Quais São Seus Três Componentes? Como Aristóteles
Definiu Ciência? Quais São os Três Níveis de Desenvolvimento da Inteligência
dos Seres Humanos Desde o Surgimento dos Primeiros Hominídeos?
Aristóteles definiu a ciência como sendo o conhecimento das causas pelas causas; ou seja, para ele, a ciência seria “o conhecimento demonstrativo". Então, pode-se dizer que a Ciência é o conhecimento que explica os fenômenos, obedecendo às leis que foram verificadas por métodos experimentais.
A ciência é composta por três (3) componentes: a observação,
a experimentação e as leis. Visa a união entre o conhecimento teórico, a
prática e a técnica. Não se utiliza de suposições, mas da comprovação após a
aplicação do método científico. Foi o próprio Aristóteles quem definiu que as
ciências (no plural) estão relacionadas à maneira de realização do ideal de
cientificidade de acordo com os fatos investigados e os métodos empregados.
A Origem da Palavra “Ciência”
Etimologicamente a palavra “ciência” vem do latim scientia, que quer dizer por definição ampla, conhecimento ou reconhecimento. Daí pode-se inferir que ela origina do verbo scire = saber. E, num sentido mais restrito, a palavra ciência nos leva a um modo de adquirir conhecimento baseado no método científico; ou seja, trata-se do esforço que o ser humano faz para descobrir – e aumentar – o seu conhecimento de como funciona a realidade.
Segundo Bello ([1]) a evolução humana corresponde ao desenvolvimento de sua inteligência. Sendo assim são definidos três níveis de desenvolvimento da inteligência dos seres humanos desde o surgimento dos primeiros hominídeos: o medo, o misticismo e a ciência.
a) O Medo: os seres humanos pré-históricos não conseguiam
entender os fenômenos da natureza. Por este motivo, suas reações eram sempre de
medo: tinham medo das tempestades e do desconhecido. Como não conseguiam
compreender o que se passava diante deles, não lhes restava alternativa senão o
medo e o espanto daquilo que presenciavam.
b) O Misticismo: num segundo momento, a inteligência humana
evoluiu do medo para a tentativa de explicação dos fenômenos através do
pensamento mágico, das crenças e das superstições. Era, sem dúvida, uma
evolução já que tentavam explicar o que viam. Assim, as tempestades podiam ser
fruto de uma ira divina, a boa colheita da benevolência dos mitos, as desgraças
ou as fortunas do casamento do humano com o mágico.
c) A Ciência: como as explicações mágicas não bastavam para
compreender os fenômenos os seres humanos finalmente evoluíram para a busca de
respostas através de caminhos que pudessem ser comprovados. Desta forma, nasceu
a ciência metódica, que procura sempre uma aproximação com a lógica.
O ser humano é o único animal na natureza com capacidade de
pensar e, esta característica permite que nós, os seres humanos, sejamos
capazes de refletir sobre o significado de nossas próprias experiências. Assim
sendo, nós somos capazes de novas descobertas e de transmiti-las aos nossos
descendentes.
O desenvolvimento do conhecimento humano está
intrinsecamente ligado à sua característica de viver em grupo, ou seja, o saber
de um indivíduo é transmitido a outro, que, por sua vez, aproveita-se deste
saber para somar outro. Assim evolui a ciência.
Definição de Ciência
Uma boa definição está no Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Ferreira (2004) define ciência como um conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos, historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade que permitem sua transmissão, e estruturados com métodos, teorias e linguagens próprias, que visam compreender e orientar a natureza e as atividades humanas. Popularmente é entendida como sabedoria ou habilidade intuitiva.
Lakatos e Marconi ([2]) no clássico
livro “Metodologia Científica” levantam várias definições para Ciência, mas no
entendimento dessas autoras, todas incompletas. Abaixo estão algumas delas:
“Acumulação de conhecimentos sistemáticos”.
“Atividade que se propõe a demonstrar a verdade dos fatos
experimentais e suas aplicações práticas”.
“Conhecimento certo do real pelas suas causas”.
“Conjunto de enunciados lógica e dedutivamente justificados
por outros enunciados”.
Para as autoras acima, a melhor definição é de Ander-Egg
(1978) apresentada na obra Introducción a las técnicas de investigación social:
“A ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis,
obtidos metodicamente, sistematizados e verificáveis, que fazem referência a
objetos de uma mesma natureza”. Fazendo uma decomposição ou análise da
definição de Ander-Egg encontramos que:
a) conhecimento racional – é aquele que exige um método e
está constituído por uma série de elementos básicos, tais como sistema
conceitual, hipóteses, definições.
b) certo ou provável – já que não se pode atribuir à ciência
a certeza indiscutível de todo o saber que a compõe. Ao lado dos conhecimentos
certos, é grande a quantidade dos prováveis. Antes de tudo, toda lei indutiva,
é meramente provável, por mais elevada que seja sua probabilidade.
c) obtidos metodicamente – pois não se adquire ao acaso ou
na vida cotidiana, mas mediante regras lógicas e procedimentos técnicos.
d) sistematizadores – isto é, não se trata de conhecimentos
dispersos e desconexos, mas de um saber ordenado logicamente, constituindo um
sistema de ideias (teoria).
e) verificáveis – pelo fato de que as afirmações, que não
podem ser comprovadas ou que não passam pelo exame da experiência, não fazem
parte do âmbito da ciência, que necessita, para incorporá-las, de afirmações
comprovadas pela observação.
f) relativos a objetos de uma mesma natureza – ou seja,
objetos pertencentes a determinada realidade, que guardam entre si certos
caracteres de homogeneidade (LAKATOS; MARCONI, 2004).
Finalmente, Cervo, Bervian e Silva ([3]) ressaltam que a ciência é o resultado
de descobertas ocasionais, nas primeiras etapas, e de pesquisas cada vez mais
metódicas, nas etapas posteriores. “É uma das poucas realidades que podem ser
legadas às gerações seguintes. Os homens de cada período histórico assimilam os
resultados científicos das gerações anteriores, desenvolvendo e ampliando
aspectos novos”.
([1]) BELLO, José Luiz de Paiva. Metodologia Científica (2004). Disponível em: <http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/met01.htm> Acesso em: 05 jun. 2010.
([3]) CERVO, Amado Luiz;
BERVIAN, Pedro A; SILVA, Roberto da. Metodologia
científica. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
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