quarta-feira, 27 de outubro de 2021

A Versão Keynesiana Sobre a Teoria do Emprego

 

Qual Foi o Impacto da Grande Depressão Nos Alicerces da Teoria Clássica do Emprego? Quais Foram os Primeiros Passos de Keynes no Sentido de Aprimorar Essa Teoria? Como Foi a Abordagem Keynesiana ao Consumo, a Poupança e ao Investimento?

 

 


No início do século XX, os alicerces da teoria clássica do emprego pareciam definitivos, mas as crises econômicas que culminaram com a Grande Depressão acabariam ruindo o edifício da doutrina clássica. Os sistemas de libre empresa capitalista não estavam sendo capazes de garantir automaticamente a prosperidade, o pleno emprego dos fatores de produção e o equilíbrio geral da atividade. Foi então que John Maynard Keynes desenvolveu uma nova teoria geral do emprego, a qual rejeitava os argumentos clássicos, embora reconhecesse que eles tivessem sido elaborados com imensa cautela no que se refere à sua coerência lógica.

Um dos primeiros passos de Keynes foi rejeitar o ajustamento automático entre o volume da poupança e o valor do investimento. Não se desconheceu que a taxa de juros pode desempenhar papel na determinação dos volumes da poupança e do investimento, mas nada garante que ela seja condutora da igualdade entre esses 2 elementos. O PIB pode desempenhar um papel mais importante na determinação do volume da poupança e do investimento e, ademais, as decisões de poupança não apresentam vinculação com os investimentos das empresas. Os que poupam e os que investem são levados por motivos e grupos diferentes.

Keynes argumentou que o pleno emprego, a estabilidade do sistema e o equilíbrio geral constituíam uma função do nível da Renda Nacional. Nesse sentido, a moderna teoria do emprego admitiria que o sistema pode ser controlado pelo Governo e que as perturbações da atividade econômica poderiam ser atenuadas pela interferência do estado na economia. Afinal, o principal elemento da moderna teoria do emprego (a Renda Nacional) é dado pelo montante do consumo, mais o montante do investimento das empresas e, dessa forma, o equilíbrio pode ser mantido se o Governo adotar uma política fiscal para suprir deficiências do investimento e do consumo e elevar para níveis desejados o montante da Renda Nacional e do emprego, em épocas de recessão.

Por ora, devemos apenas estar de acordo quanto aos enganos dos economistas clássicos, quanto à função reguladora das taxas de juros, a flexibilidade dos preços dos produtos e da remuneração dos fatores de produção. Em função desses enganos, os mecanismos dos clássicos não foram capazes de manter o emprego e evitar as crises econômicas. Por isso, a partir de Keynes os contemporâneos considerariam que as flutuações dos fluxos de produção, de renda e de dispêndio deveriam ser corrigidas pela interferência governamental compensatória e corretiva.

 

A Abordagem Keynesiana ao Consumo, Poupança e Investimento

  

Rejeitando os mecanismos da teoria do emprego desenvolvida pelos liberais dos séculos XVIII e XIX, os economistas contemporâneos a partir de Keynes, utilizaram novos instrumentos para a análise do equilíbrio geral da atividade econômica. Tendo verificado que o nível de emprego é função da Renda Nacional, os teóricos contemporâneos isolaram os mais importantes componentes desse agregado. Interessando-se pelos ângulos da renda, da produção e do dispêndio, a moderna teoria do emprego passou a estudar os fatores que pudessem interferir nas decisões de consumo, de poupança e de investimentos dos agentes da atividade econômica.

Além disso, dedicou atenção à análise da renda agregada como o principal fator determinante da procura agregada e, consequentemente, do nível da atividade e do volume do emprego. Finalmente, o exame do investimento se incorporou à moderna análise macroeconômica, tendo em vista sua importante função da determinação dos níveis da produção, da renda e do próprio dispêndio. Assim, a renda, o consumo, a poupança e os investimentos se transformaram nos principais instrumentos da abordagem keynesiana, substituindo a clássica trilogia da oferta-procura-preço.

Na concepção clássica, a análise do equilíbrio macroeconômico era conduzida pelo ajustamento entre a oferta e a demanda, produzidos pelo livre mecanismo dos preços. Ou seja, o preço não era apenas o regulador do equilíbrio, mas também o orientador da produção. Mas, após a Grande Depressão, o equilíbrio não poderia ser conduzido por esse mecanismo e verificou-se que não eram esses os elementos determinantes do nível geral da a atividade, do emprego e do montante do Produto e da Renda Nacional. Dessa forma, a clássica trilogia foi substituída por um conjunto de instrumentos liderados pela renda agregada. Daí oferta-procura-preço cedeu lugar a renda-consumo-poupança-investimento. Sendo assim, esses instrumentos da moderna análise macroeconômica constituem as principais categorias das Contas Nacionais.

Quando a soma dos fluxos de dispêndios em bens e em investimentos – realizados pelos consumidores, empresas, governo e setor externo – for igual à soma dos fluxos de oferta, representados pelo Produto Nacional, a economia não reduzirá os seus níveis de emprego. O escoamento da produção estará se processando de forma normal e não haverá razões para que sejam desempregados recursos e reduzidos os níveis de produção e da renda gerada. Todavia, quaisquer deficiências nos fluxos de dispêndio – consumo, investimentos, gastos do governo e exportações – poderão provocar perturbações nos fluxos do sistema. A inexistência de um volume de demanda, capaz de absorver a produção realizada, conduzirá ao desemprego e ao inevitável desiquilíbrio do sistema.

Essas constatações fundamentais constituem o ponto de partida da moderna análise macroeconômica. Aliás, um dos seus objetivos é conhecer as principais razões dos desajustamentos entre a oferta e a demanda. Outro objetivo é investigar as causas que induzem às fases de expansão e de contração da economia, bem como os fatores determinantes das magnitudes de cada uma das principais categorias da produção, da renda e do dispêndio. E, finalmente, analisar as relações entre os níveis de renda e as principais categorias do consumo, da poupança e do investimento.

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