Qual a Relação da Revolta Aristocrática e da Revolução Burguesa Com a Crise Vivida Pela França em 1789? O Que Representou Essa Crise Para o Antigo Regime? Em Que Níveis Ocorreram a Revolução na França?
Na França 1789 foi um ano
turbulento, pois se iniciava a Revolução que destruiu o Antigo Regime e sacudiu
as bases da sociedade ocidental da época e, antes de ser um fenômeno puramente
francês, a Revolução pertenceu ao mundo.
A Revolução Francesa foi um fenômeno
complexo que incluiu várias revoluções no processo revolucionário e, essas
revoluções, se ligavam a diversas camadas sociais. Inúmeros historiadores
apontam a Revolta Aristocrática como um movimento cujo desenvolvimento acabou
favorecendo a Revolução Burguesa. Porém, desde 1789 também se iniciou a
Revolução Popular de caráter urbano e tendo em Paris a vanguarda da massa
pauperizada.
Houve ainda a Revolução Camponesa
cuja violência acarretou o Grande Medo, sendo dirigida contra a opressão e os
privilégios feudais, mas tendendo a esvaziar-se na medida em que se fez a
partilha das grandes propriedades feudais o que permitiu a formação de numerosa
classe de pequenos proprietários rurais.
No quadro geral das Revoluções
Burguesas, a Revolução Francesa deve ser entendida como a ideologia
revolucionária burguesa cuja direção do movimento sempre esteve em suas mãos e
o Estado criado atendia rigorosamente aos seus interesses econômicos.
Consequentemente, ainda que não tenha sido exclusivamente burguesa, a
Revolução Francesa o foi na sua essência, pois afinal estávamos na era da “burguesia
triunfante”.
A Revolução Francesa representou
a crise final do Antigo Regime cujas estruturas foram substituídas por outras
apropriadas ao Estado burguês capitalista. A crise ocorreu em três (3) níveis:
_ o econômico, o social e o político.
1. A crise
econômica foi estrutural e conjuntural e, do ponto de vista estrutural,
representou o colapso do feudalismo, subvertido pelo crescimento demográfico e
pelo desenvolvimento de forças de produção capitalista. Assim foi que a base da
economia francesa (agricultura), agravada pelo clima que acarretou más
colheitas e aumentou os preços, trouxe a miséria às classes populares.
Além disso, um desastroso tratado
comercial com a Inglaterra (que assegurava baixos direitos de importação aos
tecidos e produtos metalúrgicos ingleses em troca de tarifas preferenciais ao
vinho francês exportado para a Inglaterra) afetou profundamente a indústria
manufatureira francesa, incapaz de concorrer com a inglesa já na fase da
Revolução Industrial.
Paralelamente, a monarquia se
debatia em grave crise financeira devido aos gastos com as guerras e,
consequentemente, Luís XVI convocou os Estados Gerais a fim de buscar uma
solução para a crise financeira.
2. A crise
também foi social, pois a estrutura social legal (a sociedade estava
dividida em três Estados: o Clero – integrando o Primeiro Estado – a Nobreza –
formando o Segundo Estado – e o Povo, comportando inúmeras classes reunidas no
Terceiro Estado) não correspondia mais a realidade existente. Chefiado pela
burguesia, o Terceiro Estado contrapunha-se aos privilégios das classes
parasitárias.
Nos campos, os camponeses tinham que pagar tributos absurdos ao Clero (dízimo) e à decadente nobreza. Nas cidades, perambulava pelas ruas uma massa de desempregados que sustentavam as grandes jornadas populares da Revolução.
3. A Crise política, pois o Absolutismo se mostrava incapaz de conter a aristocracia e de proceder as reformas necessárias. Consciente do seu poder econômico, a burguesia ambicionava o poder político e as circunstâncias favoreciam seus intentos, quando Luís XVI convocou os Estados Gerais o que proporcionou o início da Revolução.
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