Por Que o
Século XIX Foi Denominado de o Século das Luzes? Qual a Maior Descoberta
Tecnológica da Feira na Filadélfia em 1876? Qual Era a Relação de Graham Bell
Com o Imperador Brasileiro? O Que D. Pedro II Tem a Ver Com a Invenção do
Telefone?
Em 1876, a jovem República dos Estados Unidos
comemorou o 1º centenário de sua Independência com um evento na Filadélfia –
Exposição Internacional de Arte, Manufatura e Produtos de Solo e das Minas –
numa área quase do tamanho do Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
Reunia quase 60 mil expositores de 37 países
distribuídos em 250 pavilhões e recebeu 9 milhões de visitantes – o equivalente
a 20% da população americana da época.
Entre as últimas novidades da ciência ali exibidas
estavam a Remington Number, a primeira máquina de escrever do mundo, um motor a
combustão, que nos anos seguintes Henry Ford usaria para construir o 1º
automóvel e um sistema automático de envio de mensagens telegráficas
desenvolvido por Thomas Edison – também inventor da lâmpada elétrica e do
fonógrafo.
Nesse ambiente de curiosidade, o professor escocês
Alexander Graham Bell parecia deslocado e seus primeiros dias na feira foram de
frustração. Ele trazia uma engenhoca chamada de “novo aparato acionado
pela voz humana”, mas ao chegar a Filadélfia descobriu que parte da
fiação havia se extraviado com a bagagem.
E, enquanto tentava recuperá-la, deu-se conta de
que a organização da feira havia lhe destinado uma pequena mesa escondida no
fundo de um corredor distante.
Era um espaço pouco frequentado pelos visitantes e
fora do roteiro dos juízes, que eram encarregados de avaliar as invenções. Como
se inscrevera de última hora, seu nome sequer aparecia na programação oficial
da feira.
Porém, tudo isso mudou devido a uma extraordinária
coincidência e, em um final de tarde, o acabrunhado Graham Bell observava os
juízes se preparando para irem embora sem ter passado pelo local em que exibia
seu novo aparelho. De repente, uma voz fina chamou-lhe a atenção: _ “Mister
Graham Bell”.
Ao se virar, deparou-se com um senhor de barbas
brancas e olhos muito azuis, usando roupas escuras, cartola e bengala. Era o
Imperador do Brasil – D. Pedro II.
Os dois tinham se conhecido semanas antes em
Boston, onde Graham Bell criara uma escola para surdos-mudos, assunto de grande
interesse do soberano. O Imperador lhe pedira para assistir uma aula e ficou
impressionado com os métodos utilizados pelo jovem escocês.
Primeiro monarca a visitar os Estados Unidos, o
Imperador era a maior celebridade internacional convidada para o evento e, nos
3 meses anteriores, visitou diversas regiões do país, sempre tratado com
deferência e admiração. Sua presença diariamente nos jornais americanos atraía
multidões de jornalistas e curiosos.
Ao se reencontrar com Graham Bell na feira, D.
Pedro II estava acompanhando os juízes como convidado de honra. “O que o Sr.
está fazendo aqui? ” – perguntou D. Pedro e, diante disso, o escocês
contou-lhe que acabara de patentear um mecanismo capaz de transmitir a voz
humana.
A cena que se seguiu atualmente faz parte dos
grandes momentos da história da ciência, pois escoltado pelo Imperador do
Brasil e por um batalhão de repórteres e juízes, Graham Bell esgueirou-se pelas
escadas até o local em que haviam confinado sua aparelhagem.
Chegando lá, pediu a D. Pedro que se postasse a uma
distância de 100 metros e mantivesse junto aos ouvidos uma concha metálica
conectada a um fido de cobre. Atravessou a galeria e, no extremo oposto da
fiação, pronunciou as seguintes palavras – retiradas da peça de Hamlet, de
William Shakespeare: “To be or not to be” (Ser ou não ser).
_ “Meu Deus, isso fala! Eu escuto! Eu
escuto! ” – Exclamou D. Pedro II, em um inglês perfeito. ([1]).
Mais tarde, rebatizado como telefone, o “novo
aparato acionado pela voz humana” seria considerado a maior de todas as
novidades apresentadas na Exposição da Filadélfia.
Foi também um dos marcos mais importantes do século
XIX, chamado de o “Século das Luzes” devido às inovações científicas e
tecnológicas que mudaram radicalmente a vida das pessoas.
Para termos uma ideia da importância do século XIX,
basta observar a galeria de pensadores, inventores, cientistas, artistas e
revolucionários que viveram nessa época.
·
Na
Ciência e Tecnologia: Michael
Faraday, Charles Darwin, Alexander Graham Bell, Thomas Edison, Gottlieb
Daimler, Louis Pasteur, Sigmund Freud e Max Planck.
·
Na
Literatura: Johann Wolfgang von Goethe,
Leon Tolstoi, Fiódor Dostoiévski, Alexandre Dumas, Victor Hugo, Honoré de
Balzac, Edgar Alann Poe, Júlio Verne, Mark Twain e Oscar Wilde.
·
Na
Pintura: Francisco de Goya, Édouard
Manet, Claude Monet, Pierre-Auguste Renoir, Paul Cézanne e Vincent van Gogh.
·
Na
Música: Ludwig van Beethoven, Franz
Schubert, Niccolo Paganini, Richard Wagner, Fréderic Chopin, Giuseppe Verdi,
Robert Schumann, Franz Liszt, Johannes Brahms, Piotr Tchaikovsky e Claude
Debussy.
·
Na
Filosofia: Friedrich Nietzche, Auguste
Comte, Karl Marx e Friedrich Engels.
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([1]) Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança. “O
Imperador e a Atriz: D. Pedro II e Adelaide Ristori, p. 102
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