quarta-feira, 25 de setembro de 2024

O HUMANISMO e o RENASCIMENTO

 

Qual Era o Perfil das Pessoas Que Apoiavam o Humanismo? Que Fatores Ajudaram na Difusão do Humanismo? Quais Eram as Condições Para o Início do Renascimento?




 Que Obra de Arte é o Homem! ”. Essa pequena inversão da frase de Shakespeare é fundamental para explicar as mudanças ocorridas – na Idade Média – no plano das ideias. Emergia então uma nova visão do mundo, em que o Homem passou a ser o centro das atenções intelectuais.

O rígido teocentrismo medieval – que focava suas atenções na relação Deus-Homem – foi substituído pela glorificação do Homem e pela preocupação da relação Homem-Natureza.

As pessoas interessadas nessa ruptura com as ideias medievais buscavam inspiração nas obras greco-romanas para representar seu próprio mundo. Era o Renascimento, que revelou ao mundo muitos pensadores a artistas.

O estudo do Homem e da Natureza levou ao progresso das ciências, onde se destacavam Copérnico e Giordano Bruno. E, enquanto o Humanismo era universalista, o Renascimento era revestido de cores nacionais e envolvia não só as letras, como as artes e as ciências.

 

Humanismo

 

Desde o fim do século XIV, na Itália, certo número de homens cultos – os humanistas ([1]) – apaixonou-se pela recordação da Antiguidade Greco-Latina. Para alguns, os humanistas eram “letrados profissionais, geralmente provenientes da burguesia, eclesiásticos, professores universitários e funcionários a serviço de uma editora”.

O Humanismo deve ser entendido como um movimento intelectual de valorização da Antiguidade Clássica, não se tratando apenas de copiar as realizações do Classismo Greco-Romano. E, embora não fosse rigorosamente uma filosofia, o humanismo representou um movimento de glorificação do Homem.

Eles não aceitavam mais os valores e as maneiras de ser e viver da Idade Média, pois viam na Antiguidade aquilo que correspondia aos desejos que sentiam e, dessa forma, os humanistas valorizavam mais a produção cultural da Antiguidade Greco-Romana sem pregarem um retorno ao passado. Alguns fatores ajudaram na difusão do Humanismo, tais como:

 

·                     O aperfeiçoamento da imprensa – o que possibilitou a impressão dos clássicos gregos e romanos, pois até então os livros eram manuscritos e caríssimos.

·                     A decadência de Constantinopla com as Cruzadas – acarretando o êxodo de intelectuais bizantinos e grande afluxo de textos antigos para a Itália (berço do Humanismo).

·                     A expansão comercial e marítima que, ao alargar horizontes geográficos e culturais, proporcionou o contato europeu com povos de culturas distintas, contribuindo para derrubar ideias tidas como absolutas.

·                     O mecenato praticado pelos burgueses ricos, príncipes e até papas, interessados em projetar suas cortes e daí financiarem as atividades do Humanismo.

 

O Humanismo conduziu a modificações dos métodos de ensino, enriquecidos com o estudo das línguas clássicas (como o grego e o latim) e em estudar a Natureza e desenvolver análise na investigação científica. Possibilitou maior conhecimento da Antiguidade, cujas realizações poderiam servir de modelos nas atividades humanas nos campos literários e artes plásticas.


 

Renascimento

 

Renascimento foi a expressão do movimento humanista nas artes, filosofia, música e nas ciências – cujas maiores manifestações ocorreram entre 1490 e 1560 – podendo-se afirmar que toda a Europa se transformou. As condições para o início do Humanismo e do Renascimento devem ser procuradas nas transformações estruturais do período, surgindo em função do Absolutismo e do crescimento da burguesia.

Enriquecida com o comércio, a burguesia procurou se firmar na sociedade onde os valores não eram os seus, mas sim os projetados pela Igreja e pela nobreza feudal. E, a fim de difundir os seus valores, os mercadores e os banqueiros promoveram as artes, as letras e as ciências.

Igualmente, a política de centralização monárquica levou diversos soberanos a estimular a produção artística e literária, visando a uma promoção pessoal: tratava-se de atrair partidários para o Absolutismo. Daí a atuação de um Francisco I (da França), de um Felipe II (Espanha) e de Elisabete I (Inglaterra), contratando arquitetos e fornecendo pensões a escritores, pintores e escultores.

O foco inicial foi a Itália, surgindo o movimento nas ricas cidades mercantis como Florença, Veneza e até na Corte Papal onde Leão X foi um dos grandes mecenas. Mas, procurar as causas do Renascimento na fuga de sábios bizantinos para a Itália ou na invenção da imprensa é ridículo, embora isso não queira dizer que tais acontecimentos – principalmente a imprensa, que possibilitou a invenção do livro – não tenham contribuído para estimular o Renascimento e o Humanismo.

Além do mais, a Itália fora no passado o centro da Civilização Romana, uma das raízes daqueles movimentos: nela ainda existiam reminiscências das antigas realizações romanas, podendo servir de modelo para as criações dos humanistas e dos renascentistas. Dessa forma, pode-se afirmar que o Renascimento é uma cultura urbana e burguesa, mas suas bases foram lançadas em plena Idade Média.

A visão deformada de Idade Média nos foi transmitida pelos próprios renascentistas, os quais a consideravam “uma noite de mil anos”. Ora, é um erro grave em termos de ciência histórica ignorar-se a produção intelectual de qualquer etapa histórica. Apesar da inegável influência medieval evidente na produção de muitos renascentistas, o Humanismo e o Renascimento representaram uma reação aos padrões culturais medievais.

Ao teocentrismo opuseram o antropocentrismo, à fé contrapuseram a razão, ao espírito de associação defrontaram o individualismo, à religiosidade opuseram o paganismo – o que não deve ser confundido com ateísmo.

Pela sua importância destacou-se o Renascimento italiano. O Renascimento Literário teve como representantes principais Dante Alighieri (“A Divina Comédia”), Nicolau Maquiavel (“O Príncipe”), Giovanni Boccacio (“Decameron”) – todos italianos – além do espanhol Miguel de Cervantes (“D. Quixote”), o inglês William Shakespeare (“Romeu e Julieta”) e o português Luís de camões (“Os Lusíadas”).

O Renascimento Artístico teve seus expoentes em Leonardo da Vince (“A Última Ceia”, alem de esculturas, músicas e trabalhos matemáticos) e Miguel Ângelo (decorou a “Capela Sistina”).

Paralelamente, o estudo do homem e da Natureza conduziu ao Renascimento Científico, onde a impressão de obras da Antiguidade Clássica, o espírito crítico e a rejeição do princípio da autoridade conduziram ao nascimento da ciência experimental.

Diante disso, generalizou-se o costume de observar os fenômenos da Natureza, explicando-os racionalmente e correlacionando-os com os fenômenos já conhecidos. Destaca-se o polonês Nicolau Copérnico, cuja teoria heliocêntrica foi completada pelo italiano Galileu Galilei e pelo alemão Johann Kepler.

A medicina contou com os estudos de William Harvey (mecanismo de circulação do sangue), André Vesálio (considerado o pai da anatomia moderna) e muitos outros.


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([1]) Da palavra latina “humanus”, “polido” ou “culto”.



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