Harry
Gordon Selfridge Compreendia as Mulheres – Seu Principal Público Consumidor –
Como Ninguém e Revolucionou o Conceito de Lojas de Departamentos.
Numa
noite fria em Londres, um homem trajando um sobretudo simples observa a vitrine
da badalada loja de departamentos Selfridges & Co. Não demorou muito para
ser detido, pois a polícia achou que ele era um indigente qualquer. Era o Duque
da Oxford Street, Harry Gordon Selfridge, criador da loja de departamentos que
leva seu nome.
Acostumado
a um estilo de vida luxuoso, ele
morreu pobre. Harry começou a trabalhar aos 10 anos como entregador de jornais.
Pouco tempo depois virou empregado de um empório e, aos 13 anos, produzia uma
revista semanal. De trabalho em trabalho, sua carreira ganhou fôlego quando foi
aceito na Field, Leiter & Company.
Uma
década depois, ele se tornou o assistente pessoal do sócio e, mais tarde, uma
espécie de “VP” de marketing. Eles criaram – ou popularizaram – slogans como “O cliente sempre
está certo”
e “Dê
à senhora o que ela deseja”. Concretizou ideias ousadas, como a
iluminação de vitrines, a decoração de interiores para mulheres, as listas de
presentes para casamento e o guarda-volumes para compras.
Mas
a guinada mesmo veio em Londres. Harry abriu a Selfridges & Co na Oxford
Street, que contava com um projeto arquitetônico alexandrino. A grande inovação
foi a maneira como a Selfridges & Co tratava seus consumidores. Tudo era
organizado de forma que os clientes pudessem tocar, ver e avaliar, sem portas
nem vidros separando os consumidores dos seus objetos de desejo.
E
lá se vendia de tudo: telefones, roupas, peles, máquinas de sorvete e até
pequenos aviões. Harry Selfridge formou uma fortuna pessoal inimaginável com os
lucros da loja. Mas quando sua esposa morreu, o empresário se afundou em
jogatinas, bebidas e mulheres.
E
isso sugou Selfridge até a sua falência. Harry morreu enquanto dormia aos 89
anos de idade. Na época, sua família não pôde pagar uma lápide. Entretanto, ele
ainda é lembrado como o empresário que revolucionou o varejo.
A
maior parte da infância de Harry foi junto à mãe. Seu pai, Robert Selfridge,
era dono de uma pequena loja; em 1861, foi convocado para lutar na guerra civil
junto às forças da União. Após a guerra, ele não retornou para casa – sua
esposa, Lois Selfridge dizia para os três filhos que ele havia morrido em
combate.
Sozinha
e com um salário de professora, cuidou dos três – Harry, Charles e Robert. Os
dois últimos morreram pouco tempo após a guerra. Harry e Lois eram exclusivos
um do outro. Harry nunca escondeu a admiração pela mãe, mulher que ele
considerava “valente, respeitável e de coragem indômita”. A convivência com
Lois, que dedicou toda a sua atenção ao único filho, também influenciou
profundamente a visão e compreensão de Selfridge sobre as mulheres.
A
loja hospedou o primeiro exemplar de uma caixinha de imagens chamada televisão,
em 1925, apresentada por seu próprio criador, o escocês Logie Baird. Nos
corredores do estabelecimento havia
restaurantes, uma biblioteca e sala de leitura, sala de primeiros socorros e um
aposento com manicures e cabeleireiros. Tudo com perfeição em cada detalhe, do
aroma do ar até o ambiente.
Apesar
de amar a esposa, Harry teve muitas amantes – e todas eram faustamente
presenteadas com lembranças da Selfridges & Co. A bailarina Anna Pavlova, a
dançarina Isadora Duncan, a escritora Elinor Glyn e várias outras beldades da
época, solteiras, viúvas ou casadas, cederam ao cortejo do empresário.
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