segunda-feira, 2 de outubro de 2017

Definição e Natureza da Ciência da Administração


Qual Era o Principal Objetivo da Ciência da Administração Até Meados dos Anos 50? Qual é a Relação da Pesquisa Operacional Com a Ciência da Administração?  Como Se Caracteriza a Ciência da Administração na Esfera Industrial?



Para alguns estudiosos é difícil definir esta área científica e até escolher um nome apropriado para ela, mas muitos autores acharam conveniente denominar de “ciência da Administração” (Management Science) em função da criação do Instituto das Ciências da Administração (EUA), cujo principal objetivo era “identificar, estender e unificar os conhecimentos científicos que ajudam a compreender e praticar a Administração”.

Também é difícil estabelecer distinção entre a “ciência da Administração” e a “pesquisa operacional”, embora se acredite que a ciência da Administração abranja mais áreas, tais como a economia, a matemática, as ciências behavioristas, a engenharia e as ciências físicas.

A pesquisa operacional tem por objetivo “resolver problemas” e a “ciência da Administração” desenvolver um conhecimento científico geral. Embora seja clara essa separação, na prática é difícil distinguir entre as pessoas que a si mesmas chamam de “cientistas behavioristas” ou de pesquisadores operacionais.

Há uma estreita relação entre a ciência da Administração e a engenharia industrial, já que ambas utilizam técnicas semelhantes. E em anos mais recentes, a ciência da Administração tem sido influenciada pelos economistas matemáticos, quanto à “análise do equilíbrio”, a “análise de entrada e saída” (input – output) e a “teoria da utilidade”.  A matemática e a estatística fornecem instrumentos analíticos e as tecnologias computacionais refinados métodos quantitativos. Embora existam enfoques mais ou menos esparsos, a ciência da Administração apresenta conceitos-chaves que penetram nesse campo:

  1. A ênfase sobre o método científico.
  2. O enfoque sistemático à solução dos problemas.
  3. A criação de um modelo matemático.
  4. A quantificação e a utilização de procedimentos matemáticos e estatísticos.
  5. A maior preocupação com os aspectos técnico-econômicos do que psicossociais.
  6. A utilização de computadores como instrumento.
  7. A ênfase no enfoque total através do sistema.
  8. A procura das decisões ótimas em uma estratégia de sistema fechado.
  9. A orientação mais para os modelos normativos que para os representativos.

A pesquisa operacional e a ciência da Administração descendem do movimento da Administração Científica e a primeira vez que se utilizou grupo organizado de pesquisa operacional foi em 1940 na Inglaterra, por ocasião do estudo dos sistemas defensivos de interceptação por radar.




Estudou-se um sistema integrado homem-máquina, à fim da utilização ótima dos recursos disponíveis. E o resultado foi um sensacional aumento na eficiência da defesa aérea inglesa. Há um senso comum sobre as seguintes fases de um projeto de pesquisa operacional:
  • Formular o problema.
  • Preparar um modelo matemático capaz de retratar o sistema em estudo.
  • Extrair desse modelo uma solução.
  • Submeter a teste o modelo e a solução extraída.
  • Criar controles para a situação.
  • Colocar a solução em funcionamento: implantação.
À princípio, a pesquisa operacional dirigiu-se à otimização do sistema total e aos esforços interdisciplinares, a fim de assegurar a consideração de todos os fatores do problema. Mas, na prática, o que vimos foi a tendência à criação de técnicas e a solução dos problemas do nível dos subsistemas, com uma equipe interdisciplinar menor que previram.



Na Administração Científica eram o administrador e o engenheiro industrial que aplicavam os métodos científicos à resolução dos problemas; mas, na pesquisa operacional vários cientistas contribuíram à resolução destes, como os matemáticos, os físicos, os estatísticos, os economistas, etc.

Atualmente, constituem componentes básicos do curriculum das escolas de Administração de Empresas, os métodos do tipo de programação linear, teoria dos jogos, teorias das filas, teoria da decisão estatística, da análise de sistemas, da simulação e outros métodos. Esse rápido desenvolvimento das ciências da Administração se reflete no aumento do número de profissionais dessa área.

Segundo levantamento efetuado em 1965 nos grupos de Pesquisa Operacional em várias empresas americanas, constatou-se que dos pesquisadores consultados 30% eram formados em Matemática e Estatística; 35% em vários campos da Engenharia; 15% em Administração e Economia e outros 20% formados em várias outras disciplinas. Isso revela que entre os pesquisadores operacionais, os de formação técnica sobrepujam os de formação em ciências sociais (ou humanidades).

Na esfera industrial, a ciência da Administração se caracteriza por não procurar resolver problemas estratégicos, mas voltar-se a decisões táticas. Heany afirma que os cientistas da Administração estão se conduzindo para problemas de baixo nível, os quais são até bem estruturados e admitem as técnicas de análise matemática, acrescentando serem muitos os profissionais que consideram a ciência da Administração como “matemática aplicada”.

Mas, os progressos na área de computação devem permitir aos cientistas da Administração utilizar métodos de simulação para o trato dos problemas mal estruturados; e a maior ênfase na solução dos problemas heurísticos, fará o cientista da Administração não se concentrar mais nas técnicas estatísticas e matemáticas, e exigirá a unificação dos conhecimentos armazenados pelas ciências behavioristas.

Esses cientistas já reconhecem que lhes cabe um papel na resolução aplicada de problemas e não devem se ocupar apenas com a criação de modelos matemáticos altamente técnicos, mas deve se preocupar com a comunicação e a execução concreta de seus estudos.
Nos estágios iniciais, os cientistas da Administração apenas produziam uma decisão ótima e apresentavam-na à Administração, achando que sua tarefa terminaria aí. E, na maioria das vezes, o administrador não compreendia seus pontos básicos de Pesquisa Operacional e suas recomendações não eram praticadas.

E foi então que começaram a se preocupar com a execução concreta de suas recomendações, tendo assim que lidar com a Organização, não só como um sistema técnico-econômico, mas também como um sistema social. E da mesma forma que os behavioristas, os cientistas da Organização se tornaram agentes de mudança nas organizações.

Em vez de desenvolverem uma teoria menos complexa sobre a organização, os pesquisadores tomaram rumo oposto, considerando inúmeras variáveis e tornando cada vez mais difícil elaborar uma teoria geral. Até hoje existem controvérsias sobre o melhor enfoque: se o tradicional, o dos behavioristas ou os da ciência da Administração. Mas, acreditamos que são mais complementares que competitivos, pois cada um ocupa parte diferente no amplo campo dos estudos organizacionais.

Os estudantes universitários veem-se diante de informações fragmentadas e diversificadas, no tocante à Teoria da Organização e ao exercício da Administração; e são obrigados a frequentar vários cursos que enfatizam os enfoques tradicionais, ou behavioristas ou da ciência da Administração. A unificação desses enfoques é deixada aos estudantes, porém o positivo nisso é que propicia um programa escolar estimulante, excitante e abrangente.

O progresso futuro está unido ao desenvolvimento observado nas ciências básicas da Administração e do comportamento; e hoje, o progresso da Teoria da Administração está entrelaçado com técnicas de observação e experimentação, como a sociologia, a psicologia e a economia, bem como com os instrumentos matemáticos.

Esta é a motivação propiciada pelo estudo da Administração e da Teoria da Organização. Esse estudo se tornou importante campo de atividade para alunos das escolas de Administração de Empresas, mas também está virando um atraente laboratório para muitos outros ramos universitários.



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