Samuel
Klein Soube Oferecer um Produto Financeiro Adequado Para Consumidores de Baixa
Renda, Com Baixo Risco de Inadimplência.
Nascido
na Polônia em 15 de novembro de 1923, Samuel N. Klein passou por maus bocados
para chegar até onde chegou, pois aos 19 anos foi levado com seu pai para um
campo de concentração nazista. Depois de fugir, reencontrou o pai e foi viver
em Munique, onde conheceu a mulher com quem se casou.
Sem
conseguir permissão pelo governo americano para ir para viver nos Estados
Unidos, conseguiu visto para a Bolívia, mas as disputas políticas do país
fizeram Samuel vir para o Brasil em 1952 com esposa e o filho mais velho,
Michael, a quem passaria o controle dos negócios no futuro.
Na
cidade de São Caetano do Sul (SP) ele começou um negócio com US$ 6 mil
na mão: vender produtos de cama, mesa e banho como mascate, indo de porta em porta.
Assim nasceu a Casas Bahia, nomeada assim por ter – como seus principais
consumidores – a maioria de nordestinos.
Porém,
mais do que convencer sua clientela foi preciso entender o povo e confiar
neles. Samuel oferecia o pagamento em prestações, que deu origem ao popular
carnê das Casas Bahia. “Quanto mais pobre uma pessoa, mais honesta ela é”,
dizia ele.
Em
2009 a loja foi vendida para o Via Varejo, organização que tem como maior
acionista o grupo Pão de Açúcar e administra
também a marca Ponto Frio. A operação culminou em uma conturbada união no ano
seguinte. Em 2012, Samuel decidiu se aposentar do mundo dos negócios.
Morreu
em 2014, cinco dias após seu aniversário de 91 anos, em São Paulo, por
insuficiência respiratória. Seu legado de confiança no cliente mudou a cara do
varejo brasileiro.
Majdanek
era o terceiro maior campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial e,
foi para lá que em 1943, Samuel Klein foi levado com seu pai. A mãe e os cinco
irmãos mais novos foram enviados para o campo de extermínio de Treblinka e
nunca mais foram vistos.
Um
ano depois, enquanto era transferido para Auschwitz realizou uma fuga
cinematográfica: _ após caminhar por 50 quilômetros a pé sob o olhar atento dos
soldados, Samuel entrou em um trigal, onde passou a noite. Com a ajuda de
outros poloneses também fugidos conseguiu escapar.
Depois
da fuga Klein ainda tentou voltar para sua antiga casa, na cidade polonesa
Zaklików, apenas para encontrá-la completamente destruída. Com seu irmão
Salomon e a irmã Sezia, foi morar na Alemanha, já tomada pelos
norte-americanos. Reencontrou seu pai e viveu com ele em Munique, onde deu
início à sua vida de comerciante. Samuel vendia vodka e cigarro
para soldados americanos.
O
nome “Casas Bahia”, que inicialmente era apenas “Casa Bahia”, é uma homenagem
aos nordestinos que tentavam a sorte em São Paulo, que, de forma pejorativa,
eram chamados de baianos. Esses retirantes eram a maioria dos fregueses de
Samuel. Ironicamente, uma filial só seria aberta no estado da Bahia 56 anos
depois.
“A
riqueza do pobre é o nome”, dizia Klein. Ainda quando mascate criou um sistema
de crédito próprio, que deu origem ao famoso “Carnê das Casas Bahia”. Mesmo
numa onda de inadimplência no varejo, a quantidade de dívidas da clientela de
Samuel foi cortada pela metade.
Os
consumidores sempre pagavam em dia as prestações da loja, mesmo que atrasassem
as outras. “O crédito é uma ciência humana, não exata”. Não importa se o
cliente é um faxineiro ou um pedreiro, se ele for bom pagador, a Casas Bahia
dará crédito para que ele resgate a cidadania e realize seus sonhos, professava
Samuel.
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