Qual a Influência da Cultura no
Comportamento de Compra? É Importante Conhecer as Especificidades de Cada
Região?
Teóricos
de Marketing vem afirmando que o consumo de uma sociedade seria realizado pelos
principais agentes econômicos que a constituem como famílias e empresas, onde ambas utilizam os rendimentos obtidos na atividade produtiva para comprar
bens e serviços que necessitam.
Por
outro lado, sabemos que a personalidade dos consumidores pode interferir
decisivamente no comportamento de compra, pois ao consumirem, os indivíduos
apresentam traços de sua personalidade como autoconfiança, estabilidade,
respeito, sociabilidade, adaptabilidade, respeito e outras reações.
Dessa
forma, torna-se necessário que as empresas procurem conhecer bem as
especificidades desse público-alvo a fim de traçar um perfil dos seus hábitos
de compra e, a partir disso, as organizações poderão melhor direcionar seus
esforços de Marketing e focar toda sua estratégia mercadológica.
Um
bom exemplo sobre o conhecimento dos hábitos de uma sociedade ocorreu nos EUA
no início do século XX, quando a maioria dos homens cultivava barba, cavanhaque
e suíças. Em função disso, a Gillette comercializou apenas 51 aparelhos e 168
lâminas quando foi laçada em 1903.
O
novo produto demorou a “pegar”, até que se tornou popular após a 1ª Guerra
quando os soldados americanos foram estimulados pela Gillette – através de
distribuição gratuita de lâminas – a se apresentarem barbeados às suas
famílias.
Esse
novo comportamento – rostos masculinos barbeados – acabou virando moda entre os
americanos e, em 1926, as vendas finalmente “explodiram” para 2 milhões de
unidades / dia.
Por
outro lado, o desconhecimento sobre a cultura de uma sociedade leva muitas
empresas fracassarem no lançamento de novos produtos e, um bom exemplo disso
ocorreu no início dos anos 70, quando a Ford lançou no Brasil seu principal
veículo – o Ford Maverick. Um dos modelos vinha com motor de (4) quatro
cilindros e um preço semelhante ao do seu principal concorrente – o Opala
(General Motors).
Mas,
o carro não foi o sucesso esperado pela Ford, pois além de esportivo demais
para ser considerado “o carro da família” as mulheres reclamavam que o Maverick
era difícil de estacionar. Além disso, o banco traseiro era estreito e o vidro
traseiro muito inclinado, o qual oferecia pouca visibilidade. O Opala era um
carro “mais bem comportado” e, com o fracasso do Maverick, a GM alcançou a
liderança e acabou se tornando maior que a Ford aqui no Brasil.
Poucos
países do mundo conseguem ser “únicos” e “muitos” ao mesmo tempo como o nosso
e, por isso mesmo, não é possível realizar um Marketing de qualidade aqui no
Brasil sem conhecer nossas especificidades. Ou seja, nossos “jeitinhos”, nossas
preferências e nossas crenças.
Um
bom exemplo disso é que a maioria dos brasileiros não faz seguro de
carros, pois muitos deles confiam a segurança de seus veículos a algum
tipo de santo ou entidade de devoção. “Confio mais na bênção que no
seguro, pois a fé é minha apólice” – disse Edgar Bruno, metroviário paulista
que afirma ir à missa do Padre Marcelo todos os dias para renovar a bênção a
seu Uno Mille 97 (Revista Quatro Rodas, fevereiro de 1999).
Em
muitas residências do interior brasileiro existe um oratório de madeira com um
santo no seu interior e na fachada uma vela acesa (ou uma lamparina com óleo) ilumina
a entidade. No Norte do Brasil existem certas plantas – tinhorão, tambatajá e
outras – que muitos acreditam proteger suas residências ou facilitar encontros
amorosos. (Revista Casa Claudia – junho / 1999)
Sendo
assim, pode-se facilmente constatar que os exemplos descritos acima
evidenciam a importância das empresas – que pretendam
praticar um Marketing de qualidade – entenderem a
cultura brasileira como um todo e as especificidades de cada região desse
imenso país.
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