sexta-feira, 12 de abril de 2024

A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA no SÉCULO XVII

 

O Que Significam Teocentrismo e Antropocentrismo? O Que é Um Método Científico? Qual a Relação Entre a Razão, a Fé e a Ciência?

 




Quando falamos em “Revolução Científica” estamos nos referindo às mudanças significativas na estrutura do pensamento que, em uma determinada época, repercutiram no plano científico.

Mas, quando queremos compreender qualquer fenômeno, devemos proceder a uma atenta observação para posterior análise desse fenômeno. E, para tal, devemos estabelecer um método de ação que seja científico.

E o que faz um método se tornar científico? Ele deve apresentar todo um círculo racional e lógico, adotando uma determinada forma de tratar o objeto de estudo e isso deve obedecer a certa sequência de procedimentos. Daí, temos as fases de observação, análise, formulação de hipóteses, experimentação, verificação das hipóteses e conclusões.

A frase de Shakespeare – “Que obra de arte é o homem” – evidenciava uma mudança na estrutura mental daquela época, pois a visão de mundo da Idade Média pela relação Deus-Homem estava sendo substituída pela relação Homem-Natureza.

Era a passagem do Teocentrismo para o Antropocentrismo e, dessa forma, ao captar seu objeto o homem deveria formular hipóteses e experimentá-las a fim de certificar sua validade.

Em verdade, somente a Razão poderia encontrar meios de explicar os principais fenômenos da Natureza que a Escolástica – associada à Fé e a razão através da lógica Aristotélica – não poderia explicar.

Assim, os primeiros pensadores dessa época – Kepler e Galileu – tiveram sérios choques com o sistema Aristotélico, que ainda predominava e servia de base para o pensamento teológico. Dessa forma, conceber a Natureza em constante movimento implicava perceber as instituições sociais como suscetíveis de mudanças.

 

Os Métodos e as Descobertas Científicas

 

Foi no século XVII que assistimos à afirmação da ciência experimental, onde a atividade científica não mais se resumia a observar os fenômenos – partindo de dados empíricos para os princípios eternos (Deus) –, mas em tentar descobrir e explicar os fenômenos e as leis que constituíam a Natureza.

Sendo assim, pode-se afirmar que, no referido século, assistimos de fato a explicações racionais do Universo, submetido a leis físicas e naturais e não a princípios metafísicos e divinos. Essa ruptura deveu-se muito a três (3) filósofos:

 

·                     Francis Bacon: Escreveu “O Progresso do Conhecimento” que defendia o valor das experiências de laboratório e do método indutivo, em que o conhecimento é adquirido partindo-se da observação a fim de atingir uma verdade. Embora não fosse o descobridor do método indutivo, ele valorizou-o como fundamental para a exatidão do conhecimento.

·                     René Descartes: Autor de “Discurso Sobre o Método” que demonstrava que tanto a opinião tradicional como as experiências comuns da humanidade eram guias de mérito duvidoso. Diante disso, adotou novo método isento da influência de ambos que consistia em começar com verdades simples – como as da Geometria – e depois raciocinar com base nelas, até chegar a conclusões particulares.

·                     Isaac Newton: Escreveu “Princípios Matemáticos de Uma Filosofia da Natureza”, partindo de estudos de Galileu e Kepler e demonstrando matematicamente que as leis físicas aplicáveis na Terra também se aplicavam a todo o Universo. Estava dado o golpe final à concepção medieval de um Universo guiado por intenções benévolas.

 

Baseada na experimentação e na dedução matemática, a ciência fez grandes progressos na física, na matemática, astronomia, química e biologia. Pois foi no século XVII que se construiu a física moderna que, através de Newton, sistematizou-se a interpretação física do Universo (Teoria da Gravitação Universal), elaborou conceitos básicos (massa, força, inércia, movimento, tempo) e pesquisas para o estudo da luz (análise espectral), além de ter lançado as bases da astronomia.

Dessa forma, William Gilbert descobriu as propriedades do IMÃ, o alemão Gottfried Leibnitz provou que o tempo e o espaço eram relativos e o dinamarquês Roemer calculou a velocidade da luz.

Na Astronomia, o italiano Galileu Galilei construiu o 1º telescópio e descobriu os satélites de Júpiter, as manchas solares, os anéis de Saturno e as fases de Vênus, deduzindo que a Terra gira sobre si mesma. Johann Kepler usou métodos comparativos – e conhecimentos matemáticos – para comprovar e ratificar a Teoria Heliocêntrica (onde os planetas descrevem órbitas elípticas em que o Sol é o centro de todo o sistema).

As Ciências Matemáticas sofreram enormes transformações, quando surgiu a Geometria Analítica com Descartes, o Cálculo Diferencial com Newton, o Cálculo das Probabilidades com Pascal e o Cálculo Infinitesimal com Leibnitz.

A Química foi desenvolvida principalmente por Robert Boyle, apontado como fundador da química moderna, pois iniciou a Química Orgânica e estabeleceu uma nova distinção dos compostos, classificando-os em “ácidos” e “sais”.

Portanto, pode-se afirmar que essas descobertas romperam com as concepções de Aristóteles – ainda vigentes e defendidas pela Igreja – e o cosmo, hermético e hierarquizado, foi substituído pelo Universo, aberto e infinito, porém, ligado pela unidade de suas leis.

Em última análise, a concepção de um mundo imóvel foi suplantada pela concepção de que o Universo estava em movimento; isto é, contra os princípios baseados na tradição e que serviam de base à imobilidade das instituições, firmavam-se as noções de que a Natureza – e tudo o que nela se encontrava – estava em movimento, este significando progresso.


https://www.facebook.com/juliocesar.s.santos

Nenhum comentário :

Postar um comentário