segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Os Primeiros Europeus nas Américas

Quais Eram os Estágios Tecnológicos dos Povos Que Viviam nas Américas Antes de Serem Descobertos? Como Ocorreu a Expansão Marítima e Comercial dos Espanhóis Nas Américas? Que Tipos de Índios Habitavam o Brasil Antes do Descobrimento? Como se Desenvolveu o Sistema Colonial na América Luso-Espanhola?

 



 

Como se sabe, as Américas se dividem em América do Sul, América Central e América do Norte, embora nem sempre tenha sido assim. Em 1492, quando os espanhóis chegaram ao novo continente – que passaria a ser chamado de América – estima-se que já habitavam nessas terras diversas nações (por volta de 50 milhões de habitantes de diversas nações). A população que os europeus encontraram era bastante diferente dos seus costumes e modos de vida, pois alguns grupos humanos encontrados eram nômades (grupos que se fixavam temporariamente em determinado local), não utilizavam metais e viviam principalmente explorando os recursos naturais existentes. Outros povos que viviam nas Américas já apresentavam estágios diferentes do uso de tecnologias, tais como os maias, os astecas e os incas. Os europeus descobriram pessoas de todos os tipos físicos em cada um dos novos continentes explorados, os quais viviam de variadas maneiras e em diferentes estágios técnicos. Assim, todos os habitantes foram chamados de índios pelos europeus, pois eles tinham pele avermelhada e cabelos lisos, andavam nus ou com pouca roupa e acreditavam em vários deuses. Nenhum deles conhecia o ferro, a pólvora, o vidro, o arado, os animais de carga ou – principalmente – o uso da roda.

Esses povos foram denominados de pré-colombianos e para eles a chegada dos europeus teve um resultado assustador, pois além de levar a morte de milhares de pessoas, a destruição de suas sociedades, os europeus acabaram interferindo diretamente na história e na sua relação com a natureza. Dos povos sobreviventes ao massacre promovido pelos invasores, muitos foram obrigados a trabalhar em regime de trabalho forçado a fim de atender aos interesses econômicos dos conquistadores. Nos séculos XV (anos 1401 a 1500) e XVI (anos 1501 a 1600) os europeus – inicialmente portugueses e espanhóis – se lançaram ao mar em embarcações que eram denominadas de caravelas, descobrindo, visitando, conquistando à força e com violência os outros quatro (4) continentes do globo – a África, a Ásia, as Américas e Oceania. Dessa forma, no final do século XV, enquanto Portugal desenvolvia a rota marítima rumo às Índias navegando em direção a leste, a Espanha, maior – seu maior concorrente nos mares – procurava outra rota alternativa nos mares. Baseados em conhecimentos científicos da época, os espanhóis defendiam ser a Terra menor do que se imaginava e, em função disso, eles navegaram em direção a oeste para chegar à Ásia. Resultado dessa viagem: os espanhóis encontraram um novo continente.

Mas, a expansão marítima e comercial dos espanhóis só começou mesmo de forma efetiva em 1492 numa expedição comandada por Cristóvão Colombo que tomou posse, em nome dos reis espanhóis, as terras situadas na região central da América. O objetivo da expedição de Colombo era atingir o Oriente navegando em direção ao Ocidente. Navegando conforme seu plano inicial, Colombo encontrou a atual ilha de São Domingos, na região da América Central. Inicialmente imaginou ter chegado de fato as Índias, e por esse motivo denominou de índios os habitantes do lugar. Os descobrimentos marítimos do século XVI, resultados de transformações em toda a Europa, deram origem a grandes mudanças no próprio continente europeu e nas várias regiões por estes encontradas. Apenas para dar alguns exemplos: na América, os europeus conheceram pela primeira vez o tabaco (base do atual cigarro), cacau, batata-inglesa e a mandioca, que é originária do Brasil. Com o objetivo de garantir as conquistas e delas tirar o melhor proveito, os europeus precisaram enfrentar as diferenças existentes entre eles e os povos encontrados. De uma forma geral os europeus não compreendiam e não respeitavam os diferentes tipos físicos, línguas, costumes e religiões que encontraram nas novas terras, mas foram obrigados a reconhecer sua existência e conviver com eles.

Por um lado, esse encontro entre europeus e índios representaram uma das experiências mais fascinantes e ao mesmo tempo mais dolorosas de todos os tempos. Para os europeus, essa experiência representou dominação, saques, destruição, escravização, violência, exploração e matança de milhares de pessoas e de civilizações nos outros continentes; significou enriquecer graças ao empobrecimento e à humilhação dos outros. Por outro lado para os povos conquistados, os descobrimentos e a conquista europeia significaram uma grande mudança em suas vidas. Eles conheceram homens diferentes que se impuseram pela força, por novos costumes, valores e crenças. A partir daí foram obrigados a trabalhar até a morte para enriquecer senhores e governos que tudo queriam sem dar nenhum benefício em troca. Foram obrigados a entregar todas as riquezas que possuíam como o ouro e outros recursos naturais. Os povos que aqui na América viviam foram forçados a reorganizar suas formas de viver, seus valores e comportamentos diante da vida. Essas mudanças acabaram muitas vezes em um processo conhecido como aculturação. Os grandes descobrimentos marítimos e suas consequências foram responsáveis pela transformação da vida de todos os europeus e dos povos por eles encontrados. Umas das mais fortes influências trazidas pelos europeus foi o cristianismo – que hoje é a maior religião praticada nas Américas (do Sul, Central e do Norte).

 

OS ÍNDIOS

 

Quando os portugueses chegaram ao Brasil, encontraram uma população de índios com características culturais e linguísticas muito parecidas entre si. Esses índios podem ser diferenciados em dois grandes grupos: os tupis-guaranis e os tapuias. Os tupis-guaranis estavam presentes em quase toda a costa do Brasil, do Ceará até a o extremo sul. Os tupis também eram conhecidos como tupinambás ocupavam a faixa litorânea do Norte até Cananéia (sul do atual Estado de São Paulo); os guaranis localizavam-se na bacia Paraná-Paraguai e no trecho do litoral entre Cananéia e o extremo sul do Brasil. Em determinados pontos do litoral encontravam-se outros grupos como os goitacazes, aimorés e tremembés. Esses grupos eram chamados tapuias. Os índios praticavam a caça, a pesca, a coleta de frutas e agricultura, e a medida que a capacidade de produção da terra se esgotava, migravam para outras áreas. Quando praticavam a agricultura, derrubavam árvores e faziam as queimadas, técnica esta que mais tarde veio a ser utilizada pelos colonizadores. Os índios plantavam feijão, milho, abóbora e mandioca. A economia era de subsistência e direcionada ao consumo próprio e havia pouca troca de alimentos entre as aldeias. A chegada dos europeus foi uma catástrofe para os índios. Por outro lado, os índios resistiram aos colonizadores principalmente quando tentaram escravizá-los. Essa resistência ocorreu através de um isolamento, alcançando regiões distantes, porém cada vez mais pobres. De qualquer forma, foi possível preservar uma herança biológica, social e cultural. Os índios sofreram a violência cultural, foram vítimas de epidemias e morte. O contato com o homem europeu deu origem a uma população mestiça que até os dias de hoje é possível perceber na sociedade brasileira. E, dos milhões de índios que ocupavam o território brasileiro na época da conquista, atualmente existem de 300 a 350 mil.

 

O Sistema Colonial na América Luso-Espanhola

 

Sistema colonial foi o conjunto das relações econômicas e culturais entre as metrópoles e suas respectivas colônias. Em seguida ao período da conquista, tendo subjugados os nativos, os europeus – portugueses e espanhóis – deram início a montagem de uma estrutura de exploração na América Luso-Espanhola e assim conseguiram levar para a Europa grande parte das riquezas do nosso continente, como ouro e prata, por exemplo. Existiram diferenças e semelhanças em alguns aspectos na forma da colonização de portugueses e espanhóis. A dominação dos reis espanhóis estabelece-se a partir da extração mineral (ouro e prata), e também por uma agricultura de subsistência e de um comércio que permitiu a chegada dos minerais à Espanha e dos produtos europeus à América colonial. A dominação dos reis de Portugal, após o período de extrativismo, passou a basear-se na produção da cana de açúcar e na importação de escravos negros da África. Ao longo do processo, desde a etapa dos metais à provisão de alimentos, cada região se identificou com o que produzia, e produzia o que dela se esperava na Europa: cada produto, carregado nos porões dos navios que sulcavam o oceano, converteu-se numa vocação e num destino.

Os mercados do mundo colonial cresceram como meros apêndices do mercado interno do capitalismo que emergia. A economia colonial estava regida pelos mercadores, os donos das minas e os grandes proprietários de terras, que repartiam entre si o usufruto da mão de obra indígena e negra, sob o olhar ciumento e onipotente da Coroa e seu principal sócio, a Igreja. O poder estava concentrado em poucas mãos, que enviavam à Europa metais e alimentos, e da Europa recebiam os artigos de luxo, a cujo desfrute consagravam suas fortunas crescentes. As classes dominantes não tinham o menor interesse em diversificar as economias internas, nem de elevar os níveis técnicos e culturais da população: era outra sua função, dentro da engrenagem internacional para a qual atuavam; e a imensa miséria popular, tão lucrativa do ponto de vista dos interesses reinantes, impedia o desenvolvimento de um mercado interno de consumo. Foram, em verdade, o excedente agrícola, as habilidades e a mão de obra indígena que asseguraram o sucesso da empresa mineira espanhola. A introdução da economia de mineração (utilizando tecnologia primitiva) desempenhou o papel de lâmina de corte do capitalismo europeu ocidental. O sucesso da empresa literalmente dizimou a população indígena e destruiu as estruturas agrárias anteriores à conquista. A estância, unidade produtora voltada para a pecuária, surgiu das ruínas dessas culturas dizimadas pelos espanhóis.

 

Diferenças Entre as Colonizações Espanhola e Portuguesa

 

O que assegurou o sucesso do povoamento e da ocupação econômica do Brasil pelos portugueses foi a instalação da agroindústria açucareira. Mais bem-sucedidos do que os portugueses nas tentativas de exploração de riquezas minerais, os espanhóis logo encontraram riquíssimas minas de prata no México (território asteca) e no Peru-Bolívia (território inca). Houve, portanto, uma diferença quanto à base econômica de ocupação da América: agrícola, no caso da portuguesa, e mineira, no caso da espanhola. Além disso, houve a diferença também quanto à origem da mão de obra empregada nas ocupações portuguesa e espanhola: africanos e indígenas, respectivamente. Porém, em ambos os casos se adotou a política mercantilista como orientação geral, o que à ocupação econômica da América a forma de sistema colonial. No entanto, o processo da constituição desse sistema e o seu resultado final não foram os mesmos para Portugal e Espanha. Na Idade Moderna, devido às restrições mercantilistas, a liberdade econômica não era condição para o funcionamento do mercado. A economia baseava-se num sistema de privilégios: o rei vendia direito de exclusividade tanto em relação ao comércio quanto à produção. Esse sistema marcou presença na América e foi determinante na estruturação econômica do continente. O povoamento americano só ganhou forma de colonização em consequência da ação combinada entre rei e burguesia mercantil. O resultado foi a implantação de um sistema de produção voltado para o mercado externo, com base no tráfico negreiro, no exclusivo metropolitano e nas diversas modalidades de trabalho compulsório (cuatequil, mita, escravidão). Ou seja, na Idade Moderna foi montado um gigantesco sistema de produção modelado pela política mercantilista com a função de transferir o maior volume possível de riqueza da América para a Europa. O que foi feito com grande êxito, durante trezentos anos, à custa do sacrifício e extermínio de índios e negros.

  

 

REFERÊNCIAS

 

 

LIMA, Ederson Prestes Santos; SCHENA, Denilson Roberto. História. Curitiba: Instituto Federal do Paraná/Rede e-Tec, 2011.

SILVA, Daniel Neves. "Descobrimento da América"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historia-da-america/descobrimento-da-america.htm. Acesso em 25 de novembro de 2025.

 

 

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