O Que Diz Tom Peters Sobre Lealdade às
Marcas e às Empresas? Por Que Muitas Empresas Perdem Participação de
Mercados?
Estudos
recentes comprovam que o índice de satisfação dos consumidores se eleva significativamente na medida em que
suas reivindicações são atendidas pronta e imediatamente. Eis um bom exemplo: _
Três pessoas compraram três televisões da mesma marca, modelo, tamanho, na
mesma loja e sob as mesmas condições de financiamento.
Passados
seis meses o aparelho de uma das pessoas apresentou defeito que impedia seu
funcionamento e, diante disso, o consumidor levou-o à assistência técnica.
Imediatamente
e sem discussão a empresa emprestou ao cliente um novo aparelho do mesmo
modelo, enquanto consertava o outro. Meses depois os três consumidores – que
eram amigos e moravam próximos uns dos outros – foram entrevistados pelo SAC do
revendedor, o qual constatou que o consumidor que havia tido problema com sua
TV tinha um índice de satisfação bem mais elevado do que outros dois, cujos
aparelhos não apresentaram problema algum.
Esse
exemplo evidencia o pensamento de Tom Peters no seu livro Prosperando no Caos:
“Um Problema Bem Resolvido Normalmente Gera Mais Lealdade Que Aquele Anterior
ao Incidente Negativo”.
Ou
seja, o consumidor depositou sua confiança no serviço do revendedor e foi
correspondido com um atendimento pós-venda que resolveu o seu problema e,
certamente, essa rápida providência de trocar os televisores gerará lealdade à
empresa e à marca.
Por
outro lado, Peters afirma que construir uma boa reputação junto aos consumidores não
é tão fácil assim, pois além de tempo e dinheiro também se exige uma profunda
mudança na cultura da organização. Um problema não resolvido ou um acordo não
cumprido pode macular rápida e profundamente a imagem de uma empresa.
O
melhor exemplo disso é a empresa B2W – fusão dos Sites Americanas.com,
Submarino.com e Shoptime – a qual, fundada em 2007, acabou se tornando uma
referência no setor de comércio eletrônico brasileiro.
Com
capacidade para despachar mais de um milhão de encomendas por mês, a B2W
monopolizou o segmento de comércio eletrônico e passou a responder por mais da
metade de todo varejo online do Brasil (Revista Exame – 05 / 2011).
Porém,
no Natal de 2010 sua imagem ficou bem desgastada por conta do atraso de suas
entregas. Tudo o que seus consumidores esperavam era que suas compras
eletrônicas chegassem às suas residências da forma certa, no prazo correto e
pelo preço combinado.
Essa
expectativa foi rompida quando grande parte das entregas natalinas só foi
concretizada em fevereiro de 2011.
A
reação dos consumidores foi imediata: _a B2W foi a empresa que mais recebeu
reclamações por problemas relacionados à entrega de produtos e serviços no
PROCON (SP). Pesquisa realizada pela Revista Exame constatou que o desempenho
da empresa foi pior do que o das operadoras de telefonia como a Telefônica e a
TIM – tradicionais campeãs desse tipo de ranking.
O
preço das ações da B2W caiu 32%, seu valor de mercado despencou para menos da
metade do registrado no ano da sua criação e sua participação de mercado caiu
para 30,4 %.
Atualmente,
a 2ª colocada, a Nova Pontocom (que reúne as operações online do Extra, Casas
Bahia e Ponto Frio) já possui mais de 18% de participação de mercado.
Acordos
não cumpridos podem prejudicar consideravelmente a imagem de uma empresa e,
para piorar, a Internet – particularmente as redes sociais – se tornou uma
poderosa caixa de ressonância no relacionamento entre
cliente e empresa.
O
fabricante de bolsas e sapatos Arezzo – por exemplo – enfrentou protestos nas
redes sociais e decidiu recolher sua coleção produzida com peles verdadeiras de
raposa. Nessa época, a Arezzo virou líder de citações negativas no Twitter.
A
web não perdoa mesmo quando o problema de um consumidor é resolvido, pois a
péssima publicidade para a marca fica registrada para sempre. Esse é o caso da
marca Brastemp que, quando digitada no Youtube, imediatamente aparece o vídeo
de um consumidor relatando sua penúria para conseguir trocar a geladeira com
problemas.
Embora
ele tenha recebido um novo aparelho, sua reclamação foi vista mais de 800 mil
vezes. Além disso, o pedido de desculpas da empresa (postado no seu site e no
Twitter) só obteve 20 mil visualizações.
Mas,
a pesquisa da Revista Exame também constatou uma sensível melhora no ranking de
algumas empresas, um sinal visível da melhoria no relacionamento com consumidores.
O Citibank é uma dessas empresas, pois ele passou de 48° para 10° lugar este
ano.
Em
2010 ele criou uma equipe especializada em rastrear as reclamações que chegavam
das suas agências e dos call center’s. Após esse mapeamento, os funcionários das
agências passaram a receber bônus baseado no índice de solução de problemas e
satisfação do cliente e não mais penalizados apenas pela quantidade de queixas.
O
banco aumentou em 41% sua carteira de clientes, passando para quase meio milhão
de contas – o melhor desempenho dos últimos anos. Isso foi um sinal de que,
reconhecer quando as coisas não vão bem e corrigir rapidamente, é quase tão
importante quanto entregar ao cliente o que foi combinado.
Nenhum comentário :
Postar um comentário