Os
primórdios de um corpo sistemático de conhecimentos sobre administração e
organização estão ligados à Revolução Industrial e à ascensão de grandes
empresas econômicas no cenário mundial. Essas empresas requeriam novas formas
de organização e novos processos de administração. Mas, à despeito do
aparecimento dessas grandes corporações, o desenvolvimento do pensamento
gerencial foi relativamente lento.
Existem
algumas obras sobre a ideologia capitalista dos industriais (como Rockfeler e
Cook), mas pouco se escreveu sobre suas filosofias de administração ou sobre
seus estilos administrativos. Sabe-se que seus estilos eram muito
individualistas, repousando muito mais sobre a singular personalidade dos
próprios industriais do que sobre qualquer corpo de conhecimentos bem
definidos.
Foi
somente após o movimento da “Administração Científica”, das obras de Max Weber
sobre a burocracia e dos primeiros defensores da Teoria Administrativa que
tomou forma um corpo sistemático de conhecimentos relativos à
Administração das empresas complexas e de outras empresas.
As
posições de Taylor foram influenciadas pela ética protestante da época,
dando ênfase ao valor do trabalho árduo, à racionalidade econômica, ao
individualismo e à opinião de que cada pessoa tem seu papel a desempenhar na
sociedade. Ele não criou uma teoria ampla e geral sobre toda a Administração,
apenas se orientou por uma ênfase empírica, técnica, mecanicista, que se
concentro em aumentar a eficiência do trabalhador.
Em suas
primeiras obras, Taylor referiu-se às próprias ideias como “Administração por
Tarefas” e, somente em 1910 é que a expressão “Administração Científica”
foi cunhada. Ela dava ênfase ao planejamento, à padronização e ao
aperfeiçoamento do esforço humano ao nível operacional, à fim de conseguir
máxima produção com mínimo dispêndio.
Taylor
achava possível analisar cientificamente o trabalho, e que à direção das
empresas cabia fornecer ao trabalhador orientações básicas sobre o mesmo. Com
isso, se chegaria a descobrir o melhor método de executar determinado serviço à
padronização desse método (através dos estudos do tempo e dos movimentos), à
escolha dos trabalhadores mais aptos à execução de cada tarefa e à
aprendizagem, por esses trabalhadores do método mais eficaz. Era a perspectiva
do engenheiro que enxergava o trabalhador como acessório da máquina.
Ele
supunha que os trabalhadores seriam motivados pela maior remuneração que
resultasse do aumento da produtividade. E, influenciado por essa filosofia, o
papel da Administração sofreu marcante transformação em relação às épocas
anteriores, passando a ser encarada como ciência e não como um processo
individualista baseado em normas ditadas pela prática. Taylor expressou as
novas tarefas da Administração conforme abaixo:
- Criar uma ciência para cada
elemento do serviço de cada homem, em lugar do velho método das normas
ditadas pela prática.
- Cientificamente, escolher,
ensinar, treinar e formar o trabalhador, em lugar do que se fazia
anteriormente, quando ele escolhia seu serviço e o aprendia da melhor forma
que pudesse.
- Colaborar com os empregados
para que o serviço todo seja executado de conformidade com os princípios
científicos.
- Dividir a responsabilidade
entre a administração e os empregados. A administração encarrega-se de
todas as funções para as quais esteja mais apta do que os empregados.
A
“Administração Científica” obrigou a direção das empresas a planejar e a
organizar o serviço, e a controlar sua execução, impondo um novo método
sistemático aos processos de administração. Taylor declarou que embora os
trabalhadores fossem resistentes aos métodos científicos, a maior resistência
partia exatamente da própria administração das organizações.
A
influência de Taylor sobre as atividades da Administração foi tal que até hoje
seus princípios básicos constituem parte fundamental do pensamento gerencial –
particularmente na operação das oficinas e das indústrias. Departamentos como o
de “Engenharia Industrial”, o de “Manutenção” e o de “Controle de Qualidade”,
simplesmente não existiriam sem o advento da “Administração Científica”.
Muitos
executivos se opuseram aos seus ensinamentos, pois não estavam dispostos a
substituir seus julgamentos e critérios pessoais por métodos e técnicas
científicas. Mas, à despeito das críticas, os princípios da “Administração
Científica” se propagaram com rapidez por toda indústria americana, ajudando a
aumentar a eficiência das operações industriais.
Taylor e
seus adeptos não eram teóricos da “Organização”, mas profissionais que operavam
ao nível das fábricas, cuja principal preocupação era a eficiência do serviço
operário. Todavia, ele sustentou vários conceitos em relação à “Administração”
e à “Organização” de grande importância para a formulação de uma teoria geral.
Tais idéias compreendiam:
- O claro delineamento da
autoridade e da responsabilidade;
- A separação entre o
planejamento e as operações;
- A organização funcional;
- O uso de padrões para o
controle;
- A criação de sistemas de
incentivo ao trabalhador;
- O princípio da administração
pela especialização por tarefa.
Por outro
lado, Henry Fayol foi um dos primeiros expoentes da “Teoria Geral da
Administração”, tendo sido apresentado como o “pai da teoria da administração”.
Seus conceitos causaram profundo impacto na forma de se conduzir uma empresa,
onde ele considerava cinco elementos fundamentais para uma boa administração:
Planejamento, Organização, Coordenação, Comando e Controle.
Fayol
defendeu a ideia de que a Administração é uma função universal que pode ser
definida pelos vários processos adotados pelo administrador. Ele enfatizou que
os princípios gerenciais por ele desenvolvidos se aplicavam não só às empresas,
mas também aos órgãos governamentais, militares, religiosos e outros. E, esses
14 princípios eram:
- Divisão do Trabalho: O
princípio da especialização no trabalho, para uma concentração de
atividades mais eficazes.
- Autoridade e
Responsabilidade: autoridade é o direito de dar ordens e exigir
obediência.
- Disciplina: é essencial para
i bem desenrolar das atividades e, sem ela, nenhuma empresa pode
prosperar.
- Unidade de Comando: cada
empregado deve receber ordens de um só superior.
- Unidade de Direção: uma
cabeça e um plano para cada grupo de atividades que tenham os mesmos
objetivos.
- Subordinação dos Interesses
Individuais aos Gerais: os interesses de um empregado – ou de um grupo –
não devem prevalecer sobre os da organização.
- Remuneração do Pessoal: deve
ser justa e, na medida do possível, satisfazer tanto ao pessoal quanto à
empresa.
- Centralização: é essencial à
organização e conseqüência natural do ato de organizar.
- Cadeia Hierárquica: é a
cadeia dos superiores, que vai da autoridade suprema até o mais baixo
posto na organização.
- Ordem: a empresa deve
proporcionar um local ordenado para cada pessoa. Um lugar para cada um e
cada um no seu lugar.
- Eqüidade: a eqüidade e certo
senso de justiça devem espalhar-se por toda a organização.
- Estabilidade no Engajamento
do Pessoal: o empregado precisa de tempo para adaptar-se ao serviço e
desempenhá-lo com eficácia.
- Iniciativa: em todos os
escalões da organização, o zelo e a energia crescem com a iniciativa.
- Espírito de Equipe: este
princípio realça a necessidade da atividade em equipe e a manutenção de
relações pessoais dentro da organização.
Embora
tenham ocorrido modificações – introduzidas por defensores da Teoria da
Gerência Administrativa – os 14 princípios de Fayol forneceram a essa escola de
pensamento seus alicerçares básicos. Ele mostrou que não há limites para o
número de princípios da Administração e que novos princípios poderiam tomar
corpo, determinados pela experiência.
Entre
1920 e 1930, vários outros autores apresentaram seus pontos-de-vista,
contribuindo para o desenvolvimento do pensamento gerencial. Pode-se citar como
uma das mais importantes contribuições, os princípios expostos por dois
executivos da G.M. – James D. Mooney e Alan C. Reiley -, cujas ideias se
relacionavam com a criação de uma estrutura organizacional “em forma de
pirâmide”, com um claro delineamento da autoridade, da especialização das
tarefas, da coordenação das atividades e da utilização de especialistas de
STAFF. A aplicação de seus conceitos levou ao estabelecimento de organogramas
formais, às descrições de cargos e aos manuais de organização.
As ideias
básicas dos teóricos administrativos da direção são os antecedentes daquilo que
se convencionou chamar de “Escola do Processo Administrativo”. O enfoque básico
dessa escola consistia em contemplar os processos de administração –
planejamento, organização, reunião de recursos, motivação e controle – e fixar
certos princípios fundamentais. E, atualmente, vários conceitos desenvolvidos
por essa escola de pensamento estão sendo aplicados às organizações, tais como:
- A forma piramidal;
- O princípio hierárquico;
- O conceito da unidade de
comando;
- A delegação de autoridade; e
- Os princípios da
departamentalização.
Muitos
autores atuais da Administração utilizam os pontos-de-vista clássicos para
desenvolverem conceitos sobre o Organização e a Administração, depois
introduzem neles modificações substanciais, baseadas em pesquisas e em teorias
empíricas recentes.
Os
autores reconhecem que os teóricos da Gerência Administrativa “contribuíram
categoricamente para o desenvolvimento da Teoria Moderna pela ênfase dada à
Administração como campo distinto a observar, estudar e melhorar; ênfase essa
que constitui importante empreendimento científico e acadêmico”.
O
terceiro pilar para a formulação dos conceitos clássicos sobre a Organização
foi fornecido pelo modelo burocrático de Max Weber, um dos fundadores da
sociologia moderna e contemporâneo do movimento da “Administração Científica”.
Suas exposições sobre o mecanismo burocrático constituíram uma evolução natural
das considerações gerais sobre os fatores históricos e sociais que levaram ao
desenvolvimento das complexas organizações.
O
conceito de “burocracia de Weber” não tem qualquer conotação de “bom” ou de “mau”,
mas apenas se refere a certas características do esquema organizacional. Ele
afirmava que o tipo puramente burocrático de organização administrativa era o
mais racional meio de exercer controle imperativo sobre os seres humanos.
Esse
modelo burocrático serviu de ponto de partida para muitos autores –
particularmente os sociólogos e os cientistas políticos. Hall, por exemplo,
achava que o grau de burocracia pode ser determinado por seis dimensões:
- Uma divisão do trabalho
baseada na especialização funcional;
- Uma hierarquia de autoridade
bem definida;
- Um sistema de regras,
cobrindo os direitos e os deveres dos ocupantes dos postos;
- Um sistema de processos para
tratar das situações relacionadas com o trabalho;
- Impessoalidade das relações
entre as pessoas;
- Promoção e seleção para
encaminhamento, baseadas na capacidade técnica.
O exame
das complexas organizações mostra que essas dimensões estão sempre presentes em
graus diversos. A burocracia é compatível com o arcabouço geral da estrutura
formal da organização (estabelecida pelos teóricos da gerência administrativa,
como Fayol, Mooney e Reiley).
Max Weber
e seu “modelo burocrático” forneceram a estrutura teórica e o ponto de partida
para a maior parte da teoria atual e da pesquisa experimental relativa às organizações
complexas.
Ao
analisarmos os trabalhos de Weber estudiosos do assunto mostraram que, se por
um lado esse modelo é o tipo ideal em termos de relações formais, por outro
lado ele não toma em conta consequências disfuncionais para a eficiência da organização.
Merton
nos informa que uma das consequências da burocracia sobre o comportamento dos
participantes é a ruptura no tocante ao atingimento das metas, pois segundo
ele, a forma burocrática exerce influência sobre a personalidade dos seus
membros de tal forma que, aderem rigidamente a normas e regulamentos por puro
amor às normas e regulamentos em geral, deslocando as metas mais importantes da
organização.
Portanto,
o caminho moderno é utilizar-se de Max Weber como ponto de partida, mas
reconhecendo suas limitações e consequências disfuncionais, indicando que:
- A forma burocrática é a mais
apropriada às atividades rotineiras da organização, atividades essas que a
produtividade constitui o objetivo mais alto.
- Essa forma não é adequada à
organização altamente flexível que se vê frente a muitas atividades
não-rotineiras, e em que a criatividade e inovação sejam importantes.
O modelo
de Weber era altamente mecanicista e tinha mais coisas em comum com os teóricos
da “Gerência Administrativa” – com Fayol por exemplo – do que com autores
posteriores. O sistema de valores da economia clássica e o “modelo competitivo
ideal” influenciaram o pensamento gerencial e forneceram uma base lógica para a
operação da empresa na sociedade. A Teoria Econômica também se relaciona com a
Teoria da Organização – principalmente quanto às suposições do comportamento
empresarial – pois a Teoria Econômica da empresa foi fruto da Teoria
Macroeconômica (mais ampla) e acabou aceitando suas premissas.
A
microeconomia é uma teoria normativa – no sentido de que procura prescrever o
que o empresário deve fazer para maximizar os lucros – e não faz referência ao
modo como os administradores (ou as empresas) atuam na realidade. A concepção
que o economista faz a respeito da empresa não constitui uma teoria sobre a
Organização, porque trata da empresa como uma pessoa.
Complementando
a suposição de que a empresa age como empresário individual (com o objetivo do
lucro máximo), outras suposições simplificadoras derivam da Teoria Econômica da
empresa, tais como:
- A empresa tem uma meta e
procura alcançá-la.
- Ela avança rumo aos
objetivos de maneira racional
- A função da firma é
transformar o suprimento econômico em produção econômica.
- A firma opera em um ambiente
determinado.
- A teoria se concentra –
especialmente – nas alterações verificadas nos preços e nas quantidades
dos suprimentos e da produção.
Do ponto
de vista dos teóricos da Administração e da Organização, é difícil aceitar
essas suposições simplificadoras e alguns têm dificuldade em aceitar algumas
premissas relativas ao ambiente econômico. Mas, existem duas grandes
dificuldades em relação à teoria tradicional da empresa:
- As suposições feitas por ela
em relação à motivação e à racionalidade são pouco realistas, deixando
dúvidas sobre se a maximização do lucro ser a única meta da complexa
organização.
- A “empresa” – da Teoria da
Empresa – tem poucas das características que identificamos nas empresas
reais. Ela não apresenta problemas de controle, nem processos padrões de operação,
nem orçamento, nem controlador, nem uma “gerência média” que aspire à
ascensão. Para alguns economistas é pouco provável que uma teoria
referente à Organização possa ignorar o fato de ela ser uma Organização.
Resumindo,
pode-se afirmar que a Teoria Econômica Clássica sobre a empresa, pouco
contribuiu para a Teoria da Organização e o que vimos até aqui foram algumas
contribuições apresentadas pelo século XX à teoria tradicional, tais como a
“Administração Científica”, o “modelo burocrático de Weber”, a teoria da
“Gerência Administrativa” e a Teoria Microeconômica.
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