sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

Ordinário ou Extraordinário?

 


Há uns dias, estava lendo uma entrevista com o jogador de golfe Tiger Woods e uma de suas histórias realmente me impressionou. Questionado sobre alguns resultados que vinha obtendo num determinado ano, ele explicou ao jornalista que havia contratado um novo técnico apenas para cuidar do seu “swing”. O novo técnico basica­mente “reconstruiu” seu movimento e, até controlá-lo com a maestria que lhe é costumeira, Woods ficou vários meses com resultados medíocres

Você não precisa saber jogar nem mesmo gostar de golfe para ter noção de quem é Tiger Woods. Ele não é apenas um atleta excepcional, e sim, de acordo com várias fontes, o melhor que já existiu. Num esporte famoso pelo elitismo, Woods quebrou todas as barreiras e recordes, entrou em clubes antes fechados e ganhou todos os campeonatos importantes que existem. 

Mas o que me impressiona nesse assunto não tem nada a ver com golfe. Sabe este ditado: “Em time que está ganhando não se mexe”? Pois é... esse atleta discorda. Mesmo tendo a melhor tacada de toda a história, ele contratou um novo técnico para ajudá-lo a melhorar. Poderia ter ficado quieto, ganhando campeonatos e dinheiro. Afinal, para que melhorar algo quando você já é o melhor do mundo? 

“Minha disputa é comigo mesmo”, disse Woods. Ele provavelmente não conseguia dormir pensando naquilo. Era algo que o incomodava. Será que estava fazendo realmente seu melhor? Será que aquele era realmente o limite dele? 

Outro dia, usei esse exemplo num workshop interno e um de nossos melhores vendedores questionou por que precisava aprender uma nova técnica de venda se já vendia mais que todo mundo. Então, respondi: “Porque a disputa não é com todo mundo, e sim com você mesmo. Ou você acha que não pode melhorar mais?”. 

Reinventar-se em momentos difíceis, na verdade, é até mais fácil do que parece, pois, muitas vezes, não existe outra op­ção. Os verdadeiros vencedores são aqueles que, como as cobras, sentem que devem “trocar de pele” ou não conseguirão continuar crescendo – mesmo que tudo vá bem, que pareça que não precisam mudar naquele momento, mesmo que seja impopular, momentaneamente pouco lucrativo e, francamente, bastante incômodo. Afinal, reinventar-se significa voltar a ser incompetente justamente no auge da competência. Você precisa ter muita coragem para fazer isso. 

Hoje, não vou propor nenhum exercício específico sobre esse assunto, apenas uma reflexão. Neste exato instante, você deve ser muito bom em alguma coisa. E, se for realmente sincero consigo, admitirá que, mesmo sendo bom agora, poderia ser bem melhor. 

Caso consiga dormir tranquilo admitindo, de certa maneira, essa “mediocridade pessoal” (ou seja, comparando o que é com o que realmente poderia ser), então dificilmente fará algo diferente, inovador e realmente digno de crédito. Você até poderá ter sucesso, mas ele será raso, vulgar, superficial. Ordinário, não extraordinário. Grandes campeões raramente dormem tranquilos. 

A grande escolha que todos fazem na vida, sejam pessoas físicas ou jurídicas, é entre ser ordinário ou extraordinário. O sucesso tem um preço. Não existe almoço grátis (nem lanche). E o preço, muitas vezes, é reconstruir-se. Pena que exista tão pouca gente e empresas dispostas a isso. Não seja uma delas. Lembre-se sempre de que a disputa não é contra os outros, é contra você mesmo.



Raul Candeloro (www.vendamais.com.br )


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