Qual a Importância
da Família Polo nos Descobrimentos? Quais os Mais Importantes Caminhos
Terrestres Para o Oriente? A Dinastia Ming Influenciou Nas Descobertas?
Nas décadas dos pioneiros das viagens
por terra houve entre a Europa e a Ásia um comércio florescente, embora
especializado e em pequena escala. Dezenas de mercadores europeus devem ter
chegado a essas remotas paragens, mas poucos deixaram relatos em primeira mão
das suas viagens, além da família Polo.
Uma sucessão de frades franciscanos
deixou-nos um registro de comunidades de europeus em cidades chinesas. Um dos
mais empreendedores foi o franciscano João de Montecorvino que, enviado pelo
Papa Nicolau IV em 1289, chegou a Pequim em 1295.
Na Catedral de Pequim ele batizou
cerca de 6000 citadinos, organizou e ensaiou um coro de 150 rapazes. Frei João
foi nomeado arcebispo de Cambaluque (em Pequim) e passados poucos anos recebeu
três bispos para o ajudarem.
Outro frade franciscano (Odorico
Pordenone) narrou fatos pitorescos da sua vida na China, os quais não foram
narrados por Marco Polo como o hábito de deixarem crescer as unhas das mãos e a
tradição de enfaixar os pés das mulheres.
Em 1340, Francesco Pegolotti – agente
de uma família de banqueiros – elaborou um manual para viajantes e mercadores
que nos dá pistas de um florescente comércio. Ele informa as distâncias entre
lugares e os perigos locais, pesos, medidas, preços, taxas de câmbio,
regulamentos alfandegários, sugestões práticas sobre regulamentos
alfandegários, o que comer, o que não comer e onde dormir.
Mas, esse tempo de ativo tráfego
terrestre entre as extremidades da Terra não durou muito, pois João de
Montecorvino seria o primeiro e o último arcebispo de Pequim. Seu sucessor (nomeado
pelo Papa em 1333) parece nunca ter chegado ao seu destino. Os caminhos por
terra para o Oriente foram abruptamente encerrados decorridos apenas um século.
A força do imenso Império Mongol
abriu a passagem terrestre europeia para a Índia e para a China e, durante
esses anos, se alguns europeus foram para o Oriente, alguns chineses também
vieram para o Ocidente. Eles trouxeram cartas de jogar, porcelanas, têxteis,
temas de arte e estilos mobiliários que moldaram a vida das classes superiores
europeias. E, algumas coisas como papel moeda, impressão e pólvora abalaram a
Mundo.
Os Mongóis descobriram que o império
que tinham conquistado a cavalo não podia ser governado a cavalo e, por isso
mesmo, precisavam de uma complexa administração. No interior da China, eles
eram invasores estrangeiros, sendo sempre difícil controlar o povo e, por isso,
eles colocavam a si mesmos em postos governamentais importantes.
Entretanto, os Chineses com sua
antiga tradição, tecnologia desenvolvida e requintado cerimonial, descobriram
muitas razões para condenar seus conquistadores bárbaros. Os Mongóis não tinham
o hábito de tomar banho e por isso cheiravam tão mal que os chineses não se
aproximavam deles. “Lavam-se com urina” – disse um historiador chinês.
Em meados do século XIV, a fome no
norte da China e as cheias do rio Amarelo aumentaram os problemas mongóis, pois
houve rebeliões em todo o país. Toghon Khan – o último dos imperadores mongóis
– subiu ao trono em 1333, levando consigo dez amigos íntimos para o palácio em
Pequim, onde adaptaram os exercícios secretos da tantra budista tibetana e os
transformou em orgias sexuais.
Mas, o povo resistia às
extravagâncias e o clímax chegou em 1368, quando Hong Wu – um autodidata de
talento – emergiu como líder da rebelião chinesa para fundar a dinastia Ming.
Os nativos tinham organizado a rebelião mesmo debaixo dos olhos dos Mongóis.
Nos últimos anos de domínio, os mongóis colocavam informantes em quase todas as
famílias e proibiram as pessoas de se reunir em grupos.
Os Chineses não estavam autorizados a
usar armas, o que significava que só uma família em dez tinha permissão para
possuir uma simples faca. Mas, os Mongóis tinham se esquecido de suprimir o
costume chinês de trocar bolos domésticos decorados com imagens da Lua – e que
tinham dentro um papel.
Na verdade, os Chineses utilizavam
esses inocentes bolos como mensageiros, onde continha instruções para uma
rebelião, na qual os Mongóis foram chacinados na Lua Cheia de agosto de 1368.
Em vez proteger seu patrimônio Toghon
Khan fugiu com a imperatriz e suas concubinas para seu palácio em Xanadu, onde
encontrou a morte. Entretanto, príncipes e generais mongóis lutavam uns contra
os outros e o Império Mongol se desmoronava.
No ano do levante em Pequim, o
Tamerlão consumava o 1º estágio do seu plano para a conquista do Mundo. O
Império Tamerlão, que seria imenso por qualquer outro padrão, era apenas uma
região do reino de Gengis Khan, embora dominasse as rotas terrestres para o
Oriente.
O desmembramento do Império Mongol
interrompeu as rotas de passagens seguras, mas o Tamerlão manteve aberta a
passagem no seu reino por onde os europeus podiam chegar até a Pérsia. A
passagem de europeus para Catai estava fechada e até as notícias de catai se
tornaram raras na Europa.
O próprio Papa não conseguia saber o
que se passava em Pequim, embora ele continuasse a nomear bispos de Pequim
muito depois de não haver nenhuma esperança de eles conseguirem chegar a sua
sé.
E, mesmo que um europeu chegasse ás fronteiras de Catai, não o deixavam entrar, pois os novos soberanos chineses – com suas recordações da tirania estrangeiras ainda frescas – voltaram ao seu antigo isolamento.
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