Qual Era
o Principal Objetivo da Ciência da Administração Até Meados dos Anos 50? Qual é
a Relação da Pesquisa Operacional Com a Ciência da Administração? Como Se
Caracteriza a Ciência da Administração na Esfera Industrial?
Para
alguns estudiosos é difícil definir esta área científica e até escolher um nome
apropriado para ela, mas muitos autores acharam conveniente denominar de
“ciência da Administração” (Management Science) em função da criação do
Instituto das Ciências da Administração (EUA), cujo principal objetivo era “identificar,
estender e unificar os conhecimentos científicos que ajudam a compreender e
praticar a Administração”.
Também é
difícil estabelecer distinção entre a “ciência da Administração” e a “pesquisa
operacional”, embora se acredite que a ciência da Administração abranja mais
áreas, tais como a economia, a matemática, as ciências behavioristas, a
engenharia e as ciências físicas.
A
pesquisa operacional tem por objetivo “resolver problemas” e a “ciência da
Administração” desenvolver um conhecimento científico geral. Embora seja clara
essa separação, na prática é difícil distinguir entre as pessoas que a si
mesmas chamam de “cientistas behavioristas” ou de pesquisadores operacionais.
Há uma
estreita relação entre a ciência da Administração e a engenharia industrial, já
que ambas utilizam técnicas semelhantes. E em anos mais recentes, a ciência da
Administração tem sido influenciada pelos economistas matemáticos, quanto à
“análise do equilíbrio”, a “análise de entrada e saída” (input – output) e a
“teoria da utilidade”. A matemática e a estatística fornecem instrumentos
analíticos e as tecnologias computacionais refinados métodos quantitativos.
Embora existam enfoques mais ou menos esparsos, a ciência da Administração
apresenta conceitos-chaves que penetram nesse campo:
- A ênfase sobre o método
científico.
- O enfoque sistemático à
solução dos problemas.
- A criação de um modelo
matemático.
- A quantificação e a
utilização de procedimentos matemáticos e estatísticos.
- A maior preocupação com os
aspectos técnico-econômicos do que psicossociais.
- A utilização de computadores
como instrumento.
- A ênfase no enfoque total
através do sistema.
- A procura das decisões
ótimas em uma estratégia de sistema fechado.
- A orientação mais para os
modelos normativos que para os representativos.
A
pesquisa operacional e a ciência da Administração descendem do movimento da
Administração Científica e a primeira vez que se utilizou grupo organizado de
pesquisa operacional foi em 1940 na Inglaterra, por ocasião do estudo dos
sistemas defensivos de interceptação por radar.
Estudou-se
um sistema integrado homem-máquina, à fim da utilização ótima dos recursos
disponíveis. E o resultado foi um sensacional aumento na eficiência da defesa
aérea inglesa. Há um senso comum sobre as seguintes fases de um projeto de
pesquisa operacional:
- Formular o problema.
- Preparar um modelo
matemático capaz de retratar o sistema em estudo.
- Extrair desse modelo uma
solução.
- Submeter a teste o modelo e
a solução extraída.
- Criar controles para a
situação.
- Colocar a solução em
funcionamento: implantação.
À
princípio, a pesquisa operacional dirigiu-se à otimização do sistema total e
aos esforços interdisciplinares, a fim de assegurar a consideração de todos os
fatores do problema. Mas, na prática, o que vimos foi a tendência à criação de
técnicas e a solução dos problemas do nível dos subsistemas, com uma equipe
interdisciplinar menor que previram.
Na
Administração Científica eram o administrador e o engenheiro industrial que
aplicavam os métodos científicos à resolução dos problemas; mas, na pesquisa
operacional vários cientistas contribuíram à resolução destes, como os
matemáticos, os físicos, os estatísticos, os economistas, etc.
Atualmente,
constituem componentes básicos do curriculum das escolas de Administração de
Empresas, os métodos do tipo de programação linear, teoria dos jogos, teorias
das filas, teoria da decisão estatística, da análise de sistemas, da simulação
e outros métodos. Esse rápido desenvolvimento das ciências da Administração se
reflete no aumento do número de profissionais dessa área.
Segundo
levantamento efetuado em 1965 nos grupos de Pesquisa Operacional em várias
empresas americanas, constatou-se que dos pesquisadores consultados 30% eram
formados em Matemática e Estatística; 35% em vários campos da Engenharia; 15%
em Administração e Economia e outros 20% formados em várias outras disciplinas.
Isso revela que entre os pesquisadores operacionais, os de formação técnica
sobrepujam os de formação em ciências sociais (ou humanidades).
Na esfera
industrial, a ciência da Administração se caracteriza por não procurar resolver
problemas estratégicos, mas voltar-se a decisões táticas. Heany afirma que os
cientistas da Administração estão se conduzindo para problemas de baixo nível,
os quais são até bem estruturados e admitem as técnicas de análise matemática,
acrescentando serem muitos os profissionais que consideram a ciência da
Administração como “matemática aplicada”.
Mas, os
progressos na área de computação devem permitir aos cientistas da Administração
utilizar métodos de simulação para o trato dos problemas mal estruturados; e a
maior ênfase na solução dos problemas heurísticos, fará o cientista da
Administração não se concentrar mais nas técnicas estatísticas e matemáticas, e
exigirá a unificação dos conhecimentos armazenados pelas ciências
behavioristas.
Esses
cientistas já reconhecem que lhes cabe um papel na resolução aplicada de
problemas e não devem se ocupar apenas com a criação de modelos matemáticos
altamente técnicos, mas deve se preocupar com a comunicação e a execução
concreta de seus estudos.
Nos
estágios iniciais, os cientistas da Administração apenas produziam uma decisão
ótima e apresentavam-na à Administração, achando que sua tarefa terminaria aí.
E, na maioria das vezes, o administrador não compreendia seus pontos básicos de
Pesquisa Operacional e suas recomendações não eram praticadas.
E foi
então que começaram a se preocupar com a execução concreta de suas
recomendações, tendo assim que lidar com a Organização, não só como um sistema
técnico-econômico, mas também como um sistema social. E da mesma forma que os
behavioristas, os cientistas da Organização se tornaram agentes de mudança nas
organizações.
Em vez de
desenvolverem uma teoria menos complexa sobre a organização, os pesquisadores
tomaram rumo oposto, considerando inúmeras variáveis e tornando cada vez mais
difícil elaborar uma teoria geral. Até hoje existem controvérsias sobre o
melhor enfoque: se o tradicional, o dos behavioristas ou os da ciência da
Administração. Mas, acreditamos que são mais complementares que competitivos,
pois cada um ocupa parte diferente no amplo campo dos estudos organizacionais.
Os
estudantes universitários veem-se diante de informações fragmentadas e
diversificadas, no tocante à Teoria da Organização e ao exercício da
Administração; e são obrigados a frequentar vários cursos que enfatizam os
enfoques tradicionais, ou behavioristas ou da ciência da Administração. A
unificação desses enfoques é deixada aos estudantes, porém o positivo nisso é
que propicia um programa escolar estimulante, excitante e abrangente.
O
progresso futuro está unido ao desenvolvimento observado nas ciências básicas
da Administração e do comportamento; e hoje, o progresso da Teoria da
Administração está entrelaçado com técnicas de observação e experimentação,
como a sociologia, a psicologia e a economia, bem como com os instrumentos matemáticos.
Esta é a
motivação propiciada pelo estudo da Administração e da Teoria da Organização.
Esse estudo se tornou importante campo de atividade para alunos das escolas de
Administração de Empresas, mas também está virando um atraente laboratório para
muitos outros ramos universitários.
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