quinta-feira, 28 de agosto de 2025

As Primeiras Civilizações (Características, Desenvolvimento e Legados)

 

Quando Surgiram os Primeiros Indícios da Civilização Suméria? Que Fatores Provocaram a Revolução Neolítica? Onde Surgiram os Primeiros Assentamentos Humanos? Que Fatores Sociais, Econômicos e Políticos Contribuíram Para o Surgimento das Primeiras Civilizações?  

 


 

Para entendermos como se desenvolveram as primeiras civilizações humanas, é necessário observarmos a ordem cronológica dos fatos e datas dos principais acontecimentos da Idade Antiga e Média. Aproximadamente em 11.000 aC iniciou-se o que os estudiosos denominam de Período Neolítico e, entre 8.000 e 7.800 aC, tem-se notícias sobre os primeiros assentamentos permanentes em Jericó (na Palestina) e Çatal Huyuk (na Turquia). Por volta de 7.500 aC, temos notícias sobre a domesticação dos primeiros animais (ovelhas e carneiros), assim como os primeiros cereais cultivados (trigo e cevada) no Oriente Próximo. O surgimento das primeiras cidades e o início da Civilização Suméria (na Mesopotâmia) ocorreu entre o ano 4000 e 3500 a.C, paralelamente à civilização egípcia. Por volta de 3400 a.C. houve a invenção da Escrita cuneiforme (na Suméria), em 2600 a.C., o nascimento da civilização Minoica na Grécia (1ª da Europa) e, em 2575 a.C., a construção das pirâmides de Gizé (no Egito). A Guerra de Tróia ocorreu em 1.200 aC e em seguida a invasão dos “povos do mar.

No século VIII aC a fundação de Pólios na Grécia Antiga e, entre 753 aC e 509 aC, a fundação de Roma e a República. Já no século IV a.C Alexandre, o Grande, deu início à expansão helenística e, no ano 1, surgiu o Cristianismo. No ano de 395 d.C houve a divisão do Império Romano do Ocidente (capital Roma) e do Oriente (Constantinopla), em 476, a queda de Roma e o fim da Antiguidade. Em 571 nasceu Maomé que originou do Islamismo, em 800 houve a coroação de Carlos Magno e o início do Império Carolíngio, a primeira unificação europeia da Idade Média, havendo a fusão dos 3 elementos: o bárbaro (germânico), o romano e o cristianismo. No século IX houve novas invasões bárbaras (vikings do Norte, sarracenos do Sul, magiares do Leste e fim do Império Carolíngio). Já entre o século XI e XIII temos notícias do feudalismo na Europa, quando o poder real foi diluído nas mãos de nobres proprietários de terras e no século XII surgiu a Burguesia. Entre os anos de 1096 e 1271 houve o movimento das Cruzadas (foram 9), dos cristãos na Terra Santa e em 1453, a queda de Constantinopla e o fim da Idade Média.

 

Revolução Neolítica

 

Por volta de 11.000 a.C. a Idade do Gelo chegou ao fim. O aquecimento global transformou o globo terrestre levando ao surgimento de vasta e rica vegetação em algumas regiões do planeta, enquanto em outras, rios e lagos secaram. Iniciou-se o período Neolítico, onde as mudanças no clima e a oferta de comida e água impulsionaram a humanidade para uma mudança em grande escala no seu estilo de vida. O Homem deixou de ser caçador-coletor e nômade e tornou-se sedentário, habitando um mesmo lugar e produzindo seus alimentos – o que por sua vez levou a outras transformações. Essas mudanças foram tão profundas e importantes que chamamos esse período de Revolução Neolítica. Neolítico é uma palavra de origem grega, onde “neo” significa novo, e “litos” (lítico) significa pedra. Temos então “pedra nova”, se referindo à nova tecnologia de produção de instrumentos de pedra, que o homem pré-histórico fabricava desde tempos remotos. Essa nova tecnologia é a da pedra polida, a qual permite ferramentas mais resistentes e duráveis, suplantando a da pedra lascada, utilizada até então. Essas modificações aconteceram primeiro numa região conhecida como Crescente Fértil, localizada no Oriente Próximo (n Ásia), onde estão hoje os países Irã, Iraque, Síria, Turquia, Líbano e Israel, e no norte da África, no atual Egito. Essa região é chamada de Crescente Fértil porque é banhada pelos rios Tigre, Eufrates e Jordão, na Ásia, e pelo rio Nilo, no Egito.

Com o aquecimento global, essas áreas eram as que concentravam água nessas regiões semiáridas ou desérticas. Tanto as pessoas quanto animais e plantas precisam de água para sobreviver, eles vão se concentrar próximos aos rios. E é à beira desses rios que os animais são domesticados e que as pessoas começam a praticar a agricultura. Por isso também nomeamos este momento de Revolução Agrícola: é o surgimento de novas formas de produzir alimentos. Habitando perto dos rios e perto dos animais, as pessoas tinham acesso fácil à caça. Não precisavam mais andar longas distâncias atrás das manadas. Com o tempo, domesticaram os animais, começando pelos mais dóceis, como ovelhas e cabras. Com o aquecimento, novas plantas surgiram, com frutos que alimentavam bastante. É o caso da ervilha, da lentilha, do grão de bico; da uva, do figo, da tâmara, da laranja, da azeitona; das castanhas e amêndoas; e dos cereais como trigo, cevada, aveia, entre outros. Com esses alimentos disponíveis, as pessoas não precisavam ir longe para coletar vegetais, sem contar que os próprios rios também forneciam peixes. Todos esses fatores contribuíram para que as pessoas passassem a morar no mesmo lugar, e aos poucos, observando a natureza, começaram a plantar seus alimentos.

É a passagem da vida nômade para a vida sedentária. As sementes e os frutos podem ser comidos crus, as carnes podem ser assadas na fogueira, mas os cereais e as leguminosas precisam ser cozidos. Isso fez com que as pessoas inventassem as primeiras panelas, feitas de barro cozido. É a difusão do uso da cerâmica. Ela também vai servir para armazenar alimentos e líquidos, como água, cerveja, vinho e azeite. Plantar alimentos começa a exigir novas ferramentas para ajudar no trabalho. Então o arado é inventado. Para transportar a colheita e as pessoas, é inventada a roda para as carroças, e a vela para os barcos. A maior disponibilidade de alimentos levou a um aumento da população, e isso levou à necessidade de aumentar a área plantada na beira dos rios. Então as pessoas pensaram em fazer canais de irrigação, que poderiam levar a água dos rios para a terra mais longe das margens. É a necessidade que leva às invenções! Os primeiros animais a serem domesticados foram as ovelhas e as cabras, e isso aconteceu por volta de 8.000 a.C., na Mesopotâmia. É nessa época também que o trigo e a cevada passaram a ser plantados pela primeira vez, na Mesopotâmia e também no Egito, junto aos rios. Até o final do Período Neolítico, por volta de 4.000 a.C., todas as plantas que consumimos como alimento, e que são típicas dessa região, já estavam sendo plantadas.

Com a produção de grãos surge a necessidade de armazenar e cozinhar. Para isso a técnica da fabricação da cerâmica é difundida por toda a região possibilitando a fabricação artesanal de utensílios de cozinha e de potes para o armazenamento de grãos e líquidos. Com o aumento da população e a concentração de várias pessoas num mesmo lugar, aconteceu o que chamamos de Revolução Urbana. É o surgimento dos primeiros assentamentos permanentes, com casas construídas de material permanente, como a pedra, várias pessoas de uma mesma família morando juntas, várias casas próximas umas das outras. Não havendo mais a necessidade de se mudar sempre, seguindo as manadas de animais o tempo todo, como faziam os povos nômades de caçadores coletores. As famílias então cresceram em número de pessoas, nasciam mais crianças, e as pessoas passaram a viver mais tempo. É importante dizer que esses aglomerados de casas ainda não são cidades, isso vai acontecer mais tarde. São conjuntos de casas e de pessoas num mesmo lugar. Um dos primeiros assentamentos estáveis que surgiram foi Jericó, na Palestina, por volta de 8.000 - 7.800 a.C.  Com o crescimento das cidades e da população surgem novas atividades produtivas que não estavam diretamente ligadas à produção de alimentos, como curtidores, sapateiros, ceramistas e marceneiros que trocavam seus produtos por alimentos com aqueles que produziam de sobra. Dando início ao comércio e às trocas. Essas novas atividades levam também a uma maior diferenciação social, isto é, ao surgimento de classes sociais diferentes, aumentando a complexidade das sociedades. Com as novas relações sociais, a vida urbana, e o convívio de várias pessoas em espaços restritos, os conflitos e desentendimentos entre as pessoas foram inevitáveis, criando a necessidade de um poder capaz de organizar a vida em sociedade.

O grupo humano aumentou de tamanho, não havia como conhecer todos pessoalmente, como acontecia com os pequenos grupos nômades mais antigos, quando os conflitos eram mais facilmente resolvidos. Era necessário agora elaborar leis para serem respeitadas por todos, e criar mecanismos para julgar e punir quem não as cumprissem. É o surgimento do Estado, com uma posição de comando, geralmente um rei, e uma estrutura administrativa, capazes de mobilizar pessoas para obras públicas, na construção de muralhas, canais de irrigação, e na defesa da cidade, além de criar leis de convívio e arbitrar conflitos. Com o surgimento do Estado temos novas classes sociais surgindo, os funcionários da estrutura administrativa, com alguns privilégios, e o rei e sua família, já que o poder era dinástico, isto é, passava aos descendentes do rei. A família real detinha diversos privilégios e estavam no topo da pirâmide social. As modificações do período também acontecem na psicologia humana. Desenvolve-se uma mentalidade simbólica que leva novas maneiras de ver e entender o mundo e a novas crenças. Uma decorrência disso é o surgimento da religião institucionalizada, com templos, cultos, práticas e sacerdotes. Todas essas transformações vão modificar a vida das pessoas na Terra para sempre. Por isso o uso do termo Revolução: Revolução Neolítica, Revolução Agrícola, Revolução Urbana. Essas transformações vão culminar com a invenção da escrita e o surgimento da Civilização, que vai acontecer primeiro na Mesopotâmia, no IV Milênio a.C. (por volta de 4.000 a.C.) e, logo em seguida, no Egito. É o fim da Pré-História, e o início da História, a passagem da Idade da Pedra para a Idade dos Metais (o Bronze sendo o primeiro).

 

Conceito de Civilização

 


Seres humanos já viviam em sociedade na Pré-História, mas estavam organizados em bandos, grupos ou tribos. Não configuravam uma civilização. Para que uma cultura possa ser chamada de civilização, vários fatores relevantes devem estar presentes. Esses fatores são sinais de uma maior complexidade social, econômica e política. São eles:

 

1.     Habitações - Habitações permanentes e população fixa num território;

2.     Agricultura - Desenvolvimento da agricultura e da criação de animais, gerando um excedente de produtos, a serem armazenados e trocados;

3.     Profissões - Desenvolvimento de outras profissões além daquelas ligadas à produção de alimentos: curtidores, ferreiros, ceramistas, soldados;

4.     Estado - Surgimento do Estado organizado: um poder central capaz de aplicar leis, mobilizar pessoas para obras públicas (construção de muralhas, canais de irrigação, por exemplo) e garantir a segurança (soldados);

5.     Religião - Surgimento de uma religião institucionalizada e de cultos formalizados, com sacerdotes e templos construídos;

6.     Comércio - Difusão do comércio e das trocas (gêneros alimentícios por produtos manufaturados), tanto dentro da cidade, como entre cidades;

7.     Metais – Uso difundido dos metais para ferramentas, armas e utensílios;

8.     Escrita - Invenção da Escrita, com o intuito inicial de controle administrativo.

 

Alguns pesquisadores elencaram esses elementos como essenciais para que possamos identificar uma civilização. Um dos precursores dessa caracterização foi Vere Gordon Childe, que também cunhou o termo “Revolução Neolítica”. Essas características estarão todas presentes nas primeiras civilizações, a Suméria, na Mesopotâmia (atual região do Iraque), na Ásia, e a Egípcia, no Egito.

 

O Oriente e Nós

 

O objetivo desse item é entender a relação do Ocidente com o Oriente, e as características culturais de cada um, e perceber que no Oriente temos três conjuntos culturais distintos, que nos permitem diferenciá-los em Oriente Próximo, Oriente Médio e Extremo Oriente. A relação do mundo ocidental, do qual fazemos parte, com o Oriente vem desde a origem da civilização, no IV Milênio antes de Cristo (a.C.). Para compreendermos essa relação, precisamos definir o que é Oriente, em primeiro lugar. Devemos lembrar também que oriente e ocidente são referenciais geográficos, isto é, dependem de um ponto de referência. No caso, o referencial para essa terminologia é a Europa: oriente em relação à Europa. Veja que, por exemplo, Israel está no oriente da Europa, mas já para o Japão, Israel está no ocidente... portanto, oriente e ocidente são referenciais geográficos. Podemos falar da diferença entre as mentalidades ocidental e oriental, que são bem diferentes. Mas mesmo que possamos falar de uma Civilização Ocidental, não temos como falar de apenas uma Civilização Oriental, já que percebemos várias civilizações orientais nitidamente distintas. A separação entre ocidente e oriente é geográfica, a princípio, mas é também cultural. Fundamentalmente, Ocidente é a Europa, Oriente é a Ásia. Como o professor Mário Sproviero orientador da Universidade de São Paulo – coloca, há um imenso conteúdo cultural tanto na Europa quanto na Ásia, nessa oposição ocidente-oriente, Europa-Ásia. É na Ásia que a primeira civilização surgiu, e esse processo civilizacional teria, então, se difundido para a Europa. Etimologicamente, a palavra oriente vem do latim oriens, e quer dizer “sol nascente”. Vem de orior, orire, que significa surgir, tornar-se visível. A palavra origem tem a mesma raiz. Já ocidente vem do latim occidens, que quer dizer “sol poente”. Assim, por analogia, o sol nasce no oriente e se põe no ocidente, e também por analogia, a civilização nasce no oriente e termina no ocidente. A palavra Europa, de provável origem semita, significa pôr do sol e Ásia, palavra acádia, significa surgir (se referindo ao sol). Sendo assim, Ásia-Europa seria sinônimo de Oriente / Ocidente.

O Ocidente se caracteriza pelo foco na Europa e seu grande sistema cultural que é a Civilização Ocidental. A cultura ocidental é caracterizada pela síntese de três culturas: a grega, a romana e a judaica (na sua componente cristã). Nesta síntese cultural também entram os povos germânicos, os eslavos e os bizantinos. A religião focal é o cristianismo. Já na Ásia, encontramos uma diversidade de línguas e culturas muito grande, que podem, todavia, ser agrupadas em três grandes blocos culturais: o Oriente Próximo, o Oriente Médio e o Extremo Oriente. Assim, não temos apenas um oriente, mas três. O Oriente Próximo é constituído pela cultura árabe. Vai das margens da Europa à parte mais próxima do mar Mediterrâneo até o Irã atual, englobando também o norte da África, culturalmente conectado ao oriente. Engloba o grupo árabe, o grupo turco mongólico e o grupo persa. A religião característica dessa área é o Islamismo e a língua também é o árabe. O Oriente Médio é constituído pelo universo cultural hindu. Na Ásia central e oriental, engloba a Índia, o Paquistão, o Camboja, a Birmânia e a Tailândia. O budismo é sua maior influência, seguido do hinduísmo, e a língua é o sânscrito. O Extremo Oriente constitui-se pelo universo da cultura chinesa. Engloba a China, o Japão, o Vietnã e a Coréia. Há uma unidade racial muito maior no Extremo Oriente do que nos outros orientes. A língua e a escrita chinesas unificam essa cultura, lembrando que tanto o japonês quanto o coreano são aparentados ao chinês. O budismo e o xintoísmo caracterizam esta área enquanto religião. Portanto, os três orientes estão vivos e presentes no mundo de hoje, inclusive se fazendo presentes no Ocidente, principalmente após a globalização. A tecnologia também tem um papel importante nesse processo de contato, principalmente com a internet. O conhecimento, tanto do oriente quanto do ocidente, é fundamental para entendermos a História, seus eventos e processos, da Antiguidade aos nossos dias.

 

REFERÊNCIAS

 

BLASCO, Maria de lá Concepcional (1 de setembro de 1993). El Bonce final (1ª adicione). Madrid: Editorial Sínteses. p. 176. ISBN 84-7738-195-X. BRÉZILLON, Michel (1969). Dictionnaire de lá Préhistoire (en francés). París: Librairie Larousse. ISBN 2-03- 075437-4.

CLAIRBORNE, Robert (1977). Los primeros americanos. Ciudad de México: Lito Offset Latina. Libros TIMELIFE. Clark, John E., ed. (1994). Los olmecas en Mesoamérica. Ciudad de México: Ediciones del Equilibrista. ISBN 968-7318-22-8.

CONRAD, Geoffrey W. (1984). «Los incas». Historia de las Civilizaciones antiguas (II): Europa, América, China, India. Arthur Cotterell, ed. Barcelona: Editorial Crítica. ISBN 84-7423-252-X

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