Que Fatores
Influenciaram o Prodigioso Desenvolvimento Econômico dos EUA, no Início do
Século XX? Como os Americanos se Defenderam da Grande Depressão? Quais Foram as
Consequências da Vitória de Mao Tsé-tung na China e da Explosão da Primeira
Bomba Atômica Soviética Para os Estados Unidos?
O prodigioso
desenvolvimento econômico dos EUA – evidenciado pela elevação da produção
agrícola, expansão das indústrias e bancos, multiplicação dos meios de
transporte e a crescente concentração capitalista – implicou a busca de
mercados externos, cabendo ao governo Roosevelt (1901 / 1909) intensificar o
expansionismo imperialista – particularmente na América Central e nas Antilhas.
O surgimento
de reformadores sociais reclamando contra os excessos do capitalismo,
denunciando os trustes e a corrupção, conduziu à tomada de medidas antitrustes.
Ao se iniciar a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos eram governados pelo
democrata Wilson (1913 / 1921), cuja presidência prosseguiu a luta contra os
trustes, proibiu a venda de bebidas alcoólicas (Lei Seca) e concedeu o direito
de voto às mulheres.
As questões
de política internacional mereceram sua maior atenção e, ainda que ele
condenasse a “diplomacia do dólar”, não renunciou a intervenção no Mar
das Caraíbas com desembarques armados na Nicarágua, no México, no Haiti e em
São Domingos.
A campanha
submarina alemã, afundando embarcações americanas, a divulgação do telegrama do
Ministro das Relações Exteriores, propondo uma aliança com o México que
prometia a reanexação do Texas, do Novo México e do Arizona; a pressão dos
banqueiros e industriais que, havendo feitos vultuosos empréstimos aos Aliados,
queriam assegurar a vitória da França e da Inglaterra para serem reembolsados –
foram estas algumas das razões que levaram os EUA a declarar guerra à Alemanha,
em 1917. A América se tornara a maior força política e financeira do Mundo
Capitalista, transformando-se de uma país devedor em um país que emprestava
dinheiro.
Seguiram-se
doze anos de predomínio dos republicanos, marcados por uma prosperidade sem
precedente, quando o modo de vida americano ofereceu ao mundo um modelo de
civilização moderna, para depois mergulhar no caos da Grande Depressão, onde o
prestígio dos republicanos terminou. Cresceu a ideia de uma renovação, bandeira
levantada pelos democratas que conseguiram levar Franklin Roosevelt à
presidência (1933 / 1945).
Para fazer
face à Grande Depressão, seu governo empreendeu o New Deal cuja
aplicação envolveu medidas inteiramente novas, representando o abandono do
liberalismo econômico. Um dos fatos marcantes da Era Roosevelt foi a Política
da Boa Vizinhança com a América Latina. Ele melhorou a imagem dos EUA na
América Latina, pois as constantes intervenções e as elevadas tarifas
alfandegárias provocaram crescente hostilidade.
A crescente
tensão internacional – decorrente da atitude cada vez mais agressiva do Japão,
Itália e Alemanha – contribuiu para que os EUA desejassem a solidariedade
continental e procurassem convencer o Ocidente em bloco coeso sob a sua
liderança. E, o ataque japonês a Pearl Harbor levou os americanos a declarar
guerra ao Eixo.
Ao terminar a
guerra, o poderio dos EUA alcançou seu ponto máximo e, não só fora o principal
fator da vitória dos Aliados, mas uma vez terminado o conflito era o único a
monopolizar a bomba atômica. Foi a única das grandes Nações beligerantes a não
sofrer no conflito. Isso se refletia em seu próprio poderio militar, pois era a
primeira em aviação, forças terrestres e navais.
Roosevelt já
havia morrido e foi sucedido pelo democrata Harry Truman (1945 / 1952), o qual
desenvolveu um programa de ação denominado de “Fair Deal” (Tratamento
Justo) que pretendia continuar o reformismo do New Deal. Esse
consistia na estabilização dos preços agrícolas mediante a entrega de subsídios
aos produtores rurais, no aumento dos salários, na garantia dos empregos e na
aplicação de verbas para a melhoria (e construção) de habitações.
Externamente
teve início a Guerra Fria evidenciando uma crescente hostilidade com a URSS e,
consequentemente, a “Doutrina Truman” cujo princípio era o direito dos EUA
fornecerem ajuda financeira e militar a qualquer país ameaçado pelo comunismo,
aplicando-a imediatamente à Grécia e à Turquia.
A vitória de
Mao Tsé-tung na China, a explosão da primeira bomba atômica soviética, o início
indeciso da Guerra da Coréia e a intensificação de sentimentos nacionalistas
levando a suposição de que os insucessos externos se deviam a traições internas
intensificaram o movimento anticomunista.
Foi num clima
marcado pela violência, inflação e elevação dos impostos que se processaram as
eleições presidenciais e deram a vitória a Eisenhower (1953/1960).
Internamente, apesar da enorme prosperidade, a recessão de 1957 elevou o número
de desempregados, o déficit orçamentário e o problema da segregação tornou-se
mais agudo com as reivindicações por direito civil e justiça social.
Externamente,
o governo Eisenhower concluiu a Guerra da Coréia e interveio com sucesso na
Crise de Suez (1956), obrigando os franco-britânicos e israelenses a paralisar
a agressão ao Egito. Formulou a “Doutrina Eisenhower”, propondo o uso da força
nos países do Oriente Médio que solicitassem ajuda contra a agressão de
qualquer Nação Comunista.
Contudo, os
EUA perderam prestígio na política mundial, dentre outras coisas por causa da
vitória de Fidel Castro, das conquistas soviéticas no setor da astronáutica, do
rumoroso caso do avião U-2, fatos estes que muito contribuíram para
desacreditar a administração republicana.
Coube ao democrata
John F. Kennedy ser o 35º presidente dos EUA (1961/ 63), o qual procurou
imprimir novos métodos à política americana. Seu programa buscava uma Nova
Fronteira, utilizando os progressos da ciência e da tecnologia em benefício do
povo.
Apesar do
fracasso da invasão de Cuba (episódio da Baía dos Porcos), de iniciar o envio
de tropas para o Vietnã e do bloqueio de Cuba (por causa dos foguetes
soviéticos existentes na ilha), Kennedy estimulou a “Coexistência Pacífica”. E,
mesmo assim, duplicou o número de submarinos e aumentou em 75% os foguetes e em
100% o total de armamento dos EUA.
Para a
América Latina, ele lançou a “Aliança Para o Progresso”, visando promover o
desenvolvimento econômico mediante a cooperação técnica e financeira. Mas, seu
assassinato pôs fim a uma nova era que se abria para os EUA, porém não pôs fim
às ditaduras militares que se multiplicaram na América Latina. Seus sucessores
(o democrata Lyndon Johnson e o republicano Richard Nixon) retornaram a uma
política externa mais rígida, concretizada na intensificação da Guerra do
Vietnã e na intervenção em São Domingos.
O crescente
envolvimento no Sudeste Asiático levou Nixon a empreender uma guinada na
política externa. Movido pela ambição do prestígio pessoal e buscando ampliar
os mercados externos visitou a URSS – onde negociou acordos com Brejnev – e à
China, com a qual restabeleceu suas relações diplomáticas e comerciais
(rompidas desde a vitória de Mao Tsé-tung).
Nixon firmou
acordos de paz (em Paris), retirando suas tropas do Vietnã e, após ser reeleito
para novo mandato, acabou renunciando (em 1974) por causa do “Escândalo
Watergate”, que revelou uma série de abusos de poder e corrupção da
sua administração.
Seu
substituto (Geral Ford) assistiu à derrota da política americana no Sudeste
Asiático e viu a liderança dos EUA contestada na Europa, o que facilitou a
volta dos democratas ao poder com a vitória de Jimmy Carter em 1977. O governo
Carter desenvolveu ativa política externa, sobressaindo a preocupação com a
América Latina: _ as numerosas ditaduras militares foram pressionadas no
sentido de restabelecer regimes democráticos e respeitar os direitos humanos.
O
aprofundamento da crise econômica e social agravou o desemprego, numa
conjuntura marcada pelos altos impostos e elevação dos preços do petróleo e
gêneros alimentícios. Daí, fracassos na política desmoralizaram o governo
Carter e facilitou a volta dos republicanos à presidência com Ronald Reagan em
1981.
O governo
Reagan restringiu os benefícios sociais e reduziu os impostos visando aumentar
a disponibilidade de capitais de investimentos nas indústrias bélicas e, no
entanto, os excessivos gastos, a elevação das taxas de juro, o déficit
orçamentário, a desvalorização do dólar e o crescente déficit da balança
comercial constituíram terríveis manifestações da crise estrutural em que os
EUA viviam.
Apesar disso,
Reagan foi eleito em 1984, o que pode ser explicado pelo conservadorismo da
sociedade, pela propaganda anticomunista dos discursos presidenciais e pelo
nacionalismo agressivo adotado na política externa. Desde a derrota na Guerra
do Vietnã (1973) os americanos se sentiram humilhados. O governo republicano,
por algum tempo, restituiu aos americanos a confiança no poderio do seu país.
Refletindo tais sentimentos, Hollywood passou a produzir filmes tipo “Rambo” e
“Rocky”.
Embora o
governo de Washington nunca tenha explicado claramente, a Doutrina Reagan
propôs-se a não deixar prosperar o comunismo no mundo. No Afeganistão e no
Camboja os governos tiveram de enfrentar movimentos armados e financiados pelos
EUA. Angola também recebeu ajuda americana para derrotar o governo marxista
angolano, o qual era sustentado por Cuba. No golfo Pérsico, os atritos se
multiplicaram com o Irã, sucedendo-se ataques aéreos e navais entre iranianos e
americanos.
Contudo, foi
na América Central que Reagan se mostrou mais agressivo e intervencionista,
como ocorreu com o desembarque e ocupação da Ilha de Granada, a pretexto de
conter a expansão soviético-cubana na região. Os governos da Guatemala, de
Honduras e El Salvador receberam assistência militar e financeira, não só para
enfrentar os movimentos guerrilheiros, mas também porque em seus territórios
viviam exilados nicaraguenses.
A pressão
americana contra a Nicarágua Sandinista foi terrível e a questão se complicou
quando foi denunciada uma complexa operação ilegal de vendas de armas ao Irã,
através de Israel. Isso envolveu altos funcionários da casa Branca e o próprio
presidente Reagan no desvio de verbas, apuradas com a venda de armas para
financiar atividades contra a Nicarágua.
Reagan não
hesitou em acusar os dirigentes soviéticos de mentir e trapacear e, a
hostilidade à URSS, acabou culminando com o desenvolvimento do programa
“Guerras nas Estrelas”, implicando o gasto de bilhões de dólares em um projeto
considerado impraticável pelos analistas internacionais.
Tentativas
soviéticas de estabelecer a paz mundial resultavam infrutíferas e o agravamento
da crise interna levou Reagan a aceitar se reunir com Mikhail Gorbachev, a fim
de debater o desarmamento e – consequentemente – a paz mundial. Encontros em
Genebra e na Islândia precederam compromissos fixando o desmantelamento de
vários tipos de mísseis americanos e soviéticos. Daí, os sucessos obtidos pelo
governo Reagan na política externa facilitaram a vitória do candidato
republicano George Bush – que assumiu a presidência em 1989.
Os problemas
internos continuavam graves, principalmente a crise das indústrias de armas o
que implicou o crescimento do desemprego. Empenhado em diminuir o déficit
orçamentário, o governo Bush reduziu gastos militares e aumentou os impostos
que, do ponto de vista político, foi um desastre, uma vez que o Partido
Republicano foi derrotado pelo Democrata nas eleições para a Câmara e Senado.
Com as
rápidas mudanças ocorridas no Leste Europeu e os EUA à frente dos países
capitalistas, intensificaram sua pressão visando maior integração daquelas
sociedades ao mercado capitalista. A dissolução do Pacto de Varsóvia e da URSS
tornava mais cômoda a hegemonia político-militar dos EUA, cujos governantes se
arrogaram o direito de impor uma Paz Americana ao mundo.
Como
aconteceu com o ataque ao Iraque (em 1991) essa Paz Americana não excluiu o uso
da força militar e, o poder destruidor da sua tecnologia militar, arrasou
cidades e matou incalculável número de civis iraquianos. Quem sabe isso não
representou a necessidade de acabar com a frustração da derrota no Vietnã,
ainda viva na sociedade americana?
Em 1993 os
democratas voltaram ao poder com Bill Clinton e o novo governo conseguiu vários
êxitos na política externa, destacando-se o Acordo do Livre Comércio para a
América do Norte (NAFTA), reunindo EUA, Canadá e México (1993). Igualmente
importante foi a mediação do Acorde de Paz entre Israel e a Organização para a
Libertação da Palestina (OLP), concluído em 1993.
Na política
interna também se alternaram sucessos e fracassos e, em 1994, os republicanos
elegeram a maioria no Senado e Câmara, mas Bill Clinton acabou reeleito em
1996. Se, por um lado, a economia americana apresentou claros sinais de
crescimento, por outro lado sucederam-se escândalos como o das transações
imobiliárias irregulares e acusações contra o comportamento sexual do
presidente.
Para vencer a
ameaça de impeachment, o presidente Clinton desenvolveu ativa política externa
através de visitas a países africanos e à China, mas também em reuniões
realizadas com governantes latino-americanos defendendo a implantação da Área
de Livre Comércio das Américas (ALCA).
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