segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Gestão do Autoconhecimento

 Que Ferramentas Podemos Utilizar Para Alcançar o Autoconhecimento? O Que Determina a Imagem Que Temos de Nós? Quais São os Fatores Que Constituem Nossa Personalidade? Quais as Consequências da Perda da Autoestima?


 


Para alguns especialistas do assunto, o autoconhecimento é um processo contínuo de autoanálise e reflexão a fim de compreender a si mesmo, incluindo qualidades, defeitos, sentimentos, crenças e valores. Esse conhecimento profundo permite tomarmos decisões mais conscientes, desenvolver autoconfiança, gerir emoções e alinhar a vida com propósitos pessoais e profissionais. Mas, para alcançarmos o autoconhecimento, devemos usar ferramentas como terapia, meditação, autoquestionamento e novas experiências. Nós nos conhecemos apenas até determinado ponto e, consequentemente, conhecemos o outro também dentro de certos limites, pois o ser humano é muito complexo nos seus processos inconscientes e instintivos. Durante toda a vida, passamos por estágios sequenciais de crescimento e desenvolvimento. Uma criança aprende a virar seu corpo, sentar, engatinhar e depois andar e correr. Cada fase é importante, e cada uma delas leva tempo. Nenhuma parte do processo pode ser pulada.  Isso vale para todas as fases da vida, em todas as áreas onde há desenvolvimento, pois, uma formação com base sólida é que dá origem a uma autoimagem e autoestima consistentes.

 

Autoimagem

 

Autoimagem é o conjunto de ideias, conceitos, opiniões e imagens que possuímos de nós mesmos, bem como a imagem que supomos transmitir para as demais pessoas. A imagem que temos de nós determina importantes aspectos de nosso comportamento e a forma com que nos relacionamos com os outros. Podemos dizer que a autoimagem é adequada quando existe uma coerência entre o que se observa objetivamente e a visão que a pessoa tem de si. Se assim for, temos a capacidade para reconhecer os nossos pontos positivos e negativos, e para nos valorizarmos nos positivos. Cada ser humano é único e distinto. Desde seu nascimento, possui características próprias que, com o passar dos anos, desenvolvem-se e acentuam-se em um processo cumulativo de experiências vividas. Por isso, cada ser humano tem uma personalidade única e exclusiva. Personalidade é o conjunto de características que definem uma pessoa única. Essas características   biológicas, psíquicas e sociais são transmitidas geneticamente; ou seja, são herdadas, bem como são assimiladas durante nossa formação na convivência nos diversos grupos. Essas características, no entanto, são dinâmicas, ou seja, evoluem constantemente, fazendo de cada um de nós um potencial rico e em constante aperfeiçoamento. Os fatores que constituem a personalidade são:

 

·        Inatos: são as características com as quais nascemos decorrentes de nossa herança biológica: caracteres físicos:  é o somatório de fatores como raça, sexo, altura. Que diferenciam indivíduos ou grupos de indivíduos; temperamento:  é a tendência   herdada   do   indivíduo   para   reagir   ao   meio   de   maneira   peculiar; inteligência: é o uso de capacidades intelectuais para enfrentar certas situações ou executar certas tarefas;

·        Adquiridos: são as características que adquirimos como produto do meio em que vivemos: caráter: conjunto de ações, reações e maneiras habituais de uma pessoa proceder. É resultado da ação do meio sobre o temperamento; cultura:  são os costumes, as tradições, padrões de vida, os modos de produção e os valores.

 

Considerando que todas as pessoas diferem entre si, cada contato estabelecido é com um ser diferente, com uma personalidade diferente e deve ser tratado como tal. Nosso caráter, basicamente, é composto pelos hábitos que desenvolvemos. Os hábitos constituem fatores poderosos em nossas vidas. Uma vez que representam padrões coerentes – e muitas vezes inconscientes – eles servem para exprimir nosso caráter no dia a dia, sendo responsável por nossa eficácia. Os hábitos podem ser aprendidos e desaprendidos, porém eles possuem uma força muito grande, e romper com tendências profundamente arraigadas como os hábitos da procrastinação, a crítica, o egoísmo, entre outros, é muito difícil e exigem muita determinação, coragem, persistência e autoconhecimento.

 

Autoestima

 

Vimos que a autoimagem é a visão que temos de nós mesmos, baseada em experiências do passado, em vivências presentes e em expectativas futuras, sendo que a percepção e decodificação que fazemos desta é fundamental na nossa autoestima e no nosso comportamento de forma geral. Por outro lado, a Autoestima é a opinião e o sentimento que cada um tem por si mesmo. É ter consciência de seu valor pessoal, acreditar, respeitar e confiar em si. A autoestima, juntamente com o amor próprio, é a base para o ser humano. É a cura para todas as dificuldades e sofrimentos. E mais, é a cura para todas as doenças de origem emocional e relações destrutivas. O autoconceito desenvolve-se desde muito cedo na relação da criança com os outros. Os pais atuam como espelhos, que devolvem determinadas imagens ao filho.  O afeto é muito parecido com o espelho.  Quando demonstro afetividade por alguém, essa pessoa torna-se meu espelho e eu me torno o dela; e refletindo um no sentimento de afeto do outro, desenvolvemos o forte vínculo do amor, que é a essência humana, em matéria de sentimentos. É nessa interação afetiva que desenvolvemos nossos sentimentos positiva ou negativamente e construímos a nossa autoimagem. Ou seja, as experiências do passado exercem influência significativa na autoestima quando adultos. Perde-se a autoestima quando se passa por muitas decepções, frustrações, em situações de perda, ou quando não se é reconhecido por nada que faz. O que abala não é só a falta de reconhecimento por parte de alguém, mas principalmente a falta de reconhecimento por si próprio.

Se os pais estão sempre opinando a partir de uma perspectiva negativa para os filhos, e se estão sempre mostrando que são inúteis e incapazes, ou usando de zombarias e ironias, irá se formando neles uma imagem "pequena" de seu valor. E se com os amigos, na rua e na escola, repetem-se as mesmas relações, teremos uma pessoa com autoestima baixa, bem como de baixo sentimento de auto avaliação. Assim, quando a autoestima está baixa, a pessoa sente-se inadequada, insegura, com dúvidas, com um sentimento vago de não ser capaz. Não acredita ser capaz de ter alguém que a ame, de fazer aquilo que quer, de se cuidar, desenvolvendo assim um sentimento de insegurança muito profundo, desistindo facilmente de tudo que começa. Como ela mesma não se ama se sujeita a qualquer tipo de relação para ter alguém ao seu lado, tornando-se dependente de relações destrutivas e não conseguindo forças para sair delas. Esse processo acontece de forma inconsciente e a pessoa não tem consciência do por que está agindo assim, apenas sente o sofrimento que pode se expressar em forma de angústia, dor no peito, choro, pesadelos, vazio, agressividade, depressão, punição, doenças. Culpam os outros pelos próprios erros, encaram todas as críticas como ataques pessoais e tornam-se dependentes de relações doentes. O maior indicador de uma pessoa com baixa autoestima é quando esta sente intensa necessidade de agradar, não consegue dizer "não", busca aprovação e reconhecimento por tudo o que faz, sempre querendo se sentir importante para as pessoas, pois na verdade, não se sente importante para si mesma. Com isso, se abandona cada vez mais. Seguem algumas características da baixa autoestima:

 

·        Insegurança, Inadequação, Perfeccionismo, Dúvidas constantes, Sentimentos vagos de não ser capaz de realizar nada, Depressão, Não se permite errar, Necessidade de agradar, aprovação e reconhecimento.

 

Algumas situações, sentimentos e emoções contribuem para que a autoestima diminua como as críticas e autocríticas, a culpa, o abandono, a rejeição, a carência, a frustração, vergonha, inveja, timidez, insegurança, medo, humilhação, raiva, perdas e dependência (financeira e emocional). As raízes de uma autoestima positiva ou negativa remontam à infância, e a autoestima mantém uma estreita relação com a motivação ou o interesse da criança. Sem uma autoestima adequada, dificilmente a criança enfrentará seus aspectos mais desfavoráveis e as eventuais manifestações externas. Já a criança com autoconceito positivo vai se desenvolver de forma mais ativa, com mais facilidade em fazer amigos, com bom senso de humor, mais participativa em discussões e projetos. Também ela lida melhor com o erro, sente orgulho por contribuir e é mais confiante e afetiva. É fundamental o    cuidado na formação da personalidade e no desenvolvimento de cada um, pois as marcas de uma educação inadequada são profundas. Porém, como dizia Dalai Lama, “não importa quem atirou a flecha, o que importa é arrancá-la”.

Quando construímos ao longo do tempo uma boa dose de autoestima, somos mais ousados, corajosos, empreendedores. Passamos a conhecer também melhor os nossos limites e sabemos respeitá-los, comportando-nos de forma segura, confiante. Por outro lado, quando a nossa autoconfiança é abalada pela má formação da nossa autoestima, temos muito medo de mudar, de enfrentar o novo e muitas vezes perdemos a capacidade de sonhar. Podemos melhorar a autoestima passo a passo. Muitas pessoas têm dúvidas que limitam o seu potencial, duvidam de ser capazes de cumprir um novo trabalho, de manter um bom relacionamento ou de ser inteligente o suficiente para concluir uma universidade. Isso acontece nas escolhas, quando podemos deixar essas dúvidas internas controlar as nossas ações ou trabalhar através delas para melhorarmos a nossa criatividade e consequentemente a nossa autoestima. Todos têm a possibilidade de substituir imagens negativas por positivas e recomeçar um novo trabalho com a relação mais importante da nossa vida: a relação com nós mesmos. Mas, para elevarmos nossa autoestima, é necessário:

 

·        Autoconhecimento;

·        Manter-se em forma física (gostar da imagem refletida no espelho);

·        Identificar as qualidades e não só os defeitos;

·        Aprender com a experiência passada;

·        Tratar-se com amor e carinho;

·        Ouvir a intuição (o que aumenta a autoconfiança);

·        Manter diálogo interno;

·        Acreditar que merece ser amado (a) e é especial;

·        Fazer todo dia algo que o deixe feliz. Podem ser coisas simples como dançar, ler, descansar, ouvir música ou caminhar

 

  

REFERÊNCIAS

 

 

BELLINO, R. O Poder das Ideias. Rio de Janeiro: Campus,2007.

CARTER, P.; RUSSEL, K.  Como aperfeiçoar o Equilíbrio Cerebral.  Rio de Janeiro:  Editora Estampa, 1991.

CHIAVENATO, I.  Trabalhar em grupo ou trabalhar em equipe.  Qual a diferença? Disponível em: <http//www.portaladm.adm.br> 08/12/2011.

DAWSON, R. Decisões certas e seguras sempre. Rio de Janeiro: Campus, 1996.

DICAS DE RELACIONAMENTO CITADAS NO SITE DA UNIVERSIA. Disponível em:<www.universia.com.br> 08/12/2011. GIOVAGNOLI, M. In: MIRANDA, M. E-book.

GRAMIGNA, M. R. Modelo de competências e Gestão dos Talentos. São Paulo: Makron Books, 2002.

MAXWELL, J. C.; PARROT, L. 25 maneiras de valorizar as pessoas. São Paulo: Sextante, 2005.

MORAES, G.  L.  de.  As sete fases da venda.  São Paulo:  Cobrae Marketing, 2004. 

MOSCOVICI, F. Renascença Organizacional. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1996.

NIVEN, D. Os 100 Segredos das Pessoas Felizes. São Paulo: Sextante, 2001.

PERSONA, M. H. Disponível em: <http//www.mariopersona.com.br> Acesso em: 08/12/2011.

PIÑEIRO, I. R. Metamorfose do Líder: uma jornada para o autocoaching. Florianópolis: Pandion,

SHINYASHIKI, R. Tudo ou Nada. São Paulo: Editora Gente, 2006.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Persuasão em Negociações

 

Por Que Muitas Pessoas Têm Medo de Negociar? Como Elevar a Persuasão em Uma Negociação? Por Que a Empatia e a Comunicação São Essenciais em Uma Negociação?

 

Dentre os mais diversos meios de se resolver uma controvérsia, a negociação se apresenta como um dos mais eficientes, econômicos, flexíveis e sensíveis métodos do repertório humano. Se negociar é um ato complexo e temido pela maioria das pessoas, para os operadores do direito não há saída, como negociadores que são devem capacitar-se para essa função. Muitos têm medo de negociar e, uma vez que temem ser enganados ou ludibriados, relutam em envolver-se numa negociação com receio de que o negociador seja desonesto ou, ainda, porque acham que é uma demonstração de fraqueza e até mesmo de relaxamento moral. Isso porque culturalmente existe uma ideia de que quem “aceita negociar” não detém razão sobre a controvérsia. BENJAMIM, ao explicar esse pensamento, menciona o astro de cinema John Wayne, conhecido por nunca negociar, o que demonstrava poder e coragem. Além disso, um acordo muitas vezes é visto negativamente sob o aspecto moral, como se negociar fosse “fazer um pacto com o diabo”. Por isso: advogados, políticos e diplomatas têm atraído uma parcela desproporcional de desprezo, não porque eles possuem menos princípios ou ética que os médicos, religiosos, conselheiros, ou outros profissionais, mas porque seu trabalho exige mais participação direta na negociação e fazendo acordos.

A negociação evoluiu de um comportamento instintivo a uma atividade cada vez mais consciente e intencional. Mais recentemente, a negociação se desenvolveu muito a partir dos estudos psicológicos e neurocientíficos, os   quais demonstraram que os seres humanos são previsivelmente irracionais em suas tomadas de decisão e julgamentos, contribuindo para a superação da abordagem racionalista. Muitos confundem a comunicação com a negociação, acreditando que demonstrar empatia e compreensão são suficientes para resolver os problemas ou conflitos ([1]). Embora a capacidade de sentir e demonstrar empatia e a comunicação sejam essenciais, não substituem a negociação, que envolve o processo de concessões recíprocas, muitas vezes em situações nas quais a comunicação e a empatia estão escassas.

Embora o ato de negociar seja intrínseco à convivência em sociedade e o diálogo, inerente ao ser humano, a negociação profissional é uma atividade repleta de técnicas e métodos específicos, que ultrapassam o aspecto intuitivo e exigem a devida preparação e estudo. Assim, a negociação é um processo comunicativo direcionado à persuasão e, para além do estilo de negociação adotado, o negociador deve preocupar-se com a sua capacidade de convencer a outra parte. Segundo RUSSEL, “qualquer negociador, em qualquer situação de negociação está envolvido no negócio da persuasão”. O estudo da persuasão pode ser percebido desde Aristóteles.  No entanto, nas últimas décadas, os cientistas sociais têm feito enormes incursões em demonstrações empíricas sobre os tipos de ações persuasivas. Apesar de os estudos sobre persuasão geralmente pertencerem a outros campos e não se voltarem essencialmente à área jurídica podem ser utilizados, de forma cuidadosa, pelos operadores de direito para aumentar a eficiência da negociação. Este conhecimento não será útil apenas ao advogado, que visa convencer o juiz, mas também ao Ministério Público e à Defensoria Pública, bem como ao negociador.

Ressalta STANCHI que: a arte da persuasão exige empatia, bem como um profundo entendimento da psicologia humana e os processos emocionais e intelectuais complexos que resultam na percepção e mudança de atitude. Mensurar a persuasão é extremamente difícil, mas este esforço continua a preocupar um número significativo de disciplinas, incluindo a filosofia, comunicação, psicologia e a retórica, e os advogados devem tirar o melhor aproveitamento destas informações. Influência sobre a tomada de decisão humana não pode ser definida de forma precisa e a persuasão não é uma ciência exata, há um componente artístico, na medida em que requer alguma aptidão. Todavia, é interessante utilizar-se dos dados científicos sobre tal processo, assim será mais fácil escolheras estratégias a serem utilizadas

 

Persuasão e Negociação

 

É muito comum que os negociadores tenham que demonstrar a necessidade de se levar o conflito à negociação ou precisem convencer a outra parte de que sua proposta é valiosa e razoável.  Além disso, na negociação pode ser necessário persuadir o outro no sentido de que sua concessão não é tão substancial. Todos estes esforços, denominados “técnicas de influência”, visam alterar posições, percepções e opiniões das outras partes. Assim, a persuasão relaciona-se intimamente com a negociação e, de forma mais ampla, com o direito. Todavia, o ensino jurídico não oferece tal conhecimento e o negociador busca ser influente por meio de técnicas informais e carentes de comprovação cientifica. A falta de estudo deste campo na graduação traz prejuízos à atuação do operador, do qual se exige que seja persuasivo não apenas na negociação, mas na redação de peças, nas sustentações orais e nas relações com as partes e seus advogados. Para Sancho estudo da escrita persuasiva tem sido dominado por uma espécie de “psicologia de poltrona" –um conjunto de convenções e práticas, transmitidas de advogado para advogado, desenvolvido em grande parte por instinto e especulação. 

Em geral, a informação disponível para os alunos e advogados sobre escrita persuasiva legal reproduz estas convenções e práticas, sem análise ou crítica e sem fazer um balanço do crescente corpo de pesquisa de outras disciplinas que fornecem alguma evidência sobre se a sabedoria convencional é um relato preciso da tomada de decisão humana. Nesse contexto, aponta algumas razões pelas quais o advogado deve estudar a escrita persuasiva, as quais se aplicam ao processo de negociação. A primeira delas diz que o conhecimento sobre o processo de tomada de decisões do ser humano, embora não dê aos advogados todas as respostas, pode oferecer estratégias que estes nunca teriam pensado.

Em segundo lugar, o estudo dos dados das ciências sociais sobre persuasão serve para auxiliar os advogados a escolherem as técnicas mais eficazes. É notório que determinada técnica pode influenciar mais algumas pessoas que outras, todavia os estudos nesta área têm dado indícios de como os seres humanos respondem aos diversos métodos persuasivos. Por fim, a simples identificação e classificação das técnicas persuasivas trazem benefícios ao negociador, que difundirá o conhecimento destas estratégias, tornando a escrita legal, e extensivamente a negociação, mais interessantes. Vê-se que apesar de o conhecimento tradicional sobre persuasão poder ser uma boa fonte, é interessante aprender estratégias mais apuradas e saber por que motivo e quando utilizar certas técnicas, o que ampliará a habilidade do negociador. Ressalta-se que mesmo as técnicas da escrita persuasiva podem ser utilizadas e, no que for necessário, adaptadas para o uso em negociações

 

Como Elevar a Persuasão em Uma Negociação

 

MENKEL-MEADOW sustenta que, antes mesmo de preparar o argumento para usar na negociação, o negociador precisa pensar em como torná-lo mais convincente e que isso é semelhante ao que o advogado faz quando prepara uma defesa para o júri. A autora aponta as seguintes técnicas como forma de deixar a mensagem mais convincente:  contar uma consistente história sobre o que se quer, por exemplo, baseando o argumento em um princípio respeitado; contextualizar o argumento, exemplificativamente, apresentando especificidades e detalhes em estatísticas e pareceres; e fazer uso de analogias. Para RUSSEL, o elemento da persuasão já está presente no momento em que alguém tenta convencer a outra parte a negociar, esforçando-se para persuadi-la no sentido de que a negociação seria mais benéfica para ela.

Os dois lados da moeda da persuasão seriam, de um lado, o processo de negociação central e, de outro, a alternativa da outra parte de se buscar o MAANA (Melhor Alternativa para a Negociação de um Acordo). Exemplificativamente, em uma negociação para a venda de uma casa, o corretor poderia utilizar quatro (4) técnicas para convencer o potencial comprador a aumentar seu preço de reserva. Ele poderia (a) fornecer informações reais quanto às características da casa; (b) reafirmar uma característica que já é evidente, para aumentar o seu valor; e, caso descobrisse que o MAANA do comprador é uma outra casa à venda nas proximidades, poderia (c) compartilhar um fato negativo sobre a outra alternativa ou (d) expressar uma opinião negativa sobre o valor de uma característica da casa.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

AZEVEDO, André Goma de. Conflito ou disputa?  Vencer ou resolver?  2014. Disponível    em:    <http://justificando.com/2014/10/17/conflito-ou-disputa-vencer-ou-resolver/>. Acesso em: 15 nov. 2015.

BENJAMIM, Robert. The Natural History of Negotiation and Mediation: The Evolution of Negotiative Behaviors, Rituals, and Approaches. 2012. Disponível em:<http://www.mediate.com/articles/NaturalHistory.cfm>. Acesso em: 18 nov. 2015.BURG, Bob.       Persuasion       vs.       Manipulation.       2010. Disponívelem:<http://www.burg.com/2010/08/persuasion-vs-manipulation/>.  Acesso em:  15 nov. 2015. 

CALMON, Petrônio. Fundamentos da mediação e da conciliação.  Forense, 2007.COACHMAN, Karla de Souza Escobar. Boa-fé Objetiva e Função Social dos Contratos Aplicadas à Negociação e Redação de Instrumentos Jurídicos Paritários. São Paulo. 2010.  disponível em:  <https://pt.scribd.com/doc/102061789/101105-MONOGRAFIA-Karla-Coachman-Corrigido>. Acesso em: 13 nov. 2015.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Relatório do Programa Justiça em Números. Disponível   em:   <http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/pj-justica-em-numeros/>. Acesso em: 15 nov. 2015.

FIORELLI, José Osmir M. J. Mediação e Solução de Conflitos: Teoria e Prática. São Paulo. Ed. Atlas, 2008.

FISHER, Roger; URY, William; PATTON, Bruce. Como chegar ao sim: negociação de acordos sem concessões. Rio de Janeiro. Ed. Solomom. 2014. 6. ed.

FOLBERG, Jay; GOLLAN, Dwight. Lawyer negotiation: theory, practice, and law. New York. Ed. Aspen Law & Business, 2011. 4. ed.

GARTH, Bryant; CAPPELLETTI, Mauro. Acesso à justiça.  Trad.  E rev. Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor, 1988.

LEWICKI, Roy J.; BARRY, Bruce; SAUNDERS, David M.  Negotiation,  New  York: McGraw-Hill Irwin, 2010. 6. ed.

MENKEL-MEADOW, Carrie; SCHNEIDER, Andrea Kupfer; LOVE, LelaPorter.Negotiation: Processes for Problem Solving. New York: Aspen. 2006.

ROBERTS,  Michael  W. The  Difference  Between  Persuasion  and  Manipulation. Disponível em: <http://michaelwroberts.com/content/persuasion-manipulation/>. Acesso em: 17 nov. 2015.RUSSEL, Korobkin.  Negotiation:  Theory and Strategy.  New York:  Aspen Law & Business, 2002.

YARN, Douglas E. Dictionary of Conflict Resolution. São Francisco: Jossey-Bass Inc., 1999. p. 272.



([1])  BENJAMIM, Robert. The Natural History of Negotiation and Mediation: The Evolution of Negotiative Behaviors, Rituals, and Approaches. 2012. Disponível em:<http://www.mediate.com/articles/NaturalHistory.cfm>. Acesso em: 18 nov. 2015.BURG, Bob. Persuasion vs. Manipulation. 2010.      Disponívelem:<http://www.burg.com/2010/08/persuasion-vs-manipulation/>.  Acesso em:  15 nov. 2015

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

A Baixa Idade Média

 Como a Igreja Católica Lidou Com as Heresias e os Desvios de Doutrina na Idade Média? Quais as Principais Diferenças Entre Feudalismo e Senhorio?

 



A Baixa Idade Média foi o período histórico europeu entre os séculos XI e XV, marcado por um renascimento urbano e comercial, pelo auge e posterior declínio do Feudalismo, e pela transição para a Idade Moderna, com eventos como a invenção da imprensa, a descoberta da América e a Queda de Constantinopla. Esse período se caracterizou pela expansão agrícola, pela centralização do poder monárquico e pela crescente influência do Papado, culminando em crises como as epidemias e a Grande Fome, mas também com o surgimento da arte gótica e o desenvolvimento de novas tecnologias. Veremos também como a Igreja Católica lidou com as heresias, os desvios de doutrina que surgiram e ganharam força na Idade Média, e o porquê dessa difusão. Tentaremos entender o que foram os movimentos chamados Cruzadas, seus propósitos e motivações, os conflitos decorrentes dessa proposta belicosa do Ocidente, as traições e as consequências para a Europa e para o mundo conhecido.

 

Feudalismo e Senhorio

 

Os objetivos são analisar as relações político-sociais da nova ordem medieval do séc. XI; analisar as relações econômico-sociais da nova ordem e o significado de servidão; e compreender as diferenças entre Feudalismo e Senhorio. Desde Carlos Magno, os reis quiseram fazer da vassalagem um instrumento de governo. Havia insuficiência e ineficácia nos quadros administrativos do Estado, sendo preciso criar mecanismos que permitissem o governo de um vasto território. A grande maioria das pessoas era analfabeta, as distâncias eram enormes, os caminhos difíceis.  A vassalagem surgiu, então, como uma maneira de o rei controlar seus súditos e impor a autoridade real por um mecanismo conhecido como “interposta pessoa”, isto é, o rei governa por intermédio de outros, escolhidos por ele e que a ele devem respeito.  Esse grupo restrito eram os grandes proprietários de terra, os grandes aristocratas. Pois a base do poder sobre os homens permanece a terra, e o poder, em geral, se reparte da mesma maneira. E como era constituída essa relação? 

A avassalagem baseava-se em um juramento de reciprocidade, em que um senhor (no caso o rei) oferece segurança, cargos, terras   e   privilégios   a   membros   da   aristocracia (no   caso   os   grandes proprietários de terras), que em troca juravam fidelidade, obediência e ajuda militar ao seu suserano, ao seu senhor. O rei, assim, delegava parte de seu poder aos senhores regionais, que, por sua vez, aplicavam o mesmo mecanismo da vassalagem aos senhores locais, os médios e pequenos proprietários de terra. Essas cadeias de juramentos mantiveram coesa, por um certo tempo, a ordem política na Europa Ocidental, desde o Império Carolíngio.

 

Suserania e Vassalagem

 

Na Vassalagem também havia:

 

·        Considerações Militares: Os vassalos do suserano estavam obrigados por juramento a dispor de seus exércitos de vassalos em caso de necessidade de seu suserano, como uma guerra ou disputa com inimigos. 

·        Considerações Políticas e Administrativas: Os vassalos diretos do rei recebiam benefícios e privilégios, e até mesmo terras (honores) para exercerem a administração do território. Foi dado a eles o símbolo da autoridade pública, o bannum do rei. E o que era bannum? Era um poder geral do rei de comandar, coagir e punir os homens livres. Até o século X, esse poder de bannum passa a ser exercido não mais em favor do suserano (o rei), mas em favor desses grandes proprietários regionais, os vassalos do rei, que o aplicavam em proveito próprio.

 

O que temos aqui é que para poder governar, o rei precisou usar de um mecanismo, a vassalagem, que acabou por diluir sua autoridade entre seus vassalos reais, os membros da aristocracia (principalmente condes e príncipes) que passam a ter cada vez mais poder sobre os seus próprios vassalos, sem temer a autoridade cada vez mais esvaziada do soberano.

Curiosamente, porém, a vassalagem vai salvaguardar o princípio monárquico, pois mesmo o rei não tendo poder, de fato, ele tinha um poder simbólico, pois representava algo que não se queria perder: a ideia de unidade, a ideia de realeza, a própria ideia de poder.

 

·        Feudalismo: Essa aristocracia, rica, proprietária de grandes extensões de terras e gozando de prerrogativas e privilégios reais, no século XI é considerada nobreza.  Nobreza seria a aristocracia que tem posição de honra, que tem linhagem (isto é, qualidades que derivam de seus antepassados), que goza de privilégios dentro da aristocracia (alta aristocracia) e que tem consciência da sua posição (evolução do poder político). Essa nobreza é a que tem, portanto, glória ancestral, riqueza fundiária, isto é, terras, autoridade sobre seus vassalos e sobre os camponeses, autonomia frente ao poder real, e linhagem, quando o nome de família ou da casa passa a fazer parte do nome pessoal, mostrando deferência, respeito e orgulho do pertencimento.

·        Senhorio: O Senhorio era a propriedade agrícola possuída por um senhor e onde viviam camponeses dependentes (conhecida na Inglaterra como Manor e na França como Seigneurie, daí o nome) era a unidade agrícola mais encontrada na Europa Ocidental na Idade Média, pelo menos a partir do século IX.  Havia também pequenas propriedades agrícolas cujos donos eram livres, conhecidas   como   alódios, mas   essas   diminuíram   muito   em   número   quase desaparecendo no séc. XI ao XIII.

·        Senhorio e Servidão: Os camponeses podiam ser:

- Donos de alódios (que aos poucos foram desaparecendo, absorvidos pelas grandes propriedades);

- Servos, que era a grande maioria da população da Europa no período. Quem eram os servos?  Eram os não-livres, dependentes de um senhor. Tiveram dupla origem (ou até mesmo tripla, veremos):

- Originados dos colonos (do fim do período imperial romano), que estavam vinculados à terra e dela não podiam sair;

- originados dos escravos (também do fim do período imperial romano), já em número bastante reduzido e que foram sendo libertados, por influência do cristianismo.  Eles foram fixados à terra pois era mais fácil exigir deles serviços específicos e em determinados momentos do que vigiá-los constantemente e fornecer-lhes o sustento. - se levarmos em consideração os pequenos proprietários de alódios que acabaram tendo de se colocarem a serviço de algum senhor, eles e suas pequenas propriedades, teremos estes também tornados servos, pois acabaram também perdendo parte de sua liberdade. O fato de nascer servo faz da pessoa um servo. É o nascimento que mantém o não-livre nessa condição servil. Os colonos tiveram sua condição de liberdade rebaixada à categoria de servos. Da mesma maneira, os proprietários de alódios acabaram também por terem sua condição rebaixada, ao se colocarem a serviço de um grande senhor local. E os escravos tiveram sua condição de algum modo melhorada à categoria de servo, pois obtiveram um pedaço de terra para trabalhar e habitar, apesar de não gozarem de liberdade. Todas essas categorias de camponeses encontradas nos períodos anteriores, do final do período imperial romano ao período carolíngio acabarão por constituir a grande massa de camponeses servis da Idade Média entre o século XI e o XIII, com o Feudalismo. Estavam submetidos aos senhores proprietários, a sua autoridade e a sua justiça. Os senhores proprietários cobravam uma série de impostos e taxas a seus servos, do uso de instalações como moinhos à passagem do pedaço de terra que os servos dispunham (chamada manso) a seus descendentes por ocasião da morte do chefe da família. Essas obrigações eram chamadas banalidades.

·        Feudalismo e Senhorio: Não devemos confundir o Feudalismo com o Senhorio. Feudalismo são as estruturas políticas, o regime feudal, e o Senhorio é o regime de exploração da terra na Baixa Idade Média.  Um se refere às relações político-sociais e o outro, às relações econômico-sociais da época.

·        Camponeses e Servos: não devem ser confundidos com súditos e vassalos. Os camponeses não são vassalos do seu senhor. Estão subordinados a eles pela vinculação à terra. São não-livres. Onde ouvimos Feudalismo, devemos entender Vassalidade, isto é, o sistema político que definia as relações de homem a homem numa hierarquia de poderes e de comandos, realizadas entre membros de uma mesma classe, a aristocracia, em que se trocam fidelidade e serviço militar (da parte do vassalo) por proteção e benefícios (por parte do suserano), benefício esse conhecido como feudo(que pode ser tanto terra quanto o direito de receber determinados impostos, ou explorar uma área, cobrar pedágio em uma ponte, por exemplo). 

 

São relações de certa maneira horizontais:

 

·        O sistema feudal não intervinha diretamente na gestão e exploração das terras, nem nas relações entre proprietários e camponeses. 

·        O Senhorio rural é conjunto de terras em parte exploradas diretamente e em outra divididas em parcelas menores (mansos), unidades de cultivo confiadas aos servos. O Senhorio não nasceu de modo nenhum do feudalismo, ele já existia enquanto modo de produção agrícola, desde o período dos reinos francos. 

 

Em síntese, devemos compreender as relações políticas e as relações   econômicas   que   se desenvolvem na Europa entre o séc. XI e XIII a fim de entendermos esse momento chave da Idade Média do Feudalismo e do Senhorio. 

 

A Igreja e as Heresias

 

Para a formação e organização da hierarquia eclesiástica, no início da estruturação da Igreja, acabou contribuindo bastante um elemento que punha em risco a própria existência da Igreja, as heresias.  Heresias são produtos do sincretismo que tinha para os e contras para o Cristianismo, ele se tornava mais facilmente assimilável, mas também passível de diversas interpretações. Heresia é, do ponto de vista da Igreja, um desvio dogmático, ou seja, uma interpretação discordante do pensamento oficial do clero cristão, e que por isso mesmo coloca em risco a unidade da fé. O Primeiro Concílio Ecumênico, que reunia bispos de todas as regiões para debater   questões   da   doutrina   cristã, celebrado   em   Nicéia   em   325, visava fundamentalmente se posicionar frente ao arianismo, corrente para a qual Cristo, por ter sido criado pelo pai, não era da mesma substância Dele, sendo-lhe inferior. 

Os arianos não aceitavam a divindade de Jesus.  O concílio concluiu que tal ideia contrariava o dogma da Santíssima Trindade, daí ter sido condenado. Os conflitos provocados pela questão ariana enfraqueceram a autoridade moral dos sínodos (assembleias episcopais que tratavam de tudo que interessava às igrejas locais), que se contradiziam, mostrando que era preciso um poder acima de todos, uma monarquia como a que Cristo exerce sobre o Universo. Foi em função disso que o bispo de Roma se sobrepôs aos outros bispos da igreja, podendo usar a partir do século IV o título de papa. É a constituição de uma monarquia eclesiástica, apesar de haver um só Deus, uma só fé, uma só igreja para os cristãos, e a necessidade de se preservar tal unidade.

Na baixa Idade Média também surgiram heresias, sendo a dos cátaros a de maior repercussão e a mais desafiadora da autoridade da igreja. Ela aconteceu em territórios do sul da França, em quatro dioceses:  Toulouse, Albi, Carcassone e Narbona. A data de 1140 marca o início da forte expansão herética pela região, e ela se estendeu até 1190.  O movimento foi desencadeado pelo monge Henrique, que foi duramente combatido pelo religioso Bernardo de Clairvaux (depois, São Bernardo). Os cátaros acreditavam na dualidade da divindade, que Deus reinava sobre as almas, e outra divindade maligna reinava sobre as coisas da matéria, da carne. Portanto, abominavam tudo que dizia a satisfazer os desejos da carne. Desprezavam o casamento, eram vegetarianos e não acreditavam que Deus se fez homem, porque homem é matéria. A Igreja de Roma precisou de vários anos, muitos embates e até uma Cruzada (A Cruzada contra os albigenses) para acabar com o catarismo, em que milhares foram mortos.

  

 

REFERÊNCIAS

 

BLASCO, Maria de lá Concepcional (1 de setembro de 1993). El Bonce final (1ª adicione). Madrid: Editorial Sínteses. p. 176. ISBN 84-7738-195-X. BRÉZILLON, Michel (1969). Dictionnaire de lá Préhistoire (en francés). París: Librairie Larousse. ISBN 2-03- 075437-4.

CLAIRBORNE, Robert (1977). Los primeros americanos. Ciudad de México: Lito Offset Latina. Libros TIMELIFE. Clark, John E., ed. (1994). Los olmecas en Mesoamérica. Ciudad de México: Ediciones del Equilibrista. ISBN 968-7318-22-8.

CONRAD, Geoffrey W. (1984). «Los incas». Historia de las Civilizaciones antiguas (II): Europa, América, China, India. Arthur Cotterell, ed. Barcelona: Editorial Crítica. ISBN 84-7423-252-X

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Expansão e Escravidão na Roma Antiga

 Qual Foi a Importância de Rômulo e Remo na Unificação de Roma? Quais Eram os Papei dos Patrícios, Nobres e Plebeus na Roma Antiga? Como se Dividia o Senado Romano? Quais Foram as Fases da Expansão de Roma?

 



 

Roma foi um dos maiores impérios que o mundo já viu e foi responsável por unir povos, culturas e pessoas das mais variadas origens sob seu poder. E, dentre as suas inúmeras contribuições para nossa civilização, podemos citar: 

 

1) Roma, das Origens ao Fim da República

 

·        Cerca do Século XI a.C. (Enéas, o Herói da Guerra de Tróia): Diz a lenda que Rômulo e Remo são descendentes diretos de Enéas, herói da Guerra de Tróia. Enéas seria filho do último rei de Tróia, Anquises, e da deusa Vênus. Rômulo e Remo seriam filhos de Rea Silvia, descendente de Enéas, e do deus Marte, que foram abandonados ainda bebês e criados por uma loba.

·        753 a.C. (As Sete Clinas): As sete colinas onde ficavam os aldeamentos originais, unificados para a fundação de Roma são Aventino, Capitólio, Célio, Esquilino, Palatino, Quirinal e Viminal.

·        753 a.C. (Fundação de Roma): Esta é a data tradicional da fundação de Roma, atribuída aos etruscos, povo que habitava a região do Lácio. Segundo a lenda, Rômulo e Remo efetuaram a unificação das aldeias existentes nas sete colinas junto ao rio Tibre, fundando Roma.

·        753 a 510 a.C. (Período da Monarquia): Foram sete (7) reis etruscos e sabinos a governar a cidade de Roma. 753 a 717 a.C. O primeiro rei -Rômulo foi o primeiro rei de Roma, que subiu ao trono após a morte de seu irmão, Remo.

·        717 a 673 a.C. (O Segundo Rei): Numa Pompílio foi o segundo rei de Roma, escolhido pelo Senado. Era Sabino, um dos povos italiotas.

·        672 a 641 a.C. (O Terceiro Rei): Tulo Hostílio, um rei guerreiro escolhido pelo povo.

·        639 a 616 a.C. (O Quarto Rei): Anco Márcio, também um sabino, foi escolhido rei pelo povo de Roma. Fundou Óstia, na foz do rio Tibre, principal porto marítimo de Roma.

·        616 a 579 a.C. (O Quinto Rei): Tarquínio Prisco, rei etrusco, escolhido pelo povo de Roma.

·        578 a 535 a.C. (O Sexto Rei): Sérvio Túlio, foi escravo de Tarquínio Prisco e educado no palácio real. Construiu uma muralha circundando a cidade de Roma.

·        534 a 510 a.C. (O Sétimo e Último Rei): Tarquínio, o Soberbo, assassinou o antecessor, foi um tirano, sem reconhecimento nem do povo nem do Senado. Foi deposto por um movimento revolucionário que aboliu a Monarquia e instituiu a República em Roma.

 

2) Período da República (509 a 27 a.C.)

 

Nessa época, a sociedade romana estava assim organizada:

 

·        Patrícios ou Nobres: Descendentes das famílias que promoveram a ocupação inicial de Roma. Eram grandes proprietários de terra e de gado.

·        Plebeus: Geralmente eram pequenos agricultores, comerciantes, pastores ou artesãos e constituíam a maioria da população que não tinham direitos políticos.

·        Clientes: Eram homens de negócios, intelectuais ou camponeses que tinham interesse em fazer carreira pública e que, por isso, recorriam à proteção de algum patrono, geralmente um patrício de posses.

·        Escravos: Eram plebeus endividados e principalmente prisioneiros de guerra. Realizavam todo o tipo de trabalho e eram considerados bens materiais. Não tinham qualquer direito civil ou político.

 

Dessa forma, pode-se afirmar que o poder na República Romana estava organizado entre dois (2) organismos:

 

A) Senado

 

O Senado dirigia a política romana, sendo formado pelos patrícios (senadores vitalícios) que escolhiam os magistrados (cargos executivos com mandato anual), os quais exerciam também funções judiciárias. Eram seis (6) as principais magistraturas:

 

1.     Consulado: O mais importante: 2 militares, um deles para os assuntos internos, o outro para assuntos externos.  O Consulado tinha também funções religiosas.

2.     Tribunos da Plebe: Escolhidos entre os plebeus, eles exerciam suas funções no Senado e tinham poder de vetar as decisões dos senadores que fossem desfavoráveis a eles.

3.     Questor: Era a magistratura responsável pela arrecadação de impostos de Roma.

4.     Pretor: Era o responsável pela manutenção da ordem e da justiça civil.

5.     Censor: Magistratura que fazia a contagem da população (censo) e também zelava pela moral pública.

6.     Edil: Magistratura que era responsável pelas obras públicas, pelo abastecimento, pelas festas e também pelo policiamento.

 

B) Assembleias

 

·        Centuriata: Era a assembleia mais importante, pois votava as leis romanas e era ocupada por patrícios.

·        Tribunícia: Era composta pelas tribos de Roma. Os cidadãos romanos eram divididos e organizados em tribos. 

·        Da Plebe: Era criada por pressão dos plebeus, que não se sentiam representados. Escolhia os tribunos da plebe.

 

O Expansionismo e a Escravidão na Roma Antiga

 

A escravidão na Roma Antiga está diretamente ligada ao expansionismo   territorial e militar, ao que chamamos de Imperialismo.  A expansão romana é, acima de tudo, um fenômeno de longa duração, que se estende da monarquia etrusca, nos séculos VII-VI a.C., até um momento imprevisível no Baixo Império, quando a distinção centro-periferia muda de natureza.  Trata-se, portanto, de quase um milênio de expansão militar e de domínio de outros Estados e povos por parte de Roma.  No período que se estende de 509 a.C., data tradicional da derrubada da monarquia, até o principado de Augusto, Roma esteve constantemente em guerra. Esse estado de guerra constante exigiu uma mobilização popular sem precedentes na história das cidades antigas, tanto na frequência do chamado às armas quanto na duração dos períodos de mobilização, que aos poucos foi se ampliando. Durante o séc. II a.C., quando Roma expandiu seu poder por toda a bacia do Mediterrâneo, estima-se que ao menos 10% da população masculina adulta estivesse em serviço a cada ano (cerca de 130 mil soldados), cada soldado servindo, em média, seis anos. Uma mobilização de tal envergadura provocou uma acentuada militarização da sociedade romana e teve profundas consequências políticas e econômicas.

Fatores mercantis influenciaram, sem dúvida, o processo de expansão romana, sobretudo a partir do séc. II a.C., mas não nos termos em que aparecem atualmente.  Os fatores políticos e econômicos são inextrincáveis no estudo do imperialismo antigo. Se a expansão militar ocasiona um diferencial de poder entre Estados e povos, esse poder não é abstrato, e se define sempre para alguma coisa, tendo em vista objetivos delimitados.  É uma dupla relação de poder: a primeira define um centro (expansionista) e uma periferia (submetida); e a segunda se estabelece internamente, na delimitação dos objetivos da expansão (o que se visa obter) e da sua distribuição (o que para quem), que remete à estrutura econômica da cidade-estado, às diferenças de acesso à terra entre ricos e pobres, ligada ao equilíbrio de poder entre eles.

As Fases da Expansão

 

Podemos mencionar como marcos importantes do imperialismo romano:

 

A primeira guerra púnica, em 264 a.C., quando a expansão ultrapassa os limites da Itália (territórios conquistados: Sicília e Sardenha);

A segunda guerra púnica, que transformou Roma em uma grande potência mediterrânea, fazendo limite aos reinos helenísticos.

Diversos episódios da expansão romana no séc.  II a.C., considerados indicativos de alterações significativas na condução do imperialismo romano:  a segunda e a terceira guerras macedônicas, as campanhas na Espanha, a destruição de Cartago e de Corinto.

 

Guarinello, em “Imperialismo Greco-Romano” distinguiu dois (2) períodos   no imperialismo romano, essencialmente diversos em sua natureza, causas, motivações e consequências, originadas da especificidade das relações econômicas e políticas em Roma nos dois momentos:

 

Primeiro Período (Expansão da Roma Monárquica e Republicana, até o séc. III a.C.): Trata-se de uma sociedade essencialmente camponesa, onde os cidadãos eram definidos pela propriedade de lotes de terra (em   geral pequenos). As propriedades eram cultivadas pelo proprietário e sua família ou, no caso das famílias aristocráticas, por trabalhadores dependentes, ligados à classe dominante por laços de clientela. As unidades eram produtivas, autárquicas e a produção para consumo direto do produtor e seus dependentes. A economia era voltada para valores de uso, mercado e trocas subsidiários no conjunto das atividades produtivas e os conflitos sociais envolviam a luta pela terra e pela abolição das dívidas, igualdade civil e jurídica, acesso às magistraturas.

Segundo Período (a Partir da 2ª Guerra Púnica – fins do séc. III a.C.): O desenvolvimento da produção mercantil era baseado na utilização de mão-de-obra escrava em larga escala. Houve certo desenvolvimento, pela 1a vez no Mundo Antigo, do modo de produção (escravista) como sistema produtivo dominante, possibilitado   e   favorecido   pela expansão imperialista anterior, que propiciara a acumulação, em grande escala, de recursos em bens materiais, terras e escravos.  O uso desses recursos acumulados numa forma de produção específica, a fazenda ou vila escravista era voltada à produção de bens agrícolas para venda num mercado em expansão. Essa vasta transformação econômica alterou de forma profunda a dinâmica e a própria natureza do imperialismo romano: na utilização e distribuição dos recursos e na forma de organizar e administrar as conquistas A ocupação  das  terras  conquistadas  por  uma  aristocracia  cada vez mais urbana, que não as geria diretamente, visando tão somente a obtenção de uma renda agrícola,   representaria   um   passo   importante na transformação da economia camponesa, essencialmente familiar e autárquica, em direção ao modo de produção escravista e à economia mercantil.

 

Portanto, constata-se que as profundas transformações ocorridas na sociedade romana foram consequências das suas conquistas militares e, também entendemos, que essa intensa militarização foi resultado de longos períodos de guerras empreendidas por Roma na conquista de novos territórios. As conquistas e o gerenciamento dos novos territórios marcaram as relações de Roma com suas províncias e, pela primeira vez no mundo antigo, tivemos grandes latifúndios produzindo para um mercado com mão de obra escrava em larga escala. Foi o modo de produção mercantil. 


REFERÊNCIAS

 

BLASCO, Maria de lá Concepcional (1 de setembro de 1993). El Bonce final (1ª adicione). Madrid: Editorial Sínteses. p. 176. ISBN 84-7738-195-X. BRÉZILLON, Michel (1969). Dictionnaire de lá Préhistoire (en francés). París: Librairie Larousse. ISBN 2-03- 075437-4.

CLAIRBORNE, Robert (1977). Los primeros americanos. Ciudad de México: Lito Offset Latina. Libros TIMELIFE. Clark, John E., ed. (1994). Los olmecas en Mesoamérica. Ciudad de México: Ediciones del Equilibrista. ISBN 968-7318-22-8.

CONRAD, Geoffrey W. (1984). «Los incas». Historia de las Civilizaciones antiguas (II): Europa, América, China, India. Arthur Cotterell, ed. Barcelona: Editorial Crítica. ISBN 84-7423-252-X