivo dos consumidores.

A agricultura foi atingida violentamente observando-se uma enorme queda e uma diminuição do poder de consumo, levando países tradicionalmente exportadores de produtos agrícolas – Brasil, Argentina, Nova Zelândia e outros – a enfrentar o problema da superprodução e da bancarrota.

A Crise não só quebrou a euforia ilimitada dos anos 20 como acentuou os conflitos sociais, especialmente nas sociedades muito diferenciadas. Em 1932, o número de desempregados do Mundo Ocidental atingiu cerca de 30 milhões, não se contando as populações da Ásia, África e América Latina, onde o desemprego é um problema constante.

Os países mais afetados pelo desemprego foram os altamente industrializados como os EUA (17 milhões), a Alemanha (6 milhões), a Inglaterra (3 milhões) e o Japão (2,5 milhões). Daí, amplos setores da alta burguesia passaram a apoiar regimes políticos autoritários que garantissem a ordem – explicando-se aí, o apoio ao fascismo na Itália e ao nazismo na Alemanha.

O empobrecimento da burguesia e o aumento do movimento operário – levando à ameaça de uma revolução comunista – canalizaram os setores mais atingidos a engajar-se em formações político-partidárias pregadoras de soluções autoritárias (como o fascismo, por exemplo).


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