O Que Significam Teocentrismo e
Antropocentrismo? O Que é Um Método Científico? Qual a Relação Entre a Razão, a
Fé e a Ciência?
Quando falamos em “Revolução Científica” estamos nos referindo às mudanças significativas na estrutura do pensamento que, em uma determinada época, repercutiram no plano científico.
Mas, quando queremos compreender qualquer fenômeno, devemos proceder a uma atenta observação para posterior análise desse
fenômeno. E, para tal, devemos estabelecer um método de ação que seja científico.
E o que faz um método se tornar científico? Ele
deve apresentar todo um círculo racional e lógico, adotando uma determinada
forma de tratar o objeto de estudo e isso deve obedecer a certa sequência de
procedimentos. Daí, temos as fases de observação, análise, formulação
de hipóteses, experimentação, verificação das hipóteses e conclusões.
A frase de Shakespeare – “Que obra de arte é o homem” – evidenciava uma mudança na estrutura
mental daquela época, pois a visão de mundo da Idade Média pela relação
Deus-Homem estava sendo substituída pela relação Homem-Natureza.
Era a passagem do Teocentrismo para o Antropocentrismo
e, dessa forma, ao captar seu objeto o homem deveria formular hipóteses e
experimentá-las a fim de certificar sua validade.
Em verdade, somente a Razão poderia encontrar meios
de explicar os principais fenômenos da Natureza que a Escolástica – associada à
Fé e a razão através da lógica Aristotélica – não poderia explicar.
Assim, os primeiros pensadores dessa época – Kepler
e Galileu – tiveram sérios choques com o sistema Aristotélico, que ainda
predominava e servia de base para o pensamento teológico. Dessa forma, conceber
a Natureza em constante movimento implicava perceber as instituições sociais
como suscetíveis de mudanças.
Os Métodos e as Descobertas
Científicas
Foi no século XVII que assistimos à afirmação da
ciência experimental, onde a atividade científica não mais se resumia a
observar os fenômenos – partindo de dados empíricos para os princípios eternos
(Deus) –, mas em tentar descobrir e explicar os fenômenos e as leis que
constituíam a Natureza.
Sendo assim, pode-se afirmar que, no referido
século, assistimos de fato a explicações racionais do Universo, submetido a
leis físicas e naturais e não a princípios metafísicos e divinos. Essa ruptura
deveu-se muito a três (3) filósofos:
·
Francis Bacon: Escreveu “O Progresso do
Conhecimento” que defendia o valor das experiências de laboratório e do método
indutivo, em que o conhecimento é adquirido partindo-se da observação a fim de
atingir uma verdade. Embora não fosse o descobridor do método indutivo, ele
valorizou-o como fundamental para a exatidão do conhecimento.
·
René Descartes: Autor de “Discurso Sobre o
Método” que demonstrava que tanto a opinião tradicional como as experiências
comuns da humanidade eram guias de mérito duvidoso. Diante disso, adotou novo
método isento da influência de ambos que consistia em começar com verdades
simples – como as da Geometria – e depois raciocinar com base nelas, até chegar
a conclusões particulares.
·
Isaac Newton: Escreveu “Princípios
Matemáticos de Uma Filosofia da Natureza”, partindo de estudos de Galileu e
Kepler e demonstrando matematicamente que as leis físicas aplicáveis na Terra
também se aplicavam a todo o Universo. Estava dado o golpe final à concepção
medieval de um Universo guiado por intenções benévolas.
Baseada na experimentação e na dedução
matemática, a ciência fez grandes progressos na física, na matemática,
astronomia, química e biologia. Pois foi no século XVII que se construiu a
física moderna que, através de Newton, sistematizou-se a interpretação física
do Universo (Teoria da Gravitação Universal), elaborou conceitos básicos
(massa, força, inércia, movimento, tempo) e pesquisas para o estudo da luz (análise
espectral), além de ter lançado as bases da astronomia.
Dessa forma, William Gilbert descobriu as
propriedades do IMÃ, o alemão Gottfried Leibnitz provou que o tempo e o espaço
eram relativos e o dinamarquês Roemer calculou a velocidade da luz.
Na Astronomia, o italiano Galileu Galilei
construiu o 1º telescópio e descobriu os satélites de Júpiter, as manchas
solares, os anéis de Saturno e as fases de Vênus, deduzindo que a Terra gira
sobre si mesma. Johann Kepler usou métodos comparativos – e conhecimentos
matemáticos – para comprovar e ratificar a Teoria Heliocêntrica (onde os
planetas descrevem órbitas elípticas em que o Sol é o centro de todo o
sistema).
As Ciências Matemáticas sofreram enormes
transformações, quando surgiu a Geometria Analítica com Descartes, o Cálculo
Diferencial com Newton, o Cálculo das Probabilidades com Pascal e o Cálculo
Infinitesimal com Leibnitz.
A Química foi desenvolvida principalmente
por Robert Boyle, apontado como fundador da química moderna, pois iniciou a
Química Orgânica e estabeleceu uma nova distinção dos compostos,
classificando-os em “ácidos” e “sais”.
Portanto, pode-se afirmar que essas descobertas
romperam com as concepções de Aristóteles – ainda vigentes e defendidas pela
Igreja – e o cosmo, hermético e hierarquizado, foi substituído pelo Universo,
aberto e infinito, porém, ligado pela unidade de suas leis.
Em última análise, a concepção de um mundo imóvel
foi suplantada pela concepção de que o Universo estava em movimento; isto é,
contra os princípios baseados na tradição e que serviam de base à imobilidade
das instituições, firmavam-se as noções de que a Natureza – e tudo o que nela
se encontrava – estava em movimento, este significando progresso.
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