Qual o Papel da Burguesia na Criação de Novas Classes Sociais Europeias? Quem Sustentava Econômica e Politicamente o Clero Europeu no Século XVIII? Qual Foi a Classe Que Emergiu Desse Conflito?
A Época
Moderna foi um período de coexistência entre o “velho” e o “novo”, sendo
classificada como um período de transição. Assim, nesse texto veremos o momento
em que o velho foi suplantado em definitivo pelo novo.
Mas, o que
representou o “novo” nas duas últimas décadas do século XVIII? Tudo que
estivesse ligado à emergente burguesia, dona do capital que sustentava o Antigo
Regime, mas que trazia o germe da mudança.
E como viria
essa mudança? Ela partiu da burguesia que, embora fornecesse os recursos das
monarquias absolutas, sua posição político-jurídico era limitada pela divisão
da sociedade em Clero, Nobreza e Povo.
Porém, essa
classe emergente tinha interesses contrários àqueles que dirigiam o Antigo
Regime (o Rei, o Clero e a Nobreza) e havia chegado a hora da contestação. As
ideias surgiam e agora os temas discutidos giravam em torno da liberdade, do
progresso e do homem.
A ideia do
Universo em movimento – apresentada pelos racionalistas do século XVII –
favorecia essas discussões. Tudo era compreendido como mutável. Mas, a mudança
seria sempre para melhor e daí a ideia do Progresso e, por trás disso, estava a
burguesia. Os filósofos atacavam duramente as instituições do Antigo regime e
era justamente o que a burguesia precisava – uma justificativa para o assalto
ao poder.
A constatação
ao Antigo Regime deu-se em todos os níveis e, no econômico,
opunham ao Mercantilismo a ideia do laissez-faire – à
intervenção do Estado na economia opunham a ideia de que a economia se faz por
si mesma, sendo regida por leis naturais.
No nível político-ideológico
opunham ao Absolutismo a ideia da soberania do povo, rejeitando o direito
divino dos reis e a religião de Estado, pregaram a soberania do povo, a
separação dos poderes do governo e a insurreição.
Naquele
momento o que queria a burguesia senão uma profunda mudança na estrutura social
do Antigo Regime? Sendo assim, era chegado o momento da transformação e,
percebendo sua originalidade social, toda a contestação da burguesia introduziu
as Revoluções Burguesas no final do século XVIII.
Dentre essas
Revoluções Atlânticas destaca-se a “Revolução Industrial” que, promovida pela
burguesia triunfante, representou o momento decisivo da vitória do capitalismo
como forma de produção econômica. Isso é o mesmo que dizer que a partir desse
momento a sobrevivência da maioria das pessoas teria por base um trabalho
assalariado.
Mas, quem
receberia os salários? Os burgueses? Não, pois a burguesia era a dona do
capital e, quem tem capital (os capitalistas), compra a força de trabalho do
operário e são os operários que produzem. Assim, ao lado da burguesia
revolucionária surgia uma nova classe social: _ o “proletariado urbano”.
No plano
político também havia mudanças, pois a burguesia conquistou o poder através das
Revoluções Liberais e, foi na América que se inaugurou o processo
revolucionário, quando a burguesia das Treze Colônias inglesas comandou a luta
contra a metrópole. Tanto que em sua declaração de independência aparece uma
nova palavra: “Nós, o POVO dos Estados Unidos”.
Foi na França
que ocorreu o mais universal dos acontecimentos históricos – a Revolução
Francesa – que, em nome da Liberdade, Igualdade e Fraternidade o povo (liderado
pela burguesia) desencadeou a ruptura com o passado. Símbolo do Antigo Regime,
a Bastilha foi tomada e um Rei, uma Rainha e centenas de nobre foram
executados.
Ondas
revolucionárias sacudiram a Europa em 1820, 30 e 48 abrindo brechas no sistema
reacionário da Santa Aliança. O capitalismo progredia e, a partir de 1848, as
forças de transformação se dividiram e seguiram caminhos diferentes. Mas, quem
representava as forças de transformação?
O capitalismo
progredia e com ele a burguesia, dona do capital e, logo, o movimento operário
ganhou autonomia e o anterior antagonismo existente entre a burguesia-povo
contra a nobreza feudal absolutista, foi substituído pelo antagonismo burguesia
versus operários.
As forças de
transformação eram agora representadas pelas forças revolucionárias
proletárias, as quais passaram a levantar a bandeira vermelha do socialismo e a
bandeira negra do anarquismo. Mas, por que os operários se ligaram a essas
bandeiras? Porque, criticando o capitalismo e o liberalismo, o socialismo
defendia uma nova organização da sociedade.
Diante das
misérias operárias surgiu o socialismo utópico que propunha uma
sociedade onde houvesse saúde, riqueza e felicidade para todos. No capitalismo,
os poucos que não trabalhavam viviam com conforto graças à propriedade privada
dos meios de produção. A solução apresentada pelos utópicos era a propriedade
comum dos meios de produção.
Então, surgiu
um alemão (Karl Marx) que estudou as instituições econômicas capitalistas,
compreendendo que ele se baseava na exploração do trabalho pelos donos dos
meios de produção. Por isso, Marx propôs a revolução como a “única saída” e a
classe trabalhadora implantaria o socialismo, derrubando – pela força – todas
as condições sociais existentes.
Mas, será que
a burguesia estaria de acordo com essas ideias? Claro que não! Ela agora
representava as forças conservadoras da sociedade capitalista e, as forças de
transformação, estavam com os operários de todos os países. Dessa forma, a
burguesia tremia com a ideia da Revolução Comunista e, por isso mesmo, se uniu
através do nacionalismo.
Mas, a
produtividade não podia diminuir e os donos do capital foram levados a estudar
atentamente o problema da divisão de trabalho. O primeiro método de organização
científica do trabalho é atribuído ao engenheiro Frederick W. Taylor, que
sugere o estabelecimento da “média de tempo para cada movimento executado pelo
operário”.
Assim, o taylorismo
não tem por objetivo a melhoria das condições operárias e sim a realização do
rendimento máximo, mediante um automatismo que assimila o homem à máquina. A
burguesia passou a considerar romântica a via revolucionária e, para unificar a
Alemanha e a Itália, uniu-se, em nome do nacionalismo, a tradicionais
aristocratas. Eram as forças de conservação que se concentravam – em vista do
terror – às forças de transformação, representadas pelo proletariado. Portanto,
o capital e o trabalho estavam agora em choque.
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