Qual Era o Perfil das Pessoas Que
Apoiavam o Humanismo? Que Fatores Ajudaram na Difusão do Humanismo? Quais Eram
as Condições Para o Início do Renascimento?
O rígido teocentrismo medieval – que focava suas atenções
na relação Deus-Homem – foi substituído pela glorificação do Homem e pela
preocupação da relação Homem-Natureza.
As pessoas interessadas nessa ruptura com as ideias
medievais buscavam inspiração nas obras greco-romanas para representar seu
próprio mundo. Era o Renascimento, que revelou ao mundo muitos pensadores a
artistas.
O estudo do Homem e da Natureza levou ao progresso
das ciências, onde se destacavam Copérnico e Giordano Bruno. E, enquanto o
Humanismo era universalista, o Renascimento era revestido de cores nacionais e
envolvia não só as letras, como as artes e as ciências.
Humanismo
Desde o fim do século XIV, na Itália, certo número
de homens cultos – os humanistas ([1])
– apaixonou-se pela recordação da Antiguidade Greco-Latina. Para alguns, os
humanistas eram “letrados profissionais, geralmente provenientes da burguesia,
eclesiásticos, professores universitários e funcionários a serviço de uma
editora”.
O Humanismo deve ser entendido como um movimento intelectual
de valorização da Antiguidade Clássica, não se tratando apenas de copiar as
realizações do Classismo Greco-Romano. E, embora não fosse rigorosamente uma
filosofia, o humanismo representou um movimento de glorificação do Homem.
Eles não aceitavam mais os valores e as maneiras de
ser e viver da Idade Média, pois viam na Antiguidade aquilo que correspondia
aos desejos que sentiam e, dessa forma, os humanistas valorizavam mais a
produção cultural da Antiguidade Greco-Romana sem pregarem um retorno ao passado.
Alguns fatores ajudaram na difusão do Humanismo, tais como:
·
O aperfeiçoamento da imprensa – o que possibilitou
a impressão dos clássicos gregos e romanos, pois até então os livros eram
manuscritos e caríssimos.
·
A decadência de Constantinopla com as Cruzadas –
acarretando o êxodo de intelectuais bizantinos e grande afluxo de textos
antigos para a Itália (berço do Humanismo).
·
A expansão comercial e marítima que, ao alargar
horizontes geográficos e culturais, proporcionou o contato europeu com povos de
culturas distintas, contribuindo para derrubar ideias tidas como absolutas.
·
O mecenato praticado pelos burgueses ricos,
príncipes e até papas, interessados em projetar suas cortes e daí financiarem
as atividades do Humanismo.
O Humanismo conduziu a modificações dos métodos de
ensino, enriquecidos com o estudo das línguas clássicas (como o grego e o
latim) e em estudar a Natureza e desenvolver análise na investigação
científica. Possibilitou maior conhecimento da Antiguidade, cujas realizações
poderiam servir de modelos nas atividades humanas nos campos literários e artes
plásticas.
Renascimento
Renascimento foi a expressão do movimento
humanista nas artes, filosofia, música e nas ciências – cujas maiores
manifestações ocorreram entre 1490 e 1560 – podendo-se afirmar que toda a
Europa se transformou. As condições para o início do Humanismo e do
Renascimento devem ser procuradas nas transformações estruturais do período,
surgindo em função do Absolutismo e do crescimento da burguesia.
Enriquecida com o comércio, a burguesia procurou se
firmar na sociedade onde os valores não eram os seus, mas sim os projetados pela
Igreja e pela nobreza feudal. E, a fim de difundir os seus valores, os
mercadores e os banqueiros promoveram as artes, as letras e as ciências.
Igualmente, a política de centralização monárquica
levou diversos soberanos a estimular a produção artística e literária, visando
a uma promoção pessoal: tratava-se de atrair partidários para o Absolutismo.
Daí a atuação de um Francisco I (da França), de um Felipe II (Espanha) e de
Elisabete I (Inglaterra), contratando arquitetos e fornecendo pensões a escritores,
pintores e escultores.
O foco inicial foi a Itália, surgindo o movimento
nas ricas cidades mercantis como Florença, Veneza e até na Corte Papal onde
Leão X foi um dos grandes mecenas. Mas, procurar as causas do Renascimento na
fuga de sábios bizantinos para a Itália ou na invenção da imprensa é ridículo,
embora isso não queira dizer que tais acontecimentos – principalmente a
imprensa, que possibilitou a invenção do livro – não tenham contribuído para
estimular o Renascimento e o Humanismo.
Além do mais, a Itália fora no passado o centro da
Civilização Romana, uma das raízes daqueles movimentos: nela ainda existiam
reminiscências das antigas realizações romanas, podendo servir de modelo para
as criações dos humanistas e dos renascentistas. Dessa forma, pode-se afirmar
que o Renascimento é uma cultura urbana e burguesa, mas suas bases foram
lançadas em plena Idade Média.
A visão deformada de Idade Média nos foi
transmitida pelos próprios renascentistas, os quais a consideravam “uma noite
de mil anos”. Ora, é um erro grave em termos de ciência histórica ignorar-se a
produção intelectual de qualquer etapa histórica. Apesar da inegável influência
medieval evidente na produção de muitos renascentistas, o Humanismo e o
Renascimento representaram uma reação aos padrões culturais medievais.
Ao teocentrismo opuseram o antropocentrismo, à fé
contrapuseram a razão, ao espírito de associação defrontaram o individualismo,
à religiosidade opuseram o paganismo – o que não deve ser confundido com
ateísmo.
Pela sua importância destacou-se o Renascimento
italiano. O Renascimento Literário teve como representantes
principais Dante Alighieri (“A Divina Comédia”), Nicolau Maquiavel (“O
Príncipe”), Giovanni Boccacio (“Decameron”) – todos italianos – além do
espanhol Miguel de Cervantes (“D. Quixote”), o inglês William Shakespeare
(“Romeu e Julieta”) e o português Luís de camões (“Os Lusíadas”).
O Renascimento Artístico teve seus
expoentes em Leonardo da Vince (“A Última Ceia”, alem de esculturas, músicas e
trabalhos matemáticos) e Miguel Ângelo (decorou a “Capela Sistina”).
Paralelamente, o estudo do homem e da Natureza
conduziu ao Renascimento Científico, onde a impressão de obras da
Antiguidade Clássica, o espírito crítico e a rejeição do princípio da
autoridade conduziram ao nascimento da ciência experimental.
Diante disso, generalizou-se o costume de observar
os fenômenos da Natureza, explicando-os racionalmente e correlacionando-os com
os fenômenos já conhecidos. Destaca-se o polonês Nicolau Copérnico, cuja teoria
heliocêntrica foi completada pelo italiano Galileu Galilei e pelo alemão Johann
Kepler.
A medicina contou com os estudos de William Harvey
(mecanismo de circulação do sangue), André Vesálio (considerado o pai da
anatomia moderna) e muitos outros.
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([1]) Da
palavra latina “humanus”, “polido” ou “culto”.
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