quarta-feira, 6 de novembro de 2024

A Realidade Subjetiva (Os Filtros de Percepção e os Nossos Mapas Mentais)

 

Nós Temos Capacidade de Captar Toda a Realidade Das Experiências Que Ocorrem ao Nosso Redor? Nossas Ações e Julgamentos Estão Embasados em Conhecimentos Completos dos Fatos Externos? Nós Sabemos Exatamente Tudo o Que Aconteceu em Uma Determinada Experiência?

 

 


 

Fundamentalmente, todos nós temos cinco (5) sistemas sensoriais: - o visual, o auditivo, o olfativo, o cinestésico (tato) e o paladar. Através deles nós tomamos contato com a realidade exterior. A todo instante estamos interagindo com o mundo externo, captando as informações através dos canais sensoriais e, dessa forma, nós as processamos internamente através de nossos canais favoritos (visual, auditivo ou cinestésico) e reagimos através de comunicação por palavras e comportamentos específicos.

Quando uma pessoa tenta se comunicar com outra, na verdade ela está tentando transmitir sua própria “realidade subjetiva”; ou seja, é a sua compreensão de uma situação do mundo exterior. Então, para compreender a essência de uma comunicação a pessoa deve compreender algo sobre a natureza da realidade. O processamento da nossa mente pode até ter um padrão observável, mas os resultados desse processamento são diferentes um do outro e, na verdade, pode-se afirmar que os entendimentos – e significados – são tão diferentes quanto às impressões digitais das pessoas.

Para piorar essa questão, deve-se considerar a linguagem, pois ela modela o nosso pensamento. Nós confundimos esse fato com a realidade e, certamente, isso cria falsas certezas. Com as palavras nós procuramos isolar coisas que somente podem existir com continuidade. Falhamos ao ver o processo, a mudança, o movimento e, se tivermos que experimentar a realidade, devemos conhecer os limites da linguagem.

As diferenças já começam com as características neurológicas que nos identificam como humanos. Nossos canais sensoriais como seres humanos contém limitações, como nossa capacidade visual por exemplo – restrita a um certo espectro de cores, detalhes e brilho.

Em outras palavras, há muitas cores, detalhes e intensidade que não conseguimos – ou não suportamos – ver como seres humanos. Nossa capacidade auditiva também é limitada a uma estreita faixa de decibéis e, o mesmo ocorre com nossos canais sensoriais do tato, do olfato e do paladar.

Sendo assim, pode-se afirmar que os seres humanos percebem apenas uma parte do fenômeno físico presente ao nosso redor e essas limitações neurológicas são transmitidas geneticamente. Tais limitações de nossas percepções são reconhecidas pelos cientistas que trabalham como o mundo físico, desenvolvendo aparelhagens que ampliam essas capacidades limitantes. Dessa forma, estabelece-se aqui dois (2) pontos:

 

·                   Existe uma diferença necessária entre o mundo e qualquer modelo – ou representação interna – particular que se faça dele.

·                   Os modelos de mundo criados por cada um de nós são diferentes entre si.

 

Filtros da Percepção

 

Nosso sistema neurológico determina o 1º conjunto de “filtros” que diferenciam o mundo (o território) das representações mentais que fazemos do mesmo (o mapa). Nossa experiência interna difere do mundo externo de uma 2ª maneira: por meio do conjunto de “filtros sociais” que nos caracteriza como seres humanos pertencentes a um determinado grupo sócio racial.

E o filtro social mais comum é o nosso sistema linguístico; isto é, palavras ou frases de uma determinada linguagem possuem significados que não existem em pessoas de outras línguas ou grupos sociais.

Há uma 3ª maneira de influenciar nossa compreensão do mundo exterior, que ocorre por meio de nossas próprias restrições – ou filtros sociais. Isto é, das representações que criamos, baseadas em nossa história pessoal. Cada ser humano tem experiências que constituem sua própria história pessoal e, essa história pessoal, é tão peculiar à pessoa como o são suas digitais. E como cada pessoa tem experiência próprias de crescimento e de vida, a história pessoal de duas vidas jamais será igual.

Os filtros neurológicos são os mesmos para todos nós e os sócio raciais também são os mesmos numa determinada comunidade sociolinguística. Estes são mais facilmente superáveis que os neurológicos, tanto que muitas pessoas podem falar mais de uma língua. Já os filtros pessoais nos identificam como indivíduos e são a base das diferenças entre nós; mas, em compensação, são mais facilmente modificáveis que os filtros sociolinguísticos.




Assim, a experiência que cada um de nós capta do mundo exterior já chega até nós um tanto distorcido, em razão da ação dos filtros neurológicos e sociolinguísticos e, ao passar por nosso filtro pessoal (processamento mental interno), essas informações já alteradas sofrem modificações em virtude de nossa própria personalidade (criadas por nossas experiências passadas) e do nosso sistema de crenças e, o resultado desse processamento, é o nosso MAPA – ou “modelo pessoal representativo do fato ou da experiência do mundo exterior”.

E é dentro deste MAPA que vivemos, criamos os significados, compreensões, emoções e, consequentemente, nossos comportamentos para reagir no mundo exterior. Portanto, a referência que criamos para nos guiar no mundo exterior baseia-se em nossas experiências pessoais, criando assim modelos, mapas ou “realidades subjetivas” diferentes e individualizadas do mundo. E sua principal característica é que “o mapa não é o território que ele representa, mas se estiver correto possui uma estrutura semelhante a do território, o que justifica sua utilização” (A. Korzybski, “Science & Sanity”, 1959).

 

Mapas Como Metáforas

 

A maioria das pessoas tem um conceito limitado de “mapa” como representação de um espaço geográfico específico. Para encontrarmos nosso caminho através da percepção das informações e a consequente comunicação, precisamos de “mapas” que nos digam onde estamos em relação às informações e nos permitam fazer comparações entre as informações arquivadas e as novas.

Os mapas podem ter uma infinidade de formas. Uma tomografia computadorizada – por exemplo – é um mapa do corpo humano e uma lista de compras é o mapa de uma expedição ao supermercado. Um gráfico de produção anual de uma empresa mapeia seu rendimento. Sendo assim, você pode mapear tanto ideias e conceitos quanto locais físicos. Dessa forma, os mapas são informações de referências pelo fato de serem usados para dirigir – ou influenciar – o rumo que seguimos na vida.

Portanto, os mapas são meios metafóricos que nos permitem entender e agir sobre a informação e os dados percebidos de fontes exteriores. Dessa forma, o mapa deve cumprir seu objetivo e possuir a maior quantidade possível de informações e de melhor qualidade possível (de fontes exteriores) para que se possa chegar a decisões de qualidades e eficiência e agir sobre o mundo exterior da forma mais segura e eficaz.



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