terça-feira, 29 de junho de 2021

A Crise do Liberalismo no Mundo Ocidental Contemporâneo

 

Por Que Ocorreu a Troca da Livre Concorrência Pelo Monopólio? Qual a Importância do Sistema de Crédito na Crise do Liberalismo? Quais Foram os Principais Motivos Que Levaram à Primeira Guerra Mundial?

 

 


O avanço da tecnologia – provocado pela Revolução Industrial – tornou possível a produção em massa e a maior divisão do trabalho o que facilitava a redução dos custos unitários, embora os capitalistas ainda tivessem que enfrentar a batalha da concorrência. E essa disputa se faria através do barateamento dos preços das mercadorias produzidas.

Com maior volume de capital a empresa que reduzisse seus preços poderia reduzir sua margem de lucro e, dessa forma, se processaria a concorrência (o capital maior derrotaria o capital menor). Isso porque, com a ruína de muitos pequenos capitalistas, seus capitais passavam às mãos de seus vencedores tornando o capital destes ainda maior.

Ao se tornarem fortes, os grandes capitalistas podiam controlar a oferta e, em consequência disso, os seus preços. Entretanto, a concorrência atrapalhava os mecanismos de controle de preços e, o ideal, seria se dominassem sozinhos o mercado.

Ocorreu então a substituição gradual da livre-concorrência pelo monopólio e, diante disso, gigantescas indústrias se formaram tentando obter o total controle da produção – desde as fontes de matérias-primas até a sua distribuição. Essa forma de organização industrial – controle da oferta de mercadorias para modificar o preço a seu favor – foi denominada de truste.

Nas duas últimas décadas do século XIX tornou-se evidente que a política de livre comércio – defendida pela Inglaterra – era coisa do passado e, países como os EUA, Itália, Alemanha e França, encontraram grandes dificuldades em romper as barreiras alfandegárias que protegiam grandes indústrias rivais.

Os capitalistas compreenderam que ao invés de competir – realizando uma luta de extermínio pela redução dos preços – eles deviam associar-se e permanecerem como empresas separadas, mas sem concorrer entre si: concordariam na divisão dos mercados e dos preços. Essas associações receberam o nome de cartel e surgiram inicialmente na Alemanha.

O capitalismo se transformava..........Com o crescimento do monopólio, os preços não se estabeleceram através da concorrência no mercado livre – o mercado deixou de ser livre e os preços foram fixados. Dessa forma, o capitalismo da livre concorrência se tornava o capitalismo dos monopólios.

Entrava em cena uma nova força: _ o sistema de crédito. Sempre que industriais desejassem iniciar um negócio, tinham que recorrer aos banqueiros e, quanto mais dinheiro esses banqueiros controlassem, maior era o seu poder. Muitas vezes, os importantes homens do mundo bancário estavam em diretorias de grandes trustes ou gigantescas companhias, nas quais seus bancos investiam grandes somas.

A situação era bem evidente: _ no capitalismo dos monopólios quem falava mais alto eram os financistas e a chave do seu poder era a intensiva concentração dos capitais. Tudo isso gerava problemas como as indústrias que, produzindo em grande escala, aumentavam sua capacidade de produzir em um índice mais rápido do que a capacidade de consumo da população. Ou melhor, a população poderia ter mais mercadorias, contudo nem sempre podia pagar por elas.

Um problema fazia-se presente: _ os industriais controlavam a oferta; isto é, eles produziam apenas a quantidade que lhes proporcionasse altos lucros, mas boa parte da capacidade produtiva de suas fábricas ficava parada. Mas, eles queriam usar suas fábricas para produzir o máximo de mercadorias e, para isso, eles precisariam encontrar mercados externos.

A solução eram as colônias e os capitalistas da Inglaterra, da França, da Bélgica, da Itália, da Alemanha e dos EUA partirem à conquista do mundo, buscando colônias que seriam mercados para os produtos excedentes. E, como a produção em grande escala necessita de grandes quantidades de matérias-primas, desejavam controlar os mercados que as forneciam.

A indústria monopolista trouxe grandes lucros a seus donos que economizavam colocando nos bancos, companhias de seguros e empresas de investimentos. Então, ocorreu uma super acumulação que eles denominaram de “capitais excedentes”. Visando aumentar seus lucros, os empresários decidiram exportar o capital excedente para os países atrasados onde os lucros eram certos, pois os preços da terra e das matérias-primas eram relativamente baixos, o capital era escasso e os salários mais baixos ainda.

Então, o capital excedente lutou pelas áreas coloniais e, em poucas décadas, o mundo estava dividido: _ a África partilhada, a Ásia repartida em colônias e áreas de influência e a América Latina dependente dos capitais ingleses e americanos.

Os banqueiros e os industriais se associaram na política de conquistar colônias e áreas de influência. Com a exportação do capital excedente para essas áreas ficava também assegurado um mercado consumidor para os produtos industriais. A aliança banco indústria na busca de mercados para seus capitais e produtos foi a mola mestre do imperialismo e, o colonialismo foi, então, um aspecto do imperialismo.

Mas, para surpresa de muitos a concorrência não cessou, pois a divisão que a princípio parecia justa com o tempo mostrou-se injusta para alguns. Tal situação levou à guerra e, em 1914, a Primeira Guerra Mundial. Em meio à guerra um país tomou outro rumo: _ a Rússia, pois a Revolução Socialista de 1917 representou a ruptura do proletariado com a sociedade capitalista.

Portanto, uma nova ordem se implantava enquanto no capitalismo as crises continuavam e, consequentemente, chegou o momento da grande crise – do crack geral na economia. A Crise de 1929 tornou evidentes as contradições do sistema capitalista: a super abundância de produtos em meio à miséria.

Essa crise levou setores da população a uma situação insustentável: as classes médias se pauperizaram, o proletariado empobreceu e os grupos dominantes sentiam-se inseguros diante da ameaça do comunismo. Esse clima tornava toda a sociedade (Alemanha e Itália, principalmente) vulnerável ao fascismo que explorava o desespero das classes, apelando até para o racismo (“os judeus são os culpados de todos os males sociais”).

A agressividade gerada pelo fascismo levou o nacionalismo alemão e italiano a defender a guerra como forma de resolver a crise e, na medida em que com a Crise de 1929, os antagonismos voltaram a se manifestar, o sistema de segurança político internacional criado após a Primeira Guerra Mundial, não foi suficiente para evitar novo conflito.

Daí, a Segunda Guerra Mundial ocorreu como uma continuação da anterior, pois a problemática que gerou a Primeira Guerra – a busca de mercados – também determinou a Segunda.

 

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