quarta-feira, 18 de setembro de 2024

A Partilha da África Durante a Colonização Europeia no Século XIX

 

Qual Foi o Principal Motivo da Partilha do Continente Africano? Como Ocorreu a Divisão da África do Sul e do Norte?

 

 


 

Até o início do século XIX o continente africano era encarado como uma área que fornecia produtos exóticos (pimenta, marfim e outros) e principalmente escravos. Nos primórdios do século XIX – quando a Revolução Industrial se expandiu e o Mercantilismo foi substituído pelo livre-cambismo – os países industrializados passaram a encarar a África como mercado abastecedor de matérias-primas e consumidor de produtos industriais. Mas, as barreiras naturais (desertos, florestas densas, etc.) e as doenças tropicais dificultavam a penetração europeia.

Um marco importante na partilha da África foi a Conferência de Berlim, onde o primeiro-ministro alemão procurava salvaguardar o Império que havia unificado em 1871 e tentava manter boas relações com todas as potências, instigando as rivalidades que poderiam opô-las entre si. A principal resolução da Conferência foi a definição de normas que deveriam ser seguidas pelas potências colonialistas.

Decidiu-se reconhecer a existência do Estado Livre do Congo, considerado propriedade pessoal de Leopoldo II da Bélgica. Aprovou-se também a liberdade de navegação nos rios Níger e Congo e determinou-se que os territórios banhados por eles não poderiam ser utilizados para tráfico negreiro, nem servir como mercados fornecedores de escravos.

  

A África do Sul

 

 Partindo das colônias do Cabo e de Natal, os ingleses venceram as populações negras (os zulus) e começaram a se interessar pela República do Transvaal e do Orange – fundadas pelos bôeres (africanos brancos de origem holandesa).

A política anti-inglesa do Transvaal – aproximando-se da Alemanha e negando aos estrangeiros direitos políticos e permissão para explorar minas – precipitou a Guerra dos Bôeres (1899 / 1902). Vencedora, a Inglaterra anexou as duas repúblicas, às quais concedeu autonomia limitada e, posteriormente, formou a União Sul-Africana, reunindo Transvaal, Orange, Cabo e Natal (1910).

  

A África do Norte

  

Nessa região as populações eram fortemente islamizadas e integradas ao Império Otomano, ao qual se subordinariam as dinastias do Marrocos, da Tunísia, Argélia e Egito. A penetração europeia foi iniciada pela França, que começou a conquista da Argélia (em 1830), embora tenha entrado em choque com os ingleses no Egito, com os italianos na Tunísia e com os alemães no próprio Marrocos.

No Egito, os franceses investiram capitais na política de modernização do país culminada com a construção do Canal de Suez (1869) e, impossibilitado de pagar essa dívida, o vice-rei Ismail vendeu a maioria das ações da Companhia do Canal para a Inglaterra.

Mas, nem assim o país se salvou da bancarrota, criando-se uma Caixa da Dívida Pública administrada por agentes ingleses e franceses. A crescente dependência aos estrangeiros provocou a explosão do nacionalismo egípcio e, antecipando-se à França, os ingleses invadiram o país, esmagaram os revoltosos e estabeleceram um regime de protetorado (1882). Em consequência. A França foi afastada do Egito, em troca do apoio inglês à política francesa de conquista do Marrocos.

Na Tunísia, a má situação financeira dos governadores deu aos franceses a oportunidade de proclamar um protetorado sobre o país. A Itália – que investira capitais na Tunísia – protestou, mas a ocupação francesa foi mantida. Dominada por forte ressentimento contra os franceses, a Itália aproximou-se da Alemanha e da Áustria-Hungria formando com elas a Tríplice Aliança (1882).




A conquista do Marrocos pela França foi bastante difícil não só pela resistência das populações, mas pelas ambições alemãs. O choque dos imperialismos francês e alemão no Marrocos gerou graves crises internacionais que contribuíram para provocar a Primeira Guerra Mundial.

 

A África Intertropical

 

Essa região constituía um mundo heterogêneo, habitado por grandes populações negras com culturas diversas, evolvendo instituições primitivas – tribos de caçadores, pescadores e coletores. Muitos grupos haviam sido islamizados, sem esquecer os cristianizados etíopes e prevaleciam sistemas coletivistas, predominando como unidade econômica a aldeia.

 Na África Oriental, pouco conhecida até 1870, os ingleses projetavam construir uma ferrovia do Cabo ao Cairo e garantir o domínio do Mar Vermelho; em sua expansão pela região, apoderaram-se de Uganda, Quênia, Zanzibar, Somália Britânica e Sudão. Na conquista do Sudão os ingleses enfrentaram feroz resistência liderada por chefes muçulmanos. Houve também incidentes com a França e a Itália teve que reconhecer a independência da Etiópia após fragorosa derrota.

Por sua vez, a Alemanha assegurou-se da África Oriental Alemã (Tanganica e Ruanda-Burundi) frustrando o projeto ferroviário inglês do Cabo ao Cairo. Na África Ocidental, a França ocupou vastos territórios agrupados sob a denominação de África Ocidental Francesa (Guiné, Senegal, Níger, Costa do Marfim e Mali) e África Equatorial Francesa (Gabão, Congo, Chade e República Centro-Africana), além de impedir a penetração de rivais para o interior.

Assim, na África Ocidental, os ingleses se estabeleceram em Gâmbia, Serra Leoa, Costa do Ouro e Nigéria, enquanto a Alemanha – retardada pela tardia unificação e pela recusa inicial de Bismarck em se envolver na Partilha da África – ocupou o Togo e o Sudeste Africano Alemão (atual Namíbia).



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