Quais os Recursos Básicos Que Todas as Economias Devem
Dispor? Como é Representada a População Economicamente Mobilizável? Por Que a
Capacidade Tecnológica de Uma Empresa Pode Ser Considerada um Fator de Produção
de Natureza Qualitativa? Qual é o Papel das Reservas Naturais na Atividade de
Produção?
A
partir de uma versão simplificada da atividade de produção, inicialmente vamos
tentar conceituar cada um dos recursos básicos de que todas as economias devem
– necessariamente – dispor, sejam quais forem suas bases institucionais e sua
organização político-ideológica. Os estoques de recursos produtivos de qualquer
sistema econômico são constituídos por bases humanas e patrimoniais.
Da
interação e mobilização dessas bases resulta o processo de produção, cuja
finalidade é a realimentação do próprio sistema. Veremos então de que forma se
encaminha esse conjunto de atividades, conceituando primeiramente o elenco dos cinco
(5) recursos básicos mobilizados pelo aparelho de produção da economia:
A)
A População Economicamente Mobilizável
É
representada por um seguimento delimitado pela faixa atária apta ao exercício
da atividade de produção. Os limites dessa faixa variam em função do estágio de
desenvolvimento da economia, sofrendo a influência de definições
institucionais, geralmente expressas em legislações de cunho social. Nas
economias menos desenvolvidas observa-se que a idade de acesso às funções
produtivas é mais baixa do que nas economias maduras.
Geralmente,
o acesso se realiza entre 15 e 25 anos e as atividades se desenvolvem ao longo
de um período variável que alcança de 30 a 35 anos. A extensão da faixa de
ingresso é justificada pela variação dos períodos de preparação do indivíduo e
ainda pelas diferenças que se encontram na legislação social de cada país,
quanto à idade mínima ao trabalho. De outro lado, o tempo de dedicação à
produção varia, em função do tipo de atividade desenvolvida, observando-se aqui
variações de natureza legal quanto ao período mínimo exigido para a
aposentadoria. Além disso, deve-se considerar as diferenças institucionais
decorrentes do estágio de desenvolvimento aplicáveis à mobilização do homem e
da mulher. Há diferenças não só quanto aos regimes legais de proteção, como
quanto às formas de organização social, resultando diferentes períodos de vida
produtiva.
Isso
significa que há diferenças entre o segmento da população economicamente
mobilizável, em relação à população total. Observam-se variações nas taxas de participação
das faixas etárias pré e pós-produtiva, com o alargamento – ou a redução – do
contingente economicamente mobilizável. Mas, a média mundial situa-se em torno
de 40% da população total – faixa mobilizável à qual compete suportar os
encargos sociais de produção de bens e serviços.
B)
Os Recursos de Capital
Para
o exercício de suas atividades de produção, a população mobiliza um variado
conjunto de instrumentos e de categorias que dão suporte às operações
produtivas, fazendo variar seus graus de produtividade. Esse conjunto constitui
o “estoque de capital” da economia. Mesmo um sistema econômico primitivamente
organizado para a atividade social de produção deve dispor de recursos de capital. Já nas culturas pré-históricas, à medida que o homem evoluía de
organizações nômades para estágios mais elevados, foram desenvolvidos
instrumentos destinados a melhorar as possibilidades de exploração econômica do
meio geográfico.
Atribui-se
aos homens do paleolítico o desenvolvimento conjunto arco e flecha e, no período
mesolítico, o arsenal de recursos aumentou. Há vestígios do uso de pequenas
lascas de silex em cabos de vários formatos para diversas finalidades, além de
formas de trenós e barcos. No período neolítico o homem produziu alimentos,
exigindo melhor coordenação dos esforços de produção e conduzindo a um processo
típico de acumulação de riquezas. Na proto-história o processo acelerou-se e o
homem aprendeu a trabalhar os metais e sua metalurgia assentou-se sobre novos
meios de produção; substituiu os trenós por carros de rodas; horizontalizou a
roda, criando a roda de oleiro, instrumento da mais antiga indústria
mecanizada; ideou, construiu e utilizou o arado; promoveu irrigações
artificiais, construindo barragens e canais.
O
desenvolvimento dos meios de produção acima – associado às primeiras
manifestações de construções de infraestrutura – identifica-se com o processo
de formação de capital e, desde as mais remotas culturas, o homem foi
acumulando riquezas destinadas à obtenção de novas riquezas. Com o passar do
tempo, o acervo de recursos aumentaria extraordinariamente e o processo de
instrumentação do trabalho humano assumiu enorme complexidade, tornando cada
vez mais eficiente o esforço de produção, mas exigindo que uma considerável
parcela desse mesmo esforço passasse a ser canalizada para o aperfeiçoamento e
produção de novos recursos de capital.
Com
o advento da Revolução Industrial o processo de criação, do emprego e da
acumulação de recursos de capital mais sofisticados seria intensificado. Uma
série de transformações nos meios de produção, abrangendo todos os setores
industriais seria desencadeada com a descoberta de máquinas movidas por energia
de fontes naturais. Nos séculos XIX e XX seriam impulsionados ainda mais os
processos de desenvolvimento e acumulação de capital. De suas formas
embrionárias, os recursos de capital evoluiriam para os temas complexos e, em
tempos mais recentes, robotizados, permitindo o desenvolvimento da produção em
larga escala sob reduzida intervenção do próprio homem.
Foi
uma verdadeira “revolução silenciosa”, a qual se processou no terreno da
formação de capital. Foi uma revolução que viabilizou a moderna expansão
econômica, possibilitando a sobrevivência do homem e a acumulação de riquezas,
não obstante o acelerado aumento das bases demográficas nacionais. Todavia, essa
revolução não alteraria a natureza do conceito econômico de capital. Este é
representado pelo heterogêneo conjunto de riquezas acumuladas, destinadas à
produção de novas riquezas.
C)
A Capacidade Tecnológica
Pode
ser considerada como um fator de produção de natureza qualitativa, pois ela é
um elo entre a população economicamente mobilizável e os recursos de capital.
Esta capacidade se acumula, transforma-se e evolui pela permanente transmissão
de conhecimentos. De geração a geração transmitem-se conhecimentos técnicos
economicamente úteis e, com a evolução dos processos de produção, os sistemas
econômicos exigem um paralelo desenvolvimento da tecnologia aplicada.
O
“saber fazer” imprime características extremamente variadas a dado conjunto de
população economicamente mobilizável. As nações desenvolvidas contam não apenas
com extraordinária base de recursos de capital, mas com recursos humanos
preparados para operar o complexo aparelhamento de produção do sistema. Já as
economias pouco desenvolvidas não apenas apresentam estoques de capital pouco
eficazes, como recursos humanos tecnicamente despreparados.
D)
A Capacidade Empresarial
Também
é um fator de natureza qualitativa, pois se trata do espírito empreendedor que
movimenta, combina e anima os demais recursos de produção do sistema. Essa
capacidade pode ser de caráter privado ou público, a qual é assumida pelo
Estado ao mobilizar recursos para atividades econômicas de produção ou de
formação da infraestrutura de apoio. E, dentro das condições institucionais da
livre iniciativa, assume-a o empresário privado ou os grupos de constituição
privada, quando da implantação de seus empreendimentos econômicos de produção.
E, tanto num caso como no outro, a capacidade empresarial não é um recurso
latente, mas um agente dinâmico da vida econômica.
E)
As Reservas Naturais
O
elenco de recursos que contam os sistemas econômicos para a produção se
completa com a disponibilidade das reservas naturais. Este recurso é constituído pelo conjunto dos elementos da natureza utilizados no processamento
da produção. O solo, as terras de pastagem e de cultura, os cursos d’água, os
lagos, as florestas, o clima e o índice pluviométrico incluem-se entre os
recursos naturais de que toda economia deve dispor, face às necessidades de
suprimento manifestada pela sociedade.
A
disponibilidade das reservas naturais não depende apenas das suas quantidades
disponíveis, mas de outros fatores que viabilizam o seu aproveitamento. Os
conhecimentos tecnológicos associados à disponibilidade de recursos de capital,
tem ligações diretas com o volume das reservas naturais economicamente
aproveitáveis. As formas e a extensão da ocupação territorial também
influenciam o nível em que as reservas naturais serão empregadas no
processamento da produção – quer através da extração de matérias-primas, quer
aproveitando os potenciais energéticos existentes. Ademais, o próprio
conhecimento de sua existência e o pré-levantamento de suas potencialidades
condicionam ad disponibilidades econômicas das reservas.
De
forma geral, com o passar do tempo, o homem modifica sua disponibilidade de
recursos naturais pela descoberta de novos usos para materiais que, antes,
tinham pouco significado para ele. Alguns dos elementos que agora incluímos entre os recursos essenciais eram de pequena importância e, há cerca de 150
anos, o petróleo dificilmente poderia ser encarado como recurso significativo.
Assim consideradas, as reservas naturais adquirem significados econômicos e se
incorporam aos estoques efetivos de recursos. Todavia, seja qual for o nível de
aproveitamento dessas reservas, sua disponibilidade constitui uma das condições
mais importantes para a realização do processo de produção.
Nenhum comentário :
Postar um comentário