Por Que os Vikings Abalaram os Povos do Mar Báltico e do Norte na Idade Média? Quem Eram os Alvos das Primeiras Investidas Vikings? Por Que Seus Barcos se Adaptaram Bem às Suas Necessidades?
Os Chineses tiveram que fazer
um grande esforço para se recolherem, uma vez que – durante muitos séculos –
eles preferiam o isolamento. Mas, os povos que não estavam equipados para
zarparem na descoberta do Mundo pelo mar, jamais se viram confrontados com a necessidade
de fazer tal escolha. Essa foi a situação da maior parte da Europa na Idade
Média.
Na era das aventuras marítimas dos
Vikings (780 / 1070 d. C.) o resto da Europa cristã era menos propenso a sair.
O Império Muçulmano – que controlava o Mediterrâneo – atingira sua máxima
extensão partindo dos Pirineus, atravessando Gibraltar, dando a volta no
Noroeste africano e através do Médio Oriente até as praias do rio Indo.
No final do século VIII, com a
subtaneidade do relâmpago, hordas de nórdicos – viajando por mar – abalaram os
povos à volta do Mar Báltico e do Norte. Séculos antes, esses nórdicos de
língua germânica tinham-se fixado na península setentrional da Europa,
divididos em dinamarqueses, suecos e noruegueses.
Eles abatiam povoados pacíficos e
deixavam para trás um rastro de terror. Havia mil anos que se verificavam
movimentações de povos escandinavos para a Europa e, desta vez, os seus deslocamentos
se transformaram num flagelo de assassinatos, violações e roubos.
Eram denominados “Vikings”;
palavra de origem ambígua, pois em escandinavo ou islandês antigo significava
uma “incursão pirata” ou a “prática de ataques para saquear”. Logo, Viking passou
a significar um pirata ou assaltante. Os infelizes alvos das primeiras
investidas vikings foram os mosteiros e igrejas, pois na Europa cristã daquela
época os tesouros ali reunidos precisavam de pouca proteção contra os crentes.
Nesse tempo, roubar igrejas era
considerado um crime infame. Os tesouros sagrados, que os adoradores cristãos
não ousavam roubar, pareciam reservados para ladrões pagãos e, quando os
Vikings descobriram essa oportunidade, não hesitaram.
Em resposta, os monges construíam
enormes torres e nessas estruturas em forma de chaminé (a 45 metros acima do
nível do mar) encontraram um refúgio temporário.
Ao primeiro sinal de ataque viking os
monges subiam escadas de corda 5 metros acima do solo e depois a puxavam para
dentro das torres. Dessa forma, conseguiam evitar uma chacina imediata, embora
não estivessem equipados
para resistir a um cerco.
Nas torres eles guardavam seus
sagrados receptáculos de prata, bastões de ouro e relicários cravejados de
pedras preciosas até os bandidos irem embora. Mas, os Vikings aprenderam a
esperar que eles saíssem e passaram a exigir o pagamento de proteção, em troca
da trégua.
Durante três séculos os atacantes
vikings atormentaram a Europa ocidental, inspirando medo a quantos viviam ao
alcance dos seus barcos nos portos, rios, ilhas ou penínsulas. No século X o
flagelo se tornou tão comum que os Ingleses acharam prudente institucionalizar
o ajuste de contas, como uma forma de autêntica chantagem.
Para os ladrões do tipo “pilhar e
fugir”, o mar era o melhor caminho, pois quando vinham pelo mar os Vikings
atacavam suas vítimas sem aviso e, depois disso, carregavam a pilhagem e fugiam
rapidamente sem o risco da perseguição. Quando os assaltantes vinham por terra,
a notícia geralmente precedia-se e dava às vítimas tempo para se esconderem e
aos seus pertences.
Em meados do século IX os Vikings já
tinham uma longa experiência de navegação na sua própria terra e, após
aperfeiçoarem seus barcos para a pirataria, passaram a navegar com facilidade à
volta dos fiordes das costas norueguesas, das praias arenosas da península
dinamarquesa e pelos rios suecos.
Os novos barcos adaptaram-se bem ás
necessidades dos atacantes com 23 metros de comprimento, cinco metros de
largura e 2 metros do fundo da quilha até à amurada, tornando-o extremamente
flexível. Embora equipado para remos como força-motriz
auxiliar, tratava-se de um barco à vela que, à noite, poderia ser transformado
em tenda para servir de dormitório a uma tripulação de 35 homens.
Não houve barcos tão bem adaptados
para chegarem sem dar na vista e partirem velozmente. Mas, quando o tráfico de
mercadorias aumentou foram necessários barcos mais fundos para transportar
cargas mais pesadas. Embora já não fossem adaptados para a pilhagem, esses
barcos entregavam cereais, madeiras, panos, peixes, e pedras para a construção.
Mas, gradualmente os saqueadores se
tornaram colonos e, em vez de regressarem à sua terra todos os outonos para
passarem o inverno na fria Escandinávia, eles acharam mais conveniente
transformar seus acampamentos ao longo das costas em aldeias, onde permaneciam
para desencadearem novos ataques na primavera seguinte.
Por isso, Escandinavos e Nórdicos se
tornaram “Normandos” e deram assim o seu nome à Normandia. Aonde quer que os
Normandos fossem através da Europa revelaram uma enorme capacidade de
adaptação. Na França e na Alemanha encaixaram-se na hierarquia feudal, na
Inglaterra catalisaram a nação para unificá-la e ajudaram a consolidar a Rússia
com seu comércio ao longo das vias aquáticas.
Na Sicília desempenharam papel
diferente, pois eles encontraram uma comunidade poliglota e muitas religiões e
se tornaram mediadores. Sob os auspícios tolerantes de um rei normando (Rogério
II) a brilhante corte de Palermo se tronou uma movimentada encruzilhada na
Europa, um lugar onde as ideias e as artes se cruzavam entre si.
Além disso, foi um normando
(Tancredo) que comandou a 1ª Cruzada na tomada de Jerusalém e, depois disso,
fundou outra espécie de reino normando na Síria.
Embora partidários da migração, da
assimilação de povos e da consolidação de nações inteiras, os Normandos não tinham
talento
para exploração, pois os seus barcos não eram adequados a longas viagens. Além
disso, sua capacidade de carga não era suficiente para alimentar uma numerosa
tripulação durante várias semanas em alto mar.
Enquanto alguns desses barcos vikings
transportavam nórdicos em incursões do tipo “pilha e foge”, outros similares
transportavam colonos em busca de terras. Esses últimos tinham sido concebidos
para navegar pelo tempestuoso mar do Norte para ilhas próximas, onde a terra
estava disponível a quem a quisesse.
Os Nórdicos tinham adquirido
reputação de povo que se reproduzia rapidamente e a tradição dizia que os
países escandinavos eram como um enorme cortiço. Daí, não é de se admirar que
eles quisessem cada vez mais terras e, durante os próximos 700 anos, os
Escandinavos foram os principais agentes da expansão europeia para sul, oriente
e ocidente.
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