segunda-feira, 16 de setembro de 2019

As Ferramentas da Transformação Industrial



As Impressoras 3-D Estão Avançando Rumo ao Sonho Dos Alquimistas: Fazer (Quase) Tudo




Quando o capitão Jean-Luc Picard – da nave espacial Enterprise – quer uma bebida fumegante, ele apenas pede ao computador. Então, o “replicador” da nave monta os átomos necessários – inclusive os da xícara – e produz a bebida pronta para ser saboreada. Ele não se dá conta do que está acontecendo, pois para ele trata-se de uma situação rotineira.

Da mesma maneira como usamos ondas de rádio para estimular átomos a produzir calor em nossos micro-ondas, o replicador dele usa alguma tecnologia energética estranha, que não foi bem explicada no filme “Star Trek” e, embora isso ainda seja uma ficção, não é realmente impossível. Hoje, quando se vê uma impressora 3-D trabalhando, vislumbra-se – com um pouco de licença poética – as primícias de algo semelhante.

Ainda estamos longe da automontagem molecular, ou pelo menos de alguma maneira útil. As impressoras 3-D podem funcionar apenas com um material de cada vez e, para combinar materiais, é necessário ter várias cabeças de impressão ou mudar para uma outra, com diferentes cartuchos em sua impressora desktop a jato de tinta.

Podemos imaginar algo, desenhá-lo em um computador e enviá-lo para a máquina que o converterá em realidade. Apertamos um botão e o objeto aparecerá e, como disse Arthur C. Clarke, “qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica”. Estamos chegando perto. Hoje, você talvez considere a impressão tridimensional como uma tecnologia de ponta, mas é possível que nós encontremos em objetos prosaicos – que jamais chamam a atenção.

Vejam o caso dos aparelhos ortodônticos, os quais melhoraram o alinhamento dos dentes de forma imperceptível para novas posições. Nesse caso, os protéticos escaneiam a atual posição dos dentes; depois, um software modela de forma matemática todas as posições intermediárias para o ponto almejado. E, finalmente, essas posições são impressas em 3-D, em plástico, cada uma a ser usada durante 2 ou 3 semanas, até que os dentes se desloquem para nova posição.

O mesmo se aplica à modelos arquitetônicos de novos prédios e próteses dentárias personalizadas, as quais também são impressas em 3-D. Se um dentista substituir uma coroa dentária numa única consulta, trata-se provavelmente de prótese impressa em 3-D e depois recoberta de esmalte no próprio consultório. Já se imprimiram e substituíram mandíbulas humanas inteiras com próteses de titânio.

A impressão comercial 3-D só trabalha com poucos tipos de material – quase sempre metal ou plástico de várias espécies – mas, a tendência é de aumentar essa variedade. Os pesquisadores estão experimentando materiais mais exóticos, desde polpa de madeira até nanotubos de carbono, o que nos dá uma ideia do alcance dessa tecnologia.

Em escala enorme, já se dispõe de impressoras 3-D capazes de construir um prédio de vários andares, “imprimindo” concreto. Hoje, isso exigiria uma impressora do tamanho de um edifício, mas é possível que, em algum dia, seja possível instalá-la no próprio caminhão de cimento, com um concreto que use a consciência da posição para decidir onde colocar, em que quantidades, lendo e seguindo diretamente os planos do arquiteto.

Enquanto isso, os pesquisadores estão trabalhando para avançar em outra direção: _ impressão 3-D em escala molecular. Hoje em dia já se conta com impressoras biológicas, as quais imprimem uma camada das próprias células do paciente em uma plataforma impressa em 3-D de material inerte. Depois de se instalarem as células, elas podem se transformar em órgãos, já se tendo feito em laboratório experiências com rins e fígados. Faz-se a impressão com células-tronco e o tecido forma a própria estrutura interna e respectivos vasos sanguíneos.

As expectativas de hoje quanto à impressão 3-D são muito ambiciosas tanto que, Carl Bass CEO da Autodesk, considera que a fabricação controlada por computador é uma mudança revolucionária de magnitude, equivalente à da produção em massa. Ela não só será capaz de mudar os métodos de produção de bens de consumo, mas também por meio de impressão 3-D, terá condições de produzir em escalas tão pequenas – como em bioengenharia – quanto em escalas tão grandes, como na construção civil: _ “A capacidade de produzir pequeno número de itens de alta qualidade e vendê-los a preços razoáveis está provocando enormes rupturas econômicas. Nele é possível vislumbrar o futuro da indústria” – disse Carl Bass.

Sob a perspectiva do design isso é revolucionário, pois o designer já não precisa se importar com o processo de fabricação, nem mesmo se preocupar em conhece-lo, porque as máquinas controladas por computador fazem elas próprias o objeto. “Pela primeira vez na história, podemos segregar design e fabricação, pois todas as informações necessárias para a impressão do objeto estão embutidas no design”, explicou Bass.

Por outro lado, devemos sempre nos lembrar do que a impressão 3-D – e qualquer outra técnica de produção digital – não pode fazer. Pois, elas não oferecem “economias de escala” na fabricação, uma vez que não é mais barato (em termos unitários) fazer 1000 unidades ou uma. Em vez disso, proporcionam exatamente a vantagem oposta; isto é, não há custo para mudar cada unidade individual ou fazer apenas poucos exemplares de cada espécie.

É o inverso da produção em massa, a qual favorece a repetição e a padronização. Ao contrário, a impressão 3-D facilita a individualização e a customização. A grande vantagem da fabricação digital é a possibilidade de escolher entre as duas, sem incorrer nos altos custos do artesanato. E, agora, tanto a massificação quanto a customização são métodos viáveis de fabricação automática.



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