De Onde Deriva a
Palavra “Week”? Por Que os Romanos Fixaram Uma Semana de Oito Dias? Qual a
Relação do Sabat Judeu Com a Semana de Sete Dias?
Enquanto
o homem regeu sua vida apenas pelos ciclos da Natureza como a mudança das
estações e as fases da Lua ele permaneceu prisioneiro dela. Se ele queria
encher seu mundo de novidades humanas, teria de criar suas próprias medidas do
tempo. E estes ciclos feitos pelo homem viriam a ser variados. A semana – ou algo
bem parecido – foi o primeiro destes agrupamentos artificiais de tempo.
A palavra
inglesa “week” (semana) parece derivar de uma palavra do alemão
que significa “mudar” ou “suceder”. Mas, a semana não é uma invenção ocidental
nem foi em todos os lados um agrupamento de 7 dias e, na verdade, as pessoas
descobriram pelo menos 15 maneiras – em aglomerados de 5 a 10 dias – para
agrupar os seus dias.
O que
existe à escala planetária não é um determinado conjunto de dias, mas a
necessidade de fazer qualquer tipo de conjunto. Daí, a humanidade revelou um
forte desejo de jogar com o tempo e de fazê-lo mais importante do que a
Natureza o fez. A nossa semana de 7 dias surgiu da necessidade popular e da
concordância espontânea, e não de uma lei ou da ordem de qualquer governo. Como
aconteceu? Por quê? Quando? Por que uma semana de 7 dias?
Os
antigos Gregos não tinham semana e os Romanos viviam uma semana de 8 dias, onde
os agricultores que trabalhavam sete dias nos campos iam passar na cidade o
oitavo dia, sendo considerado um dia de repouso, festividades e sem escola.
Mas, quando e porque os Romanos se fixaram nos oito dias e por que motivos
mudaram para uma semana de 7 dias, não se sabe ao certo.
O número
7 tem um significado mágico quase em toda parte do mundo, pois os Japoneses –
por exemplo – descobriram 7 deuses da felicidade, Roma erguia-se sobre 7
colinas, os antigos enumeravam as 7 Maravilhas do Mundo e os cristãos medievais
enumeravam os 7 Pecados Mortais.
A mudança
romana de 8 para 7 dias parece não ter vindo de qualquer ato oficial, pois no
princípio do século III os Romanos já viviam a semana de 7 dias. Devem ter
andado no ar algumas novas ideias populares e uma delas era a do “sabat”,
que chegou a Roma por meio dos Judeus. A ideia de um 7º dia de descanso parece
ter sobrevivido dos anos em que os Judeus estiveram no cativeiro na Babilônia,
onde os babilônicos observavam certos dias em que eram proibidas atividades
específicas ao seu rei.
Encontramos
outra pista com os Romanos, os quais designavam o dia de Saturno (Sábado) como
um dia de descanso; ou seja, um dia em que não deveriam travar batalhas ou
iniciar qualquer viagem. Nenhuma pessoa poderia correr o risco de se expor aos
infortúnios que Saturno poderia trazer e, segundo Tácito, o sabat era
observado em honra de Saturno porque “das sete estrelas que regem os assuntos
humanos, Saturno tem a mais alta esfera e o poder principal”.
No século
III a semana de sete dias tornara-se comum na vida de todo o Império Romano e
cada dia era dedicado a um dos 7 planetas que, de acordo com a astronomia da
época era Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vênus e Saturno. Os astrólogos da
época utilizavam a “ordem” dos planetas de acordo com a sua suposta distância
da Terra para calcularem a influência de cada planeta nos assuntos mundanos.
Os dias
da semana ingleses continuam a ser um testemunho vivo dos poderes da
astrologia, pois os nossos dias da semana têm nomes derivados dos planetas tal
como eram conhecidos em Roma há 2000 anos. Os dias da semana nas línguas
europeias continuam a derivar dos nomes do planeta e a sobrevivência é ainda
mais óbvia em línguas que não a inglesa, conforme abaixo:
A
formação da nossa semana foi mais um passo em frente no domínio do Mundo pelo
homem, na busca pela ciência. A semana era um agrupamento feito pelo próprio
homem e não ditado pelas forças da Natureza, pois as influências planetárias
eram invisíveis.
A semana
planetária foi um caminho para astrologia e esta foi um passo na direção de
novas espécies de profecia. Rituais antigos traziam consigo uma “ciência”
complicada quanto ao uso de partes de animais sacrificados, a fim de predizer o
futuro das pessoas que ofereciam o sacrifício.
Em meados
do século XIX Sir Richard Burton apresentou uma complicada técnica para
adivinhar o futuro, a partir da omoplata de um carneiro. Os “osteomantes”
– como eram chamados – dividiam o osso em 12 áreas (ou “casas”) e cada uma
delas correspondia a uma pergunta diferente a respeito do futuro. Se na 1ª casa
o osso fosse liso e claro, o augúrio seria propício e o consulente provaria ser
um homem bom.
Em
contraste com esta espécie de profecia, a astrologia era
progressiva, pois as influências dos corpos celestes sobre os acontecimentos na
Terra eram por ela descrita como forças repetitivas,
invisíveis como as que viriam a reger o espírito científico do homem. Sendo
assim, não surpreende o fato de que o homem mais antigo se sentisse atemorizado
pelo céu e seduzido pelas estrelas, pois estas primeiras luzes noturnas
iluminavam a fantasia popular.
Todos os
agricultores sabiam que as nuvens do céu, o calor do Sol e a dádiva das chuvas
decidiam a sorte das suas culturas e, consequentemente, governavam suas
próprias vidas. Claro que os acontecimentos celestes mais sutis exigiam uma
interpretação adequada feita por sacerdotes e, esta sedução exercida pelo céu,
acabou originando uma fértil “tradição celeste”.
Os
poderes do Sol, da chuva e a correspondência entre os acontecimentos no céu e
acontecimentos na Terra suscitaram a procura de outras correspondências. Os
Babilônicos – por exemplo – elaboraram uma estrutura mitológica para essas
correspondências universais e o seu imaginário seria perpetuado pelos Gregos,
Judeus e Romanos nos séculos seguintes.
A teoria
da correspondência transformou-se na astrologia, a qual procurou
elos entre o espaço e o tempo, entre os movimentos dos corpos físicos e o
desenrolar de toda a experiência humana. Dessa forma, o desenvolvimento da
ciência dependeria da disposição do homem para acreditar no improvável e passar
por cima dos ditames do senso comum.
Portanto,
o céu foi o laboratório da 1ª ciência da humanidade assim como o interior do
corpo humano, o íntimo e os negros continentes do átomo seriam os cenários das
suas ciências mais recentes. O homem procurou utilizar o seu conhecimento
crescente dos padrões da experiência repetitiva na interminável luta para quebrar
o anel de ferro da repetição.
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