A
Votorantim Era Uma Pequena Empresa Familiar Até Antônio Ermírio de Morais Assumir
os Negócios e, Atualmente, é um Império de Metalurgia, Siderurgia, Mineração e
Finanças.
Contava
o empresário Antônio Ermírio de Morais que o bairro do Pacaembu, onde passou a
maior parte da infância, era um “precipício coberto de mato”. Seus pais
alertavam com seriedade que “quem vai não volta”. O medo
previdente de pais preocupados, todavia, não impediu o crescido Ermírio de ir.
Talvez
não para o imenso terreno baldio que décadas depois se transformaria em um bairro nobre, mas foi
esquadrinhar terras alheias. Em 1949 graduou-se em Engenharia Metalúrgica nos
Estados Unidos. No mesmo ano começou a trabalhar na Votorantim, empresa fundada
pelo seu avô.
Junto
com o irmão mais velho, liderou a companhia e conduziu um processo escalável de
expansão global e diversificação dos negócios. De uma empresa têxtil, a
Votorantim passou a atuar nos ramos de metalurgia, celulose, siderurgia,
agroindústria, cimentos e até investimentos, com a BV Financeira.
Nos
idos de 1986 tentou cruzar para as raias da política ao disputar a cadeira de
governador do Estado de São Paulo. Estrepou-se, o povo escolheu Orestes
Quércia. Não foi grande perda para quem já tinha um império. O que ele queria
mesmo, segundo o próprio, era evitar que Paulo Maluf tivesse chance. “Não voto
em Maluf de jeito nenhum”, afirmou na época.
Apesar
de ousado e empreendedor, patriota e
ávido por operar mudanças no Brasil – quase um Barão de Mauá reencarnado – Ermírio
sempre foi descrito como um sujeito simples. Não desfilava riqueza. “A
arrogância é a pior herança para se deixar a um filho”, dizia. “Depois da
arrogância, as piores doenças são a indolência e a preguiça”.
Sim,
o empresário de gravata lascava o lombo no trabalho. Cumpria uma jornada diária
de 12 horas. No fim de semana, desfrutava de um razoável deleite com a família.
Sempre defendeu que o lazer não é menos importante que o trabalho: “nem tanto
ao mar, nem tanto à terra”.
Em
25 de agosto de 2014, debilitado e já sofrendo de Alzheimer, Antônio Ermírio
foi-se embora para o descampado do outro lado, brincar no velho Pacaembu do
além. Dessa vez não tinha pai nem mãe para empatar. E, conforme advertido, quem
vai lá não volta.
Antônio
Ermírio de Moraes não usava telefone celular e preferia utilizar régua de
cálculo ao computador, sustentando que ela o “obrigava a pensar”. Simples e
avesso ao consumismo, ele não gostava de visitar Shopping Centers – na verdade
dizia que não conhecia esses lugares. Quando foi inquirido por uma repórter
sobre seus hábitos de consumo, respondeu: “compro fábricas”.
Apesar
da formação sólida na área de engenharia e de se ocupar com negócios, Ermírio
arranjou tempo para escrever três peças teatrais de relativo sucesso. “Acorda
Brasil” foi vista por 26 mil pessoas. Era revoltado com a lucratividade dos
bancos e um crítico do sistema financeiro. O Banco Votorantim, com poucos
funcionários, lucrou mais rápido do que a Companhia Brasileira de Alumínio.
“Fico triste ao ver que uma coisa tão fácil é mais lucrativa do que algo que me
tomou a vida inteira”, disse.
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