Quando Surgiram os Primeiros Indícios da Civilização Suméria?
Que Fatores Provocaram a Revolução Neolítica? Onde Surgiram os Primeiros Assentamentos
Humanos? Que Fatores Sociais, Econômicos e Políticos Contribuíram Para o
Surgimento das Primeiras Civilizações?
Para entendermos como se
desenvolveram as primeiras civilizações humanas, é necessário observarmos a
ordem cronológica dos fatos e datas dos principais acontecimentos da Idade
Antiga e Média. Aproximadamente em 11.000 aC iniciou-se o que os estudiosos
denominam de Período Neolítico e, entre 8.000 e 7.800 aC, tem-se notícias sobre
os primeiros assentamentos permanentes em Jericó (na Palestina) e Çatal Huyuk (na
Turquia). Por volta de 7.500 aC, temos notícias sobre a domesticação dos
primeiros animais (ovelhas e carneiros), assim como os primeiros cereais cultivados
(trigo e cevada) no Oriente Próximo. O surgimento das primeiras cidades e o
início da Civilização Suméria (na Mesopotâmia) ocorreu entre o ano 4000 e 3500
a.C, paralelamente à civilização egípcia. Por volta de 3400 a.C. houve a
invenção da Escrita cuneiforme (na Suméria), em 2600 a.C., o nascimento da
civilização Minoica na Grécia (1ª da Europa) e, em 2575 a.C., a construção das
pirâmides de Gizé (no Egito). A Guerra de Tróia ocorreu em 1.200 aC e em
seguida a invasão dos “povos do mar.
No século VIII aC a fundação de Pólios
na Grécia Antiga e, entre 753 aC e 509 aC, a fundação de Roma e a República. Já
no século IV a.C Alexandre, o Grande, deu início à expansão helenística e, no
ano 1, surgiu o Cristianismo. No ano de 395 d.C houve a divisão do Império
Romano do Ocidente (capital Roma) e do Oriente (Constantinopla), em 476, a
queda de Roma e o fim da Antiguidade. Em 571 nasceu Maomé que originou do
Islamismo, em 800 houve a coroação de Carlos Magno e o início do Império
Carolíngio, a primeira unificação europeia da Idade Média, havendo a fusão dos
3 elementos: o bárbaro (germânico), o romano e o cristianismo. No século IX
houve novas invasões bárbaras (vikings do Norte, sarracenos do Sul, magiares do
Leste e fim do Império Carolíngio). Já entre o século XI e XIII temos notícias
do feudalismo na Europa, quando o poder real foi diluído nas mãos de nobres
proprietários de terras e no século XII surgiu a Burguesia. Entre os anos de 1096
e 1271 houve o movimento das Cruzadas (foram 9), dos cristãos na Terra Santa e
em 1453, a queda de Constantinopla e o fim da Idade Média.
Revolução Neolítica
Por volta de 11.000 a.C. a Idade
do Gelo chegou ao fim. O aquecimento global transformou o globo terrestre
levando ao surgimento de vasta e rica vegetação em algumas regiões do planeta,
enquanto em outras, rios e lagos secaram. Iniciou-se o período Neolítico, onde as
mudanças no clima e a oferta de comida e água impulsionaram a humanidade para
uma mudança em grande escala no seu estilo de vida. O Homem deixou de ser
caçador-coletor e nômade e tornou-se sedentário, habitando um mesmo lugar e
produzindo seus alimentos – o que por sua vez levou a outras transformações.
Essas mudanças foram tão profundas e importantes que chamamos esse período de
Revolução Neolítica. Neolítico é uma palavra de origem grega, onde “neo” significa novo, e “litos” (lítico) significa pedra. Temos
então “pedra nova”, se referindo à nova tecnologia de produção de instrumentos
de pedra, que o homem pré-histórico fabricava desde tempos remotos. Essa nova
tecnologia é a da pedra polida, a qual permite ferramentas mais resistentes e
duráveis, suplantando a da pedra lascada, utilizada até então. Essas
modificações aconteceram primeiro numa região conhecida como Crescente Fértil,
localizada no Oriente Próximo (n Ásia), onde estão hoje os países Irã, Iraque,
Síria, Turquia, Líbano e Israel, e no norte da África, no atual Egito. Essa
região é chamada de Crescente Fértil porque é banhada pelos rios Tigre,
Eufrates e Jordão, na Ásia, e pelo rio Nilo, no Egito.
Com o aquecimento global, essas
áreas eram as que concentravam água nessas regiões semiáridas ou desérticas.
Tanto as pessoas quanto animais e plantas precisam de água para sobreviver,
eles vão se concentrar próximos aos rios. E é à beira desses rios que os
animais são domesticados e que as pessoas começam a praticar a agricultura. Por
isso também nomeamos este momento de Revolução Agrícola: é o surgimento de
novas formas de produzir alimentos. Habitando perto dos rios e perto dos
animais, as pessoas tinham acesso fácil à caça. Não precisavam mais andar
longas distâncias atrás das manadas. Com o tempo, domesticaram os animais,
começando pelos mais dóceis, como ovelhas e cabras. Com o aquecimento, novas
plantas surgiram, com frutos que alimentavam bastante. É o caso da ervilha, da
lentilha, do grão de bico; da uva, do figo, da tâmara, da laranja, da azeitona;
das castanhas e amêndoas; e dos cereais como trigo, cevada, aveia, entre
outros. Com esses alimentos disponíveis, as pessoas não precisavam ir longe
para coletar vegetais, sem contar que os próprios rios também forneciam peixes.
Todos esses fatores contribuíram para que as pessoas passassem a morar no mesmo
lugar, e aos poucos, observando a natureza, começaram a plantar seus alimentos.
É a passagem da vida nômade para
a vida sedentária. As sementes e os frutos podem ser comidos crus, as carnes
podem ser assadas na fogueira, mas os cereais e as leguminosas precisam ser
cozidos. Isso fez com que as pessoas inventassem as primeiras panelas, feitas
de barro cozido. É a difusão do uso da cerâmica. Ela também vai servir para
armazenar alimentos e líquidos, como água, cerveja, vinho e azeite. Plantar
alimentos começa a exigir novas ferramentas para ajudar no trabalho. Então o
arado é inventado. Para transportar a colheita e as pessoas, é inventada a roda
para as carroças, e a vela para os barcos. A maior disponibilidade de alimentos
levou a um aumento da população, e isso levou à necessidade de aumentar a área
plantada na beira dos rios. Então as pessoas pensaram em fazer canais de
irrigação, que poderiam levar a água dos rios para a terra mais longe das
margens. É a necessidade que leva às invenções! Os primeiros animais a serem
domesticados foram as ovelhas e as cabras, e isso aconteceu por volta de 8.000
a.C., na Mesopotâmia. É nessa época também que o trigo e a cevada passaram a
ser plantados pela primeira vez, na Mesopotâmia e também no Egito, junto aos
rios. Até o final do Período Neolítico, por volta de 4.000 a.C., todas as
plantas que consumimos como alimento, e que são típicas dessa região, já
estavam sendo plantadas.
Com a produção de grãos surge a
necessidade de armazenar e cozinhar. Para isso a técnica da fabricação da
cerâmica é difundida por toda a região possibilitando a fabricação artesanal de
utensílios de cozinha e de potes para o armazenamento de grãos e líquidos. Com
o aumento da população e a concentração de várias pessoas num mesmo lugar,
aconteceu o que chamamos de Revolução Urbana. É o surgimento dos primeiros
assentamentos permanentes, com casas construídas de material permanente, como a
pedra, várias pessoas de uma mesma família morando juntas, várias casas
próximas umas das outras. Não havendo mais a necessidade de se mudar sempre,
seguindo as manadas de animais o tempo todo, como faziam os povos nômades de
caçadores coletores. As famílias então cresceram em número de pessoas, nasciam
mais crianças, e as pessoas passaram a viver mais tempo. É importante dizer que
esses aglomerados de casas ainda não são cidades, isso vai acontecer mais
tarde. São conjuntos de casas e de pessoas num mesmo lugar. Um dos primeiros
assentamentos estáveis que surgiram foi Jericó, na Palestina, por volta de
8.000 - 7.800 a.C. Com o crescimento das
cidades e da população surgem novas atividades produtivas que não estavam
diretamente ligadas à produção de alimentos, como curtidores, sapateiros,
ceramistas e marceneiros que trocavam seus produtos por alimentos com aqueles
que produziam de sobra. Dando início ao comércio e às trocas. Essas novas
atividades levam também a uma maior diferenciação social, isto é, ao surgimento
de classes sociais diferentes, aumentando a complexidade das sociedades. Com as
novas relações sociais, a vida urbana, e o convívio de várias pessoas em
espaços restritos, os conflitos e desentendimentos entre as pessoas foram
inevitáveis, criando a necessidade de um poder capaz de organizar a vida em
sociedade.
O grupo humano aumentou de
tamanho, não havia como conhecer todos pessoalmente, como acontecia com os
pequenos grupos nômades mais antigos, quando os conflitos eram mais facilmente
resolvidos. Era necessário agora elaborar leis para serem respeitadas por
todos, e criar mecanismos para julgar e punir quem não as cumprissem. É o surgimento
do Estado, com uma posição de comando, geralmente um rei, e uma estrutura
administrativa, capazes de mobilizar pessoas para obras públicas, na construção
de muralhas, canais de irrigação, e na defesa da cidade, além de criar leis de
convívio e arbitrar conflitos. Com o surgimento do Estado temos novas classes
sociais surgindo, os funcionários da estrutura administrativa, com alguns
privilégios, e o rei e sua família, já que o poder era dinástico, isto é,
passava aos descendentes do rei. A família real detinha diversos privilégios e
estavam no topo da pirâmide social. As modificações do período também acontecem
na psicologia humana. Desenvolve-se uma mentalidade simbólica que leva novas
maneiras de ver e entender o mundo e a novas crenças. Uma decorrência disso é o
surgimento da religião institucionalizada, com templos, cultos, práticas e
sacerdotes. Todas essas transformações vão modificar a vida das pessoas na
Terra para sempre. Por isso o uso do termo Revolução: Revolução Neolítica,
Revolução Agrícola, Revolução Urbana. Essas transformações vão culminar com a
invenção da escrita e o surgimento da Civilização, que vai acontecer primeiro
na Mesopotâmia, no IV Milênio a.C. (por volta de 4.000 a.C.) e, logo em
seguida, no Egito. É o fim da Pré-História, e o início da História, a passagem
da Idade da Pedra para a Idade dos Metais (o Bronze sendo o primeiro).
Conceito de
Civilização
Seres humanos já viviam em
sociedade na Pré-História, mas estavam organizados em bandos, grupos ou tribos.
Não configuravam uma civilização. Para que uma cultura possa ser chamada de
civilização, vários fatores relevantes devem estar presentes. Esses fatores são
sinais de uma maior complexidade social, econômica e política. São eles:
1.
Habitações - Habitações permanentes e população
fixa num território;
2.
Agricultura - Desenvolvimento da agricultura e
da criação de animais, gerando um excedente de produtos, a serem armazenados e
trocados;
3.
Profissões - Desenvolvimento de outras
profissões além daquelas ligadas à produção de alimentos: curtidores,
ferreiros, ceramistas, soldados;
4.
Estado - Surgimento do Estado organizado: um
poder central capaz de aplicar leis, mobilizar pessoas para obras públicas
(construção de muralhas, canais de irrigação, por exemplo) e garantir a segurança
(soldados);
5.
Religião - Surgimento de uma religião
institucionalizada e de cultos formalizados, com sacerdotes e templos
construídos;
6.
Comércio - Difusão do comércio e das trocas
(gêneros alimentícios por produtos manufaturados), tanto dentro da cidade, como
entre cidades;
7.
Metais – Uso difundido dos metais para ferramentas,
armas e utensílios;
8.
Escrita - Invenção da Escrita, com o intuito
inicial de controle administrativo.
Alguns pesquisadores elencaram
esses elementos como essenciais para que possamos identificar uma civilização.
Um dos precursores dessa caracterização foi Vere Gordon Childe, que também
cunhou o termo “Revolução Neolítica”. Essas características estarão todas
presentes nas primeiras civilizações, a Suméria, na Mesopotâmia (atual região
do Iraque), na Ásia, e a Egípcia, no Egito.
O Oriente e Nós
O objetivo desse item é entender
a relação do Ocidente com o Oriente, e as características culturais de cada um,
e perceber que no Oriente temos três conjuntos culturais distintos, que nos
permitem diferenciá-los em Oriente Próximo, Oriente Médio e Extremo Oriente. A
relação do mundo ocidental, do qual fazemos parte, com o Oriente vem desde a
origem da civilização, no IV Milênio antes de Cristo (a.C.). Para
compreendermos essa relação, precisamos definir o que é Oriente, em primeiro
lugar. Devemos lembrar também que oriente e ocidente são referenciais
geográficos, isto é, dependem de um ponto de referência. No caso, o referencial
para essa terminologia é a Europa: oriente em relação à Europa. Veja que, por
exemplo, Israel está no oriente da Europa, mas já para o Japão, Israel está no
ocidente... portanto, oriente e ocidente são referenciais geográficos. Podemos
falar da diferença entre as mentalidades ocidental e oriental, que são bem diferentes.
Mas mesmo que possamos falar de uma Civilização Ocidental, não temos como falar
de apenas uma Civilização Oriental, já que percebemos várias civilizações
orientais nitidamente distintas. A separação entre ocidente e oriente é
geográfica, a princípio, mas é também cultural. Fundamentalmente, Ocidente é a
Europa, Oriente é a Ásia. Como o professor Mário Sproviero orientador da Universidade
de São Paulo – coloca, há um imenso conteúdo cultural tanto na Europa quanto na
Ásia, nessa oposição ocidente-oriente, Europa-Ásia. É na Ásia que a primeira
civilização surgiu, e esse processo civilizacional teria, então, se difundido
para a Europa. Etimologicamente, a palavra oriente vem do latim oriens, e quer dizer “sol nascente”. Vem
de orior, orire, que significa surgir, tornar-se visível. A palavra origem
tem a mesma raiz. Já ocidente vem do latim occidens,
que quer dizer “sol poente”. Assim, por analogia, o sol nasce no oriente e se
põe no ocidente, e também por analogia, a civilização nasce no oriente e
termina no ocidente. A palavra Europa, de provável origem semita, significa pôr
do sol e Ásia, palavra acádia, significa surgir (se referindo ao sol). Sendo
assim, Ásia-Europa seria sinônimo de Oriente / Ocidente.
O Ocidente se caracteriza pelo
foco na Europa e seu grande sistema cultural que é a Civilização Ocidental. A
cultura ocidental é caracterizada pela síntese de três culturas: a grega, a
romana e a judaica (na sua componente cristã). Nesta síntese cultural também
entram os povos germânicos, os eslavos e os bizantinos. A religião focal é o
cristianismo. Já na Ásia, encontramos uma diversidade de línguas e culturas
muito grande, que podem, todavia, ser agrupadas em três grandes blocos
culturais: o Oriente Próximo, o Oriente Médio e o Extremo Oriente. Assim, não
temos apenas um oriente, mas três. O Oriente Próximo é constituído pela cultura
árabe. Vai das margens da Europa à parte mais próxima do mar Mediterrâneo até o
Irã atual, englobando também o norte da África, culturalmente conectado ao
oriente. Engloba o grupo árabe, o grupo turco mongólico e o grupo persa. A
religião característica dessa área é o Islamismo e a língua também é o árabe. O
Oriente Médio é constituído pelo universo cultural hindu. Na Ásia central e
oriental, engloba a Índia, o Paquistão, o Camboja, a Birmânia e a Tailândia. O
budismo é sua maior influência, seguido do hinduísmo, e a língua é o sânscrito.
O Extremo Oriente constitui-se pelo universo da cultura chinesa. Engloba a
China, o Japão, o Vietnã e a Coréia. Há uma unidade racial muito maior no
Extremo Oriente do que nos outros orientes. A língua e a escrita chinesas
unificam essa cultura, lembrando que tanto o japonês quanto o coreano são
aparentados ao chinês. O budismo e o xintoísmo caracterizam esta área enquanto
religião. Portanto, os três orientes estão vivos e presentes no mundo de hoje,
inclusive se fazendo presentes no Ocidente, principalmente após a globalização.
A tecnologia também tem um papel importante nesse processo de contato,
principalmente com a internet. O conhecimento, tanto do oriente quanto do
ocidente, é fundamental para entendermos a História, seus eventos e processos,
da Antiguidade aos nossos dias.
REFERÊNCIAS
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CLAIRBORNE, Robert (1977). Los primeros americanos. Ciudad de
México: Lito Offset Latina. Libros TIMELIFE.
Clark, John E., ed. (1994). Los olmecas en Mesoamérica. Ciudad de México:
Ediciones del Equilibrista. ISBN 968-7318-22-8.
CONRAD, Geoffrey W. (1984). «Los incas». Historia de las
Civilizaciones antiguas (II): Europa, América, China, India. Arthur Cotterell,
ed. Barcelona: Editorial Crítica. ISBN 84-7423-252-X
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