sábado, 30 de outubro de 2021

As Características dos Recursos na Atividade de Produção

 

Quais os Recursos Básicos Que Todas as Economias Devem Dispor? Como é Representada a População Economicamente Mobilizável? Por Que a Capacidade Tecnológica de Uma Empresa Pode Ser Considerada um Fator de Produção de Natureza Qualitativa? Qual é o Papel das Reservas Naturais na Atividade de Produção?

 

 


 

A partir de uma versão simplificada da atividade de produção, inicialmente vamos tentar conceituar cada um dos recursos básicos de que todas as economias devem – necessariamente – dispor, sejam quais forem suas bases institucionais e sua organização político-ideológica. Os estoques de recursos produtivos de qualquer sistema econômico são constituídos por bases humanas e patrimoniais.

Da interação e mobilização dessas bases resulta o processo de produção, cuja finalidade é a realimentação do próprio sistema. Veremos então de que forma se encaminha esse conjunto de atividades, conceituando primeiramente o elenco dos cinco (5) recursos básicos mobilizados pelo aparelho de produção da economia:

 

A) A População Economicamente Mobilizável

 

É representada por um seguimento delimitado pela faixa atária apta ao exercício da atividade de produção. Os limites dessa faixa variam em função do estágio de desenvolvimento da economia, sofrendo a influência de definições institucionais, geralmente expressas em legislações de cunho social. Nas economias menos desenvolvidas observa-se que a idade de acesso às funções produtivas é mais baixa do que nas economias maduras.

Geralmente, o acesso se realiza entre 15 e 25 anos e as atividades se desenvolvem ao longo de um período variável que alcança de 30 a 35 anos. A extensão da faixa de ingresso é justificada pela variação dos períodos de preparação do indivíduo e ainda pelas diferenças que se encontram na legislação social de cada país, quanto à idade mínima ao trabalho. De outro lado, o tempo de dedicação à produção varia, em função do tipo de atividade desenvolvida, observando-se aqui variações de natureza legal quanto ao período mínimo exigido para a aposentadoria. Além disso, deve-se considerar as diferenças institucionais decorrentes do estágio de desenvolvimento aplicáveis à mobilização do homem e da mulher. Há diferenças não só quanto aos regimes legais de proteção, como quanto às formas de organização social, resultando diferentes períodos de vida produtiva.   

Isso significa que há diferenças entre o segmento da população economicamente mobilizável, em relação à população total. Observam-se variações nas taxas de participação das faixas etárias pré e pós-produtiva, com o alargamento – ou a redução – do contingente economicamente mobilizável. Mas, a média mundial situa-se em torno de 40% da população total – faixa mobilizável à qual compete suportar os encargos sociais de produção de bens e serviços.

 

B) Os Recursos de Capital

 

Para o exercício de suas atividades de produção, a população mobiliza um variado conjunto de instrumentos e de categorias que dão suporte às operações produtivas, fazendo variar seus graus de produtividade. Esse conjunto constitui o “estoque de capital” da economia. Mesmo um sistema econômico primitivamente organizado para a atividade social de produção deve dispor de recursos de capital. Já nas culturas pré-históricas, à medida que o homem evoluía de organizações nômades para estágios mais elevados, foram desenvolvidos instrumentos destinados a melhorar as possibilidades de exploração econômica do meio geográfico.

Atribui-se aos homens do paleolítico o desenvolvimento conjunto arco e flecha e, no período mesolítico, o arsenal de recursos aumentou. Há vestígios do uso de pequenas lascas de silex em cabos de vários formatos para diversas finalidades, além de formas de trenós e barcos. No período neolítico o homem produziu alimentos, exigindo melhor coordenação dos esforços de produção e conduzindo a um processo típico de acumulação de riquezas. Na proto-história o processo acelerou-se e o homem aprendeu a trabalhar os metais e sua metalurgia assentou-se sobre novos meios de produção; substituiu os trenós por carros de rodas; horizontalizou a roda, criando a roda de oleiro, instrumento da mais antiga indústria mecanizada; ideou, construiu e utilizou o arado; promoveu irrigações artificiais, construindo barragens e canais.

O desenvolvimento dos meios de produção acima – associado às primeiras manifestações de construções de infraestrutura – identifica-se com o processo de formação de capital e, desde as mais remotas culturas, o homem foi acumulando riquezas destinadas à obtenção de novas riquezas. Com o passar do tempo, o acervo de recursos aumentaria extraordinariamente e o processo de instrumentação do trabalho humano assumiu enorme complexidade, tornando cada vez mais eficiente o esforço de produção, mas exigindo que uma considerável parcela desse mesmo esforço passasse a ser canalizada para o aperfeiçoamento e produção de novos recursos de capital.

Com o advento da Revolução Industrial o processo de criação, do emprego e da acumulação de recursos de capital mais sofisticados seria intensificado. Uma série de transformações nos meios de produção, abrangendo todos os setores industriais seria desencadeada com a descoberta de máquinas movidas por energia de fontes naturais. Nos séculos XIX e XX seriam impulsionados ainda mais os processos de desenvolvimento e acumulação de capital. De suas formas embrionárias, os recursos de capital evoluiriam para os temas complexos e, em tempos mais recentes, robotizados, permitindo o desenvolvimento da produção em larga escala sob reduzida intervenção do próprio homem.

Foi uma verdadeira “revolução silenciosa”, a qual se processou no terreno da formação de capital. Foi uma revolução que viabilizou a moderna expansão econômica, possibilitando a sobrevivência do homem e a acumulação de riquezas, não obstante o acelerado aumento das bases demográficas nacionais. Todavia, essa revolução não alteraria a natureza do conceito econômico de capital. Este é representado pelo heterogêneo conjunto de riquezas acumuladas, destinadas à produção de novas riquezas.

 

C) A Capacidade Tecnológica

 

Pode ser considerada como um fator de produção de natureza qualitativa, pois ela é um elo entre a população economicamente mobilizável e os recursos de capital. Esta capacidade se acumula, transforma-se e evolui pela permanente transmissão de conhecimentos. De geração a geração transmitem-se conhecimentos técnicos economicamente úteis e, com a evolução dos processos de produção, os sistemas econômicos exigem um paralelo desenvolvimento da tecnologia aplicada.

O “saber fazer” imprime características extremamente variadas a dado conjunto de população economicamente mobilizável. As nações desenvolvidas contam não apenas com extraordinária base de recursos de capital, mas com recursos humanos preparados para operar o complexo aparelhamento de produção do sistema. Já as economias pouco desenvolvidas não apenas apresentam estoques de capital pouco eficazes, como recursos humanos tecnicamente despreparados.

 

D) A Capacidade Empresarial  

Também é um fator de natureza qualitativa, pois se trata do espírito empreendedor que movimenta, combina e anima os demais recursos de produção do sistema. Essa capacidade pode ser de caráter privado ou público, a qual é assumida pelo Estado ao mobilizar recursos para atividades econômicas de produção ou de formação da infraestrutura de apoio. E, dentro das condições institucionais da livre iniciativa, assume-a o empresário privado ou os grupos de constituição privada, quando da implantação de seus empreendimentos econômicos de produção. E, tanto num caso como no outro, a capacidade empresarial não é um recurso latente, mas um agente dinâmico da vida econômica.

 

E) As Reservas Naturais

 

O elenco de recursos que contam os sistemas econômicos para a produção se completa com a disponibilidade das reservas naturais. Este recurso é constituído pelo conjunto dos elementos da natureza utilizados no processamento da produção. O solo, as terras de pastagem e de cultura, os cursos d’água, os lagos, as florestas, o clima e o índice pluviométrico incluem-se entre os recursos naturais de que toda economia deve dispor, face às necessidades de suprimento manifestada pela sociedade.

A disponibilidade das reservas naturais não depende apenas das suas quantidades disponíveis, mas de outros fatores que viabilizam o seu aproveitamento. Os conhecimentos tecnológicos associados à disponibilidade de recursos de capital, tem ligações diretas com o volume das reservas naturais economicamente aproveitáveis. As formas e a extensão da ocupação territorial também influenciam o nível em que as reservas naturais serão empregadas no processamento da produção – quer através da extração de matérias-primas, quer aproveitando os potenciais energéticos existentes. Ademais, o próprio conhecimento de sua existência e o pré-levantamento de suas potencialidades condicionam ad disponibilidades econômicas das reservas.

De forma geral, com o passar do tempo, o homem modifica sua disponibilidade de recursos naturais pela descoberta de novos usos para materiais que, antes, tinham pouco significado para ele. Alguns dos elementos que agora incluímos entre os recursos essenciais eram de pequena importância e, há cerca de 150 anos, o petróleo dificilmente poderia ser encarado como recurso significativo. Assim consideradas, as reservas naturais adquirem significados econômicos e se incorporam aos estoques efetivos de recursos. Todavia, seja qual for o nível de aproveitamento dessas reservas, sua disponibilidade constitui uma das condições mais importantes para a realização do processo de produção.


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