terça-feira, 6 de julho de 2021

A Dislexia e os Transtornos na Aprendizagem

 

Como se Apresenta a Dislexia em Uma Criança? Do Que Depende o Seu Desenvolvimento Neuropsicológico? Como Ocorrem os Distúrbios de Memória de Uma Criança? Quais os Possíveis Sinais Que Indiquem o Aparecimento da Dislexia?

 

 


Aprender é uma das principais atividades que realizamos mesmo que – muitas vezes – não estejamos conscientes disso. Existem vários tipos e formas de aprendizagem a qual, para muitos estudiosos, trata-se do processo de armazenamento de informações, mostrando assim a importância de nos atentarmos ao tempo e à qualidade das informações a que estejamos sendo expostos.

Ferreira (1) nos apresenta o fato de que o desenvolvimento neuropsicológico depende da maturação cerebral e das interferências advindas dos fatores genéticos e estruturais cerebrais, social, familiar e cultural. Para ele, a dislexia é um termo utilizado para descrever os problemas de aprendizado referentes às dificuldades de leitura e, consequentemente, de escrita, apesar do nível de inteligência da pessoa ser “normal ou estar acima da média. ”

Geralmente, a dislexia ocorre em conjunto com outros distúrbios, como os de memória, orientação esquerda-direita, orientação temporal, imagem corporal, escrita e soletração, distúrbios topográficos ou no padrão motor, podendo também ser hereditária. 

Os distúrbios de memória atrelados à dislexia ocorrem no sentido de a criança não conseguir recordar o som ou a grafia de uma letra, por exemplo, e o distúrbio de memória sequencial se refere à memorização da sequência das letras ao formar uma palavra. Além disso, há também os distúrbios:


Direita-esquerda: o qual a criança não reconhece as orientações e direções.

Orientação temporal: a qual a criança não consegue se localizar no tempo (dia da semana, hora, mês).

Imagem corporal: quando a criança não consegue se desenhar como uma figura humana.

Topográficos: se dá ao fato da criança não conseguir “ler” mapas ou gráficos.

Padrão motor: Quando a criança não consegue se manter equilibrada, andar ou pular normalmente.

Problemas graves na leitura que consequentemente afeta a escrita.

A não realização da soletração


Todas essas características precisam ser analisadas caso a caso, pois até os sete anos é normal a criança apresentar algumas dificuldades. Um dos sinais para diagnosticar se há dislexia é o atraso na fala, pois mesmo a criança aprendendo a falar, ainda assim ela continua com uma linguagem inferior à idade apresentada. Esse problema também pode ser observado na fase de alfabetização, geralmente as crianças se interessam pelo processo de aprender a escrever seus nomes e interpretar textos, porém a desmotivação por essa atividade pode ser reflexo da dislexia. 

O diagnóstico precisa ser embasado em uma visão multidisciplinar composto por vários profissionais, como psicopedagogo, fonoaudiólogo, neurologista e psicólogo, além de fatores ambientais do convívio da criança. Há também alguns possíveis sinais que podem indicar o aparecimento desse distúrbio, tais como:


Dispersão.

Fraco desenvolvimento da atenção.

Atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem.

Dificuldade de aprender rimas e canções.

Fraco desenvolvimento da coordenação motora.

Dificuldade com quebra-cabeças.

Falta de interesse por livros impressos.


Há ainda outros sinais que se apresentam na idade escolar, os quais podem ser um pouco mais fáceis de serem identificados por se tratarem de comportamentos relacionados à escola e ao desenvolvimento dos estudos. São eles:


Dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita.

Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras).

Desatenção e dispersão.

Dificuldade em copiar de livros e da lousa.

Dificuldade na coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou grossa (ginástica, dança etc.).

Desorganização geral, constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences.

Confusão para nomear entre esquerda e direita.

Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.

Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas.


Outros sinais podem aparecer durante a fase escolar e podem ser divididos por:


Pré-escolar: Ter problemas de aprendizagem de rimas; falta de interesse pelas rimas; palavras mal pronunciadas; dificuldade em aprender e lembrar o nome da letra; deficiência em saber o nome das letras de seu próprio nome. Falar mais tarde do que a maioria das crianças. Ter mais dificuldade do que outras crianças ao pronunciar as palavras. Ser lento para adicionar novas palavras de vocabulário e ser incapaz de recordar a palavra certa. Ter dificuldade em aprender o alfabeto, números, dias da semana, cores, formas, como soletrar e como escrever seu nome.

Jardim de Infância até a 4ª série: Dificuldade em entender que as palavras podem ser divididas em partes. Dificuldade em associar letras a sons; incapacidade de ler palavras simples; reclamações de o quanto é difícil ler; histórico de problemas de leitura presente nos pais e irmãos. Dificuldade em ler palavras simples que não estão cercadas por outras palavras. Demora para aprender a conexão entre letras e sons.

Ensino Fundamental: Possuir discurso não fluente (pausas ou hesitações frequentes, muitos “hummm...”). Não ser capaz de encontrar as palavras corretas, confundindo as que tenham a sonoridade semelhante; problema ao lembrar datas, nomes, números de telefone, listas; medo de ler em voz alta; desempenho fraco em testes de múltipla escolha. Ter dificuldade em terminar provas no tempo estabelecido; problemas na leitura dos enunciados dos problemas matemáticos; leitura lenta e cansativa. Apresentar deveres de casa incompletos; necessitar de ajuda para ler o enunciado; extrema dificuldade para aprender uma língua estrangeira.

Ensino Médio e Faculdade: Ler muito lentamente com muitas imprecisões. Continuar a soletrar incorretamente, ou soletrar frequentemente a mesma palavra diferentemente em uma única parte de escrita. Evitar testes que exigem leitura e escrita e procrastinar tarefas de leitura e escrita. Ter dificuldade em preparar resumos para as aulas. Trabalhar intensamente em tarefas de leitura e escrita. Ter poucas habilidades de memória e completar o trabalho atribuído mais lentamente do que o esperado. Ter um vocabulário inadequado e ser incapaz de armazenar muita informação da leitura.


___________________________

(1) FERREIRA, M. G. R. Neuropsicologia e aprendizagem. [livro eletrônico]. Curitiba: Intersaberes, 2014.


Nenhum comentário :

Postar um comentário