Quais os
Principais Motivos Que Conduziram a Sociedade Mercantilista ao Liberalismo
Econômico? Qual Foi o Papel de Adam Smith Nesse Processo? Quais as Diferenças
Entre os Fisiocratas e os Liberais?
Com as descobertas de Kay Lewis a
Inglaterra se transformou, uma vez que os novos métodos de produção nos setores
têxtil e metalúrgico conduziram a nação à Revolução Industrial. Em consequência
dos métodos administrativos e da política tributária de Luís XIV e Luís XV na
França, corporificaram-se manifestações em favor de uma reforma radical nas
concepções sobre o trabalho, o consumo, a distribuição das propriedades e
tributos. A partir dos trabalhos de Locke, Newton e Leibnitz ampliaram-se as
perspectivas nos setores das ciências morais, físicas e matemáticas.
Sendo assim, houve progressos intelectuais
e as aptidões potenciais dos homens, desenvolvendo-se os ideais racionalistas.
Isso influenciou as correntes do pensamento econômico e contribuiu para a
formação de um conjunto de teorias que suplantassem as do período
pré-científico da Economia. Não se pode negar que o século XVIII foi o palco de
inúmeros conflitos de ponto de vista, mas foi exatamente esta diversidade de
opiniões – aliada às tentativas racionalistas – que conduziram à revisão das
ideias econômicas que predominaram nos séculos anteriores.
A França – berço do Liberalismo – vivia
momentos difíceis nas últimas décadas do período mercantilista. Os lavradores e
burgueses se levantaram contra a política absolutista da Monarquia decadente,
pois os monopólios concedidos pelos reis eram alvo de ferrenhas críticas. Os
regulamentos das corporações – que reuniam os artesãos urbanos – não atendiam à
mentalidade do capitalismo industrial, impedindo que se expandisse a densidade
empresarial. A intranquilidade política e a insolvência internacional foram
agravadas pela perda da Índia e do Canadá – dois importantes elementos do
império colonial francês. Além disso, a política econômica beneficiava cerca de
600 mil habitantes, em prejuízo de 24 milhões que viviam em deplorável estado
de pobreza.
Para agravar ainda mais a situação social,
política e econômica, o sistema tributário francês se baseava em pesados
encargos sobre os artífices, mercadores e lavradores, a fim de permitir isenção
aos nobres e ao clero. Além disso, era enorme a pressão tributária sobre a
atividade agrícola e, o resultado da tributação rural, era que “o rei, o padre
e o lorde embolsavam 75% das rendas totais do lavrador médio”.
É natural que novos ideais tenham sido
gerados por esse anacrônico sistema social, pois já nas primeiras décadas do
reinado de Luís XV, foram apontados erros do Mercantilismo pelos percursores de
uma nova escola: _ a Fisiocracia. Seu fundador foi François Quesnay, cujas
ideias eram diametralmente opostas às práticas absolutistas do Estado
monárquico. Ele acreditava que as atividades econômicas não deveriam ser
excessivamente regulamentadas e tampouco coordenadas por “forças exteriores
antinaturais”. E, como ele, os demais fisiocratas defendiam maior liberdade
para as atividades econômicas e a conservação do produto dessas atividades.
O Liberalismo econômico defendido pelos
fisiocratas foi a base da Escola Clássica de Economia, desenvolvida na
Inglaterra e começou com a publicação da obra de Adam Smith – “A Riqueza das Nações”. Smith se opôs às ideias mercantilistas, considerando que a riqueza e o
poder nacionais não deveriam se limitar aos estoques de metais preciosos. Como
riqueza das nações, Adam Smith não entendia a mesma coisa que os
mercantilistas, pois ele não se interessava em maior poderio militar e nem em
manter a nobreza. Em vez disso, ele se preocupava com a elevação do nível de
vida de toda a população e, numa época em que a democracia se generalizava,
Smith expressou a preocupação pelo bem-estar econômico de todos os membros da
sociedade.
Por defender o individualismo e propor o Liberalismo,
o pensamento de Adam Smith tem vários pontos convergentes com a teoria dos
fisiocratas. Todavia, os analistas não admitem que a obra de Smith tenha sido,
em qualquer momento, influenciada pelos fisiocratas. É verdade que, enquanto
estava em Paris, Smith manteve contatos com Quesnay, mas o fato é que ele
construiu com alicerces próprios seu esquema de análise da realidade econômica.
Além disso, a Teoria Clássica não nasceu de pressões geradas por convulsões
sociais, mas sim da análise das possibilidades de manutenção da ordem econômica
através do Liberalismo e ainda da interpretação das mudanças tecnológicas
produzidas no sistema econômico pela Revolução Industrial.
Os seguidores de Quesnay foram economistas
preocupados com sistema tributário, social e econômico, enquanto os de Smith
foram filósofos que se ocuparam em estabelecer as bases de uma nova Filosofia
Moral. O “Tratado Econômico” de Quesnay representa uma tentativa de estabelecer
o fluxo da riqueza, através do qual se evidenciaram as arbitrariedades do
sistema tributário e o anacronismo da situação social. Já a obra de Smith (“A
Riqueza das Nações”) é uma tentativa de construção de uma filosofia social
completa, estabelecendo princípios para a análise do valor, da divisão do
trabalho, dos lucros, dos juros e das rendas da terra e desenvolve teorias
sobre a distribuição, o crescimento econômico, a interferência do Estado, a
formação e a aplicação do capital.
Adam Smith foi uma das mais importantes
figuras de toda história do pensamento econômico, pois ele empreendeu sua
tarefa com um equilíbrio impressionante. Era um homem de uma obra sintética e
de uma exposição equilibrada, não o de grandes ideias novas. Acima de tudo, ele
se esforçou por se informar cuidadosamente dos elementos à sua disposição, os
quais criticou racionalmente. Para alguns estudiosos, Adam Smith formulou
julgamentos que coordenavam de forma harmônica, utilizando apenas elementos
preexistentes, mas “dotado de um espírito luminosamente esclarecido, elaborando
uma obra grandiosa fruto do trabalho de toda sua vida”.
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