Por Que a Gália Era Essencial Para a Compreensão da História Europeia? O Que Caracterizou a Dinastia Carolíngia? Por Que a Tradição de Dividir o Reino Entre os Herdeiros do Trono Enfraquecia o Reino Franco? Por Que o Termo “Bizantino” Tem Caráter Civilizacional?
O Reino Franco (ou Frância) foi o território unificado pelos francos – um povo germânico, na Gália romana (atual França) entre o século V e o século IX. Essencial para a história europeia, esse reino foi fundamental para a formação de um governo centralizado na região e para a disseminação do Cristianismo. Inicialmente governado pela dinastia merovíngia, destacou-se com a ascensão de Clóvis I, o qual 1 foi o primeiro rei franco a se converter ao Cristianismo e, ao se casar com a princesa católica burgúndia Clotilde em 493, conseguiu se aproximar do Papa e de outros monarcas cristãos ortodoxos. A conversão de Clóvis significava a conversão de todos os francos. Ao professar a mesma fé que seus vizinhos católicos, os recém-cristianizados francos foram aceitos com maior facilidade pela população galo-romana do que outros povos germânicos cristianizados no arianismo, como os visigodos e ostrogodos, vândalos, lombardos e burgúndios. Clóvis foi um grande rei, estendeu as fronteiras do reino franco chegando até a Provença, alcançando o mar Mediterrâneo. A tradição de dividir o reino entre os herdeiros do trono enfraquecia o reino franco.
No século VI a dinastia
merovíngia conheceu um período de rápida decadência, no qual adquiriram grande
relevância os mordomos do paço ou prefeitos do palácio, os mais altos
funcionários da administração merovíngia.
Um desses prefeitos se destacou, Carlos Martel, quando em 732 segurou o
avanço muçulmano pela França, vindos da Espanha ocupada, na Batalha de
Poitiers. Em 737 passou a se intitular
soberano merovíngio. Em 741 Carlos Martel dividiu o reino entre seus filhos,
Carlomano (Austrásia, Suábia e Turíngia) e Pepino (Nêustria, Borgonha e
Provença). Aquitânia e Baviera governam
em conjunto. Childerico, último rei merovíngio, foi destronado por ambos e logo
após Carlomano se retirou para um mosteiro e Pepino assumiu como soberano único.
Dinastia Carolíngia
(751-814)
Pepino, o Breve, reinou de 751 a
768, com apoio do Papa Zacarias I, que efetuou a cerimônia de consagração e
unção real, onde se tornou Patrício Romano (protetor dos cristãos). Foi o primeiro rei dos francos a receber a
unção sagrada. Ajudou o Papa Estevão a garantir a posse de seus territórios na
península Itálica e garantiu o território central da península Itálica ao Papa,
para que este, junto com o ducado de Roma (que é do Papa) pudesse constituir o
Estado Pontifício. A aliança com Roma assinalou toda a política dos reis
carolíngios. Depois de sua morte, o reino e o trono foram divididos entre seus
filhos Carlomano (que morreu em 771) e Carlos. Com a morte de Carlomano, o
poder passou para Carlos, nomeado Carlos Magno, que reina de 768 a 814, e levou
o reino franco a seu máximo esplendor. Carlos Magno reinará de 768 a 814. Ele
enfrentou os saxões, que resistiam ao cristianismo e lutavam contra a dominação
franca. Mas finalmente em 795 foram vencidos e, em seguida, a conversão e
evangelização. A restauração imperial ocorreu em 800, no Natal. Carlos Magno foi
aclamado Imperador dos Romanos –imperium christiarum. Ele construiu sua capital
em Aix-la-Chapelle, onde ficou o seu palácio.
Depois de feito à imagem do palácio de Bizâncio, ele possuía uma capela palatina
segundo os moldes da Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém. A principal
preocupação de Carlos Magno era estabelecer uma administração sólida.
·
O imperador decide a escolha de cada bispo;
·
O conde é o lugar-tenente direto do rei, que administra
cada condado (não é nobreza, é cargo administrativo);
·
Ocorre um movimento intelectual e literário na
corte imperial;
·
Visava ter bispos e condes instruídos no próprio
palácio, e que fossem dignos; Reforma da escrita –invenção de minúsculas.
O império de Carlos Magno é um império
da terra. A conquista muçulmana
interrompe a circulação no Mediterrâneo, isolando o Ocidente dos ricos
mercadores do Mediterrâneo Oriental. A economia já estava se voltando para
dentro. O comércio já havia declinado consideravelmente, a terra é a principal
fonte de riqueza e poder político.
A Divisão do Império
e Suas Consequências
O império entrou em crise depois da
morte de Carlos Magno. Em 806 seu Estado
foi dividido entre seus três filhos e só a morte de dois deles permitiu que seu
filho, Luís, o Piedoso (814 a 840), reinasse sobre o conjunto das províncias.
Luís, em 817 proclama a unidade indissolúvel do império e designa seu filho, Notário,
seu único sucessor. Os outros dois, Pepino e Luís, teriam somente reinos, a Aquitânia
e a Baviera. Após a morte de Luís em 840, o Império Franco mergulha numa
anarquia total. Seus três filhos sobreviventes, Lotário, Luís e Carlos (pepino
morrerá em 838), disputam a herança. Em agosto de 843, Lotário é obrigado a
aceitar o tratado de Verdum, que consagra a divisão do império (Alemanha e
França), o que determina, durante séculos, o mapa político do Ocidente. Carlos fica
com a parte ocidental, Luís com a parte mais oriental (Luís, o Germânico), e
Lotário mantém o título imperial e as duas capitais (Aix-la Chapelle e Roma), a
zona central e a Itália. As consequências mais importantes da divisão do império
carolíngio são, primeiro, a configuração da divisão política da Europa, até hoje,
entre a França, a Alemanha e a Itália. Segundo, essa divisão levou ao enfraquecimento
dessa unidade, tornando a Europa vulnerável e suscetível a novas ondas de invasões,
desta vez vikings (nórdicos), magiares (eslavos do Leste) e sarracenos
(islâmicos do Sul).
Bizâncio
Bizantino é um termo que tem caráter
civilizacional, correspondendo aos indivíduos de fala grega e religião cristã
ortodoxa. Racialmente, engloba gregos,
egípcios, asiáticos, semitas e eslavos. Quando parte significativa do Império
Bizantino nos primeiros séculos, isto é, grande parte da população do Egito e
da Síria é submetida pelos árabes muçulmanos, muda seu idioma e sua religião, deixam
de ser bizantino, ou melhor, “rhomaioi” (“romanos”), que era como se
consideravam. O termo “bizantino” só foi vulgarizado a partir do século XVI.
Assim como Roma, Bizâncio uniu através de uma língua e de uma determinada
maneira de sentir e de pensar, povos que nada tinham em comum entre si. Ao
longo de sua história extensa, de 330 a.C. a 1453, o Estado bizantino foi aos
poucos mesclando suas raízes latinas com os elementos greco-orientais há muito enraizados
naqueles territórios, surgindo assim uma civilização nova, original. Por isso, suas relações com o Ocidente
medieval sempre foram difíceis. A língua grega, uma vida material faustosa,
muito rica, uma cultura refinada, a concepção de um imperador visto como vice-rei
de Deus – são todos elementos inconcebíveis aos ocidentais. Até o cristianismo os
afastava. A religião, central nas duas civilizações,
era vista, professada, sentida de maneiras diferentes:
·
Orientais (Mais Especulativos): Herdeiros
das antiquíssimas religiões egípcio-mesopotâmicas e da filosofia grega; O
cristianismo era ao mesmo tempo fonte de sentimento e de reflexão. Por isso,
envolvia a todos; A palavra grega “igreja” tinha seu sentido literal para eles,
de comunidade, o conjunto de fiéis mortos e vivos.
·
Ocidentais (Espírito Mais Pragmático): Por
muito tempo a religião foi vista como uma espécie de prática mágica, não podia ser
objeto de estudo e debates; Para eles, Igreja designa a hierarquia sacerdotal, o
grupo de pessoas que monopolizava a comunicação e a negociação (fertilidade,
saúde, riqueza, vitória, salvação) com Deus.
·
Constantinopla / Bizâncio: De grande esplendor,
maravilhava seus visitantes. Excepcional
localização, entre a Europa e a Ásia, entre o mar Negro e o Mediterrâneo. Estrategicamente
bem localizada, apresentando condições naturais para sua defesa. Chegou a um
milhão de habitantes quando Roma e Paris não passavam de 20 mil; Foi por
séculos um dos maiores centros urbanos do mundo; Com atividade cultural intensa
(a Europa Ocidental se inspirou e muito na arte bizantina), influenciou o
Renascimento dos séculos XV-XVI.
·
As Estruturas Religiosas: A religião foi
o elemento articulador do conjunto do Império Bizantino: Fundamentação. Justificativa
da política exterior. Temas e significado da produção cultural. Absorvia parte
considerável dos recursos econômicos. Determinava o cotidiano dos indivíduos do
nascimento à morte. O Império era uma antecipação do Reino dos Céus
A importância
da religião, central, fica demonstrada pela (s):
·
Extensão e influência das estruturas
eclesiásticas;
·
Intensa espiritualidade popular;
·
Inúmeras controvérsias teológicas com desdobramentos
políticos e sociais
O Patriarca de Constantinopla é o
chefe supremo da Igreja, sempre esteve intimamente ligado ao poder imperial. No
Segundo Concílio Ecumênico, em 381, por pressão do imperador, estabeleceu-se
que, por ser a Nova Roma (como era chamada Bizâncio), o bispo de Constantinopla
receberia as honras logo a seguir do bispo de Roma, na frente das dioceses de Alexandria,
Antioquia e Jerusalém, mesmo estas tendo sido fundadas por apóstolos. No Ocidente,
o Papado desenvolveu-se como um poder independente, em Bizâncio o Patriarcado sempre
esteve atrelado ao Imperador (que escolhia o Patriarca, e que podia ser laico).
Os bispos (que chegavam a perto de 600) estavam bem distanciados dos clérigos.
Os primeiros residiam em Constantinopla e iam ocasionalmente para suas dioceses
receber os rendimentos que gastavam na capital.
Os clérigos que viviam próximos aos fiéis e realizavam os ofícios
religiosos cotidianos, podiam estes se casar e ter filhos. O monasticismo
(monges de maior nível moral que os clérigos, mas de menor nível intelectual)
tinha grande popularidade. No
século IV nasce
com São Basílio
a organização de
comunidades monásticas, com valorização da vida em grupo, disciplinada e
do trabalho – vida isolada e
ascética. São Basílio influenciará
o modelo monástico ocidental de São Bento no século VI.
Os monges passavam pelo noviciado
de três anos, então faziam os votos definitivos de castidade,
pobreza e obediência.
Nem todos os monges
eram sacerdotes ordenados, muito populares, eram tidos como modelo de pureza e religiosidade
apaixonadas. A Igreja Ortodoxa esteve mais próxima da religiosidade popular do
que a Igreja Ocidental. Havia uma certa tolerância com relação a uma teologia a
ser seguida, as controvérsias religiosas eram apaixonadamente discutidas e às vezes
geravam violência. Desde o século VII se desenvolvia um sentimento entre os
bizantinos, de que eram o povo eleito, destinado a defender toda a Cristandade frente
à ameaça muçulmana. Eles acreditavam estar
guerreando pelo cristianismo e, portanto, pela civilização. Os bizantinos se
tornavam um instrumento de Deus face aos fiéis. A política imperialista advinda
dessa crença levou Bizâncio em meados do séc. XI a estender suas fronteiras do Eufrates
e do Cáucaso à Itália, do Danúbio à Palestina
REFERÊNCIAS
BLASCO, Maria de lá Concepcional (1 de setembro de 1993). El Bonce
final (1ª adicione). Madrid: Editorial Sínteses. p. 176. ISBN 84-7738-195-X. BRÉZILLON, Michel (1969). Dictionnaire
de lá Préhistoire (en francés). París: Librairie Larousse. ISBN 2-03- 075437-4.
CLAIRBORNE, Robert (1977). Los primeros americanos. Ciudad de
México: Lito Offset Latina. Libros TIMELIFE.
Clark, John E., ed. (1994). Los olmecas en Mesoamérica. Ciudad de México:
Ediciones del Equilibrista. ISBN 968-7318-22-8.
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