Quais
as Relações Entre o Catolicismo e os Senhores Feudais? Como os Calvinistas se
Relacionavam Com a Burguesia Francesa? Qual Era o Poder da Igreja Nessa Época?
Que Fatores Ajudaram a Desenvolver o Absolutismo?
No século XI,
a França era um reino unido apenas no nome, pois estava dividida em vários
condados mais extensos que o domínio real e, praticamente, todos independentes.
Mas, a partir
do século XII, a monarquia francesa empreendeu uma política que visava submeter
os senhores feudais ampliando os domínios reais e, para isso, aliou-se à Igreja
e à burguesia – que enxergavam na realeza uma proteção contra os abusos dos
senhores feudais. No começo do século XIV, os Valois ascenderam ao trono e a
França já havia praticamente concluído sua formação territorial, onde o poder
real era bastante forte.
No entanto,
contra a Inglaterra na Guerra dos Cem Anos (1337 / 1453), a monarquia cortou a
centralização que estava em curso, embora separasse definitivamente os dois
reinos e contribuísse para desenvolver o sentimento nacional francês,
identificando a figura do rei com a grandeza nacional.
Além disso, o
conflito conduziu-se na organizar de um exército real permanente, o qual era
sustentado por impostos diretos – o que deu força e riqueza à realeza, consolidando
assim o poder monárquico. Nessa época, Francisco I e Henrique II
apresentavam-se com absolutos poderes e, conforme eles próprios, respondiam
somente a Deus.
Eles possuíam
importantes meios de ação como numerosos exércitos, bons serviços públicos
(legislação, justiça e fazenda) e funcionários leais que velavam pela execução
das ordens reais.
O poder era
tanto que a própria Igreja foi colocada sob as ordens da monarquia – graças a
Concordata de Bolonha (1516) – que permitia aos reis disporem dos bens
eclesiásticos, convocar concílios, nomear bispos e até usar as rendas dos
bispados vagos.
Consolidou-se
a tendência ao dirigismo econômico mediante uma política mercantilista, a fim
de aumentar a quantidade de metais preciosos, seja impedindo sua saída ou
estabelecendo elevados impostos sobre as mercadorias importadas.
Na política
externa, as Guerras da Itália (1494 / 1559) representaram o aspecto marcante
desses dois reinados. Seja pelo desejo de conquistar ricos territórios, seja
pelo interesse da monarquia em utilizar a nobreza em um empreendimento externo
– o que permitiria consolidar a autoridade real na França – os soberanos
franceses procuraram dominar a Península Italiana.
Mas, na 2ª metade
do século XVI a sucessão de monarcas menores (Francisco II, Carlos IX e
Henrique III) representou certo recuo do Absolutismo, sobressaindo a figura da
regente (e Rainha Mãe) Catarina de Médici que estava envolvida nas rivalidades
entre as famílias aristocráticas.
Dentre essas
famílias se destacam os Guise e os Bourbon que contestaram a autoridade real e,
consequentemente, a Guerra de Religião (1562 / 1598) em que os Guise se
apresentavam defensores do catolicismo e os Bourbon lideravam os calvinistas.
Sendo assim, podemos dizer que o catolicismo se identificava muito mais com o
feudalismo, ao passo que o calvinismo se associava mais aos anseios da
burguesia.
As guerras
civis acabaram favorecendo o desenvolvimento do Absolutismo que foi reforçado
durante o reinado de Henrique IV – o primeiro monarca da dinastia dos Bourbon –
o qual, durante seu governo, empreendeu uma eficaz política econômica.
Adotando
práticas mercantilistas procuraram recuperar a economia, estimulando a
agricultura (mediante a drenagem dos pântanos, incentivando a criação do
bicho-da-seda e o cultivo da amoreira), desenvolvendo a criação de manufaturas,
favorecendo a exportação, entravando a importação e iniciando a colonização da
América, com os primeiros estabelecimentos no Canadá – onde fundou Quebec.
Após o
assassinato de Henrique IV, seu filho – Luís XIII – assumiu o poder, convertendo
Richelieu em primeiro-ministro que estava empenhado em consolidar o
Absolutismo, projetar a França no cenário internacional e aplicar um
Mercantilismo comercialista.
Richelieu
reprimiu qualquer oposição ao poder real, executou conspiradores da nobreza e
retirou privilégios dos calvinistas que os convertiam em verdadeiro Estado
dentro do Estado. Manteve a liberdade ao culto religioso e aos direitos civis
iguais aos dos católicos, mas suprimiu o direito de os calvinistas possuírem
exércitos e assembleias políticas.
O Cardeal
Richelieu dedicou especial atenção às atividades comerciais, favoreceu a
construção naval, a melhoria dos portos, canais e estradas. Criou companhias
comerciais e impulsionou a colonização da Guiana Francesa, do Canadá e Antilhas
(São Domingo, Martinica, etc.). Externamente, não vacilou em se aliar a
príncipes protestantes alemães e suecos a fim de abater o poderio dos
Habsburgo, que reinava na Espanha e no Sacro Império Romano-Germânico.
Mais tarde,
sob o reinado de Luís XIV a França se tornou o ponto culminante do Absolutismo
monárquico, espalhando sua hegemonia por toda Europa. Mas, devido à minoridade
do rei assumiu o primeiro-ministro o Cardeal Mazarino, o qual estava empenhado
em concluir a Guerra dos Trinta Anos.
O governo
Mazarino realizou uma política fiscal impopular, pois os novos impostos
atingiam indivíduos de todas as classes e a nobreza togada procurou readquirir
privilégios perdidos ou obter vantagens. Daí veio a rebelião das Frondas (1648
/ 1652) se constituiu na última tentativa de resistência da nobreza ao
Absolutismo.
Após a morte
de Mazarino (1661) Luís XIV passou a exercer o governo, não admitindo qualquer
contestação à sua autoridade e, muito menos, a continuação de ministeriados
(como ocorria desde Henrique IV). Consciente do ofício de rei, Luís XIV
subordinou a Estado à sua vontade e ocupou-se pessoalmente de questões mais
importantes. Ele se preocupou com a unidade religiosa do reino e suprimiu aos
calvinistas a liberdade de culto.
Medida
desastrosa que provocou a emigração de milhares de indivíduos, os quais a fim
de manterem suas crenças, buscaram refúgio na Inglaterra, na Holanda e em
Brandeburgo. Com isso, a economia francesa foi abalada e os esforços anulados –
em parte.
Quanto à
política externa, Luís XIV levou a França à inúmeras guerras a fim de ampliar
seus territórios até o Reno e fortalecer seu poderio, em detrimento de outros
reinos rivais europeus. E, justamente por isso, chocou-se com Viena e Madri
cujos domínios limitavam-se com a França.
As
desastrosas guerras de Luís XIV e sua malsucedida política religiosa deixaram a
França em situação precária. Sob seus sucessores a crise do Antigo Regime
tendeu a se aprofundar devido aos conflitos internos, às críticas do
Iluminismo, às transformações socioeconômicas – expressas no fortalecimento
econômico-cultural da burguesia – e ao agravamento do descontentamento das
massas populares urbanas e rurais.
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